Páginas

sábado, 27 de julho de 2013

Jumentomóvel - número reduzido de discípulos - glória divina oculta na natureza humana

1) O que mais poderia ser feito para provar sua humildade?
Até no ajuntamento de seus discípulos, Jesus demonstrou toda sua humildade, pois não ostentou, já que poderia[1], um seleto grupo de homens, bem sucedidos, graduados, afortunados e rodeados de recursos[2] que facilitariam o seu ministério, ao contrário, já que não levou em conta estes fatores e facilitadores para escolher seus doze companheiros que andariam com ele durante sua rápida estadia[3] na terra.

Qualquer um hoje, se prenderia e faria questão de que os que fossem rodeá-los, pelo menos, tivesse algo para oferecer, digamos, em troca, ou no mínimo, que pudesse colocar parte de seus pertences em prol dos crescimento, não do reino, mas do ego humano.

2) A alegria de qualquer líder:
Quantos hoje não se gabam de terem à sua retaguarda, obreiros de primeiro quilate, ensinadores de primeiro mundo, pregadores de multidão, avivalistas que “cuspam fogo e pulem fogueiras”, verdadeiros atiradores de lanças e espadas flamejantes e, valha-nos Deus, corajosos que tenham a audácia de colocarem “fogo nos rabos das raposas” transformando-as em grandes tochas de fogo (cfe Jz 15.4) como pretexto de queimar a seara dos filisteus, por pura vingança.

E o que falar dos pregadores de agendas lotadas, cantores de trânsito livre, ora mundo, ora igreja, sem paradas, que não temem represálias, tampouco se importam com fatídico ecumenismo, verdadeiros fantoches nas mãos de apresentadores de auditórios, que “versonalizam, parodeiam, pagodeiam, sabamzeiam, olodumzeiam”(sic) suas musicas e letras. Imagino tais homens e mulheres em seus camarins vomitando e praguejando ao final de seus inescrupulosos programas de auditórios lotado de verdadeiros fanáticos por sensacionalismos nerísticos(sic), ou que outro conceito podemos formar a respeito destes leões que ficam, ao vivo ou em gravações semanais, devorando cristãos pelo mundo afora diante uma plateia feliz da vida que ri, zomba e finge que chora ou que conhece a letra da música, talvez conheçam mesmo, pois as FM as colocam em primeiro lugar entre os hits mais tocados.

Quantos diáconos que dão gosto, que enchem os olhos de seus “líderes”, submissos, trabalhadores, que chegam bem cedo aos cultos, prepararam o ambiente, que se preocupam com o templo, zelam pelas dependências, instrumentos, equipamentos e que fazem de tudo para que os trabalhos sejam propícios para salvação de almas e alegria do povo de Deus. Parece que ouvi alguém dizer: “Pare Terra, quero descer” ou algum mais cético: “Houston, temos um problema”.

Porque a maioria se esquece desta grande verdade: “O primeiro mártir reconhecido da igreja primitiva foi um DIÁCONO, levantado para servir à mesa. Não foi um apóstolo(zão), ou alguém que fazia parte do primeiro grupo, da tropa de elite ou do primeiro escalão”.

E os presbíteros que “descem” e ajudam os cooperadores e diáconos, quando consegue enxergar que estão apurados nas portas, nas coletas ou no trato humanitário com membros e crianças. Descem? Ou eles estão colados com super-bonder, a que é fabricada nos porões infernais, que impede que se levantem de suas poltronas almofadadas para ajudarem. Não podem socorrer? Uma vez presbítero, nunca mais diácono ou cooperador? Não nos esqueçamos que nas terras de Melquisedeque, o grande pai Abraão foi um grande diácono (Gn 14.18-20) e dos bons.

E os levitas? Não sabia que tínhamos levitas em nossas igrejas. Ninguém havia me dito isto. Vamos a uma rápida definição bíblica desta classe de pessoas, tão raro na atualidade:

Os levitas, descendentes da tribo de Levi, não tiveram herança material (Dt 10.9) e não reclamaram[4] por isto. Eles foram separados por Deus para serem seus (Nm 8.14). Exerciam o sacerdócio e auxiliavam nos trabalhos contínuos (Nm 3.6-10). Eram os únicos autorizados a trabalharem no Tabernáculo, ninguém poderia ajudá-los.

