“[...]
Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em que
se obedeça à palavra do SENHOR? Eis que o obedecer é melhor do que o
sacrificar, e o atender melhor é do que o gordura de carneiros” (1 Sm 15.22).
VERDADE PRÁTICA
A
mensagem de Miquéias leva-nos a pensar seriamente acerca do tipo de
cristianismo que estamos vivendo.
LEITURA BÍBLICA EM
CLASSE
Miquéias
1.1-5; 6.6-8.
1.1
- Palavra do SENHOR que veio a Miquéias, morastita, nos dias de Jotão, Acaz e
Ezequias, reis de Judá, a qual ele viu sobre Samaria e Jerusalém.
1.2
- Ouvi, todos os povos, presta atenção, ó terra, em tua plenitude, e seja o
Senhor JEOVÁ testemunha contra vós, o Senhor, desde o templo da sua santidade.
1.3
- Porque eis que o SENHOR sai do seu lugar, e descerá, e andará sobre as
alturas da terra.
1.4
- E os montes debaixo dele se derreterão, e os vales se fenderão, como a cera
diante do fogo, como as águas que se precipitam em um abismo.
1.5
- Tudo isso por causa da prevaricação de Jacó e dos pecados da casa de Israel;
qual é a transgressão de Jacó? Não é Samaria? E quais os altos de Judá? Não é
Jerusalém?
Miquéias
6
6.6
- Com que me apresentarei ao SENHOR e me inclinarei ante o Deus Altíssimo?
Virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano?
6.7
- Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros? De dez mil ribeiros de
azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão? O fruto do meu ventre,
pelo pecado da minha alma?
6.8
- Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o SENHOR pede de ti,
senão que pratiques a justiça, e ames a beneficência, e andes humildemente com
o teu Deus?
PROPOSTA
•
Assunto do livro: ira divina contra a opressão e
idolatria;
•
Miquéias anunciou o local do nascimento do Messias;
•
A obediência precede o acatamento da mensagem;
•
Cerimonialismo sem sinceridade produz salvação?
•
O povo queria tirar proveito das injustiças sociais;
•
O problema não era a falta de rituais, mas de
conversão;
•
Se auto-justificar diante de Deus pelos rituais e
sacríficios?
•
Sumário da Lei: justiça, beneficiência e humildade;
•
O povo não observava estes três preceitos.
INTRODUÇÃO
O
problema do povo a quem Miquéias dirigiu a sua mensagem não era falta de
liturgia, mas de uma correta motivação para se adorar ao Senhor. Embora
cometesse toda a sorte de injustiças sociais, aquela geração continuava a
oferecer sacrifícios a Deus, praticando todos os rituais levíticos, mas ignorando
por total o verdadeiro significado do amor a Deus e ao próximo.
O
ativismo religioso era notório, havia muita organização, observância e zelo.
Tudo o que fora ordenado por Moisés era cumprido a risca. A única falha estava
no comportamento e no desinteresse de um pelos problemas dos outros. Era uma
espécie de “cada um por si e Deus por todos”. Sobre isto o professor Francisco
A. Barbosa escreveu:
“O ministério profético de Miquéias tem lugar numa época dominada por um
enorme contraste, tanto em Israel quanto em Judá, entre os excessivamente ricos
e os pobres oprimidos, devido à exploração da classe média de Israel (veja
2.1-5). Os ricos opressores eram apoiados por líderes corruptos políticos e
religiosos de Israel. Em razão dessa má liderança, toda a nação tornou-se
corrupta e digna de julgamento. Miquéias é levantado por Deus nesse cenário,
para proclamar que o Santo e Justo não tolerará mais a maldade de seu povo. Os
pecados morais e religiosos da ganância e da idolatria daqueles dias foram o
fator desencadeador do ministério profético de Miquéias”.
O
povo que desobedecia a Deus, a ponto de descontentar o profeta, era o mais
organizado liturgicamente. Eles apresentavam o culto perfeito ao verdadeiro e
único Deus, mas permitiam que as inúmeras injustiças e conflitos sociais se
tornassem o cenário para seus rituais.
