1) DA
BEIRA DO RIO AO PRIMEIRO SALÃO, DEPOIS DO LOUVORZÃO
E
lá se foi Paulo (At 15.40), rumo a uma parte do território não visitado na
primeira incursão e que, provavelmente, não estava em seus planos. Se
dependesse dele ficaria ali mesmo em terras asiáticas, percorrendo as cidades e
visitando as igrejas já fundadas por ele anteriormente.
O
plano de Paulo para expor o Evangelho na Ásia, foi mudado, pois ele intentou
uma direção, mas Deus já havia estabelecido outra rota para o grupo de
missionários. Frígia, Galacia, Mísia, Bitinia e até mesmo Troas[1]
(At 16.6-8), de certo, poderiam esperar um pouco mais, já que oportunidades não
faltariam, muito menos pregadores e evangelistas. Isto prova que a obra tem direção
e propósitos e que não depende da vontade, vigor ou planejamento humano.
O
ponto chave da viagem foi Troade, o fim dos limites asiático, local onde Paulo
não poderia contemplar o seu destino final, pois sua visão alcançava somente
Bitinia, jamais passou pela sua cabeça navegar pelo mar Egeu em direção ao
leste europeu. Sua visão apontava para a direita de Troade (At 16.8), enquanto
que a de Deus apontava para a frente, Macedônia, em especial Filipos.
A
visão de Paulo (At 16.9) não foi fruto de seu cansaço físico, consequência da
longa viagem terrestre. Não nos resta dúvidas que foi espiritual, haja vista, o
clamor visto no pedido “ajuda-nos”, e a disposição dos missionários que não
mediram esforços para materializarem a visão e sem contar o resultado
satisfatório ao final. Realmente foi uma visão de Deus.
Que
maravilha, que confiança, diante de tal visão, o próprio escritor deixou claro ao
afirmar que imediatamente partiram em direção a Macedônia (At 16.10).
Certamente a comitiva de missionários seguiu radiante, certos da vitória, pois
Deus estava guiando-os. Poderia alguém, em sã consciência ou no curso pleno de suas faculdades mentais, pensar diferente? Ainda mais
alguém com as credenciais, experiências e objetivos como Paulo.
Qualquer
um de nós faria o mesmo, iria radiante, feliz e confiante no resultado
imediato, com tudo facilitado, já que Deus estava no controle total da situação.
Quem
sabe lá não teria um grupo organizado esperando o socorro como aqueles que
estavam em Éfeso (At 19.1-6)? Quem sabe não teria um salão preparado, esperando
somente os valentes para erguerem e fixarem uma “imaginária placa”.
“Nos
arcos do lado de fora da cidade de Filipos havia uma proibição por escrito
sobre pregar uma religião não reconhecida pela cidade, por isso, as reuniões de
oração ocorreram fora da cidade, ao lado do rio”. BAP 2003, p. 1520.
Mas
o grupo de missionários[2]
encontrou, depois de alguns dias, somente algumas mulheres à beira do rio, que
os ouviram de bom grado, entre elas Lídia, que os constrangeu a visitarem sua
casa. Os vizinhos estranhariam a chegada daqueles homens, mas logo saberiam que
se tratava de homens de Deus, enviados para alcançarem suas almas sedentas. Eles não perderam a oportunidade de pregarem o Evangelho.
Faltava apenas um salão para iniciarem os trabalhos.
2) EI PAULO, PODE
VIR ALGUMA COISA BOA DE FILIPOS? VEM E VÊ!
a) Lídia
A
resposta de Paulo foi afirmativa e seguida de uma extensa relação de nomes,
onde certamente estava o de Lídia, uma ocupadíssima vendedora de púrpura, de Tiatira, a cidade que abrigou uma igreja que teve suas obras
ultimas maiores que as primeiras e reconhecidas por Deus (Ap 2.19),
características que ficaram evidentes na vida daquela mulher.
Uma
vendedora que interrompeu seus afazeres comerciais para ouvir a Palavra e
acolher os missionários em sua casa. Realmente havia pessoas de bem em Filipos
e de lá viria muitas outras.
b) Jovem possessa
Quantos
tormentos na vida de Paulo durante aquelas manhãs e tardes atribuladas, enquanto
eles andavam a procura de ouvintes (cfe Rm 10.14).
O
espírito de adivinhação testemunhou por vários dias que o grupo de missionários
estavam na direção de Deus (At 16.17) e que eram servos do Deus altíssimo, na
verdade, o Maligno, foi de uma sutileza e esperteza nunca vista até então. Não
havia outra coisa a dizer deles, jamais Paulo e seus companheiros seriam
afrontados ou acusados publicamente, haja vista o Maligno saber com quem ele
estava mexendo (At 19.15).
