1) O QUE É LIBERTAÇÃO
Existe um plano espiritual paralelo com o plano real em que vivemos e ambos sofrem influência de anjos ou demônios, que passam também a influenciar nossas vidas. Este plano espiritual, apesar de não poder ser visto, é uma realidade.
“Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia, em que aplicaste o coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, foram ouvidas as tuas palavras; e por causa das tuas palavras é que eu vim. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; porém Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu obtive vitória sobre os reis da Pérsia” (Dn 10.12-13).
A aproximação a Deus nos permite ter acesso às bênçãos, enquanto que a aproximação a Satanás nos faz sofrer forte influência maligna e nos torna propensos à maldições. Então basta escolhermos em qual posição no plano espiritual devemos ficar e esse será o resultado imediato em nossa vida, uma vez que somos resultados do nosso livre arbítrio, ou seja, aquilo que semeamos, com certeza, colheremos.
Notamos que existem portas de entrada para que o espíritos possam agir na vida das pessoas atormentadas. Essas portas foram abertas pela própria pessoa, que agora precisam ser fechadas. E é esse processo que chamamos de Libertação e Batalha Espiritual, que abrange a renúncia de toda carga demoníaca ou males que assolam a vida das pessoas.
A libertação lida basicamente com os males “pneumossomáticos” (pneuma - espírito, soma - corpo) produzidos pela mente. Para libertar uma pessoa é necessário tiras as bases que sustentam as maldições, para assim eliminarmos as áreas em que os demônios se alojam e agem, portanto não é tão simplesmente expulsar os demônios e deixar a pessoa a mercê novamente da carga demoníaca.
Demônios entram por brechas espirituais ou legalidade concedida e agem de acordo com a área em que essa brecha foi aberta. Para cada pecado existe um espírito maligno com a natureza correspondente. Alojados, se tornam residentes e “porteiros”, ou seja, moram e servem de portas para outros espíritos malignos entrarem, sustentando cadeias de pecaminosidade e prisões espirituais nas diversas áreas da vida humana, tais como nos campos emocional, financeiro, saúde física, profissional, mental, conjugal, familiar e etc.
Várias passagens bíblicas ilustram essa afirmação, em uma delas, Jesus confronta as limitações de Pedro em perdoar contando-lhe a parábola do credor incompassível. Um homem que foi perdoado de uma dívida milionária e sonegou o perdão em relação a uma dívida seiscentas mil vezes menor. Assim sendo, ele recebeu um veredicto impiedoso por oferecer uma graça muito aquém da que havia recebido.
“E, indignando-se, o
seu senhor o entregou aos verdugos, até que lhe pagasse toda a dívida. Assim
também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu
irmão” (Mt 18.34-35).
“E veio ali uma mulher possessa de um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se” (Lc 13.11).
Essa
mulher foi classificada por Jesus como filha de Abraão, herdeira de fé, porém,
prisioneira de Satanás. Uma pessoa salva pode ter um espírito de enfermidade e
ser prisioneira de Satanás? Neste caso, deveria haver libertação.
2) ACONSELHAMENTO
Todo aconselhamento do mundo não poderia ajudar aquela mulher, mesmo sendo de vital importância para o processo de libertação, pois trata-se de uma trabalho “psicossomático” (psico-alma, soma-corpo). Dados afirmam que 80% das enfermidades com problemas digestivos, úlceras, dor de cabeça, alergias, etc., são de caráter psicossomáticos.
Por detrás dessas enfermidades existem comportamentos emocionais crônicos de ansiedade, insegurança, medo, culpa, vergonha, etc. que são basicamente respaldados pela dor emocional em relação a cargas de rejeição sofridas ou traumas adquiridos.
Esses males estressam a alma e por uma ação contínua desestabiliza o comportamento emocional, fazendo manifestar os efeitos colaterais em todo o corpo, por isso torna-se necessário sabermos qual tipo de pessoa tem uma doença e não qual tipo de doença tem uma pessoa.
Um exemplo disto é a carência afetiva, que só aumenta o apetite pelo pecado, deixando um rastro de destruição na personalidade da pessoa. O aconselhamento ajuda a diagnosticar problemas emocionais, nortear a pessoa por princípios verdadeiros.
O
aconselhamento coloca a pessoa em contato com verdades divinas que renovam-lhe
a mente e quebram sofismas e fortalezas que escravizam a sua forma de pensar, levando-as responsavelmente
a posicionamentos práticos que reverterão sua situação.
3) AVALIAÇÃO OU
SINTOMAS DE MALDIÇÕES
Existem alguns níveis de libertação e batalha espiritual e estes níveis, quando seguindo corretamente, levam a libertação do indivíduo. A avaliação ou a percepção sobre os sintomas de maldições é o ponto de partida. Quando diagnosticamos doenças estranhas, tentações incomuns, perturbações e perseguições variadas de forma espiritual de caráter hereditário, que podem caracterizar-se como sintomas de maldições. Todo sintoma carrega uma mensagem natural ou espiritual que deve ser processada corretamente, mas se não existem sintoma claros de maldição não há porque insistir numa libertação ou batalha espiritual.