Eles
inverteram os valores, pois consideravam os sacrifícios bem mais importantes e
necessários do que a obediência (1 Sm 15.22). Se esqueceram que acima da
perfeita liturgia seria necessário a presença do correto relacionamento com
Deus (o vertical), sem o qual o relacionamento horizontal (homem com homem)
ficaria totalmente comprometido. Todo aquele zelo pela liturgia foi jogado ao
vento, desperdiçado, pois o principal eles deixaram de lado.
Miquéias,
um simples camponês de origem humilde, tal como Amós, não suportou as injustiças
sociais praticadas (2.1-3) pelos governantes, autoridades políticas e
religiosas e não temeu diante desta situação e entregou a mensagem de Deus,
pois não se conformava com o gritante contraste existente entre os ricos e
pobres (2.1-9). Sobre esta coragem do profeta o professor Luciano de Paula
Lourenço escreveu:
“Com coragem invulgar denunciou os
esquemas de corrupção no palácio, no poder judiciário e nos corredores do
Templo. Miquéias denunciou a aliança espúria e o amasio vergonhoso entre os políticos
inescrupulosos e os religiosos avarentos. A religião e a política se uniram
pelos mais sórdidos motivos para buscar os mais perversos resultados. O
propósito desse conluio maldito foi uma implacável opressão aos pobres. Os
camponeses perderam as terras, as casas, as famílias e até a liberdade. Os
ricos criaram mecanismos criminosos para roubarem os fracos, os oprimidos e os
pobres. Esses não tinham direito, nem vez, nem voz. Os tribunais estavam
ocupados por homens corruptos que, mancomunados com os ricos, vendiam sentenças
por dinheiro e prostituíam sua sacrossanta vocação. Miquéias, porém, não se
impressionou com a magnificência dos palácios da cidade nem com suas torres
imponentes. Ele não vendeu sua consciência como os sacerdotes avarentos nem se
corrompeu como os profetas da conveniência. Antes, desmascarou a liderança
corrupta, chamou o povo ao arrependimento e anunciou, em nome de Deus, o juízo
inevitável que viria sobre toda a nação”.
O
ministério de Miquéias foi exercício durante a expansão do império assírio,
inclusive ele presenciou o cumprimento de suas profecias, com a posterior queda
de Samaria (1.6-7) e o cerco a Jerusalém (1.8-16).
I. O LIVRO DE MIQUÉIAS
1. CONTEXTO
HISTÓRICO.
Miquéias,
cujo nome significa “quem é semelhante ao Senhor”, contemporâneo de Isaías, era
de Moresete-Cate (1.1,14; Jr 26.18), cidade agrícola a 32 quilômetros a
sudeste de Jerusalém. Ele conhecia o sofrimento e o trabalho do campo e acima
de tudo era testemunho das injustiças cometidas. Assim como os demais profetas
de Judá, não cita reis do Reino do Norte na introdução de seus oráculos, porém
o seu ministério se deu durante os reinados “de Jotão, Acaz e Ezequias, reis de
Judá” (1.1).
O
profeta Jeremias afirma que a mensagem de Miquéias foi entregue no reinado de
Ezequias (26.18). Considerando os últimos anos de Acaz e os primeiros de
Ezequias, Miquéias deve ter profetizado entre 735 a .C. e 710 a .C.
Homem
do campo, como Amós, ele condenou “os governantes corruptos, os falsos
profetas, os sacerdotes ímpios, os mercadores desonestos e os juízes venais,
que havia em Judá”. O carro chefe de suas pregações foi a injustiça social, mas
também alertou o povo para as consequências da continuidade destas práticas.
Miquéias
profetizou durante a atuação maléfica do império assírio, que encontrou alguma
resistência e rebelião em Israel e Judá, principalmente com o rei Ezequias (2 Rs
19.35-37), que conseguiu com a intervenção de Deus derrotar o invasor. O mesmo
desfecho alegre não teve Samaria (2 Rs 17.1-41).
