1) O que mais
poderia ser feito para provar sua humildade?
Até no ajuntamento de
seus discípulos, Jesus demonstrou toda sua humildade, pois não ostentou, já que
poderia[1],
um seleto grupo de homens, bem sucedidos, graduados, afortunados e rodeados de
recursos[2]
que facilitariam o seu ministério, ao contrário, já que não levou em conta
estes fatores e facilitadores para escolher seus doze companheiros que andariam
com ele durante sua rápida estadia[3]
na terra.
Qualquer um hoje, se prenderia e faria questão de que os que fossem rodeá-los, pelo
menos, tivesse algo para oferecer, digamos, em troca, ou no mínimo, que pudesse
colocar parte de seus pertences em prol dos crescimento, não do reino, mas do
ego humano.
2) A alegria de qualquer líder:
Quantos hoje não se
gabam de terem à sua retaguarda, obreiros de primeiro quilate, ensinadores de
primeiro mundo, pregadores de multidão, avivalistas que “cuspam fogo e pulem
fogueiras”, verdadeiros atiradores de lanças e espadas flamejantes e, valha-nos
Deus, corajosos que tenham a audácia de colocarem “fogo nos rabos das raposas”
transformando-as em grandes tochas de fogo (cfe Jz 15.4) como pretexto de
queimar a seara dos filisteus, por pura vingança.
E o que falar dos
pregadores de agendas lotadas, cantores de trânsito livre, ora mundo, ora
igreja, sem paradas, que não temem represálias, tampouco se importam com fatídico
ecumenismo, verdadeiros fantoches nas mãos de apresentadores de auditórios, que
“versonalizam, parodeiam, pagodeiam, sabamzeiam, olodumzeiam”(sic) suas musicas
e letras. Imagino tais homens e mulheres em seus camarins vomitando e
praguejando ao final de seus inescrupulosos programas de auditórios lotado de
verdadeiros fanáticos por sensacionalismos nerísticos(sic), ou que outro
conceito podemos formar a respeito destes leões que ficam, ao vivo ou em
gravações semanais, devorando cristãos pelo mundo afora diante uma plateia
feliz da vida que ri, zomba e finge que chora ou que conhece a letra da música,
talvez conheçam mesmo, pois as FM as colocam em primeiro lugar entre os hits
mais tocados.
Quantos diáconos que dão
gosto, que enchem os olhos de seus “líderes”, submissos, trabalhadores, que
chegam bem cedo aos cultos, prepararam o ambiente, que se preocupam com o
templo, zelam pelas dependências, instrumentos, equipamentos e que fazem de
tudo para que os trabalhos sejam propícios para salvação de almas e alegria do
povo de Deus. Parece que ouvi alguém dizer: “Pare Terra, quero descer” ou algum
mais cético: “Houston, temos um problema”.
Porque a maioria se esquece desta grande verdade: “O primeiro mártir reconhecido da igreja primitiva foi um DIÁCONO, levantado para servir à mesa. Não foi um apóstolo(zão), ou alguém que fazia parte do primeiro grupo, da tropa de elite ou do primeiro escalão”.
E os presbíteros que “descem”
e ajudam os cooperadores e diáconos, quando consegue enxergar que estão
apurados nas portas, nas coletas ou no trato humanitário com membros e
crianças. Descem? Ou eles estão colados com super-bonder, a que é fabricada nos
porões infernais, que impede que se levantem de suas poltronas almofadadas para
ajudarem. Não podem socorrer? Uma vez presbítero, nunca mais diácono ou
cooperador? Não nos esqueçamos que nas terras de Melquisedeque, o grande pai Abraão
foi um grande diácono (Gn 14.18-20) e dos bons.
E os levitas? Não sabia
que tínhamos levitas em nossas igrejas. Ninguém havia me dito isto. Vamos a uma
rápida definição bíblica desta classe de pessoas, tão raro na atualidade:
Os
levitas, descendentes da tribo de Levi, não tiveram herança material (Dt 10.9)
e não reclamaram[4]
por isto. Eles foram separados por Deus para serem seus (Nm 8.14). Exerciam o sacerdócio e auxiliavam nos trabalhos contínuos
(Nm 3.6-10). Eram os únicos autorizados a trabalharem no Tabernáculo,
ninguém poderia ajudá-los.
