Páginas

domingo, 23 de maio de 2021

Os patriarcas. Coincidências ou repetições da história? – Capítulo 2

continuação...

O preço pelo erro de Sara foi alto, pois presenciou inúmeras atitudes de Agar e Ismael que não foram bem compreendidas, mas os seus atos também não foram condizentes com sua posição de matriarca, uma vez que não demonstrou nenhum sinal de misericórdia quando pediu que Abraão despedisse sua serva e seu filho (Gn 21.10). A matriarca não teve misericórdia[1] de Agar e Ismael, mas Deus teve misericórdia dela e do filho.

Então este filho que tivera com Agar, a escrava, fruto da impaciência de Sara, não estava nos planos de Deus, tampouco os outros seis que teve com Quetura[2], após a morte de Sara.

Estranho é que quando se tratava de uma promessa de Deus colocaram obstáculos, porém quando os filhos já não faziam parte do plano Divino, a história se desenrolou sem problemas.

Abraão se considerou idoso antes do nascimento de Isaque, que já estava no auge dos seus quarenta anos e casado, mas não teve a mesma reação quando teve seus outros filhos com Quetura. Agora quem estava com idade avançada era Isaque e não o pai.

A promessa garantia, a partir de Abraão, o surgimento de uma grande nação, mas a principio temeu pelo cumprimento dela, haja vista todos os problemas e dificuldades que enfrentaram.

Abraão foi tirado do local onde tinha certa garantia de futuro. Aprendeu a viver na dependência de sua fé, essencial para o surgimento de uma nação forte, invencível e inabalável. Saiu pelo deserto sem mapa, sem pista, um verdadeiro desafio e com paciência alcançou a promessa (Hb 6.15).

O reconhecimento como grande nação, povo seleto, custaria caro aos patriarcas, não seria fácil chegarem a este estágio, por isso fora imputado por justiça a Abraão o fato de ter crido com veemência nas promessas de Deus, logo de princípio. O caminho seria longo e difícil, mas recompensador.

Quando então haveria o reconhecimento como povo exclusivo de Deus? Seria com Abraão e Sara, que aguardavam ansiosos pelo cumprimento? Nada mais justo receberem a promessa em vida? Depois de suportarem tamanha prova no sacrifício não consumado?

Ou o reconhecimento se daria pelas vidas de Isaque e Rebeca ou por seus filhos Jacó e Esaú, tão abençoados, um em Padã-Harã e outro em Canaã, separados devido as astúcias e enganos.

Talvez o reconhecimento viesse pela vida de Jacó, o que levou os hebreus ao Egito, a mando de José (Gn 46.1-6). Quem sabe não fosse o grande sinal para o cumprimento de tudo o que havia sido prometido ao primeiro patriarca, lá no passado?

A última esperança seria José, o que cuidou do povo no Egito enquanto estiveram como hóspede e eram bem vistos? O homem que de humilhado foi transformado em autoridade no Egito. Não era este o plano de Deus para o seu povo?

Ou seria com Moisés, o que retirou aquele povo do sofrimento no Egito, guiando-os até a terra que fora prometida a Abraão?

Estes três últimos patriarcas formaram o trio que contribui para o reconhecimento de Israel como nação. O primeiro levou os hebreus ao Egito, o segundo cuidou e o terceiro retirou para receberem o que havia sido prometido no passado a Abraão.

As gerações de Abraão, Isaque, Jacó e José não viram a glorificação do povo de Deus e tampouco seu reconhecimento pelas outras nações.

Mas em que momento da história da humanidade seria instalada aquela que se tornaria a grande nação de Deus?

A lógica seria imaginarmos um momento especial, diferente, nunca visto antes na Terra, para ser eternizado por todas as gerações futuras, tantos pelos hebreus quanto pelas outras nações. O cumprimento do plano de Deus estava em andamento. Deus se lembraria do seu povo que sofria em terras egípcias e enviaria o libertador.



[1] Segundo leis da época, Sara poderia tirar os direitos de Ismael e transferir para seu filho, caso concebesse filhos após.

[2] Abraão com Quetura tiveram seis filhos (Gn 25.1).

Por: Ailton da Silva - 11 anos (Ide por todo mundo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário