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sábado, 12 de fevereiro de 2022

Prefiro murmurar no deserto. As dez murmurações do primogênito. Capítulo 10

10ª MURMURAÇÃO - MOTIVO: FALTA DE ÁGUA (novamente) 

Foram cerca de quatrocentos e trinta anos de permanência no Egito em regime de escravidão (Ex 12.41 cf Gn 46.5-6) e sofrimento. Depois foram mais quarenta anos de caminhada no deserto, uma situação angustiante que parecia não ter fim (Nm 14.33-34; Dt 2.7; 8.2-4; 29.5; Js 5.6; At 7.36). Não tinha como não deixar transparecer a insatisfação.

E o que dizer da nova geração que nasceu em pleno deserto? Tinham a certeza do recebimento da herança? Também estavam propensos a erros?

A nova geração tomou conhecimento dos fatos ocorridos pré e pós-saída da escravidão, portanto era inaceitável que duvidassem ou murmurassem, na verdade não havia motivos para tal.

Moisés estava em idade avançada, cansado da jornada e, por algumas vezes, não era mais senhor de suas palavras. Será que havia chegado o momento da troca? Um sucessor teria condições de dar continuidade em seu trabalho? Ao seu lado sempre esteve um valoroso jovem, destemido e com todo vigor, mas ainda necessitava de mais preparo e discipulado[1].

Moisés já havia errado quando duvidou que Deus pudesse dar carne ao povo por um mês inteiro (Nm 11.21-22). Na mente dele, de onde sairia tantas ovelhas, vacas e peixes. Deus não cobrou dele nesta oportunidade, mas a conversa seria diferente agora, diante da murmuração do povo, que reclamaram pela falta de água.

 

A MURMURAÇÃO

Em Cades, o povo ficou sem água e muitos aproveitaram a situação para murmurar contra Moisés e Arão, representantes de Deus. Para piorar ainda mais, disseram que seria melhor se tivessem sido todos consumidos juntos com os demais murmuradores nas ocasiões anteriores.

Mas havia possibilidade de desagradarem a Deus ainda mais e conseguiram, pois reclamaram do lugar, chamaram de lugar mau e sem perspectiva. Sequer havia iniciada a exploração daquelas terras, como então chegarem aquela conclusão? Canaã, a terra da fartura, se aproximava. 

“E não havia água para a congregação; então se congregaram contra Moisés e contra Arão. E o povo contendeu com Moisés, e falaram dizendo: Oxalá tivéssemos expirado quando expiraram nossos irmãos perante o Senhor! E por que trouxestes a congregação do Senhor a este deserto, para que morramos ali, nós e os nossos animais? E por que nos fizestes subir do Egito, para nos trazer a este lugar mau? Lugar não de semente, nem de figos, nem vides, nem de romãs, nem água para beber (Nm 20.2-5). 

Um pouco antes desta murmuração, presenciaram a morte de Miriã e logo após este episódio se depararam com outro funeral, o de Arão. Desta forma o trio que trabalhou junto, antes mesmo da saída do Egito, foi desfeito.

O período compreendido entre o sepultamento de Miriã e Arão foi possível contemplar aquele que foi o maior erro de Moisés. Teria sido este erro, porventura fruto das perdas dos irmãos? Quem sabe isto não tenha abalado a estrutura do grande líder de Israel na caminhada.

De todos os erros do povo e de Moisés, este foi o mais grave e decisivo, pois interferiu em seu futuro. A ordem foi para falar à rocha e não bater enfurecido nela.

A sua impaciência foi uma reação de momento, devido à pressão a que estava sujeito por causa das críticas do povo, no entanto esta sua atitude revelou uma pequena falta de fé na suficiência de Deus.

continua...



[1] Josué foi o maior exemplo de discipulado bem sucedido no Antigo Testamento.

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

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