a) Funções dos levitas:
  • Transporte da Arca da Aliança (I Sm 6.15; II Sm 15.24);
  • Serviços no tabernáculo (Nm 1.50-53);
  • Eram os responsáveis pela música e liturgia (I Cr 15.16, 17, 22);
  • Ensinavam a Lei ao povo, tinham conhecimento da Lei (Ne 8.7-8; II Cr 35.3);
  • Ministravam aos sacerdotes (Nm 3.6-7; 18.2) e ao povo (II Cr 35.1-6);
  • Vigiavam o santuário (Nm 18.3);
  • Guardavam os instrumentos, os vasos sagrados (Nm 3.8); os tesouros sagrados (I Cr 26.20); os dízimos e ofertas (II Cr 31.11-19; Ne 12.44);
  • Montavam, desmontavam, carregavam e arrumavam o Tabernáculo, etc (Nm 1.50-51);
  • Matavam os idolatras e apóstatas como o ocorrido no caso do bezerro de ouro (Ex 32.25-29).

b) Os levitas eram de Deus:
“E separarás os levitas do meio dos filhos de Israel, para que os levitas sejam meus.” (Nm 8.14).

c) Os levitas deveriam colocar um fim na idolatria e não promovê-la:
“Pôs-se em pé Moisés na porta do arraial e disse: Quem é do SENHOR, venha a mim. Então se ajuntaram a ele todos os filhos de Levi. E disse-lhes: Assim diz o SENHOR Deus de Israel: Cada um ponha a sua espada sobre a sua coxa; e passai e tornai pelo arraial de porta em porta, e mate cada um a seu irmão, e cada um a seu amigo, e cada um a seu vizinho. E os filhos de Levi fizeram conforme à palavra de Moisés; e caíram do povo aquele dia uns três mil homens”. (Ex 32.26-28)

d) Os levitas eram verdadeiros trabalhadores braçais:
“Mas tu põe os levitas sobre o tabernáculo do testemunho, e sobre todos os seus utensílios, e sobre tudo o que pertence a ele; eles levarão o tabernáculo e todos os seus utensílios; e eles o administrarão, e acampar-se-ão ao redor do tabernáculo. E, quando o tabernáculo partir, os levitas o desarmarão; e, quando o tabernáculo se houver de assentar no arraial, os levitas o armarão; e o estranho que se chegar morrerá”. (Nm 1.50-51).

De tudo exposto, não comungo a ideia de que, somente por tocar um instrumento ou por possuir uma voz afinadíssima, qualquer pessoa possa se considerar ou intitular “levita do Senhor”, a menos que desempenha pelo menos, uma destas funções:
·      Coloquem fim e não promovam a idolatria;
·      Não olhem para as consequências, cansaço, tempo e compromissos;
·      Zelem pelo templo, cuidem das dependências, desmontem e montem como eles faziam com o tabernáculo, com aquelas colunas, cortinas e forros pesadíssimos.

Era um trabalho duro, mas recompensador. Enquanto desempenhavam suas funções as outras tribos se preocupavam cada um com a sua tenda e famílias, ninguém ajudava. Façam isto e acreditarei que existem levitas em nosso meio.

3) Número reduzido de discípulos:
Pois bem, voltando a escolha dos discípulos, é necessário mencionarmos também a quantidade. Somente doze? Porque não foram muitos, tanto como a areia do mar e estrelas do céu, tal como a promessa de semente feita a Abraão (Gn 22.17), afinal era o próprio Filho de Deus no pleno exercício deste que se tornou o grande mistério da encarnação, deveria ter mais ou poderia ter desejado.

A multidão era apenas para comprovar a sua natureza (100% divina), pois se achegavam a Ele somente para receberem a cura, verem sinais nunca antes imaginados, tal como ressuscitação, cura de leprosos, de coxos, cegos, etc, sem contar que estavam apenas atrás das bênçãos materiais, alguns para comerem, outros pediam somente solução de problemas espirituais. Quantos se prontificaram a segui-lo tão logo recebessem suas aspirações? Lembro de um, o ex-endemoninhado gadareno, que até desejou (Mc 5.18), mas Jesus tinha outros planos para ele.

Jesus precisava apenas de doze[5] na terra. Um número razoável, que poderia mais para frente ser multiplicado, resultando em um assustador crescimento numérico nunca imaginado, porém esperado.

Às vezes tento imaginar a reação dos pioneiros[6] Gunnar Vingren e Daniel Berg, lá pelos idos dos anos 50, andando por este Brasil e contemplando templos em várias localidades, inúmeros crentes professando sua fé e mantendo a unidade, nos ensinamentos, comportamento e aspirações vindouras. O que sentiam quando viam tudo isto? Satisfação pelo “ide” cumprido, alegria pela ação de Deus nos confins da terra? Uma coisa é certa, glorificaram muito a Jesus pelo crescimento da obra.

