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terça-feira, 6 de setembro de 2011

Ilustração: a noiva

Numa época em que o meio de transporte mais usado ainda eram as locomotivas, um casal de jovens se conheceram e se apaixonaram com grande ternura. Porém existia uma diferença entre eles: o rapaz era pobre e lutava com esforço para sobreviver; a moça era rica e cheia de bens materiais. Seu pai era fazendeiro muito rico e dono de várias terras. Um certo dia o rapaz disse à sua amada:

— Preciso viajar. Vou até aquela cidade que tantos falam que faz muita gente prosperar. Sei que certamente irei conquistar nosso futuro lá.

A moça se entristeceu em seu semblante às vistas do rapaz. Ele esboçou um sorriso e abriu a palma da mão esquerda. Os olhos da jovem brilharam ao ver uma grossa e vistosa aliança de noivado.

— Lutei muito para comprar este anel para te dar. Sei que assim não você não irá se esquecer de mim e vai saber que não te esqueci.

— Não vou te esquecer — falou a moça.

Ele sorriu novamente, esperançoso. Falou:

— Irei para aquela cidade e logo que me firmar lá mandarei um telegrama escrito onde estou e que podes viajar para lá e me encontrar.

— Ficarei esperando ansiosamente o telegrama — ela disse.

Seis meses se passaram. Os dois se comunicavam apenas através de cartas.

A moça continuava sua vida de luxo ao lado de sua família, enquanto o jovem lutava na cidade grande, empregado numa metalúrgica, buscando uma vida melhor para um futuro casamento. Até que um dia ele foi promovido por sua competência e incessante busca por aprimoramento no trabalho. Seu patrão lhe disse:

— Não posso mais deixar você onde está, pois merece estar num cargo mais elevado. — então o colocou como supervisor da fábrica e mais tarde o escolheu para viajar à outra cidade para implantar nova fábrica. A notícia transformou-o no homem mais feliz do mundo. Enfim chamaria sua amada.

Após os últimos acertos para a viagem de inauguração, o rapaz escreveu o telegrama para sua noiva na cidade pequena:

Minha querida, estou escrevendo para pedir-lhe que venha o mais rápido possível. Fui promovido para gerente de uma nova loja que iremos inaugurar depois de amanhã. Sei que há um trem saindo amanhã de manhã da cidade. Tem que pegar este, pois só assim dará tempo de chegarmos juntos ao local da inauguração. Estou louco para tê-la ao meu lado para, enfim, casarmo-nos.

Com o telegrama nas suas mãos, ela leu ainda as últimas linhas onde constava o endereço dele. Ela sorriu e chamou suas criadas para ajuda-la a arrumar suas malas. Na manhã seguinte se despediu do seu pai e de sua mãe, esta, em prantos, disse:

— Você tem certeza de que quer ir, mesmo, minha filha? Não sabe se realmente ele conseguiu uma vida melhor pra você. E se ele estiver mentindo?

— Tenho que confiar nele, mamãe.

Após o capataz ter colocado toda a bagagem da moça (ao todo nove malas grandes e repletas de roupas e jóias de valor) sobre a carruagem o pai deu-lhe ordem para leva-la até a estação.

Chegaram lá atrasados, e quase não acreditaram quando viram tanta gente na estação para pegar aquele trem. Por que não reservei as passagens?

Resmungou ela consigo mesmo. Os senhores fardados com o uniforme da companhia estação anunciaram em voz alta que dentro de poucos instantes o trem estaria partindo.

— Depressa! — urrou ela para o empregado — Temos que colocar as bagagens no trem antes que ele parta!

Com todo esforço de capataz fiel, o homem que a acompanhava baixou toda a bagagem da filha do seu patrão e as colocou próximo ao trem. Já coberto pelo suor e exausto ele chamou um dos homens fardados que conferiam as passagens daqueles que subiam no trem. Quando o homem fitou a quantidade de bagagem que a jovem trazia ele abanou a cabeça negativamente. Falou a ela:

— Será impossível subir no trem com toda esta bagagem, senhorita. Sinto dizer que terá de levar apenas duas destas.

— O quê. Não pode ser, meu senhor…

— Infelizmente pode. Há muitos passageiros hoje e também muitas bagagens, a ponto de impormos uma cota de duas malas por pessoa, apenas. Por isso, se quiser viajar neste trem terá que levar apenas duas malas.

A moça olhou para toda a sua bagagem e pensou em toda as roupas e jóias que continham nelas. Lembrou do que a mãe lhe dissera: Não sabe se realmente ele conseguiu uma vida melhor pra você. E se ele estiver mentindo?

Ela estava preparada se ele estivesse mentindo, estava levando jóias e roupas que venderia se fosse o caso, mas agora, com apenas duas malas, não seria suficiente.

Os homens uniformizados gritaram a última chamada. O trem já iria partir.

A jovem então deu a ordem para o capataz:

— Pegue as malas e coloque-as de volta na carruagem. Eu… eu vou ficar.

No dia seguinte um telegrama chegou às mãos da moça. Estava escrito: Minha querida, estou escrevendo para pedir-lhe que não me procure mais. Meu amigo que recolhe passagens me disse que você preferiu ficar com suas bagagens a ter de me encontrar sem elas. Não o culpe nem o chame de fofoqueiro, pois fui eu mesmo que pedi para que ele inventasse a história da cota das bagagens. Queria ter certeza de que me amava de fato e verdade mais do que as riquezas desta vida a que estava tão acostumada. Infelizmente pude ter a comprovação de que não. Adeus.

No ano seguinte um jornal local publicou a foto daquele jovem sendo considerado um dos homens mais influentes do país, e ainda trazia o anunciado de que se casaria com a filha do dono da empresa que dirigia.

Jesus fala que não devemos ter amor às coisas deste mundo nem nos conformar com elas (Jo 12:25 e Rm 12:2) (bagagens), mas devemos segui- lo, ir após Ele (Lc 9:23), pois Ele não nos deixará órfãos (Jo 14:18) ou sem destino certo (Jo 14:6). Ele cuidará de nós e nos sustentará.

Não ame mais as bagagens deste mundo do que o Noivo. O trem já está prestes a partir. O que você irá escolher?

Fonte: desconhecida

Por: Ailton da Silva

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