continuação...
O Maligno amargou uma grande derrota, pois Deus, sempre fiel, se fez
presente, como se nada tivesse acontecido. Pela onisciência, Ele sabia de todo
o ocorrido, mas desejava revelar a sua misericórdia para a raça humana, que
momento ideal.
A expectativa por aquela visita de Deus estava causando um terror na
mente do casal. Como de costume Adão foi chamado pelo nome e logo de início
culpou a mulher pelo seu erro, mas audácia maior foi quando acusou o próprio
Deus de ter lhe dado uma companheira para levá-lo a perdição. Já a mulher
somente apontou para a serpente.
Esta foi a sequência dos acontecimentos:
- Engano: partiu da serpente/Maligno, depois atingiu a mulher e seduziu ao homem;
- Pecado: alcançou a mulher e depois o homem;
- Depoimento: o primeiro a depor foi o homem, depois a mulher e por fim a serpente/Maligno ouviu a sua sentença sem demonstrar nenhum poder de reação;
- Sentença: a primeira a receber a sentença foi a serpente/Maligno, depois a mulher e por fim o homem.
As sentenças foram dirigidas aos três, atribuindo-lhes dores,
sofrimentos, perdas, deveres, novas rotinas, limitação do corpo humano e
condenação eterna:
- Para a serpente, a sentença foi sobre o seu presente e futuro;
- Para a mulher, a sentença dizia respeito à submissão ao homem e acréscimo de dores em sua gestação;
- Para o homem antecipava o suor e trabalho para adquirir o sustento, até voltar ao seu estado original, o pó.
As consequências do erro, do homem, também foram sentidas por outra
grandeza de Deus, a natureza, pois ao perceberam a nudez, desfolharam uma
figueira e coseram túnicas provisórias, mas como se deteriorariam rapidamente,
representando a superficial providência humana diante dos problemas, foi
preciso que Deus cozesse túnicas de peles dos primeiros animais sacrificados no
paraíso. A partir daquele momento nasceriam toda espécie de espinhos e cardos.
Mesmo diante de todo este cenário, a princípio, catastrófico, Deus
reservou uma promessa especial[1] à
mulher, talvez por ela não ter culpado o homem ou ao próprio Criador, pelo seu
erro. Ela foi a pessoa que saiu mais fortalecida de toda aquela história.
O inimigo esperava que o homem fosse desmoralizado por Deus. Os
acontecimentos que se seguiram o decepcionaram sobremaneira. A expulsão do
paraíso foi confirmada, pois a desobediência teria o seu ônus, mas ele desejava
a condenação eterna.
Em nenhum momento, mesmo apresentando a sentença, Deus desmoralizou ou
desesperançou totalmente a coroa da glória de sua criação, pelo contrário, lhe
fez promessas grandiosas.
A situação pecaminosa do homem e
a sua nudez, antes da sentença, foram reveladas, mas por quem? Pelo inimigo?
Pela companheira? Ele mesmo percebeu? Ou foi a sua consciência que rapidamente
traçou um paralelo entre a forma anterior e a atual e apontou a gritante
diferença?
A túnica de figueira que coseram
rapidamente, ao perceberem que estavam nus, era fraca, não resistiria por muito
tempo, fora do paraíso. Precisavam de algo mais forte, além do mais para
encobrir tamanho pecado deveria ser muito mais do que simples folhas.
Quando Israel saiu do Egito
coseram rapidamente bolos, que não durou muito tempo, por isto Deus
providenciou alimentação para toda aquela multidão, através do maná, todos os
dias, durante longos quarenta anos.
Mesmo com toda a preparação do
primeiro casal, eles não se cobririam por muito tempo, assim como o povo no
deserto não conseguiram se alimentar com apenas aqueles poucos bolos.
Talvez o inimigo tenha pensado em
interferir pela última vez, antes que o homem fosse expulso do paraíso. Será
que tentou colocar no coração do casal o desejo de rejeitarem aquela ajuda de
Deus? Adão não seria capaz, agora, de criar algo para si mesmo? O certo é que
já não tinha mais aquela sensação de dependência total, quem sabe não se
imaginava autossuficiente, pelo menos para coser suas próprias roupas.
Mesmo assim Deus deu este
presente a eles. Animais[2]
foram sacrificados para que o pecado fosse encoberto. Que animais? Os
recém-criados? Do paraíso ou de fora? Foram extintos? Isto abalaria a cadeia
alimentar? Não interessa quais animais foram e o local onde estavam, o
importante é que o amor e o plano de redenção da humanidade foram revelados.
O pecado provocou uma grande reviravolta na vida espiritual do homem,
tornando-o vazio, portanto era preciso outra intervenção de Deus, a terceira,
pois a primeira foi na sua criação, a segunda na formação da mulher e agora
tornava-se necessário a restauração de sua obra prima para que tivesse
condições de se tornar habitação e morada do Espírito Santo.
continua...
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