Quantas vezes pedimos confirmações (Jz
6.17, 36-40), aprovações ou sinais de Deus para tomarmos decisões? Jonas, em
determinado momento de seu ministério se viu em uma situação inusitada, a qual
poderia colocar em risco a sua credibilidade profética, pois poderia ser
criticado pelos seus ditos irmãos do norte e do sul.
Realmente não seria fácil tomar aquela
decisão, mas era necessário, pois não poderia temer pela reação de seus irmãos,
antes pelo contrário, seria melhor servir a Deus do que temer ao homem (cfe At
4.19-20).
Jonas, chamado por Deus, exerceu seu
ministério assim como os demais profetas, entre os governantes de sua nação
alertando-os (2 Rs 14.23-25), mas naquele dia ele desejou cancelar sua chamada,
rasgar seu “diploma”, fugir da presença de Deus, pois a missão era tremenda,
era para um homem de coragem, ousadia e outros tantos adjetivos. “Eis me aqui
Senhor, pronto”. Pronto para fugir!
OS
SINAIS DE JONAS
1º)
Solene convocação, a dieta desbalanceada
Ele entrou em parafusos após ouvir os
detalhes da missão. Seu coração ardeu, os joelhos tremeram, o medo inundou a
alma, então a única saída foi recorrer a um velho e conhecido subterfúgio,
pedir um sinal a Deus.
“Se for da tua vontade que eu vá. Se o
Senhor estiver comigo nesta peleja, então que aconteça algo nunca visto entre
os homens, inacreditável, impossível, absurdo aos olhos e entendimento humano,
algo que possa deixar de boca aberta, eu, os povos, tribos, línguas, nações e a
sua igreja. A resposta de Deus foi simples, direta e imediata: “Assim seja”.
“Atenção, grande peixe, peixe, baleia,
grande monstro marinho ou seja lá como o homem queira te nomear:
·
Saia
de sua rotina;
·
Altere
o seu roteiro de viagem;
·
Abandone
o seu coletivo, o seu habitat;
·
Altere
a sua cadeia alimentar.
Preste atenção às coordenadas que te
passarei e se desloque rapidamente para recolher um homem chamado Jonas, que
estará lhe esperando, mas não o tome como refeição, pois será apenas uma carona
de volta para o ponto de partida.
O peixe, grande peixe, baleia ou grande
monstro marinho retrucou: “Mas tem que ser eu? Conheço esta raça humana, são
cruéis, mentirosos, carne de segunda, me fará mal”. Anos mais tarde alguém
disse o mesmo para Jesus: “Mas Senhor, muito temos ouvido sobre este homem, ele
é coisa mandada”. (At 9.13). O mesmo disse Jonas quando recebeu sua missão:
“Senhor, temos ouvido tanto sobre este cruel império e já sentimos na pele”.
Eis a resposta de Deus para o peixe, grande
peixe, baleia ou grande monstro marinho: “Não se preocupe, no momento certo
vomitá-lo-ei de suas entranhas, sabe porque? Porque eu também tenho cuidado de
vós (sic)”.
Este foi o sinal inédito solicitado por
Jonas, capaz de deixar todas as gerações de boca aberta e alguns até mesmo
descrentes, por isto houve necessidade de tal fato ter sido citado e atestado por
Jesus (Mt 12.38-40).
2º) A
fúria do mar e dos marinheiros
Enquanto a carona não chegava, Jonas
enfrentou a fúria do mar, que de uma hora para outra se revoltou e amedrontou
os marinheiros mais experientes. “Mas como isto foi acontecer? Estava tão
calmo, a não ser que, a não ser que, a não ser que seja um sinal do céu”?
Pronto, descobriram o motivo. Rapidamente
correram todas as dependências do navio e lançando sorte questionaram uns aos
outros sobre o passado, o presente de cada um. O que vocês fizeram ou o que
estão fazendo de errado, mas o problema em questão, era outro, dizia respeito
ao futuro, ao futuro de Jonas. Não encontraram culpados entre eles, até que
alguém se lembrou de um dorminhoco, escondido, totalmente alheio e
despreocupado com a situação. Ah, profetinha fanfarrão, fujão.
