1) CONCEITO
Cristologia é a doutrina da Igreja acerca da pessoa de Jesus
como o Cristo. A Cristologia sempre ocupa lugar central num sistema cristão.
Toda tentativa de remover a Cristologia de seu lugar central ameaça o cerne da
fé cristã. Quem quer que olhe para Jesus, o Cristo, a partir da perspectiva do
Novo Testamento, estará inevitavelmente situado dentro de um quadro de
referência teocêntrico. Todo o ministério de Jesus era radicalmente
teocêntrico.
Cristo é central tanto na ordem da criação quanto no âmbito da redenção. A fé
cristã vê no testemunho apostólico de Jesus, o Cristo, o critério final da verdade
acerca da natureza e identidade de Deus. Sendo assim, a própria pessoa de Jesus
é teocêntrica em si mesma.
2) QUEM É JESUS?
O nome Jesus provém do hebraico "Jeshua" (Jeová salva). A
palavra Cristo provém do hebraico "Massiah" (Ungido). Jesus Cristo é o
Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, o Deus Filho, o Verbo que se fez
carne e habitou entre nós. Três dias após a Sua morte na cruz, ressuscitou e
retornou ao Pai. Jesus é Deus e, como tal, possui os mesmos atributos de
eternidade, onisciência, onipotência, onipresença e imutabilidade. Ele próprio
se definiu afirmando. "Eu e o Pai somos um". Jesus participou da
Criação (Gn 1.16; Jo 1.3; 21.17; Ef 1.20-23; Ap 1.8; Is 54.5; 9.6). Deus Filho,
o Emanuel
(O Deus poderoso está conosco e tabernaculou):
- O Verbo se fez carne (tabernaculou, ficou preso em um tabernáculo de carne), optou por tabernacular em um templo de carne;
- O Verbo se fez carne e não se transformou em carne;
- O Filho de Deus virou Filho do homem;
- Não houve mistura e nem confusão das substâncias (Espírito e carne). A substância única (Espírito) não se misturou à carne.
3) ORIGEM DE JESUS
Sempre existiu. Como se lê: "No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus... o Verbo se fez carne e habitou entre
nós". Logo, o Verbo, Jesus, no princípio estava com Deus e era Deus.
Então, Deus se fez homem e viveu como homem em nosso meio. Jesus sabia que
havia saído de Deus e ia para Deus (Jo 13.3). O próprio Jesus afirmou que
voltaria para o Pai e prepararia nosso lugar nos céus (Jo 14.2-4). Uma das mais
objetivas afirmações sobre a eternidade de Jesus está em Isaías 9.6.
4) COMO A BÍBLIA
APRESENTA JESUS
Os títulos, nomes e atributos de Jesus são:
- Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz (Is 9.6);
- Porta e Pastor (Jo 10.10);
- Luz do mundo (Jo 8.12);
- Caminho, Verdade e Vida (Jo 14.6); Libertador (Jo 8.36);
- Videira Verdadeira (Jo 15.l);
- Ressurreição e Vida (Jo 11.25);
- Adão (1 Co 15.45);
- Advogado (1 Jo 2.1);
- Alfa e Ômega (Ap 1.8; 22.13);
- Amém (Ap 3.14);
- Apóstolo da nossa confissão (Hb 3.1), da Salvação (Hb 2.10);
- Autor da Vida (At 3.15);
- Autor e Consumador da Fé (Hb 12.2);
- Bem-aventurado e único soberano (1 Tm 6.15);
- Braço do Senhor (Is 5.19; 53.1);
- Cabeça da Igreja (Ef 1,22);
- Chefe (Is 55.4);
- Consolação de Israel (Lc 2.25);
- Cordeiro de Deus (Jo 1.29);
- Criador (Jo 1.3);
- Cristo de Deus (Lc 9.20);
- Desejado de todas as nações (Ag 2.7);
- Deus bendito (Rm 9.5);
- Deus Unigênito (Jo 1.18);
- Deus (Is 40.3);
- Emanuel (Is 7.14);
- Eu Sou (Jo 8.58);
- Filho Amado (Mt 12.18);
- Filho de Davi (Mt 1.1);
- Filho de Deus (Mt 2.15);
- Filho do Altíssimo (Lc 1.32);
- Filho do Homem (Mt 8.20);
- Filho do Deus Bendito (Mc 14.61);
- Glória do Senhor (Is 40.5);
- Grande Sumo Sacerdote (Hb 4.14);
- Guia (Mt 2.6);
- Herdeiro de todas as coisas (Hb 1.2);
- Homem de dores (Is 53.3);
- Imagem de Deus (2 Co 4.4);
- Jesus de Nazaré (Mt 21.11);
- Jesus (Mt 1.21);
- Juiz de Israel (Mq 5.1);
- Justiça nossa (Jr 23.6);
- Justo (At 7.52);
- Leão da Tribo de Judá (Ap 5.5);
- Legislador (Is 33.22);
- Mediador (1 Tm 2.5);
- Mensageiro da Aliança (Ml 3.1);
- Messias, o Ungido (Dn 9.25, Jo 1.41);
- Nazareno (Mt 2.23);
- Nossa Páscoa (1 Co 5.7);
- Pão da Vida (Jo 6.35);
- Pai Eterno (Is 9.6);
- Pastor e Bispo das Almas (1 Pe 2.25);
- Pedra Angular (Sl 118.22);
- Poderoso de Jacó (Is 60.16);
- Poderoso Salvador (Lc 1.69);
- Precursor (Hb 6.20);
- Primogênito (Ap 1.5);
- Príncipe dos Pastores (1 Pe 5.4);
- Princípio da Criação de Deus (Ap 3.14);
- Profeta (Lc 24.19);
- Raiz de Davi (Ap 22.16);
- Redentor (Jó 19.25);
- Rei dos reis (1 Tm 6.15);
- Rei dos santos (Ap 15.3);
- Rei dos Judeus (Mt 2.2);
- Rei dos séculos (1 Tm 1.17);
- Rei (Zc 9.9);
- Renovo (Is 4.2);
- Resplandecente Estrela da Manhã (Ap 22.16);
- Rocha (1 Co 10.4);
- Rosa de Sarom (Ct 2.1);
- Santo de Deus (Mc 1.24);
- Santo de Israel (Is 41.14);
- Santo servo (At 4.27);
- Santo (At 3.14);
- Semente da mulher (Gn 3.15);
- Senhor da glória (1 Co 2.8);
- Senhor de todos (At 10.36);
- Senhor Deus (Is 26.4);
- Senhor dos senhores (1 Tm 6.15);
- Siló (Gn 49.10);
- Soberano dos reis (Ap 1.5);
- Sol da justiça (Ml 4.2);
- Sol nascente (Lc 1.78);
- Testemunha fiel (Ap 1.5);
- Testemunho (Is 55.4);
- Todo-Poderoso (Ap 1.8);
- Verbo de Deus (Ap 19.13);
- Verbo (Jo 1.1);
- Verdade (Jo 1.14);
- Doador do Espírito Santo (Mt 3.11);
- Primeiro e Último (Is 41.4);
- Fundamento da Igreja (Mt 16.18);
- Onipresente, Onipotente e Onisciente (Ef 1.20-23; Ap 1.8; Jo 21.17);
- Santificador (Hb 2.11);
- Mestre (Lc 21.15);
- Inspirador dos profetas (1 Pe 1.17);
- Supridor de Ministros à Igreja (Ef 4.11);
- Salvador (Tt 3.4-6).
5) SUA PREEXISTÊNCIA
Jesus afirma sua eternidade quando
diz: “... antes que Abraão existisse, EU SOU” (Jo 8.58) e também quando diz:
“Eu sou o Alfa e o Ômega” (Ap 22.13). Preexistência confirmada e provada pelo
Antigo e Novo Testamento (Mq 5.2; Is 9.6; Jo 1.1; Jo 8.58; 1 Pe 1.20).
a) Preexistência eterna do Verbo como Deus:
- O Verbo de Deus sempre existiu;
- Sempre esteve ligado intimamente com o Pai (Eu e o Pai somos um);
- Esteve presente na criação (façamos);
- Se manifestou na confusão de línguas em Babel e separou a humanidade por grupos conforme as línguas criadas (confundamos);
- No seu batismo, a sua paternidade foi confirmada pelo Pai (Mt 3.17).
6) SUA ENCARNAÇÃO
Embora a palavra não ocorra de
maneira explicita na Bíblia, a Igreja tem empregado o termo encarnação para
referir-se ao fato de que Jesus era Deus em carne humana. A encarnação foi
o ato pelo qual Deus filho assumiu a natureza humana (1 Tm 3.16; 1
Jo 4.2; Cl 1.22; Ef 2.15;).
a) Necessidade da encarnação virginal
- Consumar o plano de Salvação que elaborado na eternidade e que será concretizado na plenitude do tempo (Gn 3.15; Gl 4.4; Ap 13.8). Este plano exigia um Redentor com ambas as naturezas, a divina e a humana, pois devia ser Deus para ter o poder para redimir e deveria ser homem para sofrer em lugar dos que seriam redimidos, com isto se identificaria com a humanidade e lhe mostraria as muitas possibilidades;
- Manifestar o Emanuel (Is 7.14; 9.6) para exercer plenamente os três ministérios do Antigo Testamento: Profeta, Sacerdote e Rei;
- Revelar no Calvário a expressão maior do amor de Deus (Jo 3.16);
A natureza decaída da mãe foi
divinamente evitada. A do pai sequer foi usada. Jesus teve mãe na Terra e Pai
no céu e não pai na Terra e mãe no céu.
