1. ANTECEDENTES HISTÓRICOS:
Dois
reinos prósperos até então, foram varridos do mapa. O norte de Israel foi
levado pela Assíria em 722 a.C. que o oprimiu sem razão nenhuma (Is 52.4) e o
sul pela Babilônia em 586 a.C., respectivamente.
Foram
alertados pelos profetas, mas não deram crédito, por isto Deus permitiu que não
somente invadissem como também arrasassem e humilhassem. O Reino do Sul teve tempo
para escapar da iminente derrota, pois o Norte foi levado cativo cerca de cem
anos antes, tempo suficiente para reflexão e concerto.
A capital
do reino do Norte, Samaria, recebeu de braços abertos seus novos moradores,
após a deportação dos legítimos samaritanos. Povos estrangeiros foram enviados
para se misturarem ao que havia restado de moradores (II Rs 17.24). Isto deu
origem a mistura que foi a mola propulsora da segregação que perdurou muito
tempo e que alimentou a falta de comunhão e diálogo com seus irmãos judeus do
sul (Jo 4.9).
Enquanto
isto, durante a invasão babilônica, o maior símbolo judeu foi cirandado e
destruído e seus tesouros roubados. Os jovens, sábios e os que ainda poderiam
produzir algo foram levados cativos e os que representavam despesas ou que não
tinham forças ou conhecimento foram deixados junto ao que havia sobrado da
cidade.
Os que
foram levados cativos não encontram forças para a reconstrução, pois faltava
uma liderança para determinar-lhes as tarefas e administrar toda aquela crise.
Sempre tiveram um líder, fosse na era patriarcal, no deserto, no reino unido e
dividido ou através dos profetas, mas agora se viram solitários. Desta forma o resultado
foi o comodismo e o conformismo com aquela degradante situação. O Templo, o
povo, os símbolos da religiosidade, a tradição e Jerusalém estavam em miséria.
2. O CUMPRIMENTO DA PROMESSA (Jr
29.10-14):
O
rei Ciro (império medo-persa) permitiu o retorno (Ed 1.1-4), conforme relato de
Flávio Josefo:
“[...] Eis o que declara o rei Ciro:
"Cremos que o Deus Todo-poderoso, que nos constituiu rei de toda a terra é
o Deus que o povo de Israel adora, pois Ele predisse por meio de seus profetas
que nós traríamos o nome que trazemos e reconstruiríamos o Templo em Jerusalém,
na Judéia, consagrado à sua honra". Esse soberano falava assim porque lera
nas profecias de Isaías, escritas duzentos e dez anos antes que ele tivesse
nascido e cento e quarenta anos antes da destruição do Templo, que Deus lhe
tinha feito saber que constituiria a Ciro rei sobre várias nações e
inspirar-lhe-ia a resolução de fazer o povo voltar a Jerusalém para reconstruir
o Templo. Essa profecia causou-lhe tal admiração que, desejando realizá-la,
mandou reunir na Babilônia os principais dos judeus e anunciou que lhes
permitia voltar ao seu país e reconstruir a cidade de Jerusalém e o Templo, que
eles não deveriam duvidar de que Deus os auxiliaria nesse desígnio e que
escreveria aos príncipes e governadores de suas províncias vizinhas da Judéia
para que lhes fornecessem o ouro e a prata de que iriam precisar e as vítimas
para os sacrifícios”. JOSEFO (Livro Décimo primeiro, capítulo um).
a) O retorno do cativeiro:
- 1º grupo – Zorobabel (538 a.C.). Missão: reconstrução do Templo (Ed 6.15).
- 2º grupo – Esdras (458 a.C.). Missão: Resgate e ensino da Lei (Ed 10.11-12);
- 3º grupo – Neemias (445 a.C.). Missão: Reconstrução dos muros (Ne 6.15).
O
dois primeiros que retornaram não se preocuparam de imediato com a reconstrução
da cidade, já que o primeiro reconstruiu o Templo enquanto que o segundo se
preocupou com o resgate dos ensinos da Lei Mosaica. Foi neste meio tempo que se
desenrolou os acontecimentos na vida da rainha Ester, aproximadamente 103 anos
depois que Nabucodonosor levou cativos os judeus (II Rs 25), 54 anos após o
retorno de Zorobabel (Ed 1.2) e 25 anos após o retorno de Esdras.
3. O RETORNO COM ZOROBABEL:
O
império babilônico, que primava pelo êxodo dos conquistados para suas terras,
para tirá-los definitivamente e apagarem suas histórias, não suportou a força
do império medo-persa, recém levantado.
Este
novo império, por sua vez, respeitava as crenças dos povos conquistados e
permitia que ficassem em seus territórios, ou seja, continuavam no mesmo lugar,
mas aprisionados, o que era mais vantajoso para o opressor, pois não
apresentava suas terras, riquezas, fortalezas e fraquezas e não aumentavam as suas
despesas.
