1. UM LÍDER QUE SOUBE LIDAR COM A
OPOSIÇÃO:
Os que fazem a obra de Deus sempre estarão
sujeitos à oposição, pois são muitos os que, guiados pelo inimigo e fazendo uso
de suas conhecidas artimanhas, se levantam para atrapalhar.
Neemias
sabia que teria muita dificuldade para realizar o que Deus havia colocado em
seu coração, mas será que imaginou que a oposição, em Jerusalém, seria tão
ferrenha? Aqueles que poderiam somar, juntamente com o povo, foram os que mais
atrapalharam o seu projeto.
Como
se já não bastasse o desanimo do povo diante da
calamitosa cena, apareceram os opositores. Sambalate, Tobias (nobre amonita) e Gesém (o árabe)
para atrapalharem o andamento das obras. Os amonitas e os asdoditas (4.7)
também se uniram contra Neemias.
Porque queriam prejudicar? Imaginavam ser obra de Deus ou porque temiam
que todo aquele trabalho pudesse ser usado como um trampolim e palanque
político? Na verdade muitos opositores confundem o agir do homem e o de Deus ou associam um ao
outro.
O primeiro momento após o recebimento da noticia, o pedido ao rei, a
viagem cansativa e longa não foram tão cruéis quanto o falatório e o levante
liderado por Sambalate e seus companheiros. A partir de chegada na cidade, Neemias
entendeu que seria impossível realizar a obra de Deus sem se deparar com os
opositores.
Se tivesse permanecido em silêncio ou se conformasse como os demais,
certamente Sambalate, Tobias e Gesém não teriam se levantado como ferrenhos
opositores. Estes três perceberam que toda aquela preocupação do líder era
porque, desde o início, sempre desejou o melhor para os habitantes daquela
cidade (2.10). Este foi o estopim de toda a oposição. Se não houvesse uma
atitude sabia por parte de Neemias, certamente todo o seu plano seria condenado
ao fracasso.
Sambalate, o governador de
Samaria e líder daquela oposição se irou, indignou (4.1) e usou de várias
artimanhas para intimidar. Esta tática maligna funcionou da primeira vez, com
Esdras (Ed 4.21), pois o rei acreditou na falácia dos inimigos e determinou a
paralisação da obra, mas naquela oportunidade não surtiu efeito. Neemias
percebeu a ação do inimigo e entendeu que a sua luta não seria contra a carne
ou o sangue (dos opositores), mas sim seria espiritual.
Estes inimigos tinham por objetivo impedir a reconstrução do muro, o
animo dos judeus e queiram evitar a prosperidade da cidade. Enquanto estavam na
miséria e condenados ao fracasso ninguém se manifestava, mas foi tão somente
aparecer o líder e demonstrar algum interesse para despertá-los. O inimigo
sempre se levanta quando alguém busca o verdadeiro avivamento.
2. OS ARTIFÍCIOS DOS
ADVERSÁRIOS:
- O primeiro obstáculo para Neemias transpor foi receber a autorização do rei para que partisse em direção a Jerusalém. Este foi vencido à base de muita oração;
- Na chegada em Jerusalém, enquanto esteve em silêncio, a oposição manteve-se a certa distância, mas foi somente apresentar o plano da reconstrução e todos os inimigos se alvoroçaram. Zombaria (4.2), acusação de traição e crítica (2.19) foram as armas utilizadas;
- A oposição se ardeu em ira, se indignou e escarneceu dos judeus (4.1) no inicio dos trabalhos;
- Conspiraram, se infiltraram e espalharam confusão, mas não tiveram sucesso (4.7-11);
- Tentaram enganar Neemias com convites para tirar-lhe o foco dos trabalhos (6.1-5);
- Acusaram os judeus de traidores e Neemias de desejar ascender ao trono (6.7).
Sambalate, Tobias e Gesém tentaram de todas as formas impedirem
Neemias de concluir o seu projeto. A intenção era paralisar a reconstrução, mas
sempre ouviram do grande líder que Deus estava naquele negócio e que a obra não
poderia parar. Aquela oposição não era motivada por razões políticas, como
aparentava, mas sim religiosa.
a) Oposição antes,
durante e ao término:
- Perturbaram-se com a autorização, com os recursos recebidos e quando Neemias declarou seu objetivo (2.9,10);
- Zombaram e desprezaram quando declarou a sua intenção de reconstruir os muros (2.18,19);
- Iraram-se e escarneceram dos judeus quando iniciaram a reconstrução (4.1);
- Durante a construção armaram ciladas, iraram-se, conspiraram para confundir os judeus (4.7-8);
- Fingiram-se aceitando a conclusão, mas a intenção ainda era prejudicar (6.1-9).
