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sábado, 21 de julho de 2012

O medo da solidão é menor que o desejo de ser o maior


Qual a origem da violência? Após a expulsão? Nos primeiros dias de convívio em grupo? No seio da primeira família? Entre dois irmãos? Os únicos amigos da época (?).

O medo da solidão foi menor que o desejo de ser o maior. Então a expulsão do paraíso não foi capaz de resolver os problemas da humanidade, recém formada? A convivência fora do paraíso serviu para grifar ainda mais os erros do homem.

Imagino os pais diante de um corpo inerte na terra, algo inédito para eles, sem atitude e um pouco mais atrás estava o irmão imaginando que Abel estivesse simulando aquela situação. Ou estava arrependido? Triste? Talvez naquele momento de reflexão, ele tenha feito propósitos com Deus ou exposto o desejo de mudança, pois é assim que acontece quando estamos diante dos “inertes” parentes, amigos ou conhecidos.

Para quem já havia respondido de forma insolente ao próprio Deus, como estaria arrependido ou demonstrando algum outro sentimento humanitário? Ele não via a hora de tudo aquilo terminar para dar continuidade a sua vida.

“E disse o SENHOR a Caim: Onde está Abel, teu irmão? E ele disse: Não sei; sou eu guardador do meu irmão”? (Gn 4.9)

Pelo menos poderia ter demonstrado uma dor pela perda do grande amigo, do irmão ou então porque não buscou o perdão de Deus? Certamente conheceria uma parcela da misericórdia Divina.

A fuga foi a solução encontrada por Caim e para trás deixou os pais sem filhos[1], preocupados com a atitude do então “único filho”, até ao nascimento de Sete (Gn 4.25), o percussor de uma geração que começou a buscar a Deus (Gn 4.26). Esperança para o caído homem?

Então, a grossos olhos, poderíamos dizer que a partir deste momento o grande problema da humanidade, até então, estava com os seus dias contados? O homem voltou a se aproximar de Deus, certamente reconheceria seus erros e voltaria à comunhão perdida no Éden, pelo menos esta seria a lógica.

Segundo Josefo, havia na terra, duas raças, dois grupos de pessoas, assim como frisamos acima, a geração de Sete, os filhos de Deus (conforme Gn 6.2) e a geração marcada de Caim (Gn 4.15), os filhos do homem (conforme Gn 6.2), mas um dia, estas duas gerações se encontraram e se misturaram. A mistura gerou a multiplicação da espécie e da violência.

“Nessa época, havia duas raças distintas: a descendência de Sete e a de Caim. Os expositores modernos, em sua maioria, concordam que os "filhos de Deus", citados em Gênesis 6.2, constituíam a descendência de Sete, e os "filhos dos homens", a descendência de Caim”. JOSEFO (Livro primeiro, capítulo 2).

Então a fuga e o isolamento do primeiro homicida não resolveu o maior problema da humanidade? Pelo contrário, parece que aumentava ainda mais o fascínio humano pela maldade. Os lugares por onde, ele disseminou o mal que havia em seu coração. A sua história não era segredo para ninguém.

Depois de haver atravessado diversos países, Caim estabeleceu residência em um lugar chamado Node, onde teve vários filhos. No entanto o castigo, em vez de torná-lo melhor, fê-lo, ao contrário, muito pior. Abandonou-se a toda sorte de prazeres e até usou de violência, apoderando-se de bens alheios para enriquecer-se. Reuniu homens maus e celerados, dos quais se tornou o chefe, e ensinou-os a cometer toda espécie de crimes e de ações ímpias”.

“Eis como a posteridade de Caim chafurdou-se em toda espécie de crimes. Não se contentaram em imitar os de seus pais, mas inventaram outros. Entre eles, havia assassínios e latrocínios, e os que não mergulhavam as mãos em sangue estavam cheios de orgulho e de avareza. JOSEFO, (Livro primeiro, capítulo 2).

Quem sabe o extermínio da raça humana pudesse resolver o problema da maldade? Deus não via mais com bons “olhos” a sua criação, por isto resolveu por fim a tudo (Gn 6.5), mas era preciso conservar uma semente, para que a partir desta aparecesse uma nova geração, diferente daquela corrompida e maldosa.

A semente escolhida foi boa (Gn 6.9), pois Noé havia achado graça aos olhos de Deus, algo extremamente difícil para os moldes sociais da época. Diante de toda aquela corrupção existia ainda um fiel, um que buscava a Deus e que se apartava do mal, aliás sempre houve e sempre haverá, pois Deus nunca ficou ou nunca ficará sem testemunho na Terra (I Rs 19.18; Ap 7.1-9; 11.1-3).

Após a saída da arca, aquela família voltou a sua rotina e não demorou para que voltassem a tona os velhos e conhecidos problemas da raça, a violência e maldade, mas com uma nova roupagem, uma nova conotação, que muitos poderiam até classificar como normal, aceitável ou insignificante:
a) Uma falta de respeito por um grande patriarca. Isto fundamentou a origem semita e a posição elevada de Israel (Gn 9.26) e por outro lado consolidou a constante presença ao seu redor de seus “inimigos” (Gn 4.25);

b) Uma afronta a um trabalhador, que se alegrou pela colheita (Gn 9.20). O trabalho, sucesso e prosperidade eram somente seus ou também de seus filhos? Porque então também não se reuniram a ele para juntos comemorarem o fruto da terra?

c) Uma violência moral contra o próprio pai (Gn 9.22). Três filhos, com atitudes diferentes, que agiram como aqueles dois grupos de pessoas que havia na terra, antes do dilúvio (os filhos de Deus e os filhos do homem), pois um não honrou o pai (Gn 9.22), enquanto que os outros dois não permitiram a desonra, a chacota, os risos, a vergonha, o rótulo, a discriminação e qualquer outra consequência que este tipo de violência provoca no homem.

Naquele dia todos estavam reunidos e contemplaram a alegria de Noé, mas também conheceram um novo tipo de violência, a moral, que em muitos casos é pior que a física, pois traumatiza, tanto quanto, causa ferimentos profundos, consequências que somente são sentidas no futuro, por outras gerações.

O Maligno conseguiu entender desta forma e por isto mudou os seus planos. A violência física é fácil de se identificar e evitar, mas a moral, a cruel, a violência branca é muito pior e maléfica.

Portanto o dilúvio também não resolveu o velho problema da humanidade, pois a maldade ainda imperava e até piorou. Somente o Sacrifício vicário de Jesus, pode resolver os traumas causados pela violência social, que tão de perto nos rodeia.

Referências:
Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003

Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000

Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Baureri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 2003

JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. De Abraão a queda de Jerusalém. 8ª Ed. Traduzido por Vicente Pedroso. Rio de Janeiro. CPAD, 2004

[1] Partindo do princípio da primeira família ser constituída por 4 pessoas.

Por: Ailton da Silva

Um comentário:

  1. novamente contarei com a colaboração de uma prof. auxiliar. Minha intenção é que ela aproveite ao máximo, mergulhe neste universo gostoso da Palavra, do conhecimento, que utilize toda a sua bagagem pedagógica a serviço da obra.

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