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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Jonas, a misericórdia divina. Plano de aula

TEXTO ÁUREO
“E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez” (Jn 3.10).

VERDADE PRÁTICA
O relato de Jonas ensina-nos o quanto Deus ama e está pronto a perdoar os que se arrependem.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Jonas 1.1-3,15,17; 3.8-10; 4.1,2.
Jonas 1
1 - E veio a palavra do SENHOR a Jonas, filho de Amitai, dizendo:
2 - Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim.
3 - E Jonas se levantou para fugir de diante da face do SENHOR para Társis; e, descendo a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem e desceu para dentro dele, para ir com eles para Társis, de diante da face do SENHOR.
15 - E levantaram Jonas e o lançaram ao mar; e cessou o mar da sua fúria.
17 - Deparou, pois, o SENHOR um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do peixe.

Jonas 3
8 - Mas os homens e os animais estarão cobertos de panos de saco, e clamarão fortemente a Deus, e se converterão, cada um do seu mau caminho e da violência que há nas suas mãos.
9 - Quem sabe se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de sorte que não pereçamos?
10 - E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez.

Jonas 4
1 - Mas desgostou-se Jonas extremamente disso e ficou todo ressentido.
2 - E orou ao SENHOR e disse: Ah! SENHOR! Não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? Por isso, me preveni, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus piedoso e misericordioso, longânimo e grande em benignidade e que te arrependes do mal.

PROPOSTA DA LIÇÃO
          Único profeta que tentou resistir ao Senhor;
          Tema principal: misericórdia e soberania de Deus;
          Baleia ou grande peixe, quem engoliu Jonas?
          Livro histórico e não alegórico, ficção, mito ou lenda;
          Os ninivitas foram alcançados pela Graça de Deus?
          Deus se arrependeu? Linguagem antropopática;
          Jonas não ficou satisfeito com sucesso de seu trabalho;
          Ele desejava vingança contra os cruéis assírios;
          Esta é a diferença entre bondade Divina e justiça humana

INTRODUÇÃO
A fascinante história de Jonas é conhecida por narrar a experiência do profeta no ventre do grande peixe, no entanto, esse acontecimento não pode ofuscar a maciça conversão de uma cidade pagã e cruel. Estes dois milagres foram mencionados por Jesus e continuam a impressionar ao longo da história.

A missão do profeta Jonas era levar a mensagem para que houvesse o arrependimento de um dos maiores inimigos de sua nação, a Assíria, cuja capital, odiada pelos judeus, representava “a maldade, a crueldade, a impiedade e agudeza de um império perverso”, mas ele resistiu ao chamado divino. Entretanto, Deus estava no controle e não demorou para que o profeta cumprisse sua missão. Jonas aprendeu uma extraordinária lição a respeito do grande amor e misericórdia de Deus, que se preocupa com todos, “até mesmo com os inimigos de seu povo”.

“Ninguém era menos merecedor do favor de Deus que o povo de Nínive”. Jonas sabia disto e não nutria nenhum afeto pelo quase decadente império assírio, haja vista a crueldade com que tratavam seus inimigos. Sobre isto o professor Francisco A. Barbosa escreveu:

“Os fatos narrados no livro de Jonas estão situados na primeira metade do século VIII a.C., em um período de grande otimismo no Reino do Norte, Israel. O Império Assírio já declina de sua força que atingiu seu ápice no século IX, situação propícia para que Jeroboão II reconquistasse boa parte do território pertencente a Israel na época de Davi e Salomão. A expansão territorial trouxe mais prosperidade que em qualquer outra época anterior da história de Israel. Tida como um mito pelos incrédulos e vista por alguns eruditos como lenda ou parábola, os judeus o aceitaram como história, e Flávio Josefo confirma isso no livro “Antiguidades Judaicas”, sendo que o maior testemunho de sua veracidade é aquele dado por Jesus ao citá-lo como exemplo para sua morte e ressurreição (Mt 12.39-41; Lc 11.29-30). O fato é que, este livro encerra um maravilhoso exemplo de missões transculturais”.

