O perigo da abundância sempre rondou o homem. O primeiro que esteve frente a esta situação foi Adão ao sair do paraíso, pois olhou ao seu redor e não contemplou outros para dividirem o mesmo espaço de terra. Que alegria, que herança grandiosa havia recebido de Deus? Mas se analisarmos ao pé da letra e não concepção da palavra, veremos que existia uma grande diferença entre a situação anterior e a atual.
A primeiro plano, toda aquela imensidão de terras, tudo a seu dispor, não representava propriamente a verdadeira prosperidade, pois isto ele usufruiu enquanto esteve no paraíso. Agora era simples matéria, que necessitava de seu suor para que produzisse alimentos. Outros homens também não souberam lidar com a abundância, assim como Adão, entre eles destacamos outro patriarca, Noé, a nação de Israel e seus reis Davi e Salomão.
a) O mundo próspero de Adão:
O ambiente em que Adão esteve é invejado e desejado por muito de nós, não somente pela presença constante de Deus, nas virações dos dias (Gn 3.8), mas pelas facilidades ali oferecidas a ele e a Eva. Uma abundância de alimentos, tranqüilidade, paz eterna e isenção de sofrimentos, mas o homem não soube lidar com esta abundância. Tanto que ele jogou para o alto, arriscou alto de mais. Talvez o inimigo imaginasse que Deus os deixaria, os três, continuarem suas vidas naquele lugar, mesmo em pecado.
Mesmo assim, na saída do paraíso (Gn 3.24a), o casal primário, contemplou uma imensidão de terras e rebanhos tudo para eles, não existiam outros para reclamarem as propriedades. Que grande herança poderiam deixar para seus filhos Caim (Gn 4.1), Abel (Gn 4.2) e Sete (Gn 4.25).
Adão conheceu e somente viveu a verdadeira prosperidade nos momentos em que viveu no paraíso. Fora dele era tudo ilusão, sofrimento e realidade dura.
b) A grande fazendinha de Noé:
Noé e sua família sobreviveram ao dilúvio, graças a fé depositada na Mensagem de Deus. No interior da arca não sofreram o dano da morte (Gn 7.21-22). O mundo deles, naquele ambiente, era perfeito, próspero, paz, tranqüilidade e a certeza de que Deus estava com eles, pois foram todos preservados. Sobraram apenas eles. Isto era motivo de “muita alegria”. A família estava reunida e formava uma bonita congregação.
Ao saírem da arca tiveram uma visão maravilhosa, pois viram terras e ao alguns casais de animais que logo se reproduziriam (Gn 7.2ss) e ao inteiro dispor deles. Eram os únicos donos de tudo aquilo, não havia outros homens para reclamarem propriedades. Deus abriu as portas da arca e da prosperidade (Gn 8.18-19). Somente Deus poderia fazer tamanho milagre e mudança na vida deles.
Noé e sua família somente conheceram e viveram a verdadeira prosperidade nos dias em que estiveram trancafiados na arca, alegres e gratos a Deus pelo livramento recebido. Quanta união, graça e comunhão sentiram naquele ambiente. Fora da arca era tudo ilusão, matéria e realidade dura. FORA DA ARCA ERA ILUSÃO!.
c) Israel, a nação:
Que alegria em Israel quando conquistaram definitivamente as terras de Canaã. Era a promessa de Deus se cumprindo na vida deles, mas o melhor viria com o tempo, pois receberam como brinde o descanso em relação aos inimigos, que foram surpreendidos e vencidos (Js 21.43-45). Vitória grandiosa se pensarmos que os inimigos tiveram tempo para se prepararem para a batalha. A noticia da saída do Egito correu como foguete por aquele deserto. O que se ouvira era: “Israel está chegando, Israel está chegando!
Para finalizar a bênção tiveram a certeza de que as boas palavras, dita a eles e seus pais, havia se cumprido. Que visão maravilhosa contemplar aquelas terras, cada tribo recebendo sua herança, felizes da vida. Agora serviriam a Deus e cumpririam sua missão como povo e propriedade exclusiva de Deus (Ex 19.5).
Israel somente conheceu a verdadeira prosperidade justamente nos anos em que peregrinou no deserto, nas batalhas diárias com seus inimigos, quando viam a mão de Deus estendidas sobre eles. A cada vitória sentiam que eram realmente propriedade exclusiva. Em Canaã havia muita ilusão, engano, pois alguns de seus inimigos foram preservados. Era momento de vigilância, portanto não tinha nada de prosperidade.
d) Davi, o grande rei.
O que impediu que Davi assumisse o reinado, mesmo Saul estando vivo? Ungido já estava (I Sm 16.13) e Samuel já tinha conhecimento da rejeição do reinado de Saul (I Sm 13.14; 16.1) e para avalizar sua ação poderia se escorar nas tentativas de assassinato e perseguição do rei que já estava deposto por Deus (I Sm 19.1).
Mas Davi sempre procurou o bem de seu rei, poupou-lhe a vida (I Sm 24.10b) e não estendeu a mão, mesmo que pudesse ou tivesse condições.
Davi assumiu o trono em Judá (II Sm 2.4) e depois reinou sobre todo Israel (II Sm 5.3), que visão maravilhosa quando contemplou aquela bela cidade, Jerusalém, aquele numeroso povo, a semente de Abraão (Jr 7.23; 31.33; Êx 6.7), todos reunidos em torno de seu reinado, esperando suas ordens para alargarem as fronteiras. Abundância, poderio militar, prosperidade econômica e respeito de seus vizinhos e inimigos, que não eram poucos.
Mas tudo isto não impediu que Davi cometesse o adultério com Bate-Seba e tampouco o crime arquitetado contra o seu marido Urias. Isto nos prova que a verdadeira prosperidade foi conhecida pelo grande rei naqueles momentos em que esteve em fuga, conhecendo boa parte do território de Israel, vendo suas dificuldades, fazendo alianças, amizades e fazendo o povo conhecer o seu coração e sinceridade. Durante o seu reinado pode colocar em prática tudo o que havia aprendido enquanto fugia de Saul.
e) Salomão, o sucessor de Davi.
Quem poderia medir a riqueza e sabedoria adquirida por Salomão (I Rs 4.34)? Ou como poderia ser medida (I Rs 3.12)? Quanta dedicação à construção do Templo? Quantos ensinamentos para seu povo? Quanta abundância! Experimentou um período de paz enquanto se dedicava as construções, tanto que em sua direção não vinham os inimigos para lhe fazer guerras, mas para apreciar a sua sabedoria e riqueza (I Rs 10.1-2).
Alianças e acordos, aos poucos, aumentaram seu reinado, a fronteira, o respeito entre vizinhos, mas também foram lhe minando a sabedoria e as forças.
Portanto, a verdadeira prosperidade foi vivia por Salomão, justamente nos momentos em que esteve trabalhando, na sua dedicação, na justiça de seu reinado, na sabedoria para julgar as causas do povo (I Rs 3.16ss) e não propriamente nas suas alianças e acordos com estrangeiros, que lhes causaram grandes transtornos em sua vida a ponto de encaminhá-lo para a idolatria (I Rs 11.1-2).
Estudo elaborado conforme diagrama: O perigo da abundância. Bíblia de estudo aplicação pessoal, página 243.
Por: Ailton da Silva
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