Em Padã-Arã, Jacó trabalhou para o seu
tio, na promessa de que receberia Raquel ao final do período de sete anos, pois
não tinha posses para oferecer como dote. Como era acostumado com aquele tipo
de serviço, não encontrou dificuldades e contava os dias e horas para receber o
seu tão desejado pagamento.
No entanto ao final deste período não
esperava ser surpreendido por um velho costume da região, que garantia a
primogênita o direito de ser a primeira a casar-se e Labão, zeloso pelas
tradições regionais, não fugiu a esta regra e entregou Léia.
Que decepção, ver seus sonhos e planos
caírem por terra, sentiu na pele a dor do engano, pois o seu tio poderia ter
contado sobre o costume, mas Labão viu a possibilidade de tirar proveito
daquele jovem trabalhador. O amor por Raquel o encorajou para mais sete anos de
trabalho.
Jacó deve ter se lembrado do rosto
decepcionado de Esaú quando soube que não era mais detentor das bênçãos da
primogenitura e agora estava diante da mesma situação e deveria enfrentar,
porém existia um grande diferencial e, esperto, percebeu que não deveria agir
como seu irmão, já que não poderia ameaçar seu tio de morte e fugir.
Ao final de outro período de trabalho
recebeu a sua amada e novamente teve outra decepção, pois sua esposa apresentou
os mesmos problemas de sua mãe e avó, a esterilidade. A certeza que tudo o
esforço não havia sido em vão era grande em seu coração.
Sara, Rebeca[1] e Raquel, tão importantes no
plano de Deus, mesmo enfrentando estas dificuldades tinham conhecimento da
promessa de descendência para Abraão, Isaque e Jacó, portanto aguardavam a
intervenção Divina. Estas mulheres viveram ao lado dos patriarcas presenciando
milagres e sinais que comprovavam que algo de extraordinário estava reservado
para a família.
Raquel sabia que era a amada de Jacó,
porém sua esterilidade poderia afetar a sua posição, ainda mais quando viu Léia
gerar quatro filhos. Esta foi a declaração de guerra entre as duas. Ela cedeu
sua serva Bilá para que tivesse filhos em seu lugar e sua irmã, como já havia
cessado de gerar, cedeu sua serva Zilpa.
Jacó amou Raquel, por ter sido a primeira
que conheceu, pelo seu comprometimento com o rebanho do pai e pela beleza. O
beijo foi mais uma de suas artimanhas, assim como todo o esforço em dar de
beber ao seu rebanho.
Dois filhos, Ruben o primogênito e José o
primeiro com a mulher que sempre amou, qual deles deveria receber a honra da
primogenitura? Qual dos dois deveria receber a atenção dobrada e a benção
dupla? A Lei[2]
mosaica resolveria fácil este problema, pois reconheceria Ruben como
primogênito e condenaria o patriarca.
Raquel também agiu precipitadamente como
Sara, pois tentou resolver os problemas pelas suas próprias forças, incluindo
outra mulher na história, sem se preocupar com as sequelas ou consequências
deste impensado ato, porém a bênção maior estava por acontecer em sua vida, a
gravidez tão desejada, seria especial, porque o seu filho mudaria a vida de
toda a família. A vergonha e humilhação ficariam no esquecimento.
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