O resultado de sua pregação certamente seria o arrependimento e por conseguinte o perdão (4.2), porém o profeta ansiava pela vingança, por isto fugiu da missão, pois desejava somente ser o portador do juízo divino e não o instrumento da transformação e vitória, ainda mais para o inimigo. A Palavra pregada pelo profeta venceria todas as barreiras e preconceitos raciais, políticos e religiosos, pois “o registro de Jonas é uma ilustração veterotestamentária da verdade contida em João 3.16’.

Jonas “foi chamado por Deus, para fazer algo que não estava em seu coração”. Bairrista e nacionalista deu a entender, com sua fuga, que somente amaria a quem amasse ele e pregaria somente para quem comungasse a mesma idéia ou fé, mesmo porque imaginava muito trabalho para que os ninivitas aceitassem a Palavra e, por conseguinte, mudassem de vida.

I. O LIVRO DE JONAS
1. CONTEXTO HISTÓRICO.
Jonas desenvolveu seu ministério profético durante a supremacia do império assírio, cuja capital era Nínive (Gn 10.11; 2 Rs 19.36), a cidade sangrenta, cheia de mentira e roubos. O nome do rei ninivita impactado com a pregação de Jonas, segundo se diz, é Adade-Nirari III, falecido em 783 a.C. Nessa época, Jeroboão II (793-753 a.C.), filho de Joás, reinava em Samaria, sobre as dez tribos do Norte, sendo este monarca “um dos grandes líderes militares da história de Israel” (2 Rs 14.25-28), pois restaurou boa parte da fronteira ao norte do reino (1 Rs 8.65). Este fato havia sido profetizado por Jonas (2 Rs 14.25, p. final).

O império assírio era uma grande ameaça para a tranquilidade e prosperidade de Israel e o profeta Jonas, “ideologizado”, tinha ciência disto. Sobre isto o professor Luciano de Paula Lourenço escreveu:

Os assírios pagãos, inimigos de Israel de longa data, eram a potencia econômica e militar dominante entre os antigos de aproximadamente 885 a 665 a.C. Relatos do Antigo Testamento descrevem seus saques contra Israel e Judá, onde eles destruíram a zona rural e levaram cativos. O poder assírio havia desvanecido à época do ministério de Jonas, e Jeroboão II foi então, capaz de reivindicar áreas da Palestina desde Hamate localizada em direção ao sul, até o Mar Morto, como havia sido profetizado por Jonas (2Rs 14.25)”.

2. VIDA PESSOAL.
Jonas se apresenta apenas como filho de Amitai (1.1) e foi mencionado em outras narrativas bíblicas e, por essa razão, sabe-se que foi profeta do Reino do Norte, natural de Gate-Hefer, tendo vivido na época de Jeroboão II (2 Rs 14.23-25). Gate-Hefer localizava-se na terra de Zebulom (Js 19.13), nas proximidades de Nazaré da Galiléia.

Jonas, que deveria ir para Nínive, desobedeceu à ordem divina, procurando fugir para Társis. É o único profeta bíblico, do qual se tem notícia, que tentou resistir ao Senhor. Ele seguiu em direção oposta. Társis, segundo Herodoto, é a mesma Tartessos, na orla ocidental do Mediterrâneo, a sudoeste da Espanha, idéia aceita pela maioria dos pesquisadores bíblicos. Será que Jonas não conhecia a onipresença de Deus (Sl 139.7-10) ou desejava algo diferente para seus inimigos?