Não podemos espiritualizar o natural e não naturalizar o espiritual. Para quem participa de uma batalha espiritual deve saber ver, ouvir e interpretar os sintomas e avalia-los como natural ou espiritual. Nem tudo é demônio.
Em relação a “objetos contaminados”, não podemos construir uma doutrina baseada em encantamento, como fazem os extremistas que levam tudo para o espiritual, Deus pode simplesmente nos levas a santificar os objetos “suspeitos” pela oração. Outras vezes Deus nos leva a destruir tais objetos.
“Pois tudo que Deus
criou é bom, e, e recebido com ações de graças, nada é recusável, porque pela
Palavra de Deus e pela oração, é santificado” (I Tm 4.4-5).
“Também muitos dos que praticavam artes mágicas, reunindo os seus livros, os queimaram diante de todos. Calculados os seus preços, achou-se que montavam a cinquenta mil denários” (At 19:19).
A vida é do libertador está ligada as orientações de Deus e não em doutrinas e ensinamentos de homens. Tudo isso acontece de uma forma pessoal e sob uma orientação do Espírito Santo. É importante não ficar criando regras e imposições nesse sentido. É bem possível que acabemos oprimidos e oprimindo a muitos.
“Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos não retendo a Cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus. Se morreste com Cristo para os rudimentos do mundo, porque, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a ordenanças: não a ordenanças: não manuseies isto, não proves aquilo, não toque naquilo outro, segundo os preceitos e doutrinas de homens? Pois que todas estas cousas, com uso, se destroem” (Cl 2.18-23).
Neste texto Paulo rotula a motivação destas pessoas que se tornam místicas como carnais. Esse excesso de espiritualidade é, na verdade, carnalidade e muitos espíritos de engano entram para gerar confusão e destruição na Igreja. Outro erro também é naturalizar o espiritual. A sensibilidade do libertador deve ser colocada à prova, ou seja, deve haver um diagnóstico certo. Muitas pessoas que sofrem de ceticismo crônico deixam de ver, ouvir e interpretar as ordens de Deus.
Não
devemos menosprezar o poder destrutivo do pecado. Pecados e iniquidades não
confessados e não resolvidos devidamente pelo sacrifício de Jesus, impõem um
jugo de maldições que podem facilmente ser identificados, tais como:
- Legado familiar de feitiçaria, principalmente quando se percebe um cajado de feitiçaria sendo passado de geração em geração. Em cada geração uma ou mais pessoas envolvidas diretamente com ocultismo, magia, bruxaria, satanismo e sociedades secretas. Pessoas que desde cedo apresentam percepções espirituais, como premonição, visão de espíritos, entidades e outras formas de mediunidades, são atraídas pelo forte desejo ligado ao ocultismo;
- Enfermidades crônicas sem diagnóstico médico claro, principalmente os casos de doenças, principalmente as de carácter hereditário, como as doenças congênitas, insônia, sonolência, bloqueios mentais, desmaios, convulsões, epilepsia, peso e dor na coluna, dor de cabeça crônica, impressão de inchaço na cabeça, pontadas no corpo, etc;
- Esterilidade, tendência ao aborto, problemas menstruais crônicos e de carácter anormal, esterilidade espiritual e profissional. Tudo que a pessoa toca simplesmente morre. A empresa que trabalha encerra as atividades, amigos abandonam, a igreja que congrega se divide, etc;
- Quadro de desintegração familiar, tais como cadeias de adultério, separação conjugal, divórcios, ódio, rupturas e inimizades na família, inversão de papéis entre marido e mulher, etc;
- Insuficiência econômica, principalmente quando as entradas parecem ser insuficientes;
- Acidentes, cirurgias e perdas repentinas, que fazem muitas famílias viverem em portas de hospitais, acidentes frequentes, dependentes de medicamentos, etc;
- Suicídios, forte sentimento ao fracasso, quadro de depressão, apática crônica, medo obsessivo de morrer ou ficar doente;
- Homicídios, crimes, sentimento de perseguição, perigo de morte, desejo de se matar, tendência ao crime;
- Insanidade e colapsos mentais, depressão, múltiplas personalidades, crises de loucura, tristeza crônica, solidão, fobias, pânico e colapso;
- Problemas anormais na área sexual, tipo homossexualismo, impotência ou frigidez, capacidade sobrenatural de atração e sedução, pornografia, masturbação, sonhos eróticos, relações sexuais com espíritos, exibicionismo, masoquismo, pedofilia, transexualismo, zoofilia, etc;
- Transferência de comportamentos e vícios, principalmente notada nas características ruins na vida dos filhos, tipo alcoolismo, drogas, fumo e outros vícios;
- Mortes prematuras, viuvez, perdas de filhos, mortes estranhas. Famílias que todos os homens morrem em determinada idade ou com certa doença, todas as mulheres abortam o primeiro filho, etc;
- Cadeias pecaminosas de carácter hereditário, tais como a prostituição, divórcio, vícios, roubo, filhos bastardos, mães solteiras, país alcoólatras, etc.
4) MAPEAMENTO OU
CAUSAS DE MALDIÇÕES
É o processo de encontrar as verdadeiras causas relativas aos sintomas apresentados. É a