Isaque: Segundo patriarca.
Deus falou com ele.
A teoria da inversão da primogenitura
Ismael, o
primeiro filho de Abraão e todos os outros filhos[1] que Abraão teve com Quetura
foram meros coadjuvantes na história dos hebreus e se tornaram seus ferrenhos
inimigos, já Isaque, o primeiro do clã que deu sustentação a Israel, foi
chamado de filho da promessa, o unigênito.
Aos nossos olhos
os dois teriam direito a participação e reconhecimento nas mesmas proporções no
grande plano de Deus, respeitando-se a ordem de nascimento, o primogênito[2] e o
outro, porém na ótica Divina a história foi diferente, somente um poderia ser
incluído neste contexto e caberia a quem decidir? O mais novo deveria respeitar
o primogênito?
A promessa era
grandiosa, mas para o cumprimento seria necessário apenas um filho. Neste
episódio não haveria espaços para o “filho da serva”, por isto era preciso uma
intervenção Divina para corrigir esta situação.
Em todas as
gerações dos patriarcas, as mulheres enfrentaram dificuldades para gerar seus
respectivos filhos e ao primeiro sinal de sucesso, devido a intervenção Divina,
se deparavam com outro grande problema, que deveria ser resolvido, não pelo
homem, que não reunia condições para tal, mas por Deus:
- Ismael foi o primeiro filho de Abraão, mas não estava nos planos de Deus, por isto foi despedido juntamente com sua mãe Agar. Isaque foi então promovido à condição de unigênito e este seu título anulou todos os privilégios do seu irmão primogênito;
- Esaú foi o primogênito, mas Jacó foi o escolhido para dar continuidade aos planos de Deus, por isto, as duras penas, recuperou a primogenitura, que deveria ter sido sua desde o nascimento;
- José foi o décimo primeiro filho de Jacó e primeiro com a mulher que realmente amava, por isto precisava receber status de primogênito, mas o problema seria a reação de seus irmãos, como aceitariam? Se esta história tivesse se desenrolado no tempo de vigência da Lei Mosaica, certamente Jacó teria problemas[3];
- Ruben, primogênito de Jacó (1 Cr 5.1-2), inconstante e de caráter duvidoso, por isto não herdou a maior de todas as bênçãos já direcionadas a um homem, não foi o ascendente do Rei dos reis, o Messias. Este privilégio foi repassado para seu irmão Judá;
- Manassés, o primogênito, teve que aceitar seu avô, Jacó, abençoar seu irmão, mais novo, Efraim, com as suas bênçãos de direito, mesmo José tendo preparado a ordem dos dois, antes de adentrarem no quarto do velho patriarca.
Mesmo antes da
geração patriarcal, Deus já havia trabalhado na primeira família a fim de
inverter a ordem dos filhos de Adão, pois Caim, o primogênito, não havia
alcançado graça no seu sacrifício, enquanto Abel, o segundo filho a nascer, se
tornou o primeiro homem a agradar a Deus.
A falta de
comunhão com Deus impediu que a geração adâmica percebesse que não se tratava
da única ou última chance para oferecerem sacrifícios. Mesmo que a frequência
fosse anual, teriam outras oportunidades no futuro. A falta deste discernimento
contribuiu para uma grande tragédia familiar.
Todas estas inversões foram administradas por Deus, para corrigir situações constrangedoras, fruto das rivalidades, disputas, privilégios dado a um filho em detrimento a outros, falhas de caráter, condutas repreensíveis ou para mostrar que o controle de tudo sempre esteve em suas mãos.
[1] O plano
de Deus era com a semente de Abraão e não com “as sementes”.
[2] A
primogenitura, no caso de Isaque e Ismael, seria sinônimo de cumprimento da
promessa por parte de Deus.
[3]
Conforme a Lei, quando o homem tivesse duas mulheres, o primogênito seria o
primeiro filho, independente do amor ou não que o pai sentisse pela mãe (Dt
21.15-17).
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