Jonas, cujo nome significa “pomba” (1.1), fugiu, chorou, temeu, gemeu (Is 59.11), esteve em conflito com Deus, com os ninivitas e consigo mesmo, pediu a morte, não se alegrou com o sucesso de sua pregação e preferiu ver a morte dos inimigos do que a salvação deles. Sobre isto o professor Luciano de Paula Lourenço escreveu:

“O nome Jonas, "Yonah" no hebraico, significa "pomba" (Jn 1:1). Seu nome está bem de acordo com sua atitude em três aspectos: Primeiro, na Bíblia a pomba é vista como uma ave que busca a fuga na hora do perigo: "Estremece-me no peito o coração, terrores de morte me salteiam; temor e tremor me sobrevêm, e o horror se apodera de mim. Então, disse eu: quem me dera asas como de pombal Voaria e acharia pouso. Eis que fugiria para longe e ficaria no deserto" (Sl 55:4-7). Segundo, a pomba também é símbolo de alguém que chora e geme. "Todos nós [...] gememos como pombas; esperamos o juízo, e não o há; a salvação, e ela está longe de nós" (Is 59:11). Jonas fugiu e também gemeu a ponto de pedir a morte duas vezes. Terceiro, a pomba é símbolo de passividade. O caráter passivo de Jonas é contrastado com o caráter ativo de Deus. Enquanto Jonas foge de Deus, Deus busca Jonas. Enquanto Jonas desce, Deus o levanta. Jonas é contrastado com os marinheiros e com os ninivitas. Enquanto Jonas dorme, os marinheiros clamam e oram. Enquanto Jonas passivamente encontra-se forçado a fazer a vontade de Deus, o povo de Nínive ativamente pede a Deus que suspenda o castigo e lhe envie misericórdia. No entanto, o significado do nome de Jonas está em descompasso com o seu significado. Pomba também é um símbolo da "paz". Todavia, Jonas está em conflito com Deus, consigo e com os ninivitas. Ele prefere fugir a obedecer a Deus. Prefere ser jogado no mar a arrepender-se. Prefere a morte a ver seus inimigos salvos”.

3. ESTRUTURA E MENSAGEM.
O livro contém 48 versículos distribuídos em quatro breves capítulos. Apesar de começar com estrutura profética (1.1), a mensagem é apresentada em estilo biográfico. Não deixa, contudo, de ser uma profecia da história de Israel, ao mesmo tempo em que anunciam o ministério, a ressurreição e a obra missionária de Cristo (Mt 12.39-41; 16.4). O tema principal do livro é a infinita misericórdia de Deus e a sua soberania sobre todas as nações.

Sobre a estrutura e mensagem do livro o professor Luciano de Paula Lourenço escreveu:
“O capítulo 1 descreve a desobediência inicial de Jonas, e o castigo divino subsequente. Ao invés de rumar para nordeste, em direção a Nínive, Jonas embarca num navio que velejava para o oeste, cujo destino era Társis, na atual Espanha, o ponto mais distante possível da direção apontada por Deus. O profeta, porém, não demorou a sentir o peso da impugnação divina: uma violenta tempestade no mar Mediterrâneo, que o levou a revelar-se aos marinheiros. Estes, por sua vez, são obrigados a jogá-lo ao mar. Providencialmente, Deus prepara “um grande peixe” para salvar-lhe a vida”

“O capítulo 2 revela a oração que Jonas fez em seu cômodo excepcional. Ele agradece a Deus por ter-lhe poupado a vida, e promete obedecer à sua chamada. Então é vomitado pelo peixe em terra seca”.

“O capítulo 3 registra a segunda oportunidade que Jonas recebe de ir a Nínive, e ali pregar a mensagem divina àquela gente ímpia. Num dos despertamentos espirituais mais notáveis da história, o rei conclama a todos ao jejum e à oração. E, assim, o juízo divino não recai sobre eles”.
“O capítulo 4 contém o ressentimento do profeta contra Deus, por ter o Senhor poupado a cidade inimiga de Israel. Fazendo uso de uma planta, de um verme e do vento oriental, Deus ensina ao profeta contrariado, que Ele se deleita em colocar sua graça à disposição de todos, e não apenas de Israel e Judá”.

