11) A MORTE DE JESUS
É simplesmente natural que, quando
falamos da morte de Cristo temos
que mencionar a morte física, isto é, a separação de corpo e alma. Ao
mesmo tempo, devemos lembrar que isto não esgota a ideia da morte apresentada
na Escritura. Jesus esteve sujeito à morte, era um homem de dores e sabia o que
é padecer. Quando o juiz condenou o inocente, impôs sentença ao representante
do mais elevado poder judicial do mundo, exercendo as suas funções pela graça
de Deus e ministrando a justiça em nome de Deus. A sentença de Pilatos foi
também sentença de Deus, embora sobre bases inteiramente diferentes. É também
significativo que Jesus não foi decapitado, nem mortalmente apedrejado. A
crucificação não era uma forma judaica de castigo, mas, sim, romana. Era
considerada tão infame e ignominiosa, que não podia ser aplicada a cidadãos
romanos.
12) O SEPULTAMENTO DO SALVADOR
Pareceu que a morte de Cristo foi o
derradeiro estágio de Sua humilhação, principalmente em vista de uma das suas
últimas palavras na cruz: “Está consumado”. Mas, com toda a probabilidade, esse
pronunciamento se refere ao Seu sofrimento ativo, isto é, ao sofrimento no qual
Ele teve parte ativa. Este de fato se consumou quando Ele morreu. É evidente
que o Seu sepultamento também fez parte de Sua humilhação. O sepultamento de
Jesus não serve apenas para provar que Jesus estava realmente morto, mas também
para remover os terrores do sepulcro para os remidos.
O sepultamento de Jesus foi um ato público, de conhecimento dos romanos, aprovado por Pilatos, num sepulcro novo, de uma pessoa importante com ajuda de José de Arimatéia e Nicodemos, aberto em uma rocha, fechado e selado com uma grande pedra, que era um costume da época.
13) A RESSURREIÇÃO
A ressurreição de Cristo não
constituiu no mero fato de que Ele retornou à vida, dando-se a reunião do corpo
e a alma. Se isso fosse tudo que ela envolveu, Cristo não poderia ser chamado
“as primícias dos que dormem”, (1 Co 15.20), nem “o primogênito de entre os
mortos” (Cl 1.18; Ap 1.5). O corpo de
Jesus passou por notável mudança, de modo que Ele não podia ser facilmente
reconhecido e podia aparecer e desaparecer de repente, de maneira surpreendente
(Lc 24.31; 36; Jo 20.13, 19; 21.7), mas ainda era um corpo material e muito
real (Lc 24.39). A ressurreição de Cristo tem significação tríplice:
- É a declaração do Pai de que o último inimigo tinha sido vencido, a pena tinha sido cumprida, e tinha sido satisfeita a condição em que a vida fora prometida;
- É o símbolo daquilo que estava destinado a suceder aos membros do corpo místico de Cristo em sua justificação, em seu nascimento espiritual e em sua bendita ressurreição futura (Rm 6.4, 5, 9; 8.11; 1 Co 6.14; 15.20-22; 2 Co 4.10, 11, 14; Cl 2.12; 1 Ts 4.14);
- Relacionou-se também instrumentalmente com a justificação, a regeneração e a ressurreição final dos crentes, Rm 4.25; 5.10; Ef 1.20; Fp 3.10; 1 Pe 1.3.
A ressurreição é o ressurgimento, reanimação, um recomeço, o retorno da morte para a vida. A ressurreição de Jesus é o combustível que move o cristianismo e que dá sentido a fé cristã e a distingue das outras religiões. Este foi o primeiro e o ultimo caso de autorressurreição da história. Algumas civilizações antigas associavam à ressurreição as estações do ano, pois no outono e inverno as vegetações desapareciam e boa parte dos animas hibernavam, dando ideia de fim do ciclo da vida, mas na primavera e verão tudo voltava ao normal. Como a maioria destas civilizações era idolatras alimentavam a ideia da ressurreição como mito, como uma sequência da morte e ressurgimento dos seus deuses. A ressurreição advertiu o pecador e selou a condenação do maligno.
14) O AUTOR DA RESSURREIÇÃO
Em distinção dos outros que
ressuscitaram dos mortos, Cristo ressurgiu por Seu próprio poder. Ele falou de
Si mesmo como a ressurreição e a vida (Jo 11.25), declarou que tinha o poder de
entregar a Sua vida e de retoma-la, (Jo 10.18) e até predisse que reedificaria
o templo do Seu corpo (Jo 2.19-21). Mas a ressurreição não foi uma realização
unicamente de Cristo; frequentemente é atribuída, na escritura, ao poder de
Deus em geral (At 2.24; 32; 3.26; 5.30; 1 Co 6.14; Ef 1.20), ou mais
particularmente, ao Pai (Rm 6.4; Gl 1.1; 1 Pe 1.3). E se a ressurreição pode
ser chamada obra de Deus, segue-se que o Espírito Santo também agiu nela.
