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domingo, 4 de julho de 2021

Os patriarcas. Coincidências ou repetições da história? – Capítulo 5

Coincidências ou repetições da história?

Deus havia prometido para Abraão uma nação, mas o patriarca teve que suar e enfrentar muitas lutas. Largou tudo e todos, enfrentou uma longa caminhada para então avistar suas futuras terras.

Para Jacó, filho de Isaque, a promessa foi de proteção, reconciliação, segurança e seguida de muitas bênçãos materiais, porém foram árduos e longos os anos de trabalho, à base de engano, medo, caminhadas, problemas familiares entre suas esposas, servas e filhos.

As bênçãos de José envolveram reconhecimento humano, boa administração, gratidão e justiça, grandiosidades nunca vistas até então, porém enfrentou o desprezo, traição, inveja, ingratidão, engano, fome e o cárcere.

A grande questão que poderia surgir nas mentes destes homens era justamente o fato de terem alcançado sim, as suas bênçãos, mas a custa de muito esforço, perdas e renúncias, porém Isaque não precisou largar parentes, família, não enfrentou solidão, medo e incertezas do deserto. Tudo havia sido facilitado para o filho de Abraão, que recebeu sua bênção sem ao menos ter saído de sua casa, ou seja, não teve nenhum trabalho.

Se estes patriarcas não tivessem obedecido ao “ide para o deserto”, não seriam fortalecidos a fim de receberem as suas recompensas.

Abraão, Jacó e José poderiam indagar a Deus a este respeito? Estariam no direito? Em que parte Isaque teria sido melhor? Houve alguma diferenciação?

Os patriarcas anteriores e posteriores não tiveram motivos para argumentarem algo a respeito de Isaque[1]. Todos eles enfrentaram adversidades em suas vidas, passaram pelo mesmo crivo e tiveram as mesmas experiências.

A resposta de Deus seria uma pergunta rápida e direta. Como assim Isaque não precisou largar família, conforto, amigos ou não caminhou errante pelo deserto?

Isaque esteve no deserto da aflição, por três dias, sozinho em seus pensamentos, foram muitos quilômetros de solidão de questionamentos, sem respostas, somente submissão. Seu pai não lhe falara nada, calado, somente quebrou o silêncio no momento que lhe comunicou que o cordeiro seria preparado por Deus.

Enfrentou problemas com seu irmão Ismael, foi zombado e quando foi convidado a participar de um grande sacrifício aceitou sem questionar. Se portou decentemente quando soube que seria o cordeiro daquele sacrifício.

Não poderíamos comparar a desavença anterior com seu irmão perto da situação vivida ao lado de seu pai no monte Moriá. Na sua inexperiência, pouca idade e imaturidade espiritual teve condições de crer no livramento de Deus. 

A certeza de livramento nasceu na confiança demonstrada pelo pai e não propriamente na dele. Sabia que o velho Abraão não se decepcionaria com Deus, por isto deve ter dito: “Eu aceito pai, fazer parte do sacrifício, eu sei o quanto é importante para o senhor se mostrar fiel a Deus”.

O suor frio no seu rosto serviu de confirmação para sua promoção no meio da família israelita, pois quando Deus comunicou a Abraão sobre o sacrifício, tratou Isaque como filho unigênito e não como primogênito ou muito menos como segundo filho.

Isaque foi alçado da posição de segundo filho diretamente para a condição de filho único, que privilégio foi este? Deus desprezou a primogenitura do outro? Ou estava colocando tudo no seu devido lugar?

Tanto que, para qualquer pessoa, Abraão teve dois filhos, mas para Deus teve somente um. Como é difícil para a humanidade entender isto? Portanto a benção deveria ser destinada apenas ao unigênito, Isaque[2], já que a figura do primogênito não existia mais.

Como o deserto é um lugar para celebração, nós é que não entendemos desta maneira, restou aos dois, pai e filho, comemorarem o livramento e entregarem o sacrifício.



[1] Isaque, um tipo de Cristo, pois nada sabemos de sua infância, de repente aquele jovem apareceu carregando a madeira que seria usada em seu próprio sacrifício.

[2] Isaque foi um filho obediente, pois não saiu correndo do Monte Moriá ao saber que seria sacrificado. Foi um homem paciente, já que esperou em oração o retorno do servo com sua futura esposa e foi um marido audacioso e mostrou preocupação com sua descendência, ao orar pela esterilidade de sua esposa (Gn 24.63). 

Por: Ailton da Silva - 11 anos (Ide por todo mundo)

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