“Temos ouvido a pregação”, aliás eu estou
repetindo o que ouvi e o que vocês também já ouviram (Jr 49.14-16). Esta foi a
carta de apresentação do profeta Obadias, no início de seu ministério ou no
decorrer.
Obadias, um dos “menores” (profetas),
escreveu o “menor” dentre os livros do Antigo Testamento, um livro tremendo, “tremendo
de encontrá-lo na Bíblia, principalmente para os não leitores bíblicos habituais.
Suas mensagens foram direcionadas a Edom,
os vermelhos (Gn 25.30), cujo pai Esaú fora seduzido por algumas lentilhas
cozidas, cheirosas, que cortaram o elo que o ligava a Jacó, seu irmão gêmeo.
Depois deste episódio a relação entre eles nunca mais foi a mesma.
1)
AQUI SE FAZ, AQUI SE PAGA
a) Os
amalequitas
Amaleque foi um dos que encabeçaram a lista
dos inimigos que Israel conheceu após o recebimento da promessa ainda em terras
egípcias (Ex 3.7-8). A alegria e certeza vistas na saída (Ex 12.51; 13.20-21)
deu lugar as dúvidas, aflições e oposições logo aos primeiros passos em direção
a Canaã (Ex 14.10; 16.3; 17.2; 17.8).
Estes inimigos se opuseram por livre e
espontânea vontade, imaginando que nada lhes aconteceria, mas por
desconhecimento total, e até aceitável, não se deram conta que Deus, o Eu Sou,
o Todo Poderoso, estava pronto a intervir para livrar seu povo. Em suma,
nenhuma nação, nesta terra, teria condições de impedir a trajetória de Israel.
Amaleque foi derrotado (Ex 17.13) e aquela
batalha foi registrada para memória. Naquele dia, Israel tomou conhecimento de
tudo o que estava preparado para seus inimigos amalequitas (Ex 17.14, p.
final).
Seria longa a guerra entre o Senhor e
amaleque (Ex 17.16), tanto que Deus se lembrou, um dia, dos feitos daquele povo
(1 Sm 15.2) e ordenou a destruição. A ala nobre, preservada por Saul, foi
exterminada por Samuel (1 Sm 15.33) e anos mais tarde outro descendente também
foi morto após mais uma ação Divina (Et 3.1; 7.10). Aqui se faz, aqui se paga,
pois Deus se lembrou dos seus feitos, amaleque.
b) Os
edomitas
Edom se distanciou de Israel (Gn 33.16) e
se tornou uma nação poderosa ao sul (Ex 15.15), motivo pelo qual se imaginou no
direito de se opor ao seu “irmão”, mas assim como as demais, que tentaram
atrapalhar a história de Israel, sucumbiram ante a gana hebraica de lutar e
possuir a terra prometida por Deus.
Israel estava cansado da caminhada e
imaginava receber alguma ajuda ou conforto de seu “irmão vermelho”, aliás não
havia motivo para que houvesse uma recepção diferente, a não ser que rusgas,
confusões, disse-me-disse, mágoas do passado viessem a tona novamente ou fossem
reavivadas. E foram!
Eles se lembraram do ocorrido com o pai,
Esaú (Gn 36.9), que clamou tanto pela chamada “benção rapa da panela”, apenas
uma, uma pequenininha que fosse, implorou tanto (Gn 27.36, p. final). Na
verdade, ele ainda se imaginava o primogenito (Gn 27.32), mas que decepção ao
ouvir de seu pai que o privilégio denominado primogenitura, por muito tempo, já
não fazia mais parte de sua vida (Gn 25.34). Os edomitas lembraram de tudo
isto.
Como poderiam ser bem recebidos naquele
bloqueio fronteiriço montado (Nm 20.18) pelo rei de Edom? Os edomitas invejaram
os privilégios concedidos a seus abençoados irmãos hebreus (Nm 20.14-16).
Porque Moisés já chegou contando todos os benefícios recebidos? Porque não
pediu somente a autorização para a passagem? Assim eles não teriam ciência das
inúmeras bênçãos recebidas. Os ciúmes e a inveja foram reavivados.
Moisés não insistiu na passagem pelo
território edomita e preferiu o desvio. Ele chegou a conclusão que seria melhor
alongar um pouco o caminho do que perder a benção. Canaã não se afastou deles,
apenas se tratou de mais uma lição que aprenderam naquela longa caminhada. Mas Edom não ficaria ileso com esta atitude,
logo eles conheceriam o destino daqueles que se opõem ou deixam a Deus (cfe Ed
8.22, p. final). Aqui se faz, aqui se paga! Edom não ficaria isento desta
máxima.
Os amalequitas e os edomitas agiram por
livre e espontânea vontade, no usufruto do livre-arbítrio, mas não por isto,
não deixariam de conhecer o agir soberano de Deus.
2)
EDOM, VOCÊ ERA UM DELES (Ob 1.11, p. final)
O maior inimigo de Israel não era o povo
vindo do norte, de longe (Jl 2.3-4), mas sim o que estava bem ali pertinho, ao
sul, ao lado, ou seja, seus “irmãos” edomitas. Realmente o inimigo morava ao
lado.
Eles receberam a paga pelos erros (Ob 1.2),
pois foram feitos pequenos. Aqueles mesmos que subiam nas estrelas para
colocarem seus ninhos (Ob 1.4), quanta altivez, sendo jogada por terra. Eles
perderam, foram rebaixados, já que Deus não mudaria o seu decreto.
Quanta alegria, em Edom, ao verem a ruína
de Judá (Ob 1.11-12), mas quanta tristeza ao tomarem conhecimento das profecias
de Obadias.
Quando o inimigo estava a espreita e ao
invadirem, foram auxiliados pelos edomitas, que abriram as portas, perseguiram
os judeus, saquearam as cidades, entre outros feitos. Na verdade, Edom era um
deles!
Se pudéssemos usar uma linguagem atual,
esdrúxula e que fere a audição santa de muitos, certamente diríamos:
Por: Ailton da Silva - (18) 8132-1510 - Ano III
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