15) TEORIAS FALSAS SOBRE A
RESSURREIÇÃO
- Teoria da falsidade: Afirmam que os discípulos praticaram fraude deliberada, roubando o corpo do túmulo e depois declarando que o Senhor ressuscitara. Os soldados que vigiavam o sepulcro foram instruídos para fazer circular aquela história. É claro que esta teoria impugna a veracidade das primeiras testemunhas, os apóstolos, as mulheres, os quinhentos irmãos, e outros, mas é extremamente improvável que os desanimados discípulos tivesses a coragem de impingir tal falsidade ao mundo hostil;
- Teoria do desmaio: Segundo essa teoria, Jesus não morreu de fato, mas apenas desfaleceu, conquanto se pensasse que Ele estava realmente morto. Mas como Jesus, em Seu estado de exaustão, rolou a pedra que tapava o túmulo e depois ir de Jerusalém a Emaús e voltar?
- Teoria da visão: Na excitação do seu estado mental, os discípulos se fixavam tanto no Salvador e na possibilidade do Seu retorno a eles, que por fim pensaram realmente que O viram. A faísca foi lançada pela temperamental e excitável Maria Madalena, e logo a chama se acendeu e se espalhou;
- Teoria do erro (15.47): as mulheres observaram de longe onde eles o sepultaram e pelas descrições do túmulo seria muito difícil elas errarem o local. Então porque os romanos e judeus não mostraram o “verdadeiro túmulo”. No caso da teoria do erro bastava apresentar o tumulo correto e com isso provariam que aquelas mulheres haviam errado o tumulo. Defendiam com tanta veemência estas teorias que se esqueceram de prová-las;
- Teoria da Caxemira ou do resgate: Mesmo se Jesus tivesse se recuperado fisicamente de todo o sofrimento como conseguiria abrir o túmulo sozinho? Ou como os discípulos removeriam a pedra por fora sem serem notados pela guarda romana? E se realmente os discípulos tivessem resgatado Jesus como manteria uma mentira por tanto tempo sem caírem em contradição, pois em todas as suas pregações, em locais públicos, eles atestavam à ressurreição (At 2”32; 3”15; 4”10; 10”40; 13”30-37).
16) TESTEMUNHAS DA RESSURREIÇÃO
- Maria Madalena (Jo 20.11-17);
- As mulheres (Mt 28.9-10);
- Pedro (1 Co 15.5);
- Discípulos no caminho de Emaús (Lc 24.13-35);
- Dez discípulos (Lc 24.36-43);
- Onze discípulos (Jo 20.26-29);
- Sete discípulos junto ao mar da Galileia (Jo 21.1-23).
- Mais de 500 pessoas (1 Co 15.6);
- Durante sua ascensão (Mt 28.16-20);
- Paulo (1 Co 15.8).
17) NATUREZA DO CORPO RESSURRETO
- Era um corpo real (Jo 20.20);
- Não era uma ressurreição como a de Lázaro (Jo 11);
- Cristo se tornou as primícias de um novo tipo de vida humana (1 Co 15.20-23);
- Foi transformado de modo a nunca mais ser sujeito à morte e a limitações (Rm 6.9).
18) SUA ASCENSÃO
A transição de Cristo para a vida
superior na glória começou na ressurreição e foi aperfeiçoada na ascensão. Não
significa que a ascensão é destituída de significado independente. Mas, embora
as provas bíblicas da ascensão não sejam tão abundantes como as da
ressurreição, são mais que suficientes (Lc 24.50-53; At 1.6-11; Jo 6.62; 14.2,
12; 16.5, 10, 17, 28; 17.5; 20.17; Ef 1.20; 4.8-10; 1 Tm 3.16).
19)
SIGNIFICADO DA ASCENSÃO
- Fim do período de limitação que Cristo se sujeitou;
- Exaltação (Ef 1.20-23; 1 Pe 3.22; Fp 2.9);
- Precursor (Hb 6.20);
- Início de Seu ministério sumo sacerdotal (Hb 4.14-16);
- Preparação de um lugar para Seu povo (Jo 4.2);
- Senhorio sobre a Igreja (Cl 1.18).
20) A VISÃO DO CRISTO
GLORIFICADO
Após
a ressurreição e ascensão, o corpo de Jesus foi glorificado, bem diferente da visão
de Isaías:
- Raiz de uma terra seca, sem formosura e beleza;
- Os homens escondiam seus rostos;
- Não havia beleza para que o desejássemos;
- Desprezado, rejeitado, homem de dores;
- Tomou sobre si nossas enfermidades, dores e aflições. O ferido de Deus, oprimido;
- Não fizemos caso dele;
- Moído pelas nossas transgressões, foi oprimido e afligido, mas não abriu a boca;
- Como um cordeiro mudo foi levado ao matadouro;
- Foi cortado da terra dos viventes (mas não da glória).
