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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Homilética - aula 3

III – O SERMÃO

1) ESTRUTURA DO SERMÃO

Qualquer explicação requer organização, ordenação, lógica e clareza. O sermão é uma explicação da Palavra e vontade de Deus, por isso deve ser didático. A prática de pregações através dos tempos levou estudiosos a relacionarem alguns elementos básicos que devem estar presentes nos sermões, dando a eles uma estrutura que facilita o desenvolvimento da mensagem, pois norteiam a linha de pensamento do pregador direcionando o ouvinte para o conteúdo da mensagem.

 

2) OBJETIVO, ALVO E ASSUNTO

O objetivo da homilética é a conversão, comunhão, motivação e a santificação, portanto o pregador deve ter clareza quanto ao objetivo, alvo e assunto da mensagem. Se não tiver nada para falar, não fale.  Se o Espírito Santo lhe der algo a falar, fale, mas fale direito.

O assunto da mensagem é algo particular entre o pregador e Deus, para tê-lo é preciso viver em comunhão e oração para que o Espírito Santo possa falar em seu coração. Tenha intimidade com Deus para transmitir o que Ele quer falar.

 

3) TEXTO BÍBLICO

O texto bíblico é a passagem bíblica que serve de base para o sermão. Esse texto deverá fornecer a ideia ou verdade central do sermão. Nunca se deve tomar um texto somente por pretexto, e logo se esquecer dele. A utilização de um texto bíblico apresenta as seguintes vantagens:

  • O texto dá ao sermão a autoridade da Palavra de Deus.
  • O texto constitui a base e alma do sermão;
  • Através da pregação por texto o pregador ensina a Palavra de Deus;
  • O uso do texto ajuda os ouvintes a reter a ideia principal do sermão;
  • O texto limita e unifica o sermão;
  • Permite uma maior variedade nas mensagens;
  • O texto é um meio para a atuação do Espírito Santo.

 

4) EXEGESE

Exegese é o trabalho de exposição de um texto bíblico. Para uma boa exegese é necessário:

  • Ler o texto em voz alta, comparando com versões diferentes para maior compreensão;
  • Reproduzir o texto com suas próprias palavras. (Fale sozinho);
  • Observar o texto imediato e remoto;
  • Verificar a linguagem do texto (história, milagre, ensino, parábola, profecia, etc.);
  • Pesquisar o significado exato das principais palavras;
  • Faça anotações;
  • Pesquisar o contexto (época, país, costumes, tradição, etc.);
  • Perguntar sempre onde? Quem? O que? Por que?
  • Organizar o texto em seções principal e secundárias;
  • Resumir com a seguinte frase. “O assunto mais importante deste texto é...”.

 

5) TEMA

Para que o ouvinte possa ter ideia do que você tem a falar é imprescindível o emprego de um tema, para que ouvinte adentrar o sermão. O tema do sermão deve conter a ideia principal, o objetivo da mensagem e deve ser estimulante para despertar o interesse, curiosidade e atenção do ouvinte. Para tanto deve ser claro, simples, oportuno, criativo e deve obedecer ao texto. Exemplos de temas:

  • Interrogativo (pergunta): Onde estás? Que farei de Jesus?
  • Lógico (explicativo): O que o homem semear, ceifará!
  • Imperativo (mandamento): Enchei-vos do espírito;
  • Enfático (realce): Só Jesus salva;
  • Geral (abrangente): O amor tudo vence.

 

6) INTRODUÇÃO DO SERMÃO

Muitos escritores escrevem a introdução quando terminam o livro.  Começar bem é provocar interesse e despertar atenção. Aproximar o ouvinte do sermão e dar a ele uma noção ou explicação do que vai ser falado. 

“O pregador começou por fazer um alicerce para um arranha-céu,

mas acabou construindo apenas um galinheiro”. 

A introdução do sermão e muito importante e deve envolver o ouvinte, despertar o interesse e curiosidade e deve ser o instrumento de condução que levará o ouvinte ao cerne do sermão. Uma boa introdução dá ao pregador segurança, tranquilidade, firmeza e liberdade. Você pode usar um destes tipos para iniciar um sermão:

  • Ilustrativa: se o assunto a ser abordado for complexo, use uma ilustração para explicar com clareza;
  • Definição: explique ao ouvinte, por meio de conceitos significados de símbolos, termos e assuntos que provavelmente não conheça;
  • Divisão: quando se tratar de características opostas, mostre os dois lados da moeda, faça comparações: “paz e guerra”, “amor e ódio”, “salvação e perdição”, “vida cristã e vida mundana”, etc;
  • Convite: convide o ouvinte para participar e agir, leve-o à ação;
  • Interrogação: explore o assunto através de perguntas: “Para onde iremos nós?”;
  • Suspense: a mensagem principal será esclarecida no corpo do sermão;
  • Alusão histórica: explique o contexto do texto em que será aplicada a mensagem (época, país, costumes, tradição, etc.).   