a)
Funções dos levitas:
- Transporte da Arca da Aliança (I Sm 6.15; II
Sm 15.24);
- Serviços no tabernáculo (Nm 1.50-53);
- Eram os responsáveis pela música e liturgia (I
Cr 15.16, 17, 22);
- Ensinavam a Lei ao povo, tinham conhecimento
da Lei (Ne 8.7-8; II Cr 35.3);
- Ministravam aos sacerdotes (Nm 3.6-7; 18.2) e ao povo (II Cr
35.1-6);
- Vigiavam o santuário (Nm 18.3);
- Guardavam os instrumentos, os vasos sagrados (Nm 3.8); os
tesouros sagrados (I Cr 26.20); os dízimos e ofertas (II Cr 31.11-19; Ne
12.44);
- Montavam, desmontavam, carregavam e arrumavam
o Tabernáculo, etc (Nm 1.50-51);
- Matavam os idolatras e apóstatas como o ocorrido no
caso do bezerro de ouro (Ex 32.25-29).
b) Os levitas eram de Deus:
“E separarás os levitas
do meio dos filhos de Israel, para que os levitas sejam meus.” (Nm 8.14).
c) Os levitas deveriam colocar um fim na
idolatria e não promovê-la:
“Pôs-se em pé Moisés na
porta do arraial e disse: Quem é do SENHOR, venha a mim. Então se ajuntaram a
ele todos os filhos de Levi. E disse-lhes: Assim diz o SENHOR Deus de Israel:
Cada um ponha a sua espada sobre a sua coxa; e passai e tornai pelo arraial de
porta em porta, e mate cada um a seu irmão, e cada um a seu amigo, e cada um a
seu vizinho. E os filhos de Levi fizeram conforme à palavra de Moisés; e caíram
do povo aquele dia uns três mil homens”. (Ex 32.26-28)
d) Os levitas eram verdadeiros trabalhadores
braçais:
“Mas tu põe os levitas
sobre o tabernáculo do testemunho, e sobre todos os seus utensílios, e sobre
tudo o que pertence a ele; eles levarão o tabernáculo e todos os seus
utensílios; e eles o administrarão, e acampar-se-ão ao redor do tabernáculo. E,
quando o tabernáculo partir, os levitas o desarmarão; e, quando o tabernáculo
se houver de assentar no arraial, os levitas o armarão; e o estranho que se
chegar morrerá”. (Nm 1.50-51).
De tudo exposto, não
comungo a ideia de que, somente por tocar um instrumento ou por possuir uma voz
afinadíssima, qualquer pessoa possa se considerar ou intitular “levita do
Senhor”, a menos que desempenha pelo menos, uma destas funções:
·
Coloquem fim e não
promovam a idolatria;
·
Não olhem para as
consequências, cansaço, tempo e compromissos;
·
Zelem pelo templo, cuidem
das dependências, desmontem e montem como eles faziam com o tabernáculo, com
aquelas colunas, cortinas e forros pesadíssimos.
Era um trabalho duro,
mas recompensador. Enquanto desempenhavam suas funções as outras tribos se
preocupavam cada um com a sua tenda e famílias, ninguém ajudava. Façam isto e
acreditarei que existem levitas em nosso meio.
3) Número reduzido de discípulos:
Pois bem, voltando a
escolha dos discípulos, é necessário mencionarmos também a quantidade. Somente
doze? Porque não foram muitos, tanto como a areia do mar e estrelas do céu, tal
como a promessa de semente feita a Abraão (Gn 22.17), afinal era o próprio
Filho de Deus no pleno exercício deste que se tornou o grande mistério da
encarnação, deveria ter mais ou poderia ter desejado.
A multidão era apenas
para comprovar a sua natureza (100% divina), pois se achegavam a Ele somente
para receberem a cura, verem sinais nunca antes imaginados, tal como
ressuscitação, cura de leprosos, de coxos, cegos, etc, sem contar que estavam
apenas atrás das bênçãos materiais, alguns para comerem, outros pediam somente
solução de problemas espirituais. Quantos se prontificaram a segui-lo tão logo
recebessem suas aspirações? Lembro de um, o ex-endemoninhado gadareno, que até
desejou (Mc 5.18), mas Jesus tinha outros planos para ele.
Jesus precisava apenas
de doze[5]
na terra. Um número razoável, que poderia mais para frente ser multiplicado,
resultando em um assustador crescimento numérico nunca imaginado, porém esperado.