7) NATUREZAS DE JESUS
A pessoa de Cristo encarnado incluía
sua Divindade plenamente mantida (100% Deus) e s perfeita humanidade (100%
homem). Uma união em uma pessoa para sempre (Deus e homem). Jesus terá um corpo
com aparência humana para sempre. Depois da ressurreição Ele tinha a aparência
de um homem (Jo 20.15; 21.4-5). Hoje, está no céu como homem (1 Tm 2.5).
Voltará como homem (Mt 16.27-28; 25.31; 26.64-65). Julgará como homem (At
17.31).
a) Natureza divina e humana
- União das duas naturezas (divina e humana) em uma única pessoa;
- A encarnação não divinizou a natureza humana e nem humanizou a natureza divina;
- As naturezas humana e divina não entraram em conflito (mesmo com tentativas do Maligno, principalmente na cruz, “desce, se você é o Filho de Deus, desce”);
- Durante o ministério de Jesus houve manifestação das naturezas humana e divina concomitantemente.
b) Operações simultâneas das naturezas (humana e divina):
- Nascimento em humildade (Lc 2.12; II Cor 8.9) – natureza humana;
- Honras recebidas dos anjos (Lc 2.9-14) – natureza divina;
- Sua prisão no Getsêmani (Jo 18.1-3, 12-13) – natureza humana;
- Ao identificar-se aos soldados, dizendo: “Eu Sou”, restituindo aquilo que era do servo do sumo sacerdote, a orelha, (Jo 18.6; Lc 22.51) – natureza divina;
- No episodio da ressurreição de Lázaro, quando disse: “onde o puseste? (Jo 11.34) – natureza humana, pois pela divina saberia onde ele estava;
- Seu choro pela morte de Lázaro (Jo 11.35) – natureza humana;
- Quando pediu para tirar a pedra (Jo 11.39) – natureza humana, já que a pedra poderia sair correndo apenas como uma palavra Dele;
- Em sua oração, antes da ressurreição, (Jo 11.41-42) – natureza humana, dependente da oração e da atuação do Espírito Santo (Mc 1.35; Lc 22.41-45; Jo 6.15; Hb 5.7; At 10.38);
- Quando clamou para que Lázaro viesse para fora (Jo 11.43) – natureza divina, “haja luz, haja vida” (cfe Gn 1.1-3);
- Ele chamou pelo nome, Lázaro, teve o cuidado para não despertar os outros mortos, pois se dissesse: “Morto, saia para fora”, todos viriam. Jesus queria somente Lázaro – natureza divina.
8) SUA HUMANIDADE
Jesus enquanto homem estava
subordinado ao Pai. Contudo essa subordinação é de ofício, operação (Jesus veio
para fazer a vontade do Pai), mas ela não é de essência-poder. Jesus Cristo não
é menor que o Pai. Ele possuía um corpo humano (Lc 2.7; 1 Tm 2.5), foi nascido
de mulher (Gl 4.4), sujeito ao crescimento (Lc 2.52), possuía uma mente humana
(Lc 2.40), pode ser visto e tocado por homens (1 Jo 1.1; Mt 26.12), sem pecado
(Hb 4.15) e sujeito às limitações humanas, fome (Mt 4.2), sede (Jo 19.28), cansaço
(Jo 4.6), tristeza (Jo 11.35), tentação (Hb 4.15), sono (Mt 8.24) e morte (Mt
27.50; Jo 19.34).
9)
SUA DIVINDADE
O próprio nome de Jesus prova sua
divindade:
- O nome Jesus é a forma grega do hebraico, Jehoshua, Joshua (Josué 1.1); Zc 3.1), ou Jeshua (forma normalmente usada nos livros históricos pós-exílio), que significa salvação ou redenção. Afirma-se que este nome é derivado de Jeho (Jehova) e shua (socorro);
- Cristo, nome oficial do Messias, equivale a Maschiach (ungido) do Antigo Testamento.
10) A VIDA TERRENA
Ainda que o Novo Testamento seja
claro em afirmar que Jesus era plenamente humano exatamente como nós, também
afirma que Jesus era diferente em um aspecto importante. Ele era isento de
pecado e jamais cometeu um pecado durante sua vida. A natureza humana de Jesus
era a mesma de Adão antes do pecado. O que nos mostra que Ele poderia pecar,
mas por possuir uma natureza divina, então Ele não pecou.
Fonte: Apostila Curso Básico de Teologia do SETEM – Seminário Teológico Manancial. Elaboração: Pb. Ailton da Silva
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