2. ESTRUTURA E
MENSAGEM.
Trata-se
de uma coleção de breves oráculos agrupados em sete capítulos divididos em três
partes principais, sendo cada uma das partes marcadas pelo imperativo: “Ouvi”
(1.2; 3.1; 6.1), que é fraseologia similar a de Isaías (4.1-5; Is 2.2-4):
a)
Primeira parte (1-3): o profeta denunciou os pecados de Israel (Samaria) e Judá
(Jerusalém), frutos da “violência, da injustiça social e de uma religiosidade
fingida”;
b)
Segunda parte (4-5): o profeta oferece consolo ao remanescente. Não somente
pontuou as falhas, como também apresentou a solução e por fim concluiu com o
vaticinado sobre o Messias e a implantação de seu reino (Cfe 5.2-15);
c)
Terceira parte (6-7): o profeta “descreve a queixa de Deus contra seu povo,
como se fora uma cena de tribunal”. Ele não foi um profeta pessimista, pois
apresentou o escape, a graça, a misericórdia de Deus.
O
assunto do livro é a ira divina em relação aos pecados de Samaria e de
Jerusalém. Miquéias dirigiu seu discurso contra a idolatria, censurou com
veemência a opressão aos pobres e denunciou o colapso da justiça nacional (1.5;
2.1,2; 3.9-11), além disso, anunciou, de antemão, o local do nascimento do
Messias, em Belém (5.2 cp. Mt 2.1,4-6). O profeta chegou a ser citado pelo
Senhor Jesus (7.6 cp. Mt 10.35,36).
II. A OBEDIÊNCIA A
DEUS
1. O CONCEITO
BÍBLICO DE OBEDIÊNCIA.
O
verbo hebraico shemá: “ouvir, escutar, prestar atenção, obedecer”, não
significa apenas receber uma comunicação ou informação. O seu real sentido é
mais forte e imperioso: obedecer é acatar ordens de autoridade religiosa, civil
ou familiar. O referido verbo é empregado no Antigo Testamento para “obedecer” (1
Sm 15.22; Jr 42.6). É usado, também, em seis das nove vezes em que shemá (ouvir
com atenção, obedecer, acatar ordens) aparece em Miquéias (1.2; 3.1; 6.1).
A
mesma ideia é vista nos ensinos de Jesus (Mt 11.15; 13.43). Por conseguinte, a
obediência deve ser precedida pela compreensão e pelo amoroso acatamento da
mensagem divina (Mt 7.24-26). Sobre isto professor Luciano de Paula Lourenço
escreveu:
“Obedecer de coração à Palavra de
Deus é melhor do que qualquer forma exterior de adoração, serviço a Deus, ou
abnegação pessoal. O culto, a oração, o louvor, os dons espirituais e o serviço
a Deus não tem valor aos seus olhos, se não forem acompanhados pela obediência
explícita a Ele e aos seus padrões de retidão”.
2. A DESOBEDIÊNCIA
DAS NAÇÕES.
O
Senhor não habita entre quatro paredes. Ele é o Deus de toda a terra e o
Soberano de todo o Universo. Justamente por isso, Ele apresenta-se como juiz e
testemunha não apenas contra seu povo, Israel e Judá, mas também contra todas
as nações da terra (1.2).
Miquéias,
em sua profecia, se dirige a todas as nações, uma vez que Deus é soberano em
toda a terra (4.2-3) e exige tanto esta atenção quanto a obediência. O Deus
transcendente e imanente, no alto e sublime trono (Is 6.1; 57.15), governa a
terra e requer do homem a devida observância de sua Palavra, tratando com ele
de forma singular, impar e pessoal (Hb 1.1).
O
profeta descreve de forma pitoresca a reação divina contra o seu povo. Numa
linguagem antropomórfica, o Senhor desce de seu santo templo, o céu, para
julgar Samaria, capital de Israel e, da mesma forma, Jerusalém, capital de
Judá, cujo pecado influência todo o país. O quadro da sua majestosa e terrível
presença lembra a ação dos terremotos e dos vulcões (Jz 5.4; Sl 18.7-10; Is
64.1-3; Hc 3.6,7).
