DE ENTREGADOR DE QUEIJO
AOS BRAÇOS DO POVO NA PRIMEIRA LUTA
INTRODUÇÃO – I Sm 17.17-18
Davi foi enviado por seu pai para
levar suprimentos para seus irmãos e para verificar a situação deles, assim
como José, quando foi enviado por Jacó a Siquem com a mesma missão (Gn 37.13).
A única diferença entre os
episódios foi o ambiente, pois o de José era de trabalho enquanto que o de Davi
era de guerra. Aquele jovem poderia temer ou recusar, mas era necessário ir
para aquele lugar, pois:
- Deus mudaria a sua vida naquele lugar;
- Os homens o veriam com outros olhos, como um verdadeiro guerreiro e não e tão somente um pajem de armas (I Sm 16.21) ou um simples tocador de harpa;
- Ele mudaria a história de Israel, seria o marco para aquela nação, naquele episódio;
- Ele veria o inimigo em fuga diante de seus olhos;
- Obteria o reconhecimento de seus futuros súditos e Deus provaria que realmente era chamado e escolhido para o trono.
Mas até aquele momento era um
simples entregador de queijo, pães e leite (I Sm 18.7).
1) TRES GIGANTES VENCIDOS POR DAVI (I Sm 15.26; 16.1)
A) O GIGANTE REJEITADO
Porque Samuel ainda tinha pena de
Saul? Seria devido a confirmação da unção ter ocorrida diante de todas as
tribos de Israel (I Sm 10.20).
Saul já estava rejeitado e como
tal se portava. Não autorizou o jovem para que lutasse contra Golias, mas foi
convencido pelos testemunhos (I Sm 17.34-37), pois entendeu que Deus estava com
ele, inclusive o fortaleceu com a declaração: “o Senhor é contigo”, mas isto
não veio do fundo do coração e tampouco era manifestação de sua fé, foi apenas
por costume.
- Oferta do
gigante rejeitado
Saul percebeu que Davi seria um
instrumento de Deus, portanto temeu pela perda prematura do controle sobre o
reino. Será que imaginou estar diante de seu sucessor? Tratou logo de agir e de
forma compulsória ofereceu suas vestes sujas e manchadas pela desobediência (I
Sm 15.22), o capacete de bronze para atrapalhar a comunicação com Deus e a
couraça para impedir o agir de Deus no coração de Davi.
A primeira vista parecia que este
aparato seria útil, bom e que ajudaria Davi, mas a astúcia de Saul logo foi
compreendida pelo jovem. Caso ele aceitasse aquela oferta certamente toda a
glória pela vitória seria dada aos apetrechos e a inteligência do rei (I Sm
17.52) e não a Deus. Fariam altares, exposições de armas, lembrancinhas,
aqueceriam o comercio local e se esqueceriam de Deus. Se servisse para algo, o
próprio Saul usaria e teria vencido a batalha.
B) O GIGANTE REVOLTADO (I SM 17.28)
Eliabe, o primogênito (I Sm 17.13),
foi o primeiro a se apresentar a Samuel e logicamente foi o primeiro a ser
rejeitado por Deus (I Sm 16.6), portanto estava revoltado e para aumentar ainda
mais a sua frustração foi enviado a guerra com alguns de seus irmãos. Na festa
da unção ele foi colocado em primeiro lugar pelo DEDO HUMANO de Jessé e Samuel,
mas a MÃO DE DEUS trocou as posições e colocou Davi na frente de todos os seus
irmãos.
Isto o revoltou de tal maneira,
pois sua juventude e beleza poderiam ser perdidas na guerra, apesar do ideal
nacionalista. Ele descarregou esta sua revolta no pobre do irmão entregador de
pão, leite e queijo. O problema dele não era Golias, a guerra, mas sim o
ocorrido dias antes na festa da unção. Foi preterido e precisava aliviar toda a
sua frustração. Porque não fez tudo isto com Golias? Não serviu para o trono,
também não serviria para a guerra.
