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sábado, 24 de agosto de 2013

Onde foi que eu errei?

E disse Caim: “Meu Senhor, onde foi que eu errei?” E respondeu Deus do seu trono: “Você não adorou, não entregou o verdadeiro sacríficio, veio com improvisos, plano B, além do mais, tentou me convencer com sacrífico de frutas”, fruto de seu suor (e olha que não preciso pedir perdão por fazer uso de trocadilhos, pois “Eu Sou”).

Você me ofereceu frutos da terra, apanhados no fundo de seu quintal, e que quintal hein? Sua família é dona de tudo, propriedade que se perde de vista, daria para criar e sustentar rebanhos e mais rebanhos, mas você perdeu a hora, chegou atrasado, lembrou em cima da hora do seu compromisso espiritual. Chegou tarde do serviço, cansado, cheio de problemas. Saiu correndo e apanhou o que deu pelo caminho[1], mais ou menos pensou algo parecido com isto: “É para Deus mesmo, Ele é o dono do ouro e prata e não precisa do meu melhor”.

Como você agiu diferente do meu grande amigo Abraão (2 Cr 20.7; Tg 2.23), que entregou o seu melhor, foi tão calmo, tranquilo, chorando é verdade, mas confiante, porque sua intenção foi me agradar. Ele andou mais ou menos uns três dias de caminhada pelo deserto em direção ao local do sacrifício. Não saiu correndo, desesperado como você, não murmurou, não procurou ou criou facilidades, não “trocou os filhos[2]”, não tentou entregar o prole do vizinho e tampouco saiu correndo atrás de Ismael que havia despedido dias antes (Gn 21.14-21). “Por mim mesmo, eu digo, que ele não tentou me tapear, mesmo porque não conseguiria”. Já pensou se pegasse um garoto qualquer no meio do caminho, um menor abandonado.

Caim, você começou bem a sua carreira, tal como seus pais, que estavam no melhor lugar, em uma dimensão inimaginável a qualquer mente humana, lugar indescritível, incomparável, inatingível, a menos que consigam passar pela comissão de boas vindas e guardiões que coloquei para impedirem o acesso à árvore da vida (Gn 3.24), como Eu disse: “lugar inimaginável para as mentes nervosas humanas, que tentam descobrir o local exato na terra onde estava instalado este jardim”.

Suposições é o que não faltam, Oriente Médio, antigo e histórico Crescente Fértil, parte inundada do Golfo Pérsico, “entre os rios”, ao sul, no local exato onde eles se abraçam com suas águas, perto da cidade de onde Eu tirei o “pai na fé” de multidões (Gl 3.7), o antes idólatra (Js 24.2) que fora convertido em um exemplo para todos (Gl 3.6), o que primeiro ouviu a pregação do Evangelho (Gl 3.8).

Pois bem, você começou bem a sua carreira, o filho do casal número um, o primeiro gerado pós Éden, o que assombrou o patético mundo cientifico da época, pois quem em sã consciência poderia imaginar alguém sendo gerado fora do jardim e pior ainda, a ciência primitiva não conseguiu explicar como foi possível aquela vida ser sustentada fora do ambiente favorável visto no local onde o homem não voltaria mais a pisar. Os sábios e entendidos já relutavam em admitir o fiel cumprimento de minha Palavra (Gn 3.16).

Será que seus pais imaginaram que para terem os filhos, como prometi, Eu permitira que eles retornassem às origens. Eu disse: “vou aumentar o seu sofrimento na gradivez, e com muitas dores você dará à luz filhos” (Gn 3.16 – NTLH), seja lá onde for, mas não na dimensão favorável perdida por vocês e não se fala[3] mais neste negocio.

Sua mãe imaginou que você fosse o cumprimento do que ouviu ainda no Éden (Gn 3.15), mas ainda era cedo demais (cf 2 Pe 3.8). Ela entendeu errado, como a maioria do pó da terra, dita racional com vida inteligente, que se imagina alguém. Alguns acham que são Terra, mas na verdade são o pó dela e não ela propriamente. É muito fácil colocar esta geração em seu devido lugar, basta lembrar isto a eles.

