Continuação...
O mais importante
e bonito destas inversões é que elas não foram simples troca de posições, pelo
contrário, pois tiveram um significado bem mais profundo, uma vez que
representaram a escolha de homens e a eleição de uma nação.
No caso de Isaque
e Ismael, a intervenção de Deus foi necessária para que o erro de Sara, quando
incluiu uma terceira pessoa no plano de Deus, fosse reparado.
A inversão da primogenitura
ocorreu logo após Isaque ser desmamado, quando Agar e Ismael foram despedidos,
por terem zombado do então filho único de Abraão, que foi contrário a expulsão,
a principio, mas depois recebeu a confirmação de que era necessária aquela
atitude enérgica.
Isto aconteceu
antes do sacrifício imperfeito não consumado de Isaque no monte Moriá, fato que
fatalmente amargurou os corações de Abraão e Sara, pois devem ter pensado que
Deus estivesse cobrando deles, o fato de terem despedido mãe e filho.
No caso de Jacó e
Esaú, os problemas foram motivados pelas disputas entre dois irmãos, que desde
o ventre, já se mostravam rivais. Gêmeos separados por fração de segundos no
nascimento deram valores diferentes a primogenitura, um desejava demais e o
outro desprezava.
No caso de Jacó,
a inversão da primogenitura dos filhos aconteceu devido a incapacidade
explicita de criar seus filhos em condições iguais, por isto foi necessário que
Deus agisse em duas fases, primeiro revelando a José que o exaltaria e depois retirando-o
do meio deles.
No caso de Ruben, a inversão foi
necessária, pois o primogênito profanou a casa de seu pai, por isto não reunia
condições morais e psicológicas para herdar a maior de todas as bênçãos. Seu
irmão Judá herdou este direito, mesmo se envolvendo com a sua nora Tamar, sem
saber que estava disfarçada de prostituta. Na verdade, ela desejava somente
prover a família de um herdeiro legítimo, já que seus maridos anteriores, Er e
Onã, morreram sem gerar filhos. O resultado deste plano audacioso de Tamar foi
a inclusão Perez, seu filho, na genealogia de Jesus.
No caso de
Manassés e Efraim a inversão foi necessária, pois Deus quis mostrar que as
nossas grandezas de tempo, espaço, convenções, determinações, escolhas, valores
e principalmente esquemas não afetam a sua soberania, o seu caráter e, tampouco
influenciam em suas decisões.
José, sabendo da
limitação física de seu pai, preparou todo o plano antes, para que quando seus
filhos entrassem no quarto do avô, recebessem as suas respectivas bênçãos. O
primogênito ficaria a direita e o mais novo à esquerda, porém na hora de
abençoar Deus permitiu que Jacó cruzasse seus braços e invertesse as bênçãos,
para mostrar que não se sujeita aos esquemas humanos, e desta forma, Efraim
recebeu as bênçãos reservadas ao primogênito.
Todas as
inversões foram necessárias e nenhuma delas surtiu efeito contrário ao que Deus
desejava, pois todos os objetivos foram alcançados.
A intenção de
Deus era revolucionar o conceito de primogenitura, pois desde o inicio a humanidade
não entendeu o seu real significado.
Uma valorização,
desnecessária, para o primeiro filho em detrimento dos outros e um sentimento
de inferioridade diante de uma situação irreversível, pelo menos para o homem.
Deus sempre
primou pela igualdade entre os homens, tanto que sua intenção foi mostrar que o
direito da primogenitura seria algo bem mais sério do que somente a ordem de
nascimento.
A ordem de
nascimento não era o que mais importava, o que Deus desejava era encontrar
verdadeiros adoradores para agradá-lo.
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