Era
costume entre os judeus, mencionarem o nome de avôs ou tios, ao fazerem referências aos
filhos, netos ou sobrinhos (Gn 29.12,15; Ed 5.1), mas nada que possa confundir,
aumentar, diminuir a fé, apenas contribuiu para o nosso entendimento do extenso
e particular plano de Deus para resgate da humanidade.
“[...] o Senhor Deus falou com o profeta Zacarias, filho
de Baraquias e neto de Ido”. (Zc 1.1 – NTLH)
“O profeta Ageu e o profeta Zacarias, filho de Ido”. (Ed
5.1 – NTLH).
Diante
da singularidade e importância de cada uma dos patriarcas[1]
de Israel, há de se notar que talvez, tal costume não tenha sido visto ou tampouco é, quando se tratam ou tratamos de tais personagens, senão os judeus ou até mesmo nós, quando fizessemos menção deles certamente a faríamos da seguinte forma:
ABRAÃO[2]:
Filho
de Terá (Gn 11.27), casado com a estéril Sara (Gn 11.29), irmão de Naor e Harã,
sendo o primeiro irmão casado com Milca e o segundo, falecido ainda em Ur dos
Caldeus (Gn 11.27), pai de Ló, sobrinho que o acompanhou em sua caminhada (Gn
12.4), por algum tempo (Gn 13.14), rumo à terra prometida por Deus. Abraão foi
pai do despedido Ismael (Gn 24.14-21) e do então promovido a condição de filho
unigênito Isaque (Gn 22.2).
ISAQUE:
Não
pode retornar à casa de seu pai (Gn 24.3), esperou que fossem buscar Rebeca,
filha de Betuel, neta de Naor e Milca (Gn 24.24), respectivamente irmão e
cunhada de Abraão, que seria mais tarde sogro da bela jovem. Isaque era bem
mais velho que Rebeca, haja vista que seu pai (Abraão) era irmão do avô de
Rebeca (Naor), se fossem da mesma idade ou se a diferença de idade dos dois
fosse menor, certamente os pais dos futuros noivos seriam da mesma geração, ou
seja, o pai de Rebeca (Betuel) deveria ser irmão do pai de Isaque (Abraão) e
não sobrinho como era.
JACÓ:
O criador
de confusões (Gn 25.24-34), que desde o ventre da mãe aprontou das suas, seguiu
para Harã, devido a problemas, digamos de ordem familiar (Gn 27.1-29), para dar
um novo rumo à sua vida e acabou se encontrando com sua prima, Raquel (Gn
29.10), filha de seu tio Labão, irmão de sua mãe Rebeca (Gn 29.12), que o
chamou de irmão[3],
sendo tio (Gn 29.15), mas tanto ele quanto a filha ouviram do próprio Jacó que
ele era irmão[4],
sendo sobrinho e primo respectivamente (Gn 29.12,15).
Jacó
teve doze filhos e uma filha (Gn 30,21), com duas esposas irmãs (Raquel e Lia
ou Léia) e duas servas (Bila e Zilpa), sendo que ao nascimento de José, seu
décimo primeiro filho, Deus colocou em seu coração o desejo de retornar para
sua terra (Gn 30.25). Sua esposa Raquel, a que sempre amou, morreu (Gn
35.17-18) ao dar a luz à Benjamim, o décimo segundo filho.
JOSÉ:
Jacó não foi capaz de criar seus filhos em paz,
por isto Deus tirou um deles (Gn 37), o décimo primeiro, o amado do pai, para
criá-lo, ensiná-lo, moldá-lo, transformá-lo em um grande homem. De presidiário
a governador em poucas horas (Gn 41.38-44).
José,
irmão dos dez revoltosos (Gn 37-19-20) e de Benjamim, que assustado e admirado
contemplava seu irmão governando com pulso forte e autoridade aquela nação.
Eram irmãos, filhos da mesma mãe, Raquel (Gn 30.22; 35.17), por isto há de se
considerar que não estava presente com os outros revoltosos que desejaram e
fizeram mal para José. Ele era o menor, o caçula, não é possível que tenha
passado pela cabeça dele tamanha maldade.
MOISÉS:
O
mesmo José que fez seus irmãos prometerem, ainda no Egito (Gn 50.25) quando já
percebia algo de estranho no semblante dos egípcios, que não deixariam seus
ossos naquela terra, quando fossem visitados por Deus. Em outras palavras ele
disse que seus ossos somente sairiam do Egito quando esta sua profecia fosse
cumprida.
Mesmo
passado muitos anos, os hebreus não esqueceram a promessa feita a um grande
patriarca e Moisés se encarregou de levar os ossos de José (Ex 13.19), sendo,
portanto, com esta atitude, ligado aos patriarcas anteriores. “O elo perdido foi
encontrado” (grifo meu).