 

7) ILUSTRAÇÕES

São recursos usados para o enriquecimento, e o esclarecimento de uma mensagem, quando devidamente aplicada. O significado do termo ilustrar é tornar claro, iluminar, esclarecer mediante um exemplo, ajudando o ouvinte a compreender a mensagem proclamada. O bom uso da ilustração desperta o interesse, enriquece, convence, comove, desafia e estimula o ouvinte, valoriza e vivifica a mensagem, além de relaxar o pregador. A ilustração não substitui o texto bíblico apenas tem uma função psicológica e didática, para tornar mais claro aquilo que o texto revela. As ilustrações devem ser simples e correlacionadas com a mensagem, devem fornecer fatos de interesses humanos e devem ter um ponto alto ou clímax:

  • Ilustração histórica e contextual: quando se aplica um conhecimento histórico ou explicação do contexto. Exemplo: Fundo da agulha, porta estreita na cidade de Jerusalém onde, os mercadores tinham dificuldades de passar com os camelos (Mt 19.24);
  • Conhecimento intelectual: envolve o conhecimento científico, psicológico, técnico e cultural. Exemplos: A antena da TV recebe todas as frequências ao mesmo tempo, entretanto quando escolhemos um canal, através da sintonia, estamos selecionando uma determinada frequência;
  • Metafórica ou alegórica: quando são empregadas figuras metafóricas como histórias e estórias. Exemplos: “Ao se aproximar da cidade do Rio de Janeiro um indivíduo reparou que o Cristo Redentor não era tão grande como pensava. No centro da cidade observou que estátua teria aumentado. No pé do corcovado ficou admirado com o tamanho. Chegando então aos pés do Cristo Redentor ele pode perceber, como lhe disseram, que aquele era bem maior”;
  • Experiência pessoal (testemunhos). Exemplos: o pregador relata fatos verídicos que demonstram a atuação de Deus, através de milagres, em sua vida ou de outras pessoas.

 

8) CORPO DO SERMÃO

Essa é a principal parte, onde deverá estar o conteúdo de toda mensagem, ordenado de forma lógica e precisa. Aqui o pregador deve expor ideias e pensamentos que deseja passar para os ouvintes. As divisões devem ser desenvolvidas de acordo com a realidade de hoje. As divisões não podem se desviar da mensagem principal que é a coluna do sermão, o objetivo será finalizado e apresentado na conclusão. É necessário ser vocacionado para o Dom da Palavra. O ouvinte precisa acompanhar o seu desenvolvimento, cada divisão, subdivisão, e até ilustrações e explicação, tem que apontar a direção do alvo.

 

9) CONCLUSÃO

É o clímax da aplicação do sermão. “Para terminar”! “Concluindo”, “Só para encerrar”, “Já estamos terminando”. Você já ouviu estas frases? Muitas pessoas não sabem terminar uma conversa, ficam dando voltas ou se envolvem em outros assuntos, sem ao menos perceber que o tempo está passando e o ouvinte já está angustiado com a demora. Isso acontece por que estes não preparam um esboço e suas ideias estão desordenadas, logo, não conseguem encontrar uma linha condutora da conclusão do sermão.

Uma boa conclusão deve proporcionar aos ouvintes satisfação, no sentido de haver esclarecido completamente o objetivo da mensagem. É preciso estabelecer um ponto final para que o pregador não fique perdido. Uma conclusão desanimada deixará os ouvintes desanimados. Baseados no objetivo específico do sermão a conclusão é uma síntese e deve ser uma aplicação final à vida do ouvinte, para tanto deve:

 

10) APELO

É o esforço feito para alcançar a consciência, o coração e a vontade do ouvinte. São os frutos do sermão. Apelo não é apelação e deve seguir sempre em direção a conversão e reconciliação, destinados aos ímpios e aos desviados, bem como para restauração, destinada à Igreja. O apelo deve ser uma espécie de convite, impactante e direto. Não pode ser forçado ou prolongado e deve ser após a mensagem. 

continua...

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

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