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sábado, 9 de março de 2013

Os dois filhos da viúva e dois filhos de Zebedeu



O personagem principal da multiplicação do azeite da viúva não foi o profeta Eliseu, não foram os vizinhos, a viúva ou tampouco seus dois filhos, muito menos os credores que estavam no pleno cumprimento e usufruto de seus direitos previstos na Lei Mosaica, os quais observavam fielmente. Ah, se fossem leais aos outros artigos, no pontos temáticos cruciais, tais como: a opressão aos pobres, tão denunciada pelos profetas menores (Am 4.1), a idolatria desenfreada e vergonhosa (Jz 2.11-12; Jr 10.1-6; 11.13-14), a mistura através dos casamentos mistos (Ml 2.10-11) e quem sabe não poderiam cumprir cabalmente a função para a qual foram eleitos (Jn 1.1-3; 4.1-2, cf Ex 19.5-6), ou seja apresentar Jeová às outras nações, o único Deus da terra. Foram tanto os erros de Israel, enquanto monarquia unificada, muito mais depois da cisão do reino, os quais não foram, na totalidade, banidos na reunificação da nação, após a volta do exílio babilônico.

Todos sabemos e não precisa muito esforço para identificarmos o  principal personagem desta história e não teríamos dificuldades para atribuirmos a Deus todas a honra e glória devida, mas não tem como não considerarmos importantes as atuações impecáveis dos dois filhos da viúva, que em tenras idades ou no auge da juventude, se tornaram coadjuvantes de uma bela e inesquecível história.

Tivessem eles duvidado das ordens de Eliseu (2 Rs 4.3-4) ou zombado dele como alguns rapazes fizeram dias antes (2 Rs 2.23). Se tivessem dito: “Como crermos neste calvo”? Nós sabemos qual era a fonte da palavra do profeta (2 Rs 2.22; 5.14; 7.16-17).

Eles não estavam lidando com um profetinha qualquer, fruto de chamadas de “ponta de esquina”, ou produto do “re-té-té-té”, ou beneficiário de nepotismo, tampouco era um profeta que vivia de nação em nação, de tribo em tribo, misturando heranças (cf Nm 36.7-9), causando confusões e que muito menos se deixou seduzir pela mesa de Jezabel, aceitando qualquer convitinho na esperança de ganhar o mundo inteiro, sem se preocupar com a sua alma (Mc 8.36). Eliseu era do tipo de profeta que não aceitava “pegar o que pode ser pego, para perder o que não se pode pegar”, ou seja, ele não trocaria o espiritual pelo material. Ele nunca desejou construir cabanas (Mc 9.5) em montes para esperar a morte, pois sabia que tinha muito o que fazer para Deus.

Eliseu havia sido discipulado por Elias e rapidamente havia colocado em prática os ensinamentos recebidos (2 Rs 2.14). Seu treinamento foi muito diferente da recebida por Moisés, que no Egito fora instruído em toda ciência, e também era bem diferente do recebida por Paulo, que fora instruído na lei pelo excelente professor Gamaliel (At 22.3).

Os dois filhos creram, talvez mais do que a própria mãe, haja vista ser esta a última chance para serem livres do sofrimento certo, ou seja, ou dava certo ou serviriam como escravos (Ex 21.2).

Correram como nunca, gritaram, insistiram, entraram na casa dos vizinhos e convenceram alguns diante do riso e zombaria deles, pois alguns entregaram de bom gosto, outros foram mais resistentes, alguns foram até ásperos e duro com os três, algo do tipo: “a divida é de vocês, se virem, isto é assunto de vocês (Mt 27.3-4).

Parece que vejo aqueles três “crentes”, trazendo vasos vazios para dentro da casa, sem se importarem com os olhos arregalados e curiosos de alguns vizinhos que não estavam entendendo tamanha correria: “estão loucos, vamos esperar para vermos o que acontecerá”. Esperem e verão (I Ts 4.13-18).

Naquele dia os três encerraram suas atividades e quando entraram na casa e somente foi possível ouvir o choro da mãe e a ansiedade gritante dos filhos. Ela acreditava, mas assim como nós, o difícil era contemplar a materialização das promessas. Como aconteceria? Como? E depois, que atitude deveria tomar? Quem deveria procurar e confiar? Ela soube muito bem quem procurar depois da benção recebida (2 Rs 4.7). Tivesse ela contado primeiro ou pedido conselhos aos seus incrédulos vizinhos? Certamente receberia propostas de negócios, de casamento ou poderia até mesmo ser enganada pelos aproveitadores de viúvas.

Que atitude bonita dos dois filhos da viúva, que exemplo para gerações futuras, que aprendizado. Era para ninguém errar em Israel.

2) OS DOIS FILHOS DE ZEBEDEU
Um dia Jesus, enquanto caminhava para Jerusalém ouviu de Tiago e João, os filhos de Zebedeu, um pedido inusitado, estranho. Um queria ficar a direita e o outro a esquerda, mas queria isto na glória do reino. Que belo pedido, que até poderia ser concedido, caso bebessem do mesmo cálice, ou se fossem batizados como Jesus houvera sido. Eles disseram que poderiam. Se o reino dos céus fosse deste mundo, como muitos judeus esperavam e esperam até hoje, certamente o pedido seria atendido.

Eles desejaram posições para aqueles dias ou para o futuro? Quem sabe Jesus pensou: “tenho estes dois lugares a direita e outro à esquerda, como eles me pediram, e como disseram que podem beber do mesmo cálice e podem ser batizados como fui, Eu poderia muito bem atender o pedido deles, mas eu não posso tirar os dois que estarão lá comigo, não posso fazer isto com eles (Jo 19.18)”. As cruzes também esperam por eles.

Pensou mais Jesus: “eles não suportarão ouvir isto agora, vou poupá-los e certamente aprenderão a lição. Vou chamá-los ao canto e não reprenderei publicamente, como fiz anteriormente com Pedro (Mc 8.33). Serei manso e humilde de coração para aprenderem (Mt 11.29). Direi a eles para verem o exemplo da viúva, mas não a que foi socorrida no tempo de Elias (Lc 4.25) e sim a do tempo de Eliseu. Como os dois filhos dela foram importantes naquela história. Não desejaram o material, não buscaram glória, não propuseram sociedade para a mãe e tampouco requisitaram a participação nos lucros, não tentaram administrar os bens da família, haja vista o problema ocorrido no passado com o acúmulo das dívidas. Simplesmente creram na palavra do enviado de Deus e reuniram o maior número possível de vasos vazios.”

Para Jesus não importa quem está a direita, a esquerda, na retaguarda ou à frente, indo, voltando, chorando, sorrindo, alegre ou triste, o importante para Ele é quem está cumprindo a grande comissão (Mc 16.15-18). Naquele dia, mãe e filhos estavam nestas condições e cumpriram fielmente as ordens recebidas.

O grande aprendizado para os discípulos/igreja é que eles estavam sendo preparados para fazerem o mesmo no futuro. Um dia eles reuniriam o maior número possível de vasos vazios e levariam para serem cheios pelo Espírito Santo de Deus (At 2.1-4; 19.1-6), tal como a igreja.

Por: Ailton da Silva - Ano IV

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