A
visão de João:
- Vestes longas e peito cingido com cinto de ouro (justiça e fidelidade);
- Cabelos alvos, o Ancião de Dias, eterno (Dn 7.9), sábio e puro em suas sentenças. Não estavam manchados pelo sangue da cruz;
- Olhos como chama de fogo (Ap 1.14), conhecimento, discernimento infalível. Não estavam inchados como na cruz;
- Pés semelhantes ao latão ou bronze reluzente (Ap 1.15), como que refinados em uma fornalha, representando a sua retidão no cumprimento de sua função judicial, o justo juiz. Não estavam marcados pelos pregos ou manchados pelo sangue;
- Voz como de muitas águas, limpa, nítida, suave, afinada como uma trombeta. Não era uma voz rouca, como na cruz quando estava sedento;
- Em sua mão direita tinha sete estrelas (poder, controle e honra), Mãos fortes, que todo este tempo seguraram a Igreja e não mais aquelas furadas e manchadas pelo sangue;
- De sua boca saia uma espada afiada de dois gumes (Ap 1.16), sua própria Palavra (Hb 4.12);
- Seu rosto brilhava como o sol no auge de sua força (Ap 1.16). Seu rosto não estava desfigurado como na cruz.
21) MINISTÉRIO ATUAL
- O último Adão e a Nova Criação (1 Co 15.45; 2 Co 5.17). Significado: Cristo como o doador da vida, aquele que pagou o preço do pecado original e deu início a nova raça humana;
- Cristo, Cabeça e a Igreja. Significado: Direção, sustento, concessão de dons espirituais;
- Pastor e ovelhas (Jo 10.10). Significado: Direção e cuidado.
- Videira e ramos (Jo 15). Significado: Produção de fruto espiritual.
- Pedra angular e pedras do edifício (1 Co 3.11; 1 Pe 2.4-8). Significado: Fundamento de nossa existência, vida e segurança.
- Sumo sacerdote e sacerdócio real (1 Pe 2.5-9). Significado: Sacrifício e intercessão;
- Noivo e noiva (Ef 5.25-27). Significado: prontidão e santidade.
22) A SEGUNDA VINDA DE JESUS
Dividida em duas fases, a primeira para arrebatar a
Igreja (1 Ts 4.17) e a segunda será em sua manifestação visível para julgar as
nações e prender a Satanás (Ap 1.7).
23) OS OFÍCIOS DE JESUS
É costume falar de três ofícios com
relação à obra de Cristo, a saber, os
ofícios profético, sacerdotal e real. Jesus foi
Profeta (passado – Dt
18.18-19), Sacerdote (presente – Hb 2.16; 4.15) e Rei (futuro – Gn 49.10; 2 Sm
7.8). Jesus foi o único que conseguiu cumprir o tríplice ministério. É Rei,
Profeta e Sacerdote. Saul foi rei, profeta e tentou ser sacerdote. Samuel foi
profeta, sacerdote, mas não foi rei.
24) FALSAS TEORIAS SOBRE JESUS
- Gnosticismo: matéria má, enquanto que o espirito era a parte boa;
- Apolinarismo: Jesus não tinha espírito humano;
- Monofisismo: atribuía uma natureza híbrida a Jesus;
- Ebionismo: Jesus era profeta, mas não era Deus;
- Nestorianismo: dormindo era homem e acordado era Deus;
- Kenoticismo: Jesus não era Deus, pois havia se esvaziado da glória.
“Não foi o Cristo que veio para a carne de
Jesus, foi o próprio Cristo que veio em carne”. Quem negar isto, tal não é de
Deus.
25) DIFERENTES ÊNFASES SEGUNDO OS
QUATRO EVANGELISTAS
a) Mateus:
- Apresentou Jesus como: o rei, o Forte, o Leão da tribo de Judá;
- Público alvo: os judeus
- Como Jesus se portou: o Renovo, o Justo. O trono não estava vazio;
- Linha do tempo: tempo profético cumprido;
- Característica marcante da época: os judeus não queriam dar a outra face, Jesus deu.
b) Marcos:
- Apresentou Jesus como: o Servo, o Trabalhador obediente (até a morte);
- Público alvo: os romanos;
- Como Jesus se portou: o Renovo, o Exemplo, o Fiel;
- Linha do tempo: tempo prático (o começo do trabalho de evangelização)
- Característica marcante da época: os romanos queriam que Jesus reagisse durante o flagelo.
c) Lucas:
- Apresentou Jesus como: o Homem Perfeito;
- Público alvo: os gregos;
- Como Jesus se portou: o Homem Perfeito, o Renovo. De onde não se esperava é que veio a salvação.
- Linha do tempo: início do registro da história;
- Característica marcante da época: os gregos não entendiam como um Deus poderia se encarnar, amar e morrer pela humanidade.
d) João:
- Apresentou Jesus como: o Deus Forte, o Verbo de Deus, que veio para os seus;
- Público alvo: o mundo todo;
- Como Jesus se portou: o Renovo do Senhor;
- Linha do tempo: tempo espiritual, de evangelização;
- Característica marcante da época: Deus encarnou, amou e habitou entre os homens.
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