“Ao ler o Livro de Jonas vemos o mundo pelos olhos de Deus. Todos os indivíduos de todas as nações, de todas as raças são pessoas, almas, cada uma com um destino eterno. Cada pessoa é preciosa à vista de Deus; uma, tão preciosa quanta a outra. O tema central é que Deus está interessado em todas as pessoas de qualquer nacionalidade ou raça e espera que aqueles que o conheçam se dediquem a compartilhar esse conhecimento”.

Jonas prendeu sua fé no peito e desejou não compartilhá-la. O profeta foi insensível as causas do próximo, pois virou as costas para os ninivitas ao se recusar a levar a mensagem e tratou com indiferença os marinheiros no momento da tempestade no mar (1.5).

Vingativo e nacionalista se preocupou apenas com a situação de sua nação, já que sua recusa em ir a Nínive era justamente pelo fato de conhecer a crueldade daquele povo. Como poderia pregar as boas novas ao inimigo que não manifestaria nenhuma misericórdia quando fosse preciso? Era necessário aprender a perdoar o inimigo, mesmo que fosse o pior ou o mais cruel. O certo é “que Israel não possuía o monopólio do amor redentor de Deus” (At 10.34-35; Rm 3.29).

II. O GRANDE PEIXE
1. BALEIA OU GRANDE PEIXE?
A língua hebraica não dispõe de termo técnico para “baleia”. Essa palavra é usada como resultado de uma interpretação tradicional que atravessou séculos. As Escrituras Hebraicas empregam dag gadol, “grande peixe”, uma vez (1.17;2.1), e simplesmente dag, “peixe”, três vezes (1.17; 2.1,10). A Septuaginta traduz ketei megalo por “grande monstro marinho”, e ketos por “monstro marinho”, a mesma palavra usada no Novo Testamento grego (Mt 12.40).

Deus ordenou que um grande peixe (1.17) ou uma baleia, como foi atestado por Jesus (Mt 12.40, ARC), tragasse Jonas e o retesse por três dias e três noites em suas entranhas. Que fosse um grande peixe ou uma baleia, ou até mesmo um monstro marinho, mas o certo é que ele esteve naquele lugar e depois foi vomitado na praia, para então caminhar até a grande cidade de Nínive. Sobre isto o professor Luciano de Paula Lourenço escreveu:

“Alguns estudiosos, dando rédeas à imaginação, fazem do grande peixe que engoliu Jonas o centro deste livro. Todavia, o peixe não é a personagem principal do livro, nem mesmo Jonas. A personagem principal é Deus. Deus é o Senhor não apenas de Israel, mas da natureza, da História e  de todas as nações. Sua vontade se cumpre, sempre, no final. Os homens não podem criar-lhe obstáculos nem frustrá-lo. Sua graça é para todo o mundo. O peixe só é citado duas vezes no livro, enquanto Deus é quem ordena a Jonas ir a Nínive, é quem envia uma tempestade atrás de Jonas, é quem envia o peixe para engolir Jonas e depois vomitá-lo, é quem novamente comissiona Jonas a pregar em Nínive, é quem perdoa os habitantes de Nínive e exorta o profeta emburrado”.

2. INTERPRETAÇÃO.
Não há indício algum no texto para que ele possa ser interpretado como alegoria, ficção didática, mito, lenda etc. Rejeitamos todas essas linhas de pensamento, pois o oráculo foi entregue a Jonas no mesmo estilo dos outros profetas (1.1; Jr 33.1; Zc 1.1). Jesus, a maior autoridade no céu e na terra, interpretou o livro como histórico, assim como históricos foram o seu ministério e ressurreição. A citação do ocorrido com Jonas serviu para atestar a veracidade dos fatos que se seguiram na vida de Jesus, ou seja, a morte e ressurreição. O Novo Testamento é a palavra final, e isso encerra qualquer questão (Mt 12.39-41; 16.4).

Jonas, por ordenança e não por acaso, foi tragado pelo grande peixe e mantido vivo de modo milagroso, por três dias e noites nas entranhas daquele peixe. Trata-se de um fato inédito e Jesus, já prevendo reações ou interpretações diversas, citou este episódio para que não duvidassem, mas o que dizermos do acelerado crescimento e morte da aboboreira (4.6-7), outra ocorrência estranha? Certamente era preciso um sinal para que aceitassem e acreditassem nesta história (Mt 12.38).


