Continuação...
Coincidências ou repetições da história?
As promessas foram para Abraão, para seus
descendentes e todas as futuras gerações, que foram comparados às estrelas do
céu, pois seriam muitos e benditos por esta aliança irrevogável. A bênção se
estenderia, anos mais tarde, para todas as famílias da Terra, tão logo Israel
fosse reconhecido como povo exclusivo e nação de Deus.
O patriarca
habitou como peregrino próspero[1] nas
terras de Canaã, mas ainda faltava um filho para que a partir dele se
originasse a multidão de descendentes prometidos.
A promessa de
Deus dizia respeito a uma família numerosa e naquela época parecia impossível a
realização deste sonho, no entanto, o cumprimento das promessas estavam atrelados a
tudo o que já havia acontecido, no momento da chamada e nos livramentos
recebidos no deserto, no Egito e em Canaã, portanto não teria como Deus continuar abençoando
Abraão e Sara sem conceder o filho prometido e tão desejado.
O patriarca sabia que Deus honraria as
suas palavras, por isso aguardava ansioso o cumprimento desta promessa, mesmo
que parecesse impossível aos seus olhos.
A idade avançada e o problema com
esterilidade de Sara, obstáculos que impediam a crença no nascimento de um
filho, logo não existiriam mais.
A idade foi uma desculpa para não
buscarem a confirmação da promessa de Deus. Seria melhor desacreditarem do que
acreditarem no impossível? A mensagem de Deus havia sido clara e o patriarca
havia entendido bem, portanto não havia margens para falta de fé ou erros de
interpretação. O filho era uma promessa, uma realidade, era questão de tempo.
Mesmo assim, não sofreram danos por não
crerem, de princípio, na possibilidade de terem filhos, bem diferente de
Zacarias, pai de João Batista, que ficou mudo (Lc 1.18-25).
Não tinha como Abraão requerer a
abreviação do tempo para o cumprimento das promessas, já que o primeiro passo
seria o nascimento de um filho, seu legitimo herdeiro, que seria preparado para
a continuidade do plano de Deus e, mesmo porque, já era sabedor, pela revelação
recebida, que somente a quarta geração é que receberia a bênção maior, para por
fim a medida da injustiça dos amorreus, que por enquanto ainda não havia atingido
o ápice.
No entanto, a desesperança aumentava dia
a dia, foi quando Sara, no desespero, colocou em prática um plano mirabolante,
na tentativa de adiantar a bênção ou tentar condicionar o agir de Deus à ações
humanas. A egípcia Agar, uma terceira pessoa, foi inserida[2]
na história para dar um filho a Abraão, mas isto não estava nos planos de Deus.
Sara conseguiu convencer o marido a fazer
parte do que julgou ser um plano perfeito, porém o tempo revelou o contrário e
trouxe decepções e arrependimento.
Sara pensou errado, escolheu a pessoa
errada, sentiu uma falsa satisfação pelo desfecho e viu tudo dar errado em sua
vida daquele momento em diante.
Depois de alguns anos, o seu segundo
filho, o primeiro com Sara, nasceu e foi criado dentro dos padrões e bons
costumes. Imaginava que Isaque cresceria e que teria uma descendência numerosa
e abençoada. Um plano perfeito, simples, sem sofrimento, era somente esperar
que Deus cumprisse suas promessas.
Que pensamento pequeno do grande
patriarca Abraão, que esperava muito de Deus sem oferecer ou sacrificar quase
nada. O plano divino da eleição de Israel consistia em sofrimentos, mentiras,
tristezas, brigas, pesares e principalmente em separações.
[1] De que valia Abraão
ter tudo na vida se lhe faltava um herdeiro material. Os herdeiros espirituais
estavam garantidos. De acordo com leis e costumes da época, na Mesopotâmia, o
servo poderia herdar os bens de seu senhor.
[2] Segundo leis e
costumes da Mesopotâmia, uma mulher estéril poderia oferecer uma serva ao seu
marido para que suscitasse herdeiro. Este filho poderia ser adotado como filho
pela espoa principal.
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