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segunda-feira, 6 de junho de 2011

mais um trecho do meu livro


JACÓ – RETORNE A TUA PARENTELA
O nascimento de José não fora somente a resposta das orações de Raquel, mas sim fazia parte do cumprimento dos planos de Deus, pois tão logo nasceu no coração de Jacó o desejo de voltar para a sua família. Este foi um sentimento especial, que somente o seu filho preferido da mulher que amava, poderia lhe proporcionar.

“E disse o Senhor a Jacó: torna à terra dos teus pais, e a tua parentela e eu serei contigo.” Gn 31”3

A grande verdade é que Jacó havia se esquecido do seu passado, de seu pai, de seu irmão, seria preciso retomar esta história, não tinha mais como fugir deste compromisso. Precisava de notícias, já que em todo o tempo que ficou trabalhando com seu tio, não procurou saber algo a respeito deles.

Mas como conseguir a permissão de seu tio sogro para a volta, não seria correto largar tudo e fugir. O sonho com os anjos e a confirmação das promessas foram suficientes para impedi-lo de agir estupidamente como na primeira fuga. O seu tempo naquele lugar havia chegado ao fim. A sua preocupação agora não era mais com o trabalho, mas sim com a sua parentela, em especial, Esaú, como encará-lo após tanto tempo? Qual seria sua reação?

Labão, esperto, não permitiu a volta, pois no seu entendimento havia sido muito abençoado pela presença de Jacó, estava até grato, mas em nenhum momento foi capaz de transparecer algum tipo de sentimento por ele ou por suas filhas e netos. Na verdade pensava em si mesmo, desejava a continuidade das bênçãos. Da mesma forma como foi necessário Esaú agir quando perdeu as bênçãos para seu irmão, agora Deus precisava intervir, pois Jacó estava sendo enganado novamente pelo seu sogro.

Jacó percebeu uma mudança na fisionomia de tio, devido ao ciúmes, pois era mais próspero e possuía um rebanho maior, por isso a mensagem que recebeu de Deus era totalmente oposta a que seu avô Abraão recebeu no passado. A ordem era para tornar a tua parentela. Agora não teria que ficar, pois Deus estava fazendo isto antes que Labão tentasse algo contra a vida do patriarca e porque o plano Divino deveria ter continuidade.

Foi bem fácil convencer suas mulheres e filhos a irem embora, pois todos já estavam decepcionados com Labão, devido ao episódio do casamento e as constantes mudanças do salário de Jacó. O descumprimento dos acordos provocara em suas filhas e netos a desconfiança e até mesmo a incerteza no recebimento da herança a que tinham direito.

Jacó fugiria novamente e de novo ameaçado, mas agora havia uma diferença, era rico, possuía bens, servos, família e o principal, estava cumprindo a vontade de Deus, cheio de fé. A primeira fuga tinha sido em conseqüência de seus erros, saiu sem esperança, sem perspectiva de mudança ou volta.

Nada de mal lhe aconteceria, mesmo diante da fúria de Labão, pois Deus visitou o seu perseguidor em sonhos e ordenou que não fizesse nada contra a vida de Jacó. Sequer ele conseguiu recuperar os ídolos furtados por sua filha, somente perdeu o seu tempo naquela inútil perseguição.

No caminho de volta vinha pensando em Esaú, como enfrentá-lo, depois de tudo o que havia acontecido. Será que os anos de separação amenizariam o furor de seu irmão? Ele esperava que sim.

Como na primeira fuga Deus permitiu a Jacó uma visão do que ele chamou de exército de Deus. Uma espécie de comitiva de anjos para recepcioná-lo no deserto para mais uma caminhada. Aquela saudação de boas vindas confirmava que a jornada seria próspera e diferente da primeira. O exército celestial estava pronto para o início da escolta.

Logo após ele enviou mensageiros para encontrarem seu irmão. Imaginava amenizar a mágoa do passado com ofertas e presentes, pois ainda ecoava em sua mente a jura de morte. Segundo Esaú, esta promessa seria cumprida logo após a morte de seu pai, por isso restava somente a Jacó esperar por mais um livramento.