III. A MISERICÓRDIA DIVINA
1. A CONVERSÃO DOS NINIVITAS (3.8,9).
O curto relato do livro de Jonas serve como prenúncio da graça salvadora para todas as nações (Tt 2.11). Os ninivitas foram salvos pela graça, pois “creram em Deus” (3.5) e “se converteram do seu mau caminho” (3.10). As obras foram consequência da sua fé no Deus de Israel.

O arrependimento dos ninivitas foi notório e produziu um resultado nunca visto na história da humanidade, isto se levarmos em conta que o sermão de Jonas foi desprovido de promessas, bênçãos e misericórdia, pois foi somente apresentado a aproximação do juízo divino sobre a cidade ao cabo de quarenta dias (3.4). E o profeta percorreu toda a cidade e pregou a todas as criaturas, cheio de vigor ou será que ele executou todo o seu trabalho de forma desleixada, já que se tratava de seus inimigos. Se foi eloquente, esforçado ou sem motivação, uma coisa é certa, o sucesso da pregação foi inevitável.

Os ninivitas se converteram após a pregação do profeta e se arrependeram, creram com veemência e proclamaram um jejum coletivo, vestiram-se de panos de saco em sinal de humilhação (3.5-6) e logicamente abandonaram suas práticas pecaminosas.

2. O “ARREPENDIMENTO” DE DEUS.
O arrependimento humano é mudança de mente e de coração, de pior para melhor. Quando a Bíblia fala que “Deus se arrependeu” (3.10), parece confundir-nos um pouco, pois Deus é perfeito e imutável, não pode mudar, nem alterar a sua mente (Ml 3.6). A explicação para esta declaração é justamente o uso da linguagem antropopática, ou seja, a atribuição de sentimentos humanos à um “Ser que não é humano”.

Quem mudou, na verdade, foi o povo, e nesse caso o perdão é parte do plano divino (Jr 18.7-10), pois os ninivitas estavam de um lado praticando toda a sorte de crueldade e após a pregação do profeta eles mudaram de lado e durante este tempo Deus continuou na mesma posição.

3. EXPLICAÇÃO EXEGÉTICA.
O texto sagrado declara que Deus viu as obras deles e como se converteram do seu mau caminho” (3.10a). O verbo hebraico aqui é shuv, literalmente: “voltar-se, retornar”, frequentemente usado para indicar o arrependimento humano. A respeito do “arrependimento” de Deus, que vem na sequência (3.10b), o verbo é outro, nanam, “ter pena, arrepender-se, lamentar, consolar, ser consolado” (Gn 6.6; 1 Sm 15.11; Jr 8.18).

A mudança foi vista no relacionamento dos ninivitas com o Deus de Israel, que continuou o mesmo. Sobre isto o professor Luciano de Paula Lourenço escreveu:

Portanto, Deus não muda, nem muda de idéia, nem de vontade; sua natureza é imutável. Ele é o " [...] Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação" (Tg 1:17). “E também aquele que é a Força de Israel não mente nem se arrepende; porquanto não é um homem, para que se arrependa  (1Sm 15:29). Quando Sua Palavra é rejeitada e as pessoas se afastam dEle, elas perecem. Todavia, quando elas se voltam para Deus em arrependimento e fé, Ele sempre as salva, por Sua graça. Portanto, quem mudou? Deus mudou? Não! Os ninivitas mudaram. Deus salvará o pecador sempre que este se voltar para Ele! Foi essa maneira de Deus agir que possibilitou ao blasfemo ladrão da cruz, uma vez arrependido, receber as palavras de conforto de Jesus: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23:43)”.

