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segunda-feira, 3 de maio de 2021

Teologia Sistemática - aula 03

IV – CRISTOLOGIA (DOUTRINA DE CRISTO)

1) CONCEITO

Cristologia é a doutrina da Igreja acerca da pessoa de Jesus como o Cristo. A Cristologia sempre ocupa lugar central num sistema cristão. Toda tentativa de remover a Cristologia de seu lugar central ameaça o cerne da fé cristã. Quem quer que olhe para Jesus, o Cristo, a partir da perspectiva do Novo Testamento, estará inevitavelmente situado dentro de um quadro de referência teocêntrico. Todo o ministério de Jesus era radicalmente teocêntrico.


Cristo é central tanto na ordem da criação quanto no âmbito da redenção. A fé cristã vê no testemunho apostólico de Jesus, o Cristo, o critério final da verdade acerca da natureza e identidade de Deus. Sendo assim, a própria pessoa de Jesus é teocêntrica em si mesma.

 

2) QUEM É JESUS?

O nome Jesus provém do hebraico "Jeshua" (Jeová salva). A palavra Cristo provém do hebraico "Massiah" (Ungido). Jesus Cristo é o Filho de Deus, a Segunda Pessoa da Trindade, o Deus Filho, o Verbo que se fez carne e habitou entre nós. Três dias após a Sua morte na cruz, ressuscitou e retornou ao Pai. Jesus é Deus e, como tal, possui os mesmos atributos de eternidade, onisciência, onipotência, onipresença e imutabilidade. Ele próprio se definiu afirmando. "Eu e o Pai somos um". Jesus participou da Criação (Gn 1.16; Jo 1.3; 21.17; Ef 1.20-23; Ap 1.8; Is 54.5; 9.6). Deus Filho, o Emanuel (O Deus poderoso está conosco e tabernaculou):

  • O Verbo se fez carne (tabernaculou, ficou preso em um tabernáculo de carne), optou por tabernacular em um templo de carne;
  • O Verbo se fez carne e não se transformou em carne;
  • O Filho de Deus virou Filho do homem;
  • Não houve mistura e nem confusão das substâncias (Espírito e carne). A substância única (Espírito) não se misturou à carne.

 

3) ORIGEM DE JESUS

Sempre existiu. Como se lê: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus... o Verbo se fez carne e habitou entre nós". Logo, o Verbo, Jesus, no princípio estava com Deus e era Deus. Então, Deus se fez homem e viveu como homem em nosso meio. Jesus sabia que havia saído de Deus e ia para Deus (Jo 13.3). O próprio Jesus afirmou que voltaria para o Pai e prepararia nosso lugar nos céus (Jo 14.2-4). Uma das mais objetivas afirmações sobre a eternidade de Jesus está em Isaías 9.6.

 

4) COMO A BÍBLIA APRESENTA JESUS

Os títulos, nomes e atributos de Jesus são:

  • Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz (Is 9.6);
  • Porta e Pastor (Jo 10.10);
  • Luz do mundo (Jo 8.12);
  • Caminho, Verdade e Vida (Jo 14.6); Libertador (Jo 8.36);
  • Videira Verdadeira (Jo 15.l);
  • Ressurreição e Vida (Jo 11.25);
  • Adão (1 Co 15.45);
  • Advogado (1 Jo 2.1);
  • Alfa e Ômega (Ap 1.8; 22.13);
  • Amém (Ap 3.14);
  • Apóstolo da nossa confissão (Hb 3.1), da Salvação (Hb 2.10);
  • Autor da Vida (At 3.15);
  • Autor e Consumador da Fé (Hb 12.2);
  • Bem-aventurado e único soberano (1 Tm 6.15);
  • Braço do Senhor (Is 5.19; 53.1);
  • Cabeça da Igreja (Ef 1,22);
  • Chefe (Is 55.4);
  • Consolação de Israel (Lc 2.25);
  • Cordeiro de Deus (Jo 1.29);
  • Criador (Jo 1.3);
  • Cristo de Deus (Lc 9.20);
  • Desejado de todas as nações (Ag 2.7);
  • Deus bendito (Rm 9.5);
  • Deus Unigênito (Jo 1.18);
  • Deus (Is 40.3);
  • Emanuel (Is 7.14);
  • Eu Sou (Jo 8.58);
  • Filho Amado (Mt 12.18);
  • Filho de Davi (Mt 1.1);
  • Filho de Deus (Mt 2.15);
  • Filho do Altíssimo (Lc 1.32);
  • Filho do Homem (Mt 8.20);
  • Filho do Deus Bendito (Mc 14.61);
  • Glória do Senhor (Is 40.5);
  • Grande Sumo Sacerdote (Hb 4.14);
  • Guia (Mt 2.6);
  • Herdeiro de todas as coisas (Hb 1.2);
  • Homem de dores (Is 53.3);
  • Imagem de Deus (2 Co 4.4);
  • Jesus de Nazaré (Mt 21.11);
  • Jesus (Mt 1.21);
  • Juiz de Israel (Mq 5.1);
  • Justiça nossa (Jr 23.6);
  • Justo (At 7.52);
  • Leão da Tribo de Judá (Ap 5.5);
  • Legislador (Is 33.22);
  • Mediador (1 Tm 2.5);
  • Mensageiro da Aliança (Ml 3.1);
  • Messias, o Ungido (Dn 9.25, Jo 1.41);
  • Nazareno (Mt 2.23);
  • Nossa Páscoa (1 Co 5.7);
  • Pão da Vida (Jo 6.35);
  • Pai Eterno (Is 9.6);
  • Pastor e Bispo das Almas (1 Pe 2.25);
  • Pedra Angular (Sl 118.22);
  • Poderoso de Jacó (Is 60.16);
  • Poderoso Salvador (Lc 1.69);
  • Precursor (Hb 6.20);
  • Primogênito (Ap 1.5);
  • Príncipe dos Pastores (1 Pe 5.4);
  • Princípio da Criação de Deus (Ap 3.14);
  • Profeta (Lc 24.19);
  • Raiz de Davi (Ap 22.16);
  • Redentor (Jó 19.25);
  • Rei dos reis (1 Tm 6.15);
  • Rei dos santos (Ap 15.3);
  • Rei dos Judeus (Mt 2.2);
  • Rei dos séculos (1 Tm 1.17);
  • Rei (Zc 9.9);
  • Renovo (Is 4.2);
  • Resplandecente Estrela da Manhã (Ap 22.16);
  • Rocha (1 Co 10.4);
  • Rosa de Sarom (Ct 2.1);
  • Santo de Deus (Mc 1.24);
  • Santo de Israel (Is 41.14);
  • Santo servo (At 4.27);
  • Santo (At 3.14);
  • Semente da mulher (Gn 3.15);
  • Senhor da glória (1 Co 2.8);
  • Senhor de todos (At 10.36);
  • Senhor Deus (Is 26.4);
  • Senhor dos senhores (1 Tm 6.15);
  • Siló (Gn 49.10);
  • Soberano dos reis (Ap 1.5);
  • Sol da justiça (Ml 4.2);
  • Sol nascente (Lc 1.78);
  • Testemunha fiel (Ap 1.5);
  • Testemunho (Is 55.4);
  • Todo-Poderoso (Ap 1.8);
  • Verbo de Deus (Ap 19.13);
  • Verbo (Jo 1.1);
  • Verdade (Jo 1.14);
  • Doador do Espírito Santo (Mt 3.11);
  • Primeiro e Último (Is 41.4);
  • Fundamento da Igreja (Mt 16.18);
  • Onipresente, Onipotente e Onisciente (Ef 1.20-23; Ap 1.8; Jo 21.17);
  • Santificador (Hb 2.11);
  • Mestre (Lc 21.15);
  • Inspirador dos profetas (1 Pe 1.17);
  • Supridor de Ministros à Igreja (Ef 4.11);
  • Salvador (Tt 3.4-6).


5) SUA PREEXISTÊNCIA

Jesus afirma sua eternidade quando diz: “... antes que Abraão existisse, EU SOU” (Jo 8.58) e também quando diz: “Eu sou o Alfa e o Ômega” (Ap 22.13). Preexistência confirmada e provada pelo Antigo e Novo Testamento (Mq 5.2; Is 9.6; Jo 1.1; Jo 8.58; 1 Pe 1.20).

a) Preexistência eterna do Verbo como Deus:

  • O Verbo de Deus sempre existiu;
  • Sempre esteve ligado intimamente com o Pai (Eu e o Pai somos um);
  • Esteve presente na criação (façamos);
  • Se manifestou na confusão de línguas em Babel e separou a humanidade por grupos conforme as línguas criadas (confundamos);
  • No seu batismo, a sua paternidade foi confirmada pelo Pai (Mt 3.17).

 

6) SUA ENCARNAÇÃO

Embora a palavra não ocorra de maneira explicita na Bíblia, a Igreja tem empregado o termo encarnação para referir-se ao fato de que Jesus era Deus em carne humana. A encarnação foi o ato pelo qual Deus filho assumiu a natureza humana (1 Tm 3.16; 1 Jo 4.2; Cl 1.22; Ef 2.15;).

a) Necessidade da encarnação virginal

  • Consumar o plano de Salvação que elaborado na eternidade e que será concretizado na plenitude do tempo (Gn 3.15; Gl 4.4; Ap 13.8). Este plano exigia um Redentor com ambas as naturezas, a divina e a humana, pois devia ser Deus para ter o poder para redimir e deveria ser homem para sofrer em lugar dos que seriam redimidos, com isto se identificaria com a humanidade e lhe mostraria as muitas possibilidades;
  • Manifestar o Emanuel (Is 7.14; 9.6) para exercer plenamente os três ministérios do Antigo Testamento: Profeta, Sacerdote e Rei;
  • Revelar no Calvário a expressão maior do amor de Deus (Jo 3.16);

 

A natureza decaída da mãe foi divinamente evitada. A do pai sequer foi usada. Jesus teve mãe na Terra e Pai no céu e não pai na Terra e mãe no céu.

