Coincidências ou repetições da história?
Deus havia
prometido para Abraão uma nação, mas o patriarca teve que suar e enfrentar
muitas lutas. Largou tudo e todos, enfrentou uma longa caminhada para então
avistar suas futuras terras.
Para Jacó, filho
de Isaque, a promessa foi de proteção, reconciliação, segurança e seguida de
muitas bênçãos materiais, porém foram árduos e longos os anos de trabalho, à
base de engano, medo, caminhadas, problemas familiares entre suas esposas,
servas e filhos.
As bênçãos de
José envolveram reconhecimento humano, boa administração, gratidão e justiça,
grandiosidades nunca vistas até então, porém enfrentou o desprezo, traição,
inveja, ingratidão, engano, fome e o cárcere.
A grande questão que poderia surgir nas
mentes destes homens era justamente o fato de terem alcançado sim, as suas
bênçãos, mas a custa de muito esforço, perdas e renúncias, porém Isaque não
precisou largar parentes, família, não enfrentou solidão, medo e incertezas do
deserto. Tudo havia sido facilitado para o filho de Abraão, que recebeu sua
bênção sem ao menos ter saído de sua casa, ou seja, não teve nenhum trabalho.
Se estes patriarcas não tivessem
obedecido ao “ide para o deserto”, não seriam fortalecidos a fim de receberem
as suas recompensas.
Abraão, Jacó e
José poderiam indagar a Deus a este respeito? Estariam no direito? Em que parte
Isaque teria sido melhor? Houve alguma diferenciação?
Os patriarcas
anteriores e posteriores não tiveram motivos para argumentarem algo a respeito
de Isaque[1].
Todos eles enfrentaram adversidades em suas vidas, passaram pelo mesmo crivo e
tiveram as mesmas experiências.
A resposta de
Deus seria uma pergunta rápida e direta. Como assim Isaque não precisou largar
família, conforto, amigos ou não caminhou errante pelo deserto?
Isaque esteve no
deserto da aflição, por três dias, sozinho em seus pensamentos, foram muitos
quilômetros de solidão de questionamentos, sem respostas, somente submissão.
Seu pai não lhe falara nada, calado, somente quebrou o silêncio no momento que
lhe comunicou que o cordeiro seria preparado por Deus.
Enfrentou
problemas com seu irmão Ismael, foi zombado e quando foi convidado a participar
de um grande sacrifício aceitou sem questionar. Se portou decentemente quando
soube que seria o cordeiro daquele sacrifício.
Não poderíamos
comparar a desavença anterior com seu irmão perto da situação vivida ao lado de
seu pai no monte Moriá. Na sua inexperiência, pouca idade e imaturidade
espiritual teve condições de crer no livramento de Deus.
A certeza de
livramento nasceu na confiança demonstrada pelo pai e não propriamente na dele.
Sabia que o velho Abraão não se decepcionaria com Deus, por isto deve ter dito:
“Eu aceito pai, fazer parte do sacrifício, eu sei o quanto é importante para o
senhor se mostrar fiel a Deus”.
O suor frio no
seu rosto serviu de confirmação para sua promoção no meio da família israelita,
pois quando Deus comunicou a Abraão sobre o sacrifício, tratou Isaque como
filho unigênito e não como primogênito ou muito menos como segundo filho.
Isaque foi alçado
da posição de segundo filho diretamente para a condição de filho único, que
privilégio foi este? Deus desprezou a primogenitura do outro? Ou estava
colocando tudo no seu devido lugar?
Tanto que, para
qualquer pessoa, Abraão teve dois filhos, mas para Deus teve somente um. Como é
difícil para a humanidade entender isto? Portanto a benção deveria ser
destinada apenas ao unigênito, Isaque[2], já que a figura do
primogênito não existia mais.
Como o deserto é
um lugar para celebração, nós é que não entendemos desta maneira, restou aos
dois, pai e filho, comemorarem o livramento e entregarem o sacrifício.
[1] Isaque, um tipo de
Cristo, pois nada sabemos de sua infância, de repente aquele jovem apareceu
carregando a madeira que seria usada em seu próprio sacrifício.
[2] Isaque foi um filho
obediente, pois não saiu correndo do Monte Moriá ao saber que seria sacrificado.
Foi um homem paciente, já que esperou em oração o retorno do servo com sua
futura esposa e foi um marido audacioso e mostrou preocupação com sua
descendência, ao orar pela esterilidade de sua esposa (Gn 24.63).
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