IV. A JUSTIÇA HUMANA
1. DESCONTENTAMENTO DE JONAS (4.1).
Jonas foi bem-sucedido em sua missão, mas ele foi o único ser humano da história que não se alegrou com o próprio sucesso. A Bíblia não revela a razão deste descontentamento, senão o que o ele mesmo afirmou ao dizer que sabia que Deus é piedoso, misericordioso, longânimo, grande em benignidade e que “se arrependes” [niham] do mal” (4.2b). Isto deveria ser “motivo de muita alegria” e não de tristeza. Sobre isto o professor Luciano de Paula Lourenço e o Pastor Geraldo Carneiro Filho escreveram, respectivamente:

“Jonas fica frustrado não com seu fracasso, mas com seu sucesso. Ele foi o único pregador que ficou profundamente frustrado com o seu sucesso. Ele chora de tristeza porque os ninivitas recebem misericórdia em vez de juízo, perdão em vez de destruição. A conversão dos ninivitas produz festa no céu e tristeza no coração de Jonas. Enquanto os anjos celebram a conversão dos ninivitas, Jonas pede para morrer. Jonas quer morrer, pois os ninivitas receberam o dom da vida eterna. Jonas tem piedade de uma planta que ele não cultivou, mas nenhuma compaixão para mais de 120 mil pessoas " [...] que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda" (Jn 4:11). Jonas queria misericórdia para si e justiça para os seus inimigos. Porém, Deus é soberano. Sua justiça é totalmente imparcial e Sua misericórdia pode alcançar qualquer pessoa”.

“Sendo Jonas um profeta, sabia que a Assíria, algum dia, invadiria a terra de Israel e praticaria contra seus habitantes as crueldades pelas quais era notável. Assim, pois, preferiu desagradar a Deus em vez de fazer o possível pela preservação de uma nação que traria sofrimentos indizíveis ao seu povo”.

Na verdade, Jonas imaginava que o amor de Deus era exclusividade de Israel e portanto, os assírios não mereciam, mas ele não se atentou para o arrependimento demonstrado por aqueles que ouviram a Palavra, tal como nos dias de hoje (Jo 3.16).

2. JONAS ESPERAVA VINGANÇA?
O império assírio foi um dos mais cruéis da história e tinha domínio sobre todo o Oriente Médio. Será que Jonas esperava uma vingança como retaliação por terem os assírios massacrado o seu povo? Às vezes, a bondade divina incomoda alguns (Mt 20.15; Lc 15.25-32).

Jonas imaginava que seu trabalho fosse somente apresentar a condenação e não atentou para salvação que Deus estava oferecendo por intermédio de sua instrumentalidade. Sobre isto o professor Luciano de Paula Lourenço escreveu:

“Jonas queria a condenação irremediável de seus ouvintes e não a salvação deles. Seu coração estava sintonizado com a mensagem de condenação, mas não com a possibilidade da salvação. Ele sentiu certo prazer mórbido de pregar uma mensagem de condenação em Nínive. Jonas pregou um sermão de juízo sem abrir a janela da esperança. Ele encurralou seus ouvintes no corredor da morte e não lhes abriu a porta do arrependimento. Ele pregou uma mensagem apenas pela metade. Ele trovejou a lei, mas não ofereceu a chuva restauradora da graça. Ele falou da ira de Deus, mas não da Sua misericórdia. Ele pregou um sermão com apenas cinco palavras e nessas poucas palavras havia toneladas de condenação e nenhum grama de misericórdia. Seu firme desejo era ver cumprir-se a ameaça da subversão de Nínive. Agradava-lhe o fato de Nínive ser uma candidata ao fogo do juízo como Sodoma e Gomorra. A motivação de Jonas não estava alinhada com a motivação de Deus de salvar os ninivitas. Os sentimentos de Jonas são mesquinhos e indignos de um homem que foi arrancado das entranhas da morte. Ele sabia se alegrar no favor de Deus, mas não queria ser instrumento da graça de Deus na vida de outros. Contudo, apesar de tudo isso, Deus realizou o maior milagre evangelístico da história na cidade de Nínive, não por causa do evangelista, mas apesar dele”.