Doze homens, cinco pescadores, um cobrador de impostos, seis com ocupações desconhecidas, mas que foram nivelados, não por baixo, tampouco por cima, mas na medida exata, que somente Jesus conhecia e poderia determinar. Não existia maior ou menor, bonito, feio, estudado, analfabeto, não existia entre eles “o cara”.

Mesmo assim disputaram os melhores lugares, um desejou a direita e o outro a esquerda (Mc 10.37), se consideraram um maior que o outro (Mc 9.34), ou pelo menos tentaram. Outro se achou em condições de zombar da cidade (Jo 1.46) na qual o Messias havia passado parte de sua vida, que audácia, tudo bem que a cidade não valia nada, era desprezada mesmo, mas que falta de respeito por Jesus, pois o nivelou a humanos e coisas terrestres: “pode vir alguma coisa boa de Nazaré”? Sim, pode! E como é boa a pessoa de Jesus, bom e humilde.

Ele nasceu em uma manjedoura, cresceu em meio a madeiras e ferramentas de uma carpintaria e morreu solitário, mesmo que rodeado de pessoas, em uma fria e dura cruz. Meçam suas palavras para falarem daquele que veio de Nazaré. O de outra cidade europeia, capital de um país lindo, pode-se falar a vontade, pois é tão humano quanto nós, ninguém é infalível, mesmo que tenha sido declarado, não existe alguém com este atributo.

Estavam corretos de desprezarem a cidade, era comum mesmo, mas ao nivelarem Jesus, meio que sem intenção, agiram como os egípcios, lá nos idos da administração do grande e justo José. Quem traçou o plano para salvar o Egito? Quem colocou em prática? Quem dividiu com justiça os mantimentos? Havia muito pão naquela terra, muito mesmo, mas a fome era muito maior (Gn 41.54-56). A quem Faraó mandou a multidão de famintos procurar? Mas na hora dos desfiles, José sempre esteve no segundo carro (Gn 41.43), pois o primeiro era reservado à autoridade constituída e reconhecida, o salvador da pátria.

E olha que José nos deu outra lição de humildade, não sendo a toa que sua ficha, em tudo se assemelhava a de Jesus. No reencontro com seu pai, ele também se esvaziou de toda a glória que o Egito havia lhe concedido e se lançou no pescoço do velhinho Jacó e praticamente declarou com esta sua atitude: “hoje aqui a maior autoridade não sou eu, é o meu pai. Eu reconheço isto e aceito”. A maior autoridade na terra não era o Filho, era o Pai, por isto que Ele fez a vontade do que estava no céu.

4) Glória divina oculta na natureza humana:
Jesus se esvaziou, se desprendeu de sua valiosíssima glória (Jo 17.5), para mostrar a todos que é possível sim, vencermos esta tentação de queremos ser o que não somos, de queremos mostrar o que não temos, mas como é difícil para o homem se desprender da vanglória passageira, presunçosa, baseada em propósitos irreais.

Ele sacrificou sua igualdade posicional, pois se permitiu encarnar, ocultou sua glória divina em uma casca carnal. Que outro “deus” houvera feito isto um dia? Nem mesmo nas ricas e fantasiosas mitologias romana e grega nunca fora visto algo semelhante. É bem possível que alguns deuses humanos destas civilizações tenham visitado a terra, para darem uma olhadinha, praticarem alguma violência sexual, incestos, prostituições e aberrações, ou para destruírem, se vingarem, mas nunca para darem[7] a vida por eles, duvido, somente Jesus, o verdadeiro Deus foi capaz de dar sua vida em favor do homem.

Que deuses mitológicos e humanos poderia fazer o que Jesus fez? O “bom Servo”, veio para servir (Mt 10.28) e trabalhou de uma forma que confrontou muitos conceitos e ensinamentos de civilizações antigas ou atuais. Na verdade, o objeto da idolatria humana atual, não se permite agir como o verdadeiro Deus. Eles temem o escândalo e não querem perder a glória alcançada (Jo 12.42). Jamais fariam como Jesus, que:
  • Tocou em leprosos (Mt 8.1-3);
  • Tratou um surdo-mudo de uma forma não vista antes, enfiou o dedo no ouvido e cuspiu, tocando em sua língua (Mc 7.33);
  • Permitiu que uma prostituta molhasse seus pés com lágrimas e que enxugasse com o próprio cabelo (Lc 7.36-48);
  • Conversou com publicanos, comeu com pecadores (Mt 9.10-13);
  • Lavou os pés de seus discípulos (Jo 13.5);
  • Cuspiu na terra, fez lodo e refez o globo ocular de um cego de nascença (Jo 9.6).