Sobre
a tríade pecaminosa, idolatria, imoralidade e injustiça social, que imperava em
Samaria e atingiu Jerusalém, o professor Luciano de Paula Lourenço escreveu:
“Em Jerusalém, no Templo do
Senhor, o culto a Deus era realizado conforme as prescrições divinas. Todavia,
não tardou para que a idolatria de Samaria e a sedução dos deuses de outros
povos também penetrassem pelas portas dessa cidade. No reinado de Acaz, ídolos
abomináveis foram introduzidos dentro do templo do Senhor. A porta da casa de
Deus foi fechada. A impiedade tomou conta da cidade. Com a apostasia veio,
também, a opressão do inimigo. Com o abandono da lei de Deus, os ricos passaram
a explorar os pobres. Os juízes se corromperam para dar sentenças injustas. Os
profetas e sacerdotes abandonaram o ensino fiel da Palavra de Deus, e a nação
afundou num pântano nauseabundo de apostasia, corrupção e maldade. O povo de
Judá ia ao Templo, mas também fazia sacrifícios nos altos, redutos de idolatria
e imoralidade”.
O
sincretismo religioso já havia capturado Israel e Judá, por isto era necessário
uma conscientização e ação do povo antes que Deus “descesse do seu lugar e
antes que os montes se derretessem e os vales se fendessem” (1.3-4; Hb 10.31).
Esta era a mais pura demonstração da misericórdia divina.
III. O RITUAL
RELIGIOSO
1. O RITO LEVÍTICO.
Basicamente,
o rito é um conjunto de cerimônias e práticas litúrgicas que cumpre a função de
simbolizar o fenômeno da fé. O termo vem do latim ritus, que significa
“cerimônia religiosa, uso, costume, hábito, forma, processo, modo”, do hebraico mê’mar (rito, determinação, mandato). O Antigo
Testamento usa a palavra para os sacrifícios (Lv 9.16; Ed 6.9) e para as
festividades religiosas (Ne 8.18), tais como a Páscoa (Nm 9.14; 2 Cr 35.13) e a
Festa dos Tabernáculos (Ed 3.4). A própria circuncisão é também um ritual (At
15.1). Contudo, em se tratando do Cristianismo, a liturgia é simples, contendo
apenas dois rituais: o batismo e a ceia do Senhor (Mt 3.15; 26.26-30). Esses
cerimonialismos, contudo, não substituem o relacionamento sincero com Deus, tampouco
proporcionam salvação (1 Sm 15.22; Sl 40.6-8; 51.16,17).
Seriam
os rituais uma forma de aplacar a ira Divina? De aproximação? Ou somente mais
um atalho religioso, sem vida, um disfarce? Este foi o teor do apontamento de
Miquéias. Os rituais eram insuficientes (6.6) e faziam parte de um sistema que
desagradava a Deus, pois não tinham a motivação correta. Não era adoração, mas
sim uma tentativa de encobertamento dos erros.
2. O DIÁLOGO DE
DEUS COM O POVO (6.6).
O
Senhor, através do profeta, convida o seu povo para uma conversa. O que Deus
fez de mal para Israel rejeitá-lo? (6.1-3). Em seguida, o Eterno traz à memória
da nação os seus benefícios desde o princípio, quando remiu a Israel do Egito e
protegeu seu povo no deserto contra os inimigos (6.4-5). Em uma pergunta
retórica, o próprio Deus antecipa a resposta da nação. A lei estabelecia
sacrifícios de animais como provisão pelo pecado (Lv 9.3) e o azeite para
certas ofertas de libação (Lv 1.3,4; 2.1,15; 7.12). O problema de Judá não era
a falta de rituais e sacrifícios, mas de uma verdadeira conversão a Deus.
