Deus estava preparando o caminho para sua maior criação, mas antes era necessário estruturar o lugar onde viveriam, para que não sofresse quando se deparasse com a realidade, nua e crua, do novo mundo que encararia após a sua saída do paraíso.
6º DIA – TERRA
PREPARADA (HOMEM SALVO)
Todas as benfeitorias na Terra já previam o homem na condição de
pecador, ou seja, mesmo diante da iminente infidelidade humana, Deus já se
mostrava fiel, guardando, protegendo e antecedendo todos os seus atos.
“E disse Deus: Produza a Terra alma vivente conforme a sua espécie,
gados, répteis.” (Gn 1.24)
No sexto dia Deus ordenou a criação de toda sorte de animais
terrestres, répteis, inclusive gados e grandes rebanhos para que enchessem toda
a Terra.
A visão era perfeita, riqueza na arborização, os céus povoados pelas
aves, as águas e mares com os seus limites e animais marinhos, a natureza
formada com todo o seu resplendor, mas faltava algo para completar a sua obra,
justamente um que tivesse domínio sobre tudo e todos, é claro, que toda a sua
obra não se resumiria a tão somente estes benefícios animais. Deus pensava mais
alto, havia deixado o principal para o final.
Em todos os atos, anteriores, houve uma determinação para que houvesse
algo, era como se Deus estivesse sozinho, criando conforme seu gosto, mas agora
Ele conclamava a outros[1] para
auxiliarem-no naquela obra.
E este pedido não foi feito aos anjos, animais ou aos elementos já
criados. Neste momento sublime ficou claro que não se trataria apenas e tão
somente de mais um item no seu complexo processo criacional.
Seria algo especial, que teria a sua marca, a sua impressão digital,
já que Deus utilizou suas próprias mãos para criar o homem.
Deus sentiu a
necessidade de algo mais pessoal, inteligente, que pudesse se comunicar e ter
comunhão com Ele. Era o apogeu da criação.
O encerramento de
toda aquela obra foi com chave de ouro, pois o homem foi criado sem nenhuma
interferência maligna, dos anjos, dos animais ou do ambiente.
Deus formou o
homem do pó da terra e soprou em suas narinas o principio da vida, o fôlego.
“E disse Deus: Façamos o homem a nossa imagem e semelhança”. (Gn 1.26)
Deus vivificou a
coroa da glória da sua criação e o colocou para habitar na Terra que já estava
pronta, somente esperando por este grande momento, vendo que isto era bom, Ele
se alegrou.
O homem foi
criado segundo a imagem de Deus para se tornar a sua representação na Terra,
seria uma cópia fiel e mesmo atribuindo-lhe a semelhança deixava bem claro que
jamais deveria se imaginar assumindo o seu lugar, pois seria o adorador e não o
adorado.
A imagem e
semelhança de Deus tornou o homem diferente do restante da criação, pois o
raciocínio, sentimento e intelecto, são dotações que não são vistas nos
animais, somente nele. Outro diferencial foi o barro[2], uma substância que já
existia, enquanto que todas as outras criações se originaram do nada.
Deus ordenou que o homem tivesse domínio
sobre todos os animais, aves, peixes e répteis, pois agora viveriam em harmonia
e se multiplicariam sem que houvesse a necessidade do uso da violência para se
alimentarem. Esta era a continuidade do plano Divino da criação que primava
pela paz entre as espécies. O mal nasceria depois com a introdução do pecado
original.
Como prova de sua superioridade foi dado ao homem a incumbência de
administrar, cultivar a Terra e nomear todos os animais, ficando assim
instituído a noção de trabalho no meio da humanidade, que mais tarde, seria
pelo pecado, tornado em penoso ocasionando o suor e esforço corporal. Por
enquanto ainda era um trabalho leve, que resultava do uso da inteligência e
raciocínio.
Esta liderança foi uma capacitação dada por Deus para que o homem
enfrentasse as situações adversas que apareceriam em seu caminho, logo após a
sua expulsão do paraíso, uma espécie de aprendizado, um treinamento, pois a
luta que o aguardava não seria contra a carne ou sangue, mas sim contra as
hostes espirituais.
Enquanto esteve no paraíso, o homem cumpriu as ordens que recebera e
desempenhou as funções atribuídas. Aquilo não era uma espécie de punição, mas
sim aprendizado para que ocupasse seu tempo com algo produtivo e que lhe
proporcionasse alegria.
O local onde vivia, o paraíso, lugar de delícia, não era um palácio,
uma mega cidade, mas um jardim, onde havia duas árvores, a do conhecimento do
bem e do mal e a da vida, que apontavam para duas direções diferentes.
A primeira testemunhou a vergonha e desprezo, consequências da
desobediência humana, enquanto que a segunda não foi alcançada, pois Deus
expulsou o homem daquele lugar antes que isto acontecesse. Ela está reservada
para aqueles que lavarão as suas vestes no sangue do Cordeiro[3].
Deus presenteou o homem com a estadia no paraíso para viver em
harmonia com tudo e com todos. Desta forma ficou a Terra ao término do sexto
dia, em contraste com o primeiro quando ainda estava sem forma, vazia e em
trevas semelhante à situação do homem pecador sem Jesus.
Todas as benfeitorias na Terra tiveram um único beneficiário, o homem.
Deus não tinha outra justificativa para tamanha obra, pois os céus e o universo
são como estrado para os seus pés, então não teria a necessidade da adequação
deste insignificante planeta, neste vasto e infinito vácuo, para ser sua nova
morada. Tudo foi materializado para a sua maior criação.
No paraíso estavam os animais, homem, natureza, todos em harmonia. Ao
ver isto Deus descansou, pois não havia mais o que fazer. O que poderia ser
oferecido para que tivessem uma vida saudável e agradável estava ali a
disposição.
Estavam frente a frente às três forças que impulsionariam a Terra,
formando um triângulo de dependências entre eles, vinculando um ao outro, pois
estavam os animais, a natureza e o homem, lutando entre si em busca da tão
desejada harmonia.
[1] “Façamos o homem” (Gn 1.26). “O homem é como um de nós” (Gn 3.22). “Desçamos e confundamos” (Gn 11.7).
[2] O homem
foi feito do pó (Gn 2.7) e a mulher do osso (Gn 2.23).
[3]
Conforme Apocalipse 22.14
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