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sábado, 27 de outubro de 2012

De que me vale a honra de minha pátria e de outras?



“Veio tentar a vida longe de sua pátria, seu profetinha? Pegue sua trouxinha e suma daqui, de Betel, a cidade do santuário e casa do rei. Aqui já temos um sistema religioso eficiente e não precisamos de desonrados de outras pátrias (Lc 4.24) para dizer o que temos ou o que não temos que fazer para agradar a Deus. Se tivéssemos que receber alguém e dar-lhe honras de profeta ou enviado, certamente aguardaríamos outro tipo de pessoa, bem diferente de você.”

Era proibido falar a verdade aos governantes naquela época? Bem o sabemos, mas Amós queria somente alertar Jeroboão e todo o reino, assim como fizera o profeta Micaías com Josafá no reino do Sul (2 Cr 18.7).

Seria mais vantajoso continuarem naquela situação, mantendo cada um a sua posição, posto e prestígio? O que perderiam com a mudança de vida? Muito, que nos diga:
  •  O comércio ambicioso que patrocinava as festas idolatras
  • A agiotagem desumana que tirava o pouco do pobre e aumentava o muito do rico;
  • A apetitosa idolatria desenfreada em Betel, Gilgal e outras localidades, patrocinada pelos ricos;
  • Os interesses pessoais da abastada classe alta de Israel, principalmente o da ala feminina, as chamadas “vacas de Basã” (4.1).
A profecia de Amós dizia respeito a morte de Jeroboão e o iminente cativeiro de Israel, mas uma nova situação foi criada após as ameaças do sacerdote Amazias (7.12-13), que comprovaria a autenticidade do ministério profético do ex-boieiro (7.17).

O sacerdote logo imaginou que o profeta tivesse vindo ao norte a fim de mudar de vida, “ganhar um dinheirinho com suas profecias”, já que não recebera nenhuma espécie de honra em Judá, sua pátria, por isto havia falado daquela forma. 

Se Amós tivesse algum interesse durante o exercício de seu ministério profético certamente teria fincado raízes na próspera Jerusalém, já que passou por ela enquanto se caminhava para o norte. Sequer pensou nesta possibilidade, pois se direcionou rapidamente para o seu local de trabalho, após o chamado.

Naquele dia, Amazias foi surpreendido com uma revelação bombástica do profeta:

“Eu não era profeta, nem filho de profeta, mas boieiro e cultivador de sicomômoros, mas o senhor me tirou de após o gado, o Senhor me disse: Vai e profetiza ao meu povo, Israel”. (7.14-15).

Como então um simples humano, sacerdote desviado, corrompido, fora da direção, interesseiro, político, poderia ameaçar o profeta e tentar reenviá-lo para sua pátria?

Estas foram as palavras de Amós, como resposta: “Quem é você para me dizer que não posso profetizar em Israel? E quem é você para querer direcionar as minhas profecias? Falo contra tudo e todos:
·         Contra Israel;
·         Contra toda a casa de Isaque;
·         Contra o reino;
·         Contra o o povo;
·         Contra Damasco, Gaza, Tiro, Edom, Amom, Moabe, Judá;
·         E até contra a sua pessoa, se Deus mandar, eu digo!

Amós ficou bravo e respondeu áspero para o sacerdote: “Fui tirado de minhas terras, com propósitos divinos e não por interesses humanos, caso contrário teria ficado com meu gado e com minhas figueiras bravas, sem valor, por isto verás o cumprimento das profecias entregues, por mim, e destas novas que te faço conhecidas (7.17) sobre sua esposa, filhos e posses".

Camponês, sem experiência e preparação, não mediu esforços para cumprir seu ministério, fosse no sul ou no norte, apesar que se considerarmos a urgente, necessária e iminente unificação de Israel, que se daria ao final do cativeiro, com o desaparecimento das “10 tribos perdidas do norte”, o profeta exerceu seu ministério sim em sua pátria, pois esteve entre os filhos de Jacó, mesmo que houvesse alguns entre eles que não eram da mesma linhagem (2 Rs 18.24).

Não buscou honra no sul, muito menos no norte, e tampouco a recebeu fosse de quem fosse, mas o importante é que entregou as mensagens de Deus e não temeu autoridades ou classes sociais. Cumpriu seu ministério a contento e lavou suas mãos, sacudiu a poeira e continuou sua vida. 

Uma história que deve ser vista, por nós, como uma advertência, consolação e motivo para santificarmos ainda mais na presença de Deus.

Por: Ailton da Silva - (18) 8132-1510 - Ano III

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