OS PRIMEIROS DIAS DA TERRA
A expressão “no princípio” foi usada para demonstrar a situação da Terra antes do início do plano de toda a criação[1] e também porque jamais houve condições para determinarmos a época ou tempo em que tais eventos tenham ocorrido. Esta lacuna existe justamente devido à fragilidade ou incapacidade do sistema temporal humano.
O limitado conhecimento humano também impede o estabelecimento de uma
relação cronológica entre o que já existia e o que veio a ser criado depois,
portanto, não existe outra expressão capaz de revelar com tamanha exatidão a
real condição em que se encontrava este planeta, antes das intervenções de Deus
em favor de sua criação.
Já a palavra criar tem um significado tão importante e profundo quanto à expressão no princípio, pois sempre trará a ideia de algo novo, maravilhoso, indica também a realização de uma obra sem que haja a necessidade de um esforço humano, consumo de energia corporal ou matéria prima, por isso sempre deve ser empregada aos atos de Deus, já que todo o poder de criação está concentrado em suas mãos. Ao homem basta contemplar e adorar ao seu Criador.
A ideia de Deus era criar e não propriamente em reconstruir, apesar de
que as condições apresentadas pela Terra nos dão razão para pensarmos desta
forma. O planeta não havia sido criado com aquela deformidade e tampouco estava
sentenciado às trevas. Aquela situação foi fruto de uma grande catástrofe
sobrenatural e espiritual que desencadeou toda uma reação.
“No princípio criou Deus os céus e a Terra. E a Terra era sem forma e
vazia; e havia trevas sobre a face do abismo e o Espírito de Deus se movia
sobre a face das águas”. (Gn 1.1-2)
A Terra estava
desolada, mas não abandonada por Deus, pois havia sido criada para ser
habitada. Aquela situação não era o seu fim, pelo contrário, era a mais pura
revelação da perfeição e misericórdia
Divina.
Um verdadeiro caos, Terra totalmente desfigurada, sem nenhuma forma de
vida animal, vegetal e com nenhum atrativo capaz de despertar desejo ou
interesse, pois Deus ainda não havia iniciado o seu grande plano de
estruturação, modelação e decoração. Somente o Espírito de Deus se movia sobre
a face do abismo, mas sem exercer especificamente sua maior função, que é de
convencer sobre o pecado, justiça e juízo, mesmo porque os seres humanos ainda
não existiam. Esta situação simbolizava a grandeza e força de Deus.
No entanto, por sermos conhecedores da eterna perfeição de Deus jamais
aceitaríamos a sua obra de criação se resumindo à apenas aquele ato, ou seja,
uma Terra disforme, sem vida, sem beleza, sem aparência, entregue a uma
completa escuridão e desprovida de recursos.
Nunca seriamos colocados em condições tão precárias, pois Deus havia
planejado muito mais do que poderíamos imaginar. Qual seria então o propósito?
O propósito de Deus foi revelar seu poder e divindade que ficaram
explícitos em toda a sua criação, pois esta seria a única forma do homem conhecer
e suportar tamanha glória.
“Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação o mundo, tanto o
seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas
coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis”. (Rm 1.20)
Toda a criação de Deus, símbolos de seu poder e divindade, se
perpetualizaram através dos séculos para serem consumidos pelo tempo, pelo
homem ou pelo próprio Criador, no seu grande e terrível dia. Dentre estas
criações podemos citar:
●
Os animais, peixes, aves e os mares, com as suas forças que simbolizam
a Grandeza de Deus;
●
O sol, a lua e as estrelas, com os seus brilhos, simbolizando o
Resplendor de Deus;
●
A natureza representando a Beleza da Santidade de Deus;
● O homem, com a sua submissão, a princípio, simbolizando a imagem,
semelhança e Glória de Deus e que é
considerado a coroa da glória de toda a criação.
No primeiro capítulo do livro de Gênesis, encontramos Deus agindo na
Terra, como se estivesse estruturando, modelando, decorando e de forma amorosa
deixou transparecer um sentimento, um objetivo, a materialização de um desejo,
fruto de sua perfeição e misericórdia, mas por que e para quem Ele estava
realizando tamanha obra?
