Habacuque não se conformou com o que contemplou. Violência, contenda, vexação, destruição, litígio, leis frouxas, sentenças parciais, tendenciosas e compradas, falta de escrúpulos, excesso de poder, opressão desenfreada (1.3). Que situação tenebrosa, mas o que estava ruim poderia piorar (1.6).
Quem, em sã consciência, imaginaria que o pior poderia se tornar um santo remédio para Judá? Qualquer um, no curso pleno de suas faculdades mentais, entenderia o pior como castigo pelo erro e conivência, jamais o aceitaria como correção. O que estava prestes a acontecer seria tão grande e maravilhoso, que se fosse contado a eles mesmo, certamente não acreditariam (1.5).
a) 1ª Resposta de Deus:
Habacuque, infantilmente imaginou que Deus estivesse indiferente a tudo, tolerante ao erro, quando na verdade Ele estava somente esperando o momento certo de permitir que a “alma caldeia se inchasse e marchasse para tomar habitações que não eram deles” (1.6b).
A permissão ou a tolerância de Deus, se fossem reais, jamais teriam sido despertadas ou mudadas, caso o profeta tivesse ficado com a boca fechada. Foram tantas as lamentações: “Até quando, porque”?, mas seria irracional de nossa parte afirmarmos que a atenção de Deus, ao problema de Judá, tenha sido notificada pelas queixas do profeta, que não se deu conta que também fazia parte daquele povo, ou seja, no fim das contas acabaria sobrando para ele, como realmente sobrou.
Deus estava no controle daquela situação, antes mesmo que fosse percebida pelo profeta e em nenhum momento suas queixas influenciaram o conteúdo do decreto divino.
b) 2ª resposta de Deus:
O alívio para Judá veio em forma de poesia (2.2):
“[...] torna bem legível em tábuas,
para que a possa ler quem correndo passa”.
Os amargos e ligeiros gafanhotos caldeus (1.6) de almas inchadas (2.4a), embriagados pelo seu próprio vinho e fisgados pela soberba (cfe 2.5), seriam destruídos a contento, porém antes usufruiriam dos tesouros e riquezas judaicas e serviram de instrumentos para correção daquela nação.
Antes de invadirem Judá eles estavam marchando pelo oriente, multiplicando o que não era deles (2.6), despojando várias nações (2.8), colocando seus ninhos nos altos (2.9b, cfe Ob v.4), edificando cidades com sangue, seguindo à risca o costume assírio (2.12). Estas foram ações preliminares de homens poderosos e maldosos que se aproximavam de seu alvo maior, Jerusalém, mas não sabiam que estavam com os seus dias contados, aliás, somente o profeta tinha ciência disto até então (3.16, p. final).
c) 3ª resposta de Deus: Esperança notificada “no meio dos anos”
Demoraria um pouco (cfe Jr 29.10), mas a misericórdia de Deus seria manifesta a Judá e com ela viria o avivamento “no meio dos anos” (cfe Ne caps. 8-9).
Quando Habacuque notificou a Deus a situação de Judá, o que estava esperando?
Juízo sobre toda a nação? Excetuando-se ele, é claro!
- Pensou como Jonas? Pediu a destruição do reino, mas antes permitindo que ele saísse, para não ser atingido, tal como o profeta fujão, que estava lá bem longe, ao oriente da cidade (Jn 4.5)?
- Ou miseravelmente declarou: “Me inclua dentro (sic) deste negócio. Eu também faço parte deste povo. Todos nós merecemos a correção”.
Mas enquanto este dia não chegava, o profeta descansaria no Senhor e mesmo que a situação do país/nação/reino/cidade-estado/vilarejo se tornasse um caos, o que não tardou a acontecer (cfe Lm 1.1-6; Ne 1.1-3), ele continuaria se alegrando no Senhor e exultando no Deus da sua salvação (3.18).
Talvez este tenha sido o motivo maior do profeta ter feito tamanha declaração:
- “ainda que [...] não floresça;
- “nem haja [...] na vide;
- “o produto [...] minta”;
- “os campos não produzam”;
- “as ovelhas [...] sejam arrebatadas”;
- “e nos currais não haja [...]”.
Se o livro de Habacuque tivesse apenas estes três versículos (3.17-19), certamente muitos estariam se alegrando e exultando no Deus da salvação, que prontamente os supriria em suas necessidades (Fp 4.19), mas o restante do capítulo e logicamente o livro, em seu todo, nos mostra outra realidade, pois o profeta estava diante de um quadro catastrófico, que pioraria com o tempo, chegaria ao caos, aos limites da tolerância e compreensão humana, que de tão maravilhoso não receberia crédito, mesmo que vissem com os próprios olhos e sentissem na própria pele.
Cativeiro, figueiras secas, vides sem frutos, produtos mentirosos nas oliveiras, campos improdutivos, “sumiço” das ovelhas e currais vazios. O que poderia ser pior? A pergunta correta seria: o que poderia ser melhor para Judá. As vezes as respostas que ouvimos de Deus não são aquelas que queremos ouvir.
Por: Ailton da Silva - (18) 8132-1510 - Ano III
Nenhum comentário:
Postar um comentário