Ou
poderíamos citar os grandes patriarcas de outra forma, já que a anterior ficou
meio confusa:
·
Abraão, pai de Jacó, de José e
Moisés;
·
Isaque, pai de José e de Moisés;
·
Jacó, pai de Moisés;
·
José, pai de Moisés.
O
correto seria:
·
Abraão, pai de Isaque, avô de Jacó e
bisavô de José;
·
Isaque, filho de Abraão, pai de Jacó
e avô de José;
·
Jacó, neto de Abraão, filho de Isaque
e pai de José;
·
José, bisneto de Abraão, neto de
Isaque e filho de Jacó;
Através
do tempo eles são lembrados da seguinte forma: ABRAÃO, ISAQUE, JACÓ, JOSÉ e MOISÉS (grifo meu), e ponto final. Não precisa rodear ou
incrementar, inventar. Ás vezes é melhor simplificar, para não complicar.
Tais
homens dispensam apresentações e pormenores, basta o próprio nome acrescido de
“-“ para entendermos que são importantes, tanto para Israel quanto para a
igreja, no que tange a chamada, escolha, aperfeiçoamento, bênçãos recebidas e
as duas maiores promessas já feitas:
·
Governo messiânico, destinado a
Israel, momento de restauração, paz e fim de opressões (Zc 8.3-8);
·
Arrebatamento, destinada a igreja (I
Ts 4.13-18).
No
caso de alguns dos profetas foi necessário a apresentação e associação a outro nome
de igual ou maior representatividade humana ou espiritual, tal como Sofonias
(Sf 1.1), trineto de rei e de Zacarias (1.1), cujo pai retornava do exílio,
cheio de planos e esperanças para contribuir na reconstrução da cidade e
Templo. Talvez eles imaginassem esta ordem para os trabalhos, porém Deus os
direcionou primeiramente para a necessidade espiritual, para o interior e não
para o material e exterior. O reverso deste pensamento foi o centro do
ministério profético de Ageu e Zacarias (Ag 1.3-4; Zc 1.1-6).
Que
honra, saber que seu pai esteve ao lado de Zorobabel e Josué e dos quarenta e
dois mil trezentos e sessenta que retornaram do cativeiro na primeira comitiva
(Ed 2.64-67), mas seu pai não chegou ao objetivo, morreu no caminho, por isto
Zacarias foi “abraçado” por seu avô, Ido, que certamente procurou zelar pela
sua vida. Quem sabe aquela criança, jovem ou adulto, tenha se espelhado em seu
avô, ou tenha visto nele um grande exemplo a ser seguido, pois mesmo em idade
avançada demonstrava tamanha fé e vigor para caminhar até Jerusalém e para lá
trabalhar.
Ido,
sacerdote (Ne 12.4), deu “oportunidade” à Zacarias, mais tarde, para se tornar
um importante sacerdote, chefe da família (Ne 12.16), dando assim
prosseguimento ao processo de sucessão sacerdotal.
Zacarias,
grande profeta, usado por Deus, durante um dos piores períodos, onde vimos
sonolência, descaso espiritual, secularismo invadindo o recém unificado Israel,
não mediu esforços para desempenhar seu ministério profético, tanto que suas
profecias e visões, especificas e distintas, atingiram em cheio o alvo local e
posteriormente tiveram um alcance global, entendam assim, pois se tivesse
ficado somente batendo na mesma tecla, insistindo no mesmo problema, certamente
seria tomado por bairrista, egoísta ou nacionalista.
Visões,
contendo promessas, alertas, consolos, castigos para as nações, repreensão para
Israel. Profecias que diziam respeito a vinda do Rei, seu ministério,
sofrimento, morte e ressurreição, as duas testemunhas apocalípticas, ao reino
messiânico e restauração plena de Jerusalém, portanto podemos dizer que “de
visões e profecias em visões e profecias o profeta encheu de ânimo o povo”.
Referências:
Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003
Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP).
Sociedade Bíblica do Brasil, 2000
Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Baureri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,
Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 2003
Nova Bíblia Vida.
São Paulo: Mundo Cristão, 2010
[1]
Abraão, Isaque, Jacó, José e Moisés (5 grandes patriarcas de Israel, da chamada
à libertação. O último está ligado aos primeiros pelos ossos de José - Gn
50.25, cf Ex 13.19)
[2]
Considerando a mudança dos nomes de Abrão para Abraão e Sarai para Sara (Gn
17.3,15).
[3] A
Nova tradução na linguagem de hoje e a Bíblia Nova Vida utilizam o termo
“parente’ (Gn 29.15).
[4] A
Nova tradução na linguagem de hoje utiliza o termo “parente’ (Gn 29.12) e a
Nova Bíblia Vida utiliza o termo “primo por parte de pai” (Gn 29.12).
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