Paulo
também sabia muito bem em quem cria (2 Tm 1.12), não necessitava de testemunho
de demônios, por isto ele repreendeu e não deixou com que entrasse em seu
coração aquela declaração maligna, mesmo que parecesse boa, de Deus, mas na
verdade tratava-se de uma seta do mal para impedir que aqueles homens
continuassem humildes.
Aquela
jovem era muito valiosa, não para seus senhores, mas para Deus, por isto foi
liberta, portanto havia gente boa em Filipos.
c) A multidão
Os que aprovaram o açoite foram os mesmos que tomaram conhecimento, pela manhã,
do terremoto, da permanência dos presos, que não fugiram diante da prisão aberta e das
conversões do carcereiro e família. A multidão foi rapidamente da alegria dos
açoites aplicados aos missionários, ao assombro diante dos fatos ocorridos na
noite anterior, em poucas horas.
Um
grande privilégio para aquela cidade, pois foram poucos os lugares que
contemplaram tamanha demonstração do poder de Deus.
Em
Listra (At 14.11-19), aconteceu o inverso, pois primeiramente se assombraram
com o poder de Deus para depois se alegraram com o sofrimento dos missionários. De
Filipos poderia sim, vir gente de bem.
d) Carrasco(s),
carcereiro (o enfermeiro) e família
O(s)
abençoado(s) que aplicou(aram) os açoites, se assombrou(aram) no outro dia quando
souberam do ocorrido, aliás eles temeram, ao ouvirem o pedido de Paulo: “que
venham eles e tirem-nos para fora”. Eles quem? Os magistrados! Eles apareceram,
tiraram os missionários e apresentaram suas desculpas ao cidadão romano,
companheiro de Silas.
O
carcereiro, que quase se suicidou, depois da manifestação do poder de Deus,
deveria ter tido outra reação. Este foi o motivo que fez Paulo gritar com tamanha força de dentro da cela. “Homem, entenda, quando Deus trabalha é para
proporcionar vida e não morte”.
Ele
sofreu, apanhou, chorou por amor à uma única família filipense. Poderia muito
bem ter declarado a sua cidadania romana antes dos açoites, mas preferiu
enfrentar tudo.
Em
seu julgamento, em Jerusalém, ele agiu de forma diferente, pois declarou sua
cidadania romana antes da sentença e sofrimento (At 22.25). Se tratava de um
humano, não estava mais com o mesmo vigor de antes, mas se sentisse em seu
coração faria tudo de novo, sem problemas.
O
carcereiro que virou um enfermeiro, sua família, soldados, carrasco(s) e
magistrados, realmente havia muita gente boa em Filipos.
e) A igreja em
Filipos
Após
a pregação à beira do rio, os dias atribulados, nos quais o grupo de
missionários ouvia constantemente palavras que pareciam boas, pareciam de Deus,
mas que na verdade eram verdadeiras setas malignas que atrapalhariam o
louvorzão noturno na prisão. O Maligno tentou antecipar para atrapalhar, porém
encontrou um homem vigilante.
Se
Paulo estivesse aceito aquelas palavras demoníacas, certamente a noite sua
oração seria bem diferente, tipo: “Jesus, prova para mim, para Silas, para os
presos, para a multidão, para a cidade que eu sou teu servo. Exploda as paredes,
faz algo grandioso, nunca visto, mostra que Maligno estava certo quando afirmou
que EU te sirvo”. Uma oração para que a palavra do maligno se cumprisse.
Se
fosse nos dias atuais, muitos se alegrariam com as declarações malignas e
quando fossem louvar não veriam o agir de Deus em suas vidas. “Mostra Deus que
eu sou teu servo, mostra Deus que eu sei te louvar, pregar e ensinar, mostre
que não há outro como EU”.
Realmente
havia muita gente boa em Filipos, se alguém quisesse duvidar, poderia conferir
“in-loco”, mas deveria aproveitar para fazer a obra tal como os missionários.
Referências:
Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003.
Bíblia Sagrada: Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP).
Sociedade Bíblica do Brasil, 2000.
Bíblia Sagrada – Harpa
Cristã. Baureri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro: Casa
Publicadora das Assembleias
[1]
Partindo do princípio que Troas serviu de apoio e partida para o local
estabelecido por Deus. Eles não demoraram muito tempo naquela cidade.
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