Ou ela imaginou que você pudesse vingar a dor da perda, “a dor do parto”, parto de partida mesmo, de despedida. Como choraram aquele dia. Quantas lágrimas derramaram ao ouvirem o barulho do rumar dos querubins fiéis, que se posicionaram para impedir uma possível “invasão de terras”, dos já sentenciados e conhecidos como os “msp” (movimento dos sem paraíso).

Seus pais foram ensinados e avisados, bem antes da queda (Gn 2.15-17), pois o ensino dos céus chega antes da prática, antes do erro. Ficaram sem reação, sequer argumentaram com a famosa frase que muitos hoje amam contra-atacar: “mas ninguém nos avisou”.

Sabe por que seus pais não tiveram esta coragem? Eles ascenderam a pré-excelência do conhecimento (Gn 2.19-20). Viram o que nunca ninguém mais viu nesta Terra. Falaram comigo, digamos, face a face (Gn 3.8-19). A ninguém mais Eu dei tal oportunidade e olha que “gente muito boa”, um tal de Moisés, clamará por isto e Eu não atenderei (Ex 34.18-23).

Álias ele me fará outro pedido e da mesma forma não atenderei. Aos prantos me pedirá para mudar ou rever uma decisão que tomarei. Inútil será para ele, pois não entrará na Terra que prometerei. Mesmo com lágrimas, quebrantamento e tristeza, ele aceitará[4] minha decisão e não questionará, direi apenas uma vez: “chega! não fale mais nisso” (Dt 3.26 – NTLH).

Depois Eu deixarei, anos mais tarde, ele verá a confirmação do ministério profético de Israel (em Elias) e a Graça confirmada e revelada no meu Filho, que não se transformará em outro ser diante dos olhos assombrados e arregalados de Pedro, Tiago e João, apenas revelará sua Glória. Tudo isto no Monte da Transfiguração, nos limites da então Terra Prometida (Mc 9.1-4), pelo menos, por alguns instantes, ele pisará na terra que tanto desejou.

José Roberto A. Barbosa e Luciano de Paula Lourenço e Francisco A. Barbosa escreveram, respectivamente, sobre este momento único e sublime de Jesus:

“A transfiguração de Jesus foi um evento particular (com alguns discípulos) e histórico (em tempo determinado), pois “seis dias depois”, Jesus tomou consigo “Pedro, Tiago e a João”, e os conduziu a um monte alto (Mt. 17.1). Esses apóstolos eram os mais próximos de Jesus (Lc. 6.12). Eles foram chamados, naquela circunstância, com o propósito específico de serem testemunhas oculares (Mc. 14.33). [...] Esse momento glorioso antecipou, no plano escatológico, a glória que nEle haverá de ser revelada (Jo. 12.16,23; 17.5,22-24; II Co. 3.18; Mt. 13.43). [...] Do interior de Jesus irradiou uma luz, ressaltando, assim, Sua glória essencial (Hb. 1.3). Esse acontecimento serviria para fortalecer a fé dos discípulos, o próprio Pedro confessou que Jesus era o Cristo, após aquele momento (Jo. 11.40); 2) a glória do Reino de Jesus – a transfiguração demonstrou a glória do Reino que está por vir (Mt. 16.28), cujo cumprimento visível se dará por ocasião do Milênio (Ap. 19)”.

Não era uma mudança meramente de aparência, mas era uma mudança completa, em que a pessoa passa ter outra forma. Na terra, Jesus tinha a aparência de um homem, mas na Transfiguração, o corpo de Jesus foi transformado em um esplendor glorioso que Ele tinha antes de vir para a Terra (João 17:5); Fp 2:6), e que Ele terá quando voltar em glória (Ap 1:14,15).