Agindo desta forma, Jesus nunca perdeu ou alterou sua igualdade pessoal com o Pai, ela sempre foi preservada, mesmo porque não teria como isto acontecer. Desde a eternidade Ele é Deus. Ele e o Pai são um (Jo 10.30). O que aconteceu e o que foi permitido foi a manifestação das duas naturezas de Jesus, não concomitantemente, cada qual com suas respectivas características, para não deixar dúvidas quanto à sua humanidade e divindade. Para isto basta crermos nesta relação:
a) Caracteristicas divinas:
  • Caixa de texto: Morreu em uma cruzÚnico que perdoa pecados;
  • O grande Eu Sou;
  • Filho Unigênito e amado (único no céu e na terra);
  • Não foi criado (sem principio de dias  nem fim de vida);
  • O que tem a primazia;
  • Criador e sustentador de tudo (visível e invisível);
  • O que é Um com o pai;
  • O que tem o poder sobre a natureza;
  • O operador de milagres;
  • Primogênito (1º e único filho de Deus a entrar na glória);
  • O único que ressuscitou a si mesmo;

b) Características humanas:
  • Possuiu corpo, alma (Mt 26.38), sentimento e raciocínio;
  • Teve sono, fome, sede e cansaço;
  • Chorou, sofreu, angustiou-se e irou-se;
  • Nasceu, cresceu e morreu;
  • Primogênito e unigênito (1º filho de Deus encarnado na Terra e único);
  • Teve família, pais, irmãos, primos, etc;
  • Enfrentou o processo da gestação;
  • Teve profissão;
  • Cumpriu os deveres cívicos e os previstos na Lei;
  • Foi tentado;
  • Enfrentou a morte;
  • Chamou-se de homem (Jo 8.40);
  • Foi humilhado;
  • Foi circuncidado;
  • De Senhor tornou-se servo.

Como se não bastasse tudo isto, o verdadeiro Deus entrou em sua cidade montado em um simples jumento emprestado, exposto ao riso, zombaria e a atentados. Tudo isto, um dia será recompensado, pois todo o joelho se dobrará e toda língua confessará que Jesus Cristo é o Senhor.

Referências:
BALL, Charles Fergurson. A vida e época do apóstolo Paulo. 1ª ed. , Rio de Janeiro. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1998.

BARROS, Aramis C. de. Doze homens e uma missão. Curitiba: Editora Luz e Vida, 1999

Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003.

Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão Internacional. Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008

Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.

Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Baureri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2003.

MACARTHUR, John. Novo Testamento. Comentários expositivos Filipenses. 1939.



[1] Poderia ter ajuntado não somente uma multidão de homens, como também um número incalculável de anjos para estar ao seu dispor (cfe Mt 4.6; 26.53).
[2] Recursos tais como: tv, rádio, portal internet, jornal, revista, produtora de vídeos, editora, instituição financeira (para lavagem de dinheiro e promoção de escândalos em escala mundial) e por ai afora.
[3] Chega dá pena de nossas convenções humanas. O nosso entendimento limitado sobre o tempo é nada quando confrontado ao que Deus já determinou sobre o assunto (2 Pe 3.8).
[4] Duvido que hoje alguém não diria: “Porque nasci nesta tribo, onde está a minha herança, quero minhas terras”
[5] Ainda considerarei o beijoqueiro traidor, já que aprendeu muito andando ao lado de Jesus, somente não colocou em prática.
[6] Suecos vindo dos Estados Unidos, que desembarcaram em Belém do Pará, em 19 de novembro de 1910, dia da Bandeira, empunhando em suas mãos a bandeira do Pentecoste. Fundaram oficialmente a igreja Assembleia de Deus em 18 de junho de 1911.
[7] Esta foi uma das dificuldades que os gregos enfrentaram para acreditarem que Jesus houvera vindo para morrer em lugar da humanidade. Para eles os deuses deviam mostrar o seu poder de outra forma, destruindo, matando ou violentando sexualmente.

Por: Ailton da Silva - Ano IV - caminhando para o ano V

Nenhum comentário:

Postar um comentário