3. O PERIGO DE DENTRO PARA FORA. O SUBORNO:
O profeta Semaías, subornado pelos inimigos (6.10), participou de um
plano maligno com sua falsa profecia entregue a Neemias, que logo foi
discernida. A intenção era levá-lo ao meio do Templo, mesmo não sendo sacerdote
ou levita. O perigo estava agora do lado de dentro do muro e não mais fora e
não tinha a aparência de mal, apenas era um profeta mal intencionado.
a) Profecia que infringia
a Lei:
Como os inimigos não conseguiram tirar Neemias de dentro de Jerusalém,
então investiram em outro plano. A intenção era prendê-lo no Templo e matá-lo,
mas a mensagem do profeta não condizia com as Escrituras (Nm 18.7). A intenção
deste plano era a profanação do Templo (II Cr 26.16). Se a intenção era proteger
então deveria ter oferecido os átrios para segurança de Neemias e não o
interior do Templo.
b) Profecia para
impressionar:
Segundo o falso profeta, Neemias corria perigo, por isto era necessário
que se escondesse rapidamente conforme suas instruções. Foram ameaças
assustadoras, com tom de gravidade e pressa (6.10). Se fosse só um pouco
descompromissado com a obra certamente teria acreditado.
c) O pagamento do
falso profeta:
O profeta de Deus virou mensageiro do inimigo, prostituiu o seu
ministério e se deixou enganar. Recebeu algo por isto? Quantas moedas? Sabia do
desejo final do inimigo de matar Neemias? Se arrependeu depois? Judas
Iscariotes e Semaias estiveram tão pertos de seus líderes e contemplaram as
obra de cada um deles.
Que coragem foi demonstrada por Semaias? Sabia da autorização recebida
por Neemias, desde o inicio contemplou o progresso da obra e a transformação no
coração dos fracos e desanimados judeus, por que então não colaborou? Porque se
rendeu as ofertas do inimigo?
4. COMENTÁRIOS ADICIONAIS:
- O inimigo ainda continua usando as mesmas astúcias, não muda. Conseguiu fazer com que o rei paralisasse as obras (Ed 4.21), porque a oposição acusou os judeus de traição. Tentou novamente, mas Neemias estava vacinado. Reflexão: “o inimigo pode ter conseguido iludir outros, mas eu não caio nesta”;
- Quantas nações zombaram da situação de Jerusalém? Onde está Israel? Onde está o Deus deles? As mesmas nações que zombaram foram aquelas que disseram “grandes coisas fez o Senhor por estes”;
- Quantos tentaram reconstruir Jerusalém? Erraram porque não tiveram a visão de Neemias? Quem sabe chegaram já ordenando, levantando recursos e desanimaram na primeira manifestação de oposição;
- A luta de Neemias não foi contra os opositores, mas sim contra o desanimo e descaso dos próprios judeus;
- A cidade sem muros permitia a entrada de toda sorte de pessoas, exceto os valentes;
- Neemias estava lidando com novos convertidos, se levarmos em conta a alegria e a disposição com que estavam trabalhando, de coração, para o sucesso da obra;
- É possível que Neemias tenha visto muitos judeus carregando pedras que eram mais pesadas que seus próprios corpos;
- A ordem para o retorno foi direcionada para todas as tribos, mas o envolvimento com a Assíria e os temores impediram que as outras dez voltassem, somente Judá e Benjamim ouviram o toque da trombeta (Bíblia de Aplicação pessoal comentário de Ed 1.5)
- A igreja deveria submeter a profecia ao crivo da Palavra, assim como fez Neemias quando recebeu a mensagem do falso profeta, ele disse: “e quem há, como eu, que entre no templo e viva? Foi neste momento que percebeu a origem da profecia. O profeta ficou calado, não respondeu, pois contra a Lei não havia argumentos;
- Caso Neemias se refugiasse no templo, profanando-o, certamente os opositores reuniriam o povo para presenciarem a cena, então desta forma todo o trabalho estaria comprometido. Eles diriam: “Este é o líder que nos encorajou? E agora está ai infringindo a Lei e profanando o Templo somente para preservar a sua vida;
- Quando Saul resolveu se antecipar (I Sm 13), será que pensava que o Samuel havia esquecido de suas atribuições? Quem esqueceu foi Saul, pois era rei e não sacerdote ou profeta.
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