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domingo, 25 de julho de 2021

Os patriarcas. Coincidências ou repetições da história? – Capítulo 7


Jacó: O retorno à sua terra e família

O nascimento de José fez parte do cumprimento dos planos de Deus, pois logo nasceu no coração de Jacó o desejo de voltar para as terras de sua família. Este foi um sentimento especial, que somente o filho preferido, da mulher que sempre amou, poderia proporcionar (Gn 31.3).

Jacó havia esquecido parte do seu passado e seria preciso retomar esta história, não tinha como fugir deste compromisso. Precisava de notícias do pai, do irmão e de toda família, mesmo porque não era tão fácil obter noticiais devido a forma como saiu e também pela distancia e poucos recursos.

Mas como conseguir a permissão para a volta? Não seria correto largar tudo e fugir, ainda mais diante da sua prosperidade, que o impedia de tomar decisões precipitadas, tal como no passado.

O sonho com os anjos e a confirmação das promessas (Gn 28.10-19) também foram suficientes para impedi-lo de agir estupidamente como na primeira fuga, mas o seu tempo naquele lugar havia chegado ao fim.

A sua preocupação agora não era mais com o trabalho, com o rebanho, mas sim com a sua parentela, em especial seu irmão Esaú. Como encará-lo após todo o tempo de separação? Qual seria sua reação? Havia esquecido todo o ocorrido ou ainda guardava as mágoas?

Labão, esperto, não permitiu a volta, pois no seu entendimento havia sido abençoado pela presença de Jacó, estava até grato, mas em nenhum momento foi capaz de transparecer algum tipo de sentimento pelo genro, filhas ou netos. Na verdade pensava em si mesmo, desejava apenas a continuidade das bênçãos.

No passado, Deus interviu para salvar Jacó das mãos de Esaú, após ser enganado pelo irmão, da mesma forma era necessário nova intervenção, pois Jacó estava sendo enganado novamente pelo ogro. O seu retorno deveria ser imediato e não poderia haver impedimentos.

Jacó percebeu uma mudança na fisionomia do tio, devido aos ciúmes, pois era mais próspero e possuía um rebanho maior, por isso a mensagem recebida de Deus foi oposta a que seu avô Abraão recebeu no passado. Labão poderia tentar algo contra a sua vida.

O avô teve que sair de sua parentela para seguir em direção a Canaã e agora o neto deveria retornar à sua parentela para o mesmo local de onde havia fugido.

Não foi difícil convencer esposas e filhos a partirem, pois a novidade de vida que apresentava a todos era muito mais atraente do que aquela situação. Todos estavam decepcionados com Labão, devido ao episódio da troca de noivas no casamento e pelas constantes mudanças do salário de Jacó.

O descumprimento nos acordos, por parte de Labão, provocou nas filhas e netos a desconfiança e até mesmo a incerteza no recebimento da herança[1] a que tinham direito.

Jacó fugiria ameaçado novamente, mas agora havia uma diferença, era rico, possuía bens, servos, família e o principal, estava cumprindo a vontade de Deus.

A primeira fuga foi consequência de seus erros, por isso saiu sem esperança, sem perspectivas e sem previsão de volta. Agora esta nova viagem era diferente, pois nada de mal lhe aconteceria, mesmo diante da fúria de Labão, que em sonhos havia sido alertado a não fazer nenhum mal contra Jacó e família. Sequer conseguiu recuperar os ídolos furtados por sua filha, somente perdeu o seu tempo naquela inútil perseguição.

Assim como aconteceu na primeira fuga Deus, permitiu a Jacó uma visão, do que foi chamou de exército de Deus. Uma espécie de comitiva de anjos para recepcioná-lo no deserto mais uma caminhada. A saudação de boas vindas confirmava que a jornada seria próspera e diferente da primeira.

continua...


[1] Quando Jacó voltou para Canaã, sua esposa Raquel “roubou” os ídolos de seu pai, para que pudesse garantir a disputa pela herança, pois as leis da Mesopotâmia garantiam este direito ao filho que estivesse com a guarda dos ídolos do pai.

Por: Ailton da Silva - 11 anos (Ide por todo mundo)

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