Alivio geral, encontraram o culpado e tudo
voltou ao normal. A carona de Jonas estava lhe esperando a alguns metros abaixo
do casco do navio. Sinal é sinal.
3º)
Vá até a aboboreira, mas que aboboreira?
“Vá até Nínive e clama contra ela”. Não
entendi, dá para o Senhor repetir: “Vá até Nínive e clama contra ela. Vá até
aquela nação, que não é nação, vá até aquele povo, que não é povo (cfe Jr
18.7-10), apresente-lhes o juízo e depois a minha misericórdia”.
Como cumprir esta missão? Como contrariar
seu coração? Ódio, medo, rancor, rusgas do passado, tudo isto era impedimento.
Jonas pensou bem para se decidir pela fuga. Seria melhor ser reconhecido como
desobediente, único profeta a dizer não para Deus, do que ser obediente e
apresentar a misericórdia de seu Deus ao inimigo. Talvez já imaginasse um
possível ataque, no futuro? Assim como Eliseu (2 Rs 8.7-15).
O mesmo ocorreu com Ananias, anos mais
tarde, quando este recebeu uma missão idêntica (At 9.10-16), pela qual deveria
levar as boas novas e o socorro a um homem tão cruel quanto houvera sido o
império assírio, guardada as devidas proporções (At 8.1; 9.1-2). Ananias
respondeu: “Senhor, vou nada! Envia outro. A muitos ouvi acerca deste homem,
quantos males tem feitos aos teus santos em Jerusalém”. Ora, ele conseguiria
fugir da presença de Deus? Pelo menos desejou?
Depois de um breve passeio, Jonas foi até
Nínive e cumpriu sua missão, assim como Ananias, que deve ter dado umas voltas
para que se enchesse de coragem para ir ao encontro do ex-cruel Saulo. Após a
entrega da mensagem, o profeta se sentou ao oriente esperando pelo juízo de
Deus sobre a cidade, até que o sol causticante o enfadou, momento em que Deus o
socorreu permitindo que nascesse uma aboboreira, um milagre. Que crescimento
rápido. Deus está comigo, pensou ele.
Para descansar na aboboreira ele se
prontificou rapidinho. Para ver o juízo vindouro sobre a cidade condenada ele
também fez o mesmo, mas não se atentou para um detalhe importantíssimo.
“Antes não havia aboboreira, não havia
nação, não havia povo, não havia arrependimento, portanto, não tinha como haver
operação de Deus, perdão e misericórdia”.
Jonas desejou a sua morte e a dos
ninivitas. Se tivesse forças o suficiente teria ele mesmo terminado aquele
assunto. Quem sabe não teria dito: “Que morra eu com os ninivitas” (cfe Jz
16.30).
Naquele dia ele aprendeu uma grande lição, após
ter nascido de novo, do ventre do grande peixe, peixe, baleia ou grande monstro
marinho. Quem sabe ele não gritou quando foi vomitado na praia; “Nú sai do
ventre do peixe e nú para lá não voltarei”, (cfe Jó 1.21).
Jonas, bairrista, nacionalista, foi
desobediente, pois pensou somente na segurança do povo e não no plano de Deus,
mas qual de nós não tomaríamos a mesma atitude? “Vá e pregue para aqueles que,
um dia, destruíram sua vida, sua família, causaram-lhe muitos males, vá e
pregue para aqueles que você sabe (como se pudesse prever) que no futuro lhe
trarão danos, que invadirão sua casa, tomarão seus bens, suas posses, etc”.
Vá e ponto final, pois se tudo isto
acontecer, fique certo de que a guerra não será contra você, mas sim contra
Deus (cfe Ex 17.16).
Por: Ailton da Silva - (18) 8132-1510 - Ano III
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