Às vezes tento imaginar
a reação dos pioneiros[6]
Gunnar Vingren e Daniel Berg, lá pelos idos dos anos 50, andando por este
Brasil e contemplando templos em várias localidades, inúmeros crentes
professando sua fé e mantendo a unidade, nos ensinamentos, comportamento e
aspirações vindouras. O que sentiam quando viam tudo isto? Satisfação pelo
“ide” cumprido, alegria pela ação de Deus nos confins da terra? Uma coisa é
certa, glorificaram muito a Jesus pelo crescimento da obra.
Doze homens, cinco
pescadores, um cobrador de impostos, seis com ocupações desconhecidas, mas que
foram nivelados, não por baixo, tampouco por cima, mas na medida exata, que
somente Jesus conhecia e poderia determinar. Não existia maior ou menor,
bonito, feio, estudado, analfabeto, não existia entre eles “o cara”.
Mesmo assim disputaram
os melhores lugares, um desejou a direita e o outro a esquerda (Mc 10.37), se
consideraram um maior que o outro (Mc 9.34), ou pelo menos tentaram. Outro se
achou em condições de zombar da cidade (Jo 1.46) na qual o Messias havia passado
parte de sua vida, que audácia, tudo bem que a cidade não valia nada, era
desprezada mesmo, mas que falta de respeito por Jesus, pois o nivelou a humanos
e coisas terrestres: “pode vir alguma coisa boa de Nazaré”? Sim, pode! E como é
boa a pessoa de Jesus, bom e humilde.
Ele nasceu em uma
manjedoura, cresceu em meio a madeiras e ferramentas de uma carpintaria e
morreu solitário, mesmo que rodeado de pessoas, em uma fria e dura cruz. Meçam
suas palavras para falarem daquele que veio de Nazaré. O de outra cidade
europeia, capital de um país lindo, pode-se falar a vontade, pois é tão humano
quanto nós, ninguém é infalível, mesmo que tenha sido declarado, não existe
alguém com este atributo.
Estavam corretos de
desprezarem a cidade, era comum mesmo, mas ao nivelarem Jesus, meio que sem
intenção, agiram como os egípcios, lá nos idos da administração do grande e
justo José. Quem traçou o plano para salvar o Egito? Quem colocou em prática?
Quem dividiu com justiça os mantimentos? Havia muito pão naquela terra, muito
mesmo, mas a fome era muito maior (Gn 41.54-56). A quem Faraó mandou a multidão
de famintos procurar? Mas na hora dos desfiles, José sempre esteve no segundo
carro (Gn 41.43), pois o primeiro era reservado à autoridade constituída e
reconhecida, o salvador da pátria.
E olha que José nos deu
outra lição de humildade, não sendo a toa que sua ficha, em tudo se assemelhava
a de Jesus. No reencontro com seu pai, ele também se esvaziou de toda a glória
que o Egito havia lhe concedido e se lançou no pescoço do velhinho Jacó e
praticamente declarou com esta sua atitude: “hoje aqui a maior autoridade não
sou eu, é o meu pai. Eu reconheço isto e aceito”. A maior autoridade na terra
não era o Filho, era o Pai, por isto que Ele fez a vontade do que estava no céu.
4) Glória divina oculta na natureza humana:
Jesus se esvaziou, se desprendeu de sua valiosíssima glória (Jo 17.5),
para mostrar a todos que é possível sim, vencermos esta tentação de queremos
ser o que não somos, de queremos mostrar o que não temos, mas como é difícil
para o homem se desprender da vanglória passageira, presunçosa, baseada em
propósitos irreais.
Ele sacrificou sua igualdade posicional, pois se permitiu encarnar, ocultou
sua glória divina em uma casca carnal. Que outro “deus” houvera feito isto um
dia? Nem mesmo nas ricas e fantasiosas mitologias romana e grega nunca fora
visto algo semelhante. É bem possível que alguns deuses humanos destas
civilizações tenham visitado a terra, para darem uma olhadinha, praticarem
alguma violência sexual, incestos, prostituições e aberrações, ou para
destruírem, se vingarem, mas nunca para darem[7] a vida
por eles, duvido, somente Jesus, o verdadeiro Deus foi capaz de dar sua vida em
favor do homem.