Milhares
de carneiros ou de ribeiros de azeite (6.7; 1 Sm 15.22) seriam capazes de
alegrar a Deus, tanto quanto um coração sincero e obediente? Ou isto tudo não
passava de uma simples ostentação?
Aquela
cena era a representação de um tribunal, onde Deus fazia menção de sua Lei e
vontade ao povo e eles, por sua vez, tentavam se auto-justificar através de
seus rituais. Sobre isto o professor Francisco A. Barbosa escreveu:
“O texto do capítulo 6 apresenta um exemplo clássico da ação judicial
profética, onde o Senhor pleiteia os termos da aliança contra o seu povo
desobediente. A mensagem inicia com uma cena de julgamento na qual o Senhor é
aquele que apresenta a queixa, Miquéias é o seu enviado, os montes são as
testemunhas, e Israel é o acusado (6.1,2) Como o representante de Deus,
Miquéias deve acionar a causa de Deus contra o povo. Os versículos 6 a 8 apresentam uma réplica de
Israel ao processo de Deus, no qual se reivindica ignorância, apresentando
questões ao Senhor acerca do que é aceitável para ele. A resposta implícita é
que nada é aceitável, a menos que essa pessoa esteja num relacionamento
adequado com Deus e seu próximo. A perícope também mostra a inadequação do
sistema sacrificial inteiro, sem o acompanhamento de uma fé obediente (Hb 9.11;
10.1-14)”.
3. SACRIFÍCIO
HUMANO (6.7).
Oferecer
o primogênito pela transgressão e o fruto do ventre pelo pecado era sinal de
completo desatino do povo. A lei de Moisés condena tal prática sob pena de
morte (Lv 18.21; 20.2-5) e em todo o Israel era repulsa nacional (2 Rs 3.27;
23.10; Jr 32.35). Esse tipo de sacrifício só foi praticado por aqueles que, em todo Israel e Judá,
apostataram-se da fé (2 Rs 16.3; 21.6; Jr 19.5; 32.35). Todos estavam dispostos
a oferecer até mesmo o que Deus nunca exigiu deles, menos o essencial: sincero
arrependimento e mudança de vida.
O
processo de salvação para Israel era tão simples, mas eles conseguiam
complicar. Confiar nos méritos e imaginar que isto pudesse ser o ponto de
partida para agradarem a Deus foi um dos maiores erros da nação. Eles estavam
totalmente dependentes de suas ações e completamente alheios a graça e
misericórdia de Deus (6.4-5) tão presentes em sua vidas.
IV. O GRANDE
MANDAMENTO
O
estilo de vida que agrada a Deus foi comunicado ao povo desde Moisés. Portanto,
toda a nação tinha o dever de conhecê-lo (Dt 10.12,13). Daí o porquê da
indagação do profeta (6.8). Mas ninguém estava interessado nisso. O povo
preferia tirar proveito da prática das injustiças sociais, esperando que o mero
ritual do sacrifício fosse suficiente para autojusticar-se diante de Deus.
Estavam enganados, pois Deus não se deleita em sacrifícios nem em rituais
exteriores (Sl 51.17,18).
A
vontade de Deus para Israel era tão simples, mas eles complicavam, inventavam e
copiavam as nações pagãs vizinhas. Sobre isto o professor Luciano de Paula
Lourenço escreveu:
“Deus pede ao seu povo que transforme
a religiosidade de ritos em religiosidade de vida; que transforme a liturgia
ritualista em prática de justiça; que transforme o culto em obediência. Deus
quer que o povo tenha uma conduta ética e moral, não as cerimônias religiosas.
Deus exige do povo um triplo Mandamento: praticar a justiça; amar a
misericórdia; andar humildemente com Deus. Este triplo mandamento não é
mutuamente exclusivo, por isso não deve ser desmembrado. É possível praticar a
justiça severa e inflexível sem misericórdia; também pode haver misericórdia
sem justiça; não é raro o indivíduo professar que anda humildemente com Deus,
mas oferece à justiça e à misericórdia pouco espaço em sua vida”.
