“E Eliseu estava doente, DA SUA DOENÇA, de que morreu; e Joás, rei de Israel, desceu a ele e chorou sobre o seu rosto” (2 Rs 13.14 - ARC).
“O profeta Eliseu foi atacado por uma doença sem cura. Quando ele estava para morrer, o rei Jeoás foi visita-lo” (2 Rs 13.14a – NTLH).
E morreu, solitário, desconsolado? Eliseu estava praticamente em seus últimos dias de vida, solitário, esperando a sua recompensa pelos seus trabalhos, a mesma que Elias, ou quem sabe algo diferente, nunca visto, ou na pior das hipóteses, esperava um acontecimento que pudesse ser, no mínino, o dobro do que havia acontecido com o seu mestre. Ele somente não imaginava que fosse receber a visita de um rei, que fosse lembrado ou respeitado, muito menos esperava que aquela visita fosse para abrir a sua cova.
Se fosse nos áureos tempos do rei Acabe, certamente ele poderia temer, pois estaria ali uma legião de soldados que fatalmente tiraria a vida do profeta sem cerimônia nenhuma.
A intenção do rei Jeoás era outra, na verdade, ele não havia procurado o profeta para atestar suas condições de saúde e tampouco para testemunhar sua morte, mas sim estava ali para pedir socorro, no entanto deve ter se assustado com aquela cena, tal como Elias quando se deparou com a viúva de Sarepta, que estava em condições muito piores que ele. Na lógica humana, jamais poderia sair algo de bom daquela mulher, porém havia dois estímulos, a ânsia pelo sustento e a certeza na Palavra recebida do próprio Deus.
O mesmo acontecia agora com Jeoás, que a procura de socorro e pelas histórias ouvidas de seu pai Jeoacaz e de seu avô Jeú (2 Rs 13.1), esperava encontrar um profeta forte, destemido, com saúde perfeita, rodeado de alunos ansiosos por aprenderem e ou protegidos por guarda-costas, um verdadeiro imperador, mas encontrou um pobre senhor doente, com a sua doença, que era dele e de mais ninguém, (2 Rs 13.14a), a qual o levou a óbito.
Mas algo aconteceu logo na chegada do rei, pois em vez de choro, desolação e descrença, houve demonstração de fé, coragem e ousadia, logo após uma fala do rei que poderia ser interpretada como simples e despretensiosa, normal ou sem tanto impacto. O rei disse em bom e alto som:
“Meu pai, meu pai, carros de Israel e seus cavaleiros” (2 Rs 13. 14b – ARC).
“Meu, pai, meu pai! O senhor foi como um exército para defender Israel” (2 Rs 13.14b – NTLH)
De onde ele tirou isto? Qual foi a fonte de sua inspiração? Qual foi a sua intenção? Ele havia planejado a fala? Aquela foi a mesma frase dita por Eliseu no momento do arrebatamento de Elias, quando a sua capa lhe caiu, ali diante de seus arregalados olhos (2 Rs 2.12).
Para quem estava acamado, doente, triste, viajando em seus pensamentos, certamente deve ter pulado da cama, esticado o corpo e ossos, corado o rosto e deve ter se posicionado diante do assustado rei. Eliseu sentiu que ainda tinha algo por fazer pela nação. As cinzas ficaram para trás, as forças voltaram, a doença foi ignorada, por alguns instantes. Também depois daquela rajada, daquela injeção de ânimo recebidas pelas palavras do rei, não teriam outras reações possíveis para Eliseu a não serem aquelas.
Jeoás, boquiaberto, pois não entendeu a repentina mudança, já que ao chegar encontrou o profeta desanimado, sem forças e após a sua calorosa saudação, o viu em pé em sua frente lhe dizendo: “Assim diz o Senhor”.
“Tome um arco, pegue as flechas, abra a janela na direção de seu inimigo e atire, tão logo eu coloque minhas mãos sobre a sua”. Até então as orientações do profeta foram seguidas à risca pelo rei, nada mais compreensível, pois Jeoás estava sentindo bem de perto o calor, o incentivo, assim era fácil, qualquer homem seria obediente.
JEOÁS, AINDA NÃO TERMINOU, TEM MAIS!
Ele abriu a janela, atirou a flecha do livramento e recebeu a profecia. Que alegria, coração fortalecido, poderia ir embora satisfeito, confiante na vitória. O livramento estava garantido. A flecha voou, cortou os ares e sumiu diante dos olhos do rei. Era isto que ele desejava. Este foi o motivo de sua visita ao profeta.
Eliseu não permitiu que Jeoás se despedisse, tinha mais, para lhe falar, aliás, havia mais por fazer e era algo que dependeria do próprio rei, do seu entusiasmo e de sua ânsia pela vitória, porém na continuidade da profecia ele não teria mais auxilio, aquela ajuda calorosa, a transferência de unção, via mãos.
Eliseu disse: “Jeoás, fira a terra com as flechas”. Quantas vezes perguntou o rei? Ora, quantas covas o exercito de Jorão deveria abrir (2 Rs 3.16) no deserto? Quantos vasos a viúva dos filhos dos profetas (2 Rs 4.2) deveria emprestar de seus vizinhos? Quantas vezes eu ordenei a Naamã (2 Rs 5.10) que se banhasse no Jordão? Ora, você não sabe tudo sobre minha história e ministério? Você acha que eu diria para você atirar apenas uma flecha ou no máximo três, quando existem, no mínimo, cinco ou seis a sua disposição?
O entusiasmo que invadiu Eliseu quando ouviu aquela frase tão significativa em sua vida foi o mesmo que faltou ao rei.
Referências:
Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003
Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje (NTLH). Barueri (SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000
Bíblia Sagrada – Harpa Cristã (ARC). Baureri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2003
Por: Ailton da Silva - Ano IV
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