Jacó desesperado ouviu de seus mensageiros que seu irmão estava vindo ao seu encontro com quatrocentos varões (servos ou valentes para a guerra). Seria este o seu fim? Estava na presença de Deus e cumprindo a sua vontade, não teria o porque de tudo terminar ali, mas também sabia que aquela situação poderia ser a sua particular colheita ou o pagamento pelos seus erros do passado.

Nem mesmo os presentes enviados a seu irmão, pelos seus servos, lhe davam a garantia da boa recepção, pois a sua dívida era antiga e temia pelo pior. Teria que agir como um verdadeiro patriarca, enfrentar de frente e não fugir mais.

Quando foi enganado por seu sogro, poderia ter largado tudo, mas resolveu ficar e recomeçar do zero. Agora estava diante de outro impasse, encarar seu irmão e seu exército ou fugir para preservar sua vida e de sua família. Seu avô Abraão e seu pai Isaque fizeram isto no passado, quando mentiram sobre as suas respectivas situações conjugais e desta forma preservaram suas vidas e de suas famílias.

Jacó estava preparado para encarar seu irmão, cheio de vigor e coragem, porém não foi nada fácil atingir este estágio, pois como um príncipe teve que lutar e recebeu como recompensa um novo nome, Israel, e de agora em diante não teria mais o que temer, era prosseguir em frente, pois Deus não deixaria nada acontecer com ele.

As dúvidas e o medo foram vencidos pela sua valentia demonstrada na luta contra o anjo do Senhor, momento este que serviu para mostrar-lhe que tinha capacidade e forças para enfrentar de frente qualquer situação e por conseguinte, não havia motivos para fugir.
Não era importante saber sobre o varão com quem havia lutado, mas sim deveria reconhecer a importância de seu novo nome. Tanto o primeiro quanto o segundo nomes foram honrados com todas as suas forças, Jacó (aquele que agarra, enganador, dissimulador, ambicioso) e Israel (alguém que luta com Deus e prevalece).

"Então Esaú correu-lhe ao encontro, e abraçou-o, e lançou-se sobre o seu pescoço, e beijou-o; e choraram”. Gn 33”4

Enfim chegou o momento do reencontro com Esaú, mas não havia com que se preocupar, pois assim como Labão não lhe fez nada, da mesma forma seria com seu irmão. Ao vê-lo se prostrou sete vezes por terra, em sinal de arrependimento por tudo que fizera no passado.

Deus já havia trabalhado no coração dos dois durante os vinte anos de separação, por isso se abraçaram, choraram e se reconciliaram. Chegou ao fim todo a angústia e sofrimento de Jacó.

“E Isaque expirou, e morreu, e foi recolhido aos seus povos, velho e farto de dias; e Esaú e Jacó, seus filhos, o sepultaram”. Gn 35”29

Depois deste reencontro amigável fizeram questão de visitar o velho e doente pai para realegrá-lo ao vê-los novamente unidos. Agora contemplava seus filhos livres daquele peso, fruto de um erro seu e de Rebeca. Sequer imaginava esta cena novamente, pois na sua mente Jacó poderia estar até morto, ou em terras muito distante. Este foi o período de maior tristeza de sua vida, mas agora seu consolo era estarem todos juntos, avô, tio, pai e filhos, proporcionando momentos de pura alegria. Foi sepultado pouco tempo depois pelos seus filhos que em seguida tomaram caminhos diferentes.

Extraído do livro: Criado, eleito, perdido e resgatado. Autor Ailton Silva. Em fase de revisão.

2 comentários:

  1. Que lindo texto e historia,Deus se agrada das atitudes tomadas seguindo a vontade Dele,por isso devemos sempre pedir ao Pai discernimento em nossas escolhas para que em momento algum venhamos nos afastar da presença Dele.Parabéns pelo lindo post.Fique na paz do Senhor e tenha um ótimo dia!

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  2. o reencontro dos dois irmãos, foi tremendo, mover de Deus

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