3. COMPREENDENDO A MISERICÓRDIA DIVINA.
A misericórdia divina é um dos atributos que revela a natureza de Deus (Êx 34.6; Jr 31.3). O Senhor poupou Nínive da destruição, prorrogou a sua ruína, perdoou os seus moradores e Jonas, na qualidade de desertor, também foi alvo da infinita bondade de Deus.

CONCLUSÃO
Jonas transmite-nos uma importante lição prática, pela qual enxergamos a abissal diferença entre a bondade divina e a justiça humana. Aos ninivitas Deus falou por intermédio de Jonas. Hoje, Ele fala através de Jesus, que continua a salvar, a curar e a batizar com o Espírito Santo (Jo 14.16; At 4.12). Ele mesmo disse: “E eis que está aqui quem é maior do que Jonas” (Mt 12.41 - ARA). O Mestre operou sinais, prodígios e maravilhas como nenhum outro antes ou depois dele, e deu oportunidade de salvação a todos (At 10.38). Mesmo assim, foi rejeitado pela sua geração (Jo 1.11). Por isso, lançou em rosto a incredulidade dos seus contemporâneos e elogiou a fé dos ninivitas por haverem ouvido a pregação do profeta e arrependido de seus pecados (Mt 12.41).

1) Explicar: Contexto histórico, estrutura e mensagem:
          Cenário histórico: Nínive, capital do império assírio;
          Tema principal: misericórdia de Deus;
          A mensagem entristeceu o profeta e alegrou o inimigo.

2) Conhecer o atributo da misericórdia divina:
          Atributo que revela a natureza de Deus;
          Foi estendida aos gentios. Não era monopólio de Israel.

3) Conscientizar-se da perenidade da misericórdia de Deus:
          Nínive foi poupada da destruição depois da conversão;
          A misericórdia também alcançou o profeta emburrado.

REFERÊNCIAS
BARBOSA, Francisco de Assis. Amós. Jonas, a misericórdia divina. Disponível em: http://auxilioebd.blogspot.com.br/2012/11/licao-6-jonas-misericordia-divina.html. Acesso em 06 de novembro de 2012.

BARBOSA, José Roberto A. Jonas, a misericórdia divina. Disponível em: http://subsidioebd.blogspot.com.br/2012/11/licao-06.html. Acesso em 06 de novembro de 2012.

Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003

Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000

Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembléias de Deus, 2003.

BITTENCOURT, Marcos Antonio Miranda. Sete profetas antigos e muitos ensinamentos contemporâneos. Estudos em Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Revista do adulto cristão. 4º trimestre de 2011. JUERP, 2011.

CARMO, Oídes José. Profetas menores. Instrumentos de Deus produzindo conhecimento espiritual autêntico. Lições Bíblicas. Faixa Jovens e Adultos. 2º trimestre de 2008. Betel, 2008.

CARNEIRO FILHO, Geraldo. Jonas, a misericórdia divina. Disponível em: http://pastorgeraldocarneirofilho.blogspot.com.br/2012/11/4-trimestre-de-2012-licao-n-05-11112012.html. Acesso em 06 de novembro de 2012.

Estudantes da Bíblia. Jonas, a misericórdia divina. Disponível em: http://www.estudantesdabiblia.com.br/licoes_cpad/2012/2012-04-06.htm Acesso em 05 de novembro de 2012.

LOURENÇO, Luciano de Paula. Jonas, a misericórdia divina. Disponível em: http://luloure.blogspot.com.br/2012/11/aula-06-jonas-misericordia-divina.html. Acesso em 06 de novembro de 2012.

Rede REDE BRASIL DE COMUNICAÇÃO. Jonas, a misericórdia divina.  Disponível em: A atualidade dos profetas menores. Disponível em; http://www.rbc1.com.br/licoes-biblicas/index/. Acesso em 07 de novembro de 2012.

Por: Ailton da Silva - (18) 8132-1510 - Ano III

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