Outro problema grave era o
instituto humano conhecido como primogenitura, algo criado pelo homem para
diferenciar os filhos e muitas vezes não levado em consideração por Deus (VIDE TEORIA DA INVERSÃO).
A primogenitura era um grande
obstáculo que somente os grandes e valentes conseguiria vencer (Gn 25.33;
27.33). Jacó conseguiu reaver a sua, por intermédio de sua astúcia, pois sabia
que Esaú não se sentiria seduzido por simples lentilhas cruas, mas com um
guisado bem preparado teria sucesso em seu plano.
- A intenção do gigante revoltado
Eliabe, o primogênito, tentou
desanimar e desqualificar Davi, atribuindo-lhe adjetivos ao seu caráter. Sua
intenção era impedir que seu irmão fosse usado como instrumento nas mãos de
Deus. Pela segunda vez, veria aquele jovem franzino sendo exaltado bem a sua
frente.
Ele questionou Davi sobre a
segurança das ovelhas e o acusou de irresponsável por imaginar que o pequeno
rebanho tivesse ficado desprotegido. “Ele estava olhando para um menino, mas
estava falando com um homem”. Mal sabia que Davi havia deixado o rebanho e a
bagagem nas mãos de um guarda (I Sm 17.20-22).
C) O GIGANTE DESPEITADO
Golias se imaginava invencível e
por 40 longos dias (I Sm 17.16), afrontou os homens de Israel (I Sm 17.10), por
julgar que não havia ali um, pelo menos, que tivesse coragem de enfrentá-lo.
Estava agindo em nome de seus deuses (I Sm 17.43),.
- Afronta do gigante (cantou vitória antes da hora)
Por 40 dias este gigante esteve
afrontando os homens de Israel (I Sm 17.10), tidos por ele, como fracos e
covardes. Davi ouviu isto e não se importou, pois realmente Golias estava
certo. Um exército bem treinado por Abner, armas e escudos a disposição, mas
ninguém teve coragem.
O sangue daquele jovem ferveu
quando ouviu: “Não há Deus em Israel” (I Sm 17.45), tanto que se encheu de
coragem e talvez, meio incrédulo, tenha dito: “Eu vou a ti em nome do Senhor
dos exércitos”. Então teria que ir mesmo, agora não poderia recuar.
Como assim não há Deus em Israel?
Quem então deu forças para que ele vencesse os animais que tentaram atacar as
ovelhas de seu pai (I Sm 17.34-36)? Aquele incircunciso conhecia a historia dos
patriarcas? Ou a libertação de Israel do Egito? Da caminhada a te Canaã? Davi
gritou isto a uma distancia considerável, pois não era bobo para se aproximar,
ficando ao alcance da lança do filisteu.
- Davi, o marco para a história de Israel.
Os israelitas temeram os insultos
(I Sm 17.11, 24), mas não agiam. Foi preciso que Deus capacitasse alguém para
ser usado como instrumento. Depois da ação de Davi (I Sm 17.50) a história
mudou. Os mesmos que temeram, se alegraram e perseguiram os filisteus para se
apoderarem dos despojos (I Sm 17.52).
Davi foi o ultimo da família a
ser chamado para a festa da unção e o ultimo a ser enviado para a guerra, mas
foi o primeiro a cair nos braços do povo. Deste momento em diante estava
reconhecida a sua autoridade para reinar sobre Israel. De imediato ele não
serviu para o exercito, pois mostrou pela sua valentia que para nada adiantava
táticas de guerras, armas pesadas, escudos, conhecimento do inimigo. Davi
desmoralizou todo o treinamento militar que Abner havia fornecido ao seu
exercito.
CONCLUSÃO
Davi foi ungido para o trono, mas
não assumiu de imediato. Sua vida mudou radicalmente. Sua primeira luta, após a
unção, foi com seu irmão revoltado, depois enfrentou um rei rejeitado para
então encarar de frente um gigante despeitado. Esta trajetória o qualificou
para cair nos braços do povo, que reconheceu sua chamada e valentia.
Por: Ailton da Silva
(18) 8132-1510
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