“Nós só podemos compreender a transfiguração de Jesus a partir da Sua encarnação. “O Verbo se fez carne e tabernaculou entre os homens, cheio de graça e de verdade”. Quando o Filho de Deus veio a este mundo, Ele tomou sobre Si a carne humana e essa carne serviu como um véu sobre Ele. Por esta razão, enquanto estava na Terra, quando os homens olhavam para Ele, viam apenas um Homem. Não viam a glória do Filho de Deus porque Ele estava coberto pelo véu. Aquele véu que cobria a Sua glória, era a Sua carne. Lemos em Hebreus 10.20 pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne. O mundo não podia ver Sua glória como a glória do Unigênito do Pai. O que o mundo via era Ele como homem natural, mas Sua glória moral como o Filho do Homem não podia também ser ocultada. Durante toda a Sua vida, Jesus estava sob aquele véu (Mc 7.24). Apenas uma única vez em Sua vida aquele véu foi aberto e a Sua glória brilhou por meio da Sua carne humana, e essa vez foi no monte da transfiguração. Foi apenas por um período curto de tempo e, então, aquele véu caiu sobre Ele novamente até que foi rasgado na cruz do Calvário. Lembramos-nos que, quando Ele foi crucificado, o véu no templo foi rasgado em dois, de alto abaixo e, então Sua glória foi manifestada plenamente”.

E a você que está lendo agora, não te interessa saber de onde eles vieram, onde estavam ou muito menos lhe interessam questionar sobre a formação corpórea ou espiritual destes personagens coadjuvantes que prosearam por alguns instantes com Jesus. Duas ou três partes, carne, espírito, uma miscelânea destas duas naturezas ou algo que não se pode conceber em suas mentes, o importante é que Eu trouxe os dois e os deixei visualizarem a Graça transfigurada em algo sobrenatural e revelada (Mc 9.1-4). E tem mais, não me importo com conceitos humanos, convenções, pensamentos filosóficos, materialistas, doutrinas espíritas, que podem ser criados usando este episódio como fundamento. “Eu Sou” e ponto final.

Para os discípulos, em especial Pedro, eles pareceram carne, tal como eles, tanto que imaginou que pudessem habitar em cabanas feitas por suas mãos (Mc 9.5) e que poderiam se limitar a paredes. Uma pequena falha humana diante do assombro da visão da Glória que fluiu do interior do Filho.

Podem até afirmar que os dois tivessem cumprido cada qual a sua missão na terra, mas a participação deles na história sagrada não se encerrou no sepultamento ou no arrebatamento, respectivamente (Dt 34.5-6; 2 Rs 2.11-12).

A transfiguração teve por objetivo secundário conceder a estes dois grandes vultos do passado hebraico “um momento de intimidade”, um relacionamento com Jesus, tal como os discípulos tiveram durante o ministério terreno, haja vista que os dois personagens somente O conheciam pelas referências proféticas, enquanto que os discípulos e Israel contemplaram e ouviram.

Um confirmou o cumprimento da Lei em Cristo e o outro autenticou o ministério profético de Jesus, uma vez que “o objetivo do ministério de Elias concretizou-se em Cristo Jesus, O único que pode restaurar espiritualmente o ser humano de forma definitiva”, além de ter sido um grande presente de Deus a eles, pois o primeiro havia perdido o direito de entrar na Terra Prometida (Nm 20.10; Dt 3.23-26; 34.4), enquanto que o segundo não contemplou a restauração de Israel até o momento de seu arrebatamento (2 Rs 2.11).

Entendeu agora, Caim onde você errou? Eu ensinei seus pais a andarem segundo os meus estatutos, mesmo que já estivessem no Éden, na glória, no paraíso e na minha presença. Ainda careciam mais, deveriam buscar mais, aprenderem mais, tal como o meu apóstolo Paulo, que buscava a excelência do conhecimento para me agradar.

Eu alertei os hebreus antes de entrarem na Terra que havia jurado a Abraão (Gn 15.13-16). Ali diante de grandes monumentos naturais, Ebal e Gerizim, Eu expus a verdade, as dificuldades que teriam em toda sua história, as recompensas pela fidelidade e a tragédia oriunda da infidelidade (Dt caps 27 e 28).