2. O SUMÁRIO DE
TODA A LEI (6.8B).
Os
três preceitos que a tradição judaica, desde o século 1 a .C., considera como o resumo
dos 613 mandamentos da Lei mosaica são, conforme escreveu o professor Luciano
de Paula Lourenço:
“1. A prática da justiça (Mq 6:8). Não
basta conhecer a justiça, é preciso praticá-la. Conhecê-la e violá-la é cometer
um crime doloso. A justiça não pode estar presente apenas nos códigos de leis e
na retórica dos tribunais, mas nas ações práticas do povo. Praticar a justiça
no contexto de Miquéias é não acumular terras; é não explorar as famílias; é
não distorcer a teologia, usando como legitimação ideológica; é não corromper
os julgamentos; é não falsificar a Palavra de Deus”.
“2. A prática da misericórdia (Mq 6:8). A
misericórdia é um passo além da justiça. A misericórdia oferece mais do que a
justiça requer. A justiça concede o que o direito requer, a misericórdia
concede o que o amor exige. A misericórdia não deve ser apenas praticada, mas
também amada. Não basta fazer o que é certo, devemos fazê-lo com a motivação
certa. A obediência sem amor desemboca em legalismo. Amar a
misericórdia é defender o fraco, o pobre, o desprovido, o humilde, aquele que
não tem vez nem voz numa sociedade que privilegia os poderosos”.
“3. O andar humildemente com Deus (Mq
6:8). A palavra hebraica “tsana”, traduzida por
"humildemente", traz a ideia de uma aproximação modesta, com
decoro. É curvar-se para andar com Deus. Se as duas primeiras instruções falam
da nossa relação com os homens, esta fala da nossa relação com Deus”.
Essa
é vista por muitos como a maior declaração do Antigo Testamento. Os dois
primeiros preceitos falam do compromisso horizontal com o nosso próximo e o
terceiro, do compromisso vertical com Deus. Isso vale para todos os seres
humanos e é paralelo ao ensino de Jesus (Mt 22.37-40).
CONCLUSÃO
O
que importa para Deus não é o que fazemos na Igreja, mas a nossa vivência com a
família, o que fazemos no trabalho e como relacionamo-nos com a sociedade. Sem
o verdadeiro arrependimento e um profundo compromisso com Deus, todas as
práticas religiosas não passam de rituais vazios e completamente desprovidos de
valor espiritual.
1) Explicar a estrutura da mensagem
de Miquéias:
•
Denúncia,
consolo, solução e anúncio do Messias.
2) Definir a obediência bíblica:
•
Obedecer:
acatar ordens de uma autoridade (Jr 42.6);
•
Quem tem
ouvidos [...] ouça e “obedeça” (Mt 11.15);
•
Aceitação
+ compreensão da Palavra = Obediência?
3) Conscientizar: relação com Deus e
salvação, como?
•
Os rituais
não proporcionam relação íntima com
Deus;
•
Tampouco
influenciam em nossa salvação.
REFERÊNCIAS
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Acesso em 14 de novembro de 2012.
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Sociedade Bíblica do Brasil, 2000
Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,
Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 2003.
BITTENCOURT,
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antigos e muitos ensinamentos contemporâneos. Estudos em Miquéias, Naum,
Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Revista do adulto cristão.
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CARMO, Oídes José. Profetas menores. Instrumentos de Deus
produzindo conhecimento espiritual autêntico. Lições Bíblicas. Faixa Jovens
e Adultos. 2º trimestre de 2008. Betel, 2008.
CARNEIRO FILHO, Geraldo. Miquéias, a importância da obediência. Disponível
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Disponível em: http://luloure.blogspot.com.br/2012/11/aula-07-Miquéias-importancia-da.html.
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Rede REDE BRASIL DE COMUNICAÇÃO. Jonas Miquéias, a importância da obediência.
Disponível
em: A atualidade dos profetas menores. Disponível em: http://www.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/.
Acesso em 12 de novembro de 2012.
Por: Ailton da Silva - (18) 8132-1510 - Ano III
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