●
Queria oferecer aos seus anjos um lugar para descanso, passeio ou
habitação?
●
Oferecer aos anjos caídos um lugar para passarem à eternidade?
●
Preparar um jardim de inverno para seu bel prazer ou para satisfação
de seu ego, tal como o homem?
●
Ou queria dignificar ou dar condições para que a rápida estadia de sua
maior criação no planeta fosse o menos traumático possível?
Deus pensava somente no bem estar do homem e queria que habitasse em
um lugar que lhe oferecesse ricas e variadas condições de vida, assim que fosse
criado, pois sabia que jamais conseguiria sobreviver em situações adversas ou
precárias.
Mas quais eram as condições da Terra antes das intervenções de Deus em
nosso favor para nos garantir tais direitos e privilégios:
●
Havia trevas sobre a face do abismo;
●
A Terra possuía imperfeições em sua superfície;
●
Não víamos nenhuma beleza;
●
Não oferecia mínimas condições para sobrevivência;
●
Estava totalmente ou parcialmente, entre a sua superfície e os céus,
tomada por anjos rebeldes recém-caídos, destituídos da glória, condenados a
permanecerem nestas condições até o dia do julgamento, tendo Deus e o próprio
homem como inimigos[2],
tão logo este fosse criado.
Seria humanamente impossível a permanência de algum ser vivo naquela
superfície. Somente Deus teria condições de arquitetar e executar um plano tão
perfeito, com tudo se encaixando perfeitamente, sem apresentar falhas no
futuro.
O grande gigante esperava somente os seus futuros habitantes, que a
princípio, viveriam em perfeita harmonia, um respeitando o outro. De um lado
estaria a natureza, de outro o homem e acima deles o Criador protegendo-os.
A Terra nestas condições em tudo se assemelhava à situação da
humanidade que, em trevas, é incapaz de compreender e aceitar a salvação
através de Jesus. O desejo de Deus é que todos cheguem ao pleno conhecimento da
verdade, que sejam transformados, para assim serem livres da perdição
eterna.
O planeta, sem forma e vazio, jamais ficaria naquelas condições. Deus
havia iniciado sua obra e a terminaria. O seu plano, primeiramente,
beneficiaria a Terra e contemplaria o homem na segunda fase.
A terceira fase seria revelada por Deus pouco tempo depois, que
consistia na total restauração humana e posterior resgate, através da vinda de
seu Filho amado que cumpriria na integra a sua missão na cruz do Calvário.
Realmente a Terra estava desolada, desfigurada e inabitável, mas não
poderia e não permaneceu daquela forma, pois Deus a enriqueceu e a transformou
em poucos dias.
Tanto a Terra quanto o homem foram criados para serem habitados, a
primeira abrigaria a humanidade, que por sua vez, se tornaria a morada e templo
do Espírito Santo.
A Terra e o homem careciam de mudança e isto foi possível graças aos
decretos de Deus, pois a cada ordem diária ocorria uma mudança radical no
planeta, tal como acontece com o pecador a partir do momento em que aceita Jesus
como Salvador de sua vida. De glória em glória somos transformados e esta
glória vai ficando cada vez mais brilhante para nos tornar cada vez mais
parecidos com o Senhor (2 Co 3.18).
Toda a criação poderia ter se resumido a apenas alguns milésimos de segundos
ou até menos, mas Deus fez questão de seguir seu plano à risca, cumprindo todas
as etapas, dando vida as suas criações e estabelecendo limites e normas.
O plano foi tão perfeito que não houve brechas para especulações
científicas, pois se a vida animal ou vegetal tivesse sido criados antes da
luz, do sol, do calor, do sereno ou mesmo antes do surgimento da porção seca,
certamente não faltariam os questionadores e céticos. Apesar de que algumas
questões são levantadas pela ciência, justamente pelo fato de não se encontrar
respostas para as perguntas que tanto incomodam.
Somente um Ser superior e poderoso, no pleno curso de sua vontade,
poderia arquitetar um plano com tamanha perfeição.
Não foi um acidente, acaso ou resultado de catástrofes ou evolução,
mas sim um plano bem elaborado e colocado em prática por Deus.
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