Que deuses
mitológicos e humanos poderia fazer o que Jesus fez? O “bom Servo”, veio para
servir (Mt 10.28) e trabalhou de uma forma que confrontou muitos conceitos e
ensinamentos de civilizações antigas ou atuais. Na verdade, o objeto da
idolatria humana atual, não se permite agir como o verdadeiro Deus. Eles temem
o escândalo e não querem perder a glória alcançada (Jo 12.42). Jamais fariam
como Jesus, que:
- Tocou
em leprosos (Mt 8.1-3);
- Tratou
um surdo-mudo de uma forma não vista antes, enfiou o dedo no ouvido e
cuspiu, tocando em sua língua (Mc 7.33);
- Permitiu
que uma prostituta molhasse seus pés com lágrimas e que enxugasse com o
próprio cabelo (Lc 7.36-48);
- Conversou
com publicanos, comeu com pecadores (Mt 9.10-13);
- Lavou
os pés de seus discípulos (Jo 13.5);
- Cuspiu
na terra, fez lodo e refez o globo ocular de um cego de nascença (Jo 9.6).
Agindo desta forma, Jesus nunca perdeu ou alterou sua igualdade pessoal
com o Pai, ela sempre foi preservada, mesmo porque não teria como isto
acontecer. Desde a eternidade Ele é Deus. Ele e o Pai são um (Jo 10.30). O que
aconteceu e o que foi permitido foi a manifestação das duas naturezas de Jesus,
não concomitantemente, cada qual com suas respectivas características, para não
deixar dúvidas quanto à sua humanidade e divindade. Para isto basta crermos
nesta relação:
a) Caracteristicas
divinas:
- Único que perdoa
pecados;
- O grande Eu Sou;
- Filho Unigênito
e amado (único no céu e na terra);
- Não foi criado
(sem principio de dias nem fim de
vida);
- O que tem a
primazia;
- Criador e
sustentador de tudo (visível e invisível);
- O que é Um com
o pai;
- O que tem o
poder sobre a natureza;
- O operador de
milagres;
- Primogênito (1º e único filho de Deus a entrar na glória);
- O único que ressuscitou
a si mesmo;
b) Características humanas:
- Possuiu corpo,
alma (Mt 26.38), sentimento e raciocínio;
- Teve sono,
fome, sede e cansaço;
- Chorou,
sofreu, angustiou-se e irou-se;
- Nasceu, cresceu
e morreu;
- Primogênito e
unigênito (1º filho de Deus encarnado na Terra e único);
- Teve família,
pais, irmãos, primos, etc;
- Enfrentou o
processo da gestação;
- Teve profissão;
- Cumpriu os
deveres cívicos e os previstos na Lei;
- Foi tentado;
- Enfrentou a
morte;
- Chamou-se de
homem (Jo 8.40);
- Foi humilhado;
- Foi
circuncidado;
- De Senhor
tornou-se servo.
Como se não bastasse tudo isto, o verdadeiro Deus entrou em sua cidade
montado em um simples jumento emprestado, exposto ao riso, zombaria e a
atentados. Tudo isto, um dia será recompensado, pois todo o joelho se dobrará e
toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor.
Referências:
BALL, Charles Fergurson. A vida e
época do apóstolo Paulo. 1ª ed. , Rio de Janeiro. Casa Publicadora das
Assembleias de Deus, 1998.
BARROS, Aramis C. de. Doze homens e uma missão. Curitiba: Editora Luz e Vida, 1999
Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003.
Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão Internacional. Rio
de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008
Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP).
Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.
Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Baureri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil,
Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2003.
MACARTHUR, John. Novo Testamento. Comentários
expositivos Filipenses. 1939.
[1]
Poderia ter ajuntado não somente uma multidão de homens, como também um número
incalculável de anjos para estar ao seu dispor (cfe Mt 4.6; 26.53).
[2] Recursos tais como: tv, rádio, portal internet, jornal, revista,
produtora de vídeos, editora, instituição financeira (para lavagem de dinheiro
e promoção de escândalos em escala mundial) e por ai afora.
[3] Chega
dá pena de nossas convenções humanas. O nosso entendimento limitado sobre o
tempo é nada quando confrontado ao que Deus já determinou sobre o assunto (2 Pe
3.8).
[4]
Duvido que hoje alguém não diria: “Porque nasci nesta tribo, onde está a minha
herança, quero minhas terras”
[5]
Ainda considerarei o beijoqueiro traidor, já que aprendeu muito andando ao lado
de Jesus, somente não colocou em prática.
[6]
Suecos vindo dos Estados Unidos, que desembarcaram em Belém do Pará, em 19 de
novembro de 1910, dia da Bandeira, empunhando em suas mãos a bandeira do
Pentecoste. Fundaram oficialmente a igreja Assembleia de Deus em 18 de junho de
1911.
Por: Ailton da Silva - Ano IV - caminhando para o ano V
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