 

7) NATUREZAS DE JESUS

A pessoa de Cristo encarnado incluía sua Divindade plenamente mantida (100% Deus) e s perfeita humanidade (100% homem). Uma união em uma pessoa para sempre (Deus e homem). Jesus terá um corpo com aparência humana para sempre. Depois da ressurreição Ele tinha a aparência de um homem (Jo 20.15; 21.4-5). Hoje, está no céu como homem (1 Tm 2.5). Voltará como homem (Mt 16.27-28; 25.31; 26.64-65). Julgará como homem (At 17.31).

a) Natureza divina e humana

  • União das duas naturezas (divina e humana) em uma única pessoa;
  • A encarnação não divinizou a natureza humana e nem humanizou a natureza divina;
  • As naturezas humana e divina não entraram em conflito (mesmo com tentativas do Maligno, principalmente na cruz, “desce, se você é o Filho de Deus, desce”);
  • Durante o ministério de Jesus houve manifestação das naturezas humana e divina concomitantemente.

b) Operações simultâneas das naturezas (humana e divina):

  • Nascimento em humildade (Lc 2.12; II Cor 8.9) – natureza humana;
  • Honras recebidas dos anjos (Lc 2.9-14) – natureza divina;
  • Sua prisão no Getsêmani (Jo 18.1-3, 12-13) – natureza humana;
  • Ao identificar-se aos soldados, dizendo: “Eu Sou”, restituindo aquilo que era do servo do sumo sacerdote, a orelha, (Jo 18.6; Lc 22.51) – natureza divina;
  • No episodio da ressurreição de Lázaro, quando disse: “onde o puseste? (Jo 11.34) – natureza humana, pois pela divina saberia onde ele estava;
  • Seu choro pela morte de Lázaro (Jo 11.35) – natureza humana;
  • Quando pediu para tirar a pedra (Jo 11.39) – natureza humana, já que a pedra poderia sair correndo apenas como uma palavra Dele;
  • Em sua oração, antes da ressurreição, (Jo 11.41-42) – natureza humana, dependente da oração e da atuação do Espírito Santo (Mc 1.35; Lc 22.41-45; Jo 6.15; Hb 5.7; At 10.38);
  • Quando clamou para que Lázaro viesse para fora (Jo 11.43) – natureza divina, “haja luz, haja vida” (cfe Gn 1.1-3);
  • Ele chamou pelo nome, Lázaro, teve o cuidado para não despertar os outros mortos, pois se dissesse: “Morto, saia para fora”, todos viriam. Jesus queria somente Lázaro – natureza divina.

 

8) SUA HUMANIDADE

Jesus enquanto homem estava subordinado ao Pai. Contudo essa subordinação é de ofício, operação (Jesus veio para fazer a vontade do Pai), mas ela não é de essência-poder. Jesus Cristo não é menor que o Pai. Ele possuía um corpo humano (Lc 2.7; 1 Tm 2.5), foi nascido de mulher (Gl 4.4), sujeito ao crescimento (Lc 2.52), possuía uma mente humana (Lc 2.40), pode ser visto e tocado por homens (1 Jo 1.1; Mt 26.12), sem pecado (Hb 4.15) e sujeito às limitações humanas, fome (Mt 4.2), sede (Jo 19.28), cansaço (Jo 4.6), tristeza (Jo 11.35), tentação (Hb 4.15), sono (Mt 8.24) e morte (Mt 27.50; Jo 19.34).

 

9) SUA DIVINDADE

O próprio nome de Jesus prova sua divindade:

  • O nome Jesus é a forma grega do hebraico, Jehoshua, Joshua (Josué 1.1); Zc 3.1), ou Jeshua (forma normalmente usada nos livros históricos pós-exílio), que significa salvação ou redenção. Afirma-se que este nome é derivado de Jeho (Jehova) e shua (socorro);
  • Cristo, nome oficial do Messias, equivale a Maschiach (ungido) do Antigo Testamento.

 

10) A VIDA TERRENA

Ainda que o Novo Testamento seja claro em afirmar que Jesus era plenamente humano exatamente como nós, também afirma que Jesus era diferente em um aspecto importante. Ele era isento de pecado e jamais cometeu um pecado durante sua vida. A natureza humana de Jesus era a mesma de Adão antes do pecado. O que nos mostra que Ele poderia pecar, mas por possuir uma natureza divina, então Ele não pecou. 

Fonte: Apostila Curso Básico de Teologia do SETEM – Seminário Teológico Manancial. Elaboração: Pb. Ailton da Silva

Por: Ailton da Silva - 11 anos (Ide por todo mundo)

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