Eu avisei Israel sobre o Messias, o Filho, que já estava entre eles, pela pregação e ensino de João Batista (Mt 3.1-12).

Eu aviso e ensino minha igreja. Entrego antes para ser entregue depois. Primeiro alguém recebe, coloca em prática e depois ensina. Aprende primeiro para ensinar depois. Se sentar para aprender, Eu o levanto para ensinar depois (1 Co 11.23). Não existe outra forma, tem que sentar primeiro.

Mas seus pais não me ouviram, deram ouvidos a espíritos enganadores, e como são enganadores, como teve coragem de dizer que vocês poderiam ser como Eu (Gn 3.5)? Ainda bem que não disse que poderiam ser maiores que, ai já seria demais.

Mas os hebreus não me ouviram e quando entraram em Canaã e tão logo sentiram o cheiro suave e gostoso da terra, já se deram a práticas ilícitas (Jz caps 1 e 2).

Mas Israel também não deu ouvidos ao profeta do machado, ao homem da mensagem dura, que falava a verdade e que não rodeava. O rude de palavras e vestimentas, o que veio preparar o caminho para o inicio do ministério do Filho. Eles o rejeitaram.

Mas a minha igreja coxeia entre dois pensamentos (1 Rs 18.21), titubeia, parece fraca, alheia, mas Eu ainda continuo operando, fortaleceno corações, separando homens, ministrando bênçãos, revelando a Palavra, manifestando dons espirituais e ministeriais.

Nunca esqueçam disto:
·        A rápida estadia no paraiso;
·        A entrada em Canaã;
·        A visão do Messias encarnado;
·        O Outro Consolador, da mesma espécie, mas de ministério diferente, agindo na igreja.

São elementos suficientes para garantir ao homem a permanência eterna na presença de Deus, mas diante de todas estas grandezas e benéfices há de ressaltar que a qualquer momento o homem pode se distanciar de Deus e rejeitar a sua Graça. E o que levaria a tal?

Estavam no paraiso! Receberam a promessa feita a Abraão! Viram o Filho entre eles! São ensinados sobre o amor de Deus e sentem o Outro Consolador! Como então podem perder? Presunção?

Já estamos no paraíso e nunca mais sairemos! Já estamos na Terra Prometida e não a dividiremos com ninguém! O Messias já está entre nós e nunca o rejeitaremos! O Consolador já age em minha vida e nunca resistirei a Ele!

Será?

Referências:
BARBOSA, Francisco de Assis. Elias no monte da transfiguração. Disponível em: http://auxilioebd.blogspot.com.br/2013/02/licao-9-elias-no-monte-da-transfiguracao.html.

BARBOSA, José Roberto A. Elias no monte da transfiguração. Disponível em: http://subsidioebd.blogspot.com.br/2013/02/licao-09.html.

Bíblia de estudo aplicação pessoal - BAP (ARC). CPAD, 2003.

Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão Internacional (NVI). Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008

Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje (NTLH). Barueri (SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.

Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Baureri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2003.

LOURENÇO, Luciano de Paula. Elias no monte da transfiguração. Disponível em: http://luloure.blogspot.com.br/2013/02/aula-09-elias-no-monte-da-transfiguracao.html


[1] A correria foi tremenda, deveria chegar logo ao local do sacrifício, por isto foi apanhando o melhor da terra, sem perguntar se havia algum  responsável pelas plantações.
[2] Deus pediu para Abraão entregar seu unigênito, mas ele tinha dois filhos, um havia sido despedido junto com a mãe (Gn 21.14-21). No entender humano ainda er filho dele, mesmo distante. Deus permitiu a separação e não o esquecimento.
[3] Quando Deus responde ao homem usando esta exressão cabe a ele se recolher e não argumentar mais, tal como Moises (Dt 3.23-26).
[4] Moisés aceitou a decisão de Deus, mas elegeu e apontou os outros culpados (Dt 1.37; 3.26).

Por: Ailton da Silva - Ano IV - caminhando para o ano V

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