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domingo, 18 de julho de 2021

Os patriarcas. Coincidências ou repetições da história? – Capítulo 6

 

Em Padã-Arã, Jacó trabalhou para o seu tio, na promessa de que receberia Raquel ao final do período de sete anos, pois não tinha posses para oferecer como dote. Como era acostumado com aquele tipo de serviço, não encontrou dificuldades e contava os dias e horas para receber o seu tão desejado pagamento.

No entanto ao final deste período não esperava ser surpreendido por um velho costume da região, que garantia a primogênita o direito de ser a primeira a casar-se e Labão, zeloso pelas tradições regionais, não fugiu a esta regra e entregou Léia.

Que decepção, ver seus sonhos e planos caírem por terra, sentiu na pele a dor do engano, pois o seu tio poderia ter contado sobre o costume, mas Labão viu a possibilidade de tirar proveito daquele jovem trabalhador. O amor por Raquel o encorajou para mais sete anos de trabalho.

Jacó deve ter se lembrado do rosto decepcionado de Esaú quando soube que não era mais detentor das bênçãos da primogenitura e agora estava diante da mesma situação e deveria enfrentar, porém existia um grande diferencial e, esperto, percebeu que não deveria agir como seu irmão, já que não poderia ameaçar seu tio de morte e fugir.

Ao final de outro período de trabalho recebeu a sua amada e novamente teve outra decepção, pois sua esposa apresentou os mesmos problemas de sua mãe e avó, a esterilidade. A certeza que tudo o esforço não havia sido em vão era grande em seu coração.

Sara, Rebeca[1] e Raquel, tão importantes no plano de Deus, mesmo enfrentando estas dificuldades tinham conhecimento da promessa de descendência para Abraão, Isaque e Jacó, portanto aguardavam a intervenção Divina. Estas mulheres viveram ao lado dos patriarcas presenciando milagres e sinais que comprovavam que algo de extraordinário estava reservado para a família.

Raquel sabia que era a amada de Jacó, porém sua esterilidade poderia afetar a sua posição, ainda mais quando viu Léia gerar quatro filhos. Esta foi a declaração de guerra entre as duas. Ela cedeu sua serva Bilá para que tivesse filhos em seu lugar e sua irmã, como já havia cessado de gerar, cedeu sua serva Zilpa.

Jacó amou Raquel, por ter sido a primeira que conheceu, pelo seu comprometimento com o rebanho do pai e pela beleza. O beijo foi mais uma de suas artimanhas, assim como todo o esforço em dar de beber ao seu rebanho.

Dois filhos, Ruben o primogênito e José o primeiro com a mulher que sempre amou, qual deles deveria receber a honra da primogenitura? Qual dos dois deveria receber a atenção dobrada e a benção dupla? A Lei[2] mosaica resolveria fácil este problema, pois reconheceria Ruben como primogênito e condenaria o patriarca.

Raquel também agiu precipitadamente como Sara, pois tentou resolver os problemas pelas suas próprias forças, incluindo outra mulher na história, sem se preocupar com as sequelas ou consequências deste impensado ato, porém a bênção maior estava por acontecer em sua vida, a gravidez tão desejada, seria especial, porque o seu filho mudaria a vida de toda a família. A vergonha e humilhação ficariam no esquecimento.



[1] Isaque, o esposo, orou instantemente para que Deus abrisse a madre de Rebeca, sua esposa (Gn 25.20, 26).

[2] Pela Lei, o primogênito seria o primeiro filho (Dt 21.15-17), independente de quem fosse a mãe.

Por: Ailton da Silva - 11 anos (Ide por todo mundo)

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