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domingo, 30 de maio de 2021

Os patriarcas. Coincidências ou repetições da história? – Capítulo 3


Isaque: Segundo patriarca. Deus falou com ele.

A teoria da inversão da primogenitura 

Ismael, o primeiro filho de Abraão e todos os outros filhos[1] que Abraão teve com Quetura foram meros coadjuvantes na história dos hebreus e se tornaram seus ferrenhos inimigos, já Isaque, o primeiro do clã que deu sustentação a Israel, foi chamado de filho da promessa, o unigênito.

Aos nossos olhos os dois teriam direito a participação e reconhecimento nas mesmas proporções no grande plano de Deus, respeitando-se a ordem de nascimento, o primogênito[2] e o outro, porém na ótica Divina a história foi diferente, somente um poderia ser incluído neste contexto e caberia a quem decidir? O mais novo deveria respeitar o primogênito?

A promessa era grandiosa, mas para o cumprimento seria necessário apenas um filho. Neste episódio não haveria espaços para o “filho da serva”, por isto era preciso uma intervenção Divina para corrigir esta situação.

Em todas as gerações dos patriarcas, as mulheres enfrentaram dificuldades para gerar seus respectivos filhos e ao primeiro sinal de sucesso, devido a intervenção Divina, se deparavam com outro grande problema, que deveria ser resolvido, não pelo homem, que não reunia condições para tal, mas por Deus:

  • Ismael foi o primeiro filho de Abraão, mas não estava nos planos de Deus, por isto foi despedido juntamente com sua mãe Agar. Isaque foi então promovido à condição de unigênito e este seu título anulou todos os privilégios do seu irmão primogênito;
  • Esaú foi o primogênito, mas Jacó foi o escolhido para dar continuidade aos planos de Deus, por isto, as duras penas, recuperou a primogenitura, que deveria ter sido sua desde o nascimento;
  • José foi o décimo primeiro filho de Jacó e primeiro com a mulher que realmente amava, por isto precisava receber status de primogênito, mas o problema seria a reação de seus irmãos, como aceitariam? Se esta história tivesse se desenrolado no tempo de vigência da Lei Mosaica, certamente Jacó teria problemas[3];
  • Ruben, primogênito de Jacó (1 Cr 5.1-2), inconstante e de caráter duvidoso, por isto não herdou a maior de todas as bênçãos já direcionadas a um homem, não foi o ascendente do Rei dos reis, o Messias. Este privilégio foi repassado para seu irmão Judá;
  • Manassés, o primogênito, teve que aceitar seu avô, Jacó, abençoar seu irmão, mais novo, Efraim, com as suas bênçãos de direito, mesmo José tendo preparado a ordem dos dois, antes de adentrarem no quarto do velho patriarca.

Mesmo antes da geração patriarcal, Deus já havia trabalhado na primeira família a fim de inverter a ordem dos filhos de Adão, pois Caim, o primogênito, não havia alcançado graça no seu sacrifício, enquanto Abel, o segundo filho a nascer, se tornou o primeiro homem a agradar a Deus.

A falta de comunhão com Deus impediu que a geração adâmica percebesse que não se tratava da única ou última chance para oferecerem sacrifícios. Mesmo que a frequência fosse anual, teriam outras oportunidades no futuro. A falta deste discernimento contribuiu para uma grande tragédia familiar.

Todas estas inversões foram administradas por Deus, para corrigir situações constrangedoras, fruto das rivalidades, disputas, privilégios dado a um filho em detrimento a outros, falhas de caráter, condutas repreensíveis ou para mostrar que o controle de tudo sempre esteve em suas mãos.


[1] O plano de Deus era com a semente de Abraão e não com “as sementes”.

[2] A primogenitura, no caso de Isaque e Ismael, seria sinônimo de cumprimento da promessa por parte de Deus.

[3] Conforme a Lei, quando o homem tivesse duas mulheres, o primogênito seria o primeiro filho, independente do amor ou não que o pai sentisse pela mãe (Dt 21.15-17).

Por: Ailton da Silva - 11 anos (Ide por todo mundo)

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