Segunda feira, no início da noite, eu estava na casa de um irmão para que ele fizesse alguns reparos no farol da moto e me deparei com uma cena que me chamou a atenção.
Na rua havia muitas crianças soltando pipas (como falamos aqui)na maior algazarra. Um gritava: "eu já cortei ele de manhã e vou cortar de novo".
Como estava esperando o irmão, fiquei observando eles e em determinado momento aquele menino começou a enrolar a linha, cabisbaixo, desanimado, pois o seu pipa havia sido cortado.
Eu sou do tempo em que quando isto acontecia, uma grande multidão saia correndo, passando por cima de tudo, pulando muros, cercas, tropeçando, caindo, ralando, mas iam atrás do pipa para recuperá-lo, porém aquele dia nenhum deles saiu correndo ou fez alguma menção disto.
Fiquei perturbado e quando um deles passou por mim, pois já estavam intertidos com outras brincadeiras, fiz questão de perguntar a ele porque não correram atrás do pipa.
- Lá embaixo já está cheio de "moleques". Eles já foram e pegaram o pipa.
Mas não satisfeito perguntei:
- E porque vocês não foram mesmo assim?
Neste momento senti um desdém dele. Ele me olhou e disse:
-Não vale a pena fazer isto.
Depois pensando melhor cheguei as seguintes conclusões:
1ª - parei no tempo;
2ª - o consumismo afetou até mesmo as crianças, pois eles preferem comprar outro papel, cola, irem atrás de bambu, linha, ou seja, gastam novamente, mas não correm atrás para recuperar o perdido.
Eu sou do tempo, também, em que aqueles armários de cozinha, sofás, aparelhos eletrônicos duravam até "acabar", eram espremidos, re-espremidos, mas não eram trocados com frequência, como acontece hoje, muitas vezes sem necessidade.
Consumismo, consumismo!
Por: Ailton da Silva
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