A
promessa de Deus, em relação ao retorno e reconstrução da cidade se cumpriu (Jr
29.10-14), por intermédio de Ciro, o rei gentio (Ed 1.1), que orientado por
Deus permitiu o retorno dos primeiros judeus para reconstruírem o Templo a
cidade e os muros. Desta tríplice tarefa apenas atentaram para a primeira.
Zorobabel
liderou este primeiro grupo, foram cerca de quarenta e dois mil trezentos e
sessenta judeus (Ne 7.66), bem menos que o número de varões que saíram do Egito
(Ex 12.37).
A tarefa
deste grupo era reconstruir a Casa de Deus (II Cr 36.22,23; Jr 29.10). O altar
foi o primeiro (Ed 3.2,3) e mesmo diante da oposição a obra foi concluída,
alias logo no início da obra já apareceram os primeiros problemas, opositores, confusões,
ameaças e mentiras
a) Porque o número foi reduzido:
- Interesses econômicos. Para alguns era interessante a permanência na Pérsia;
- Descrenças nos líderes. Muitos foram os que se auto levantaram para esta tarefa, até então sem sucesso;
- Medo da viagem, ladrões, salteadores e distância. Mas muitos voltaram com júbilo, sonhando, alegres, cantando e despertando o interesse das outras nações;
- A idade avançada dos que foram levados cativos (desânimo e descrença);
- A baixa idade dos que nasceram no cativeiro (falta de fé e conhecimento);
- Fascínio pela cultura babilônica ou medo do trabalho pesado que enfrentariam.
b) Primeiro conflito étnico-racial:
- Os samaritanos ofereceram ajuda na obra. Estavam falando a verdade, pois adorariam a Deus (Ed 4,2);
- Mas também apresentariam aos judeus outros tantos deuses, assim como os assírios fizeram durante o cativeiro do reino do norte (II Re 17.24-41);
- A intenção não era cooperar na reconstrução de Jerusalém, mas sim na destruição. Isto foi percebido após a recusa de Zorobabel (Ed 4.11-21);
- A decisão de Zorobabel não foi fruto de preconceito racial, mas sim era preocupação religiosa (Ed 6.21) e fidelidade doutrinária da sua parte.
4. SITUAÇÃO DA CIDADE:
Pelo
relato de Hanani (Ne 1.3) Jerusalém estava em crise. Muitas perdas materiais e
espirituais, muitos valores e princípios esquecidos. Neemias deveria combater a
causa e não as consequências, que foram inúmeras:
- Insegurança pública – A cidade sem muros estava desprotegida, sem defesa, propensa a constantes ataques (os muros estão derribados);
- Injustiça social, corrupção, falta de leis justas, cidadania e política falidas, ajuda mútua e comunidade não existiam;
- Os que não foram levados para o cativeiro ficaram na pobreza, oprimidos, viviam entre os escombros. Fatalmente alguns desejaram o cativeiro do que aquela situação;
- Não tinham ânimo para lutar contra os inimigos que pudessem aparecer, pois de nada adiantava cada um proteger a sua casa e deixar a cidade desprotegida;
- Um povo desprezado, esquecido e abandonado a mercê de sua mingua sorte.
Que
outra decisão Neemias poderia ter tomado se não a de encarar o seu rei e pedir
autorização para retornar a Jerusalém? Mas somente depois de muita oração.
5. APLICAÇÃO PESSOAL:
- O que tenho a ver com esta história?
- A situação da cidade representa a minha vida?
- Isto nunca acontecerá comigo! Eu vigio!
- O Reino do Norte caiu primeiro, cem anos antes, mas Judá não percebeu;
- Como agir quando receber uma má notícia?
- Agir como Neemias? Orar e tomar atitude?
- Tenho meus recursos. Sou um vencedor!
- A minha condição material e espiritual, me garante!
- O mal não está no fruto e sim na raiz;
- Construam suas casas, mas não esqueçam de Deus!
6. COMENTÁRIOS ADICIONAIS:
- Qual foi a intenção de Hanani ao contar a situação de Jerusalém para Neemias? Será que foi com a certeza de que um grande líder seria levantado? Quantas conversas nossas não produzem metade do que foi produzido;
- Hanani precisava conversar com alguém. Imaginava Neemias triste, chorando e o despedindo em paz. Jamais esperava que fosse deixá-lo tão perturbado. Será que entendeu tamanha preocupação? Não foi chamá-lo para resolver o problema, apenas desabafou;
- Arriscar minha vida por um povo que não estava assim tão preocupado. Largar tudo, jogar para o alto minha carreira. Não tinha recursos, formação secular, diplomacia, era apenas um copeiro;
- “Esta cidade não tem jeito, acabou, Nasci assim e vou morrer assim.”. Os judeus não tinham esperanças da reconstrução? Não havia necessidade de um homem forte, mas sim de um homem corajoso, um verdadeiro líder, que viria de longe. Quantos que se julgam em condições e não fazem e quantos fazem sem terem condições nenhuma. Não importa se está longe, sem recursos, sem formação, mais cedo ou mais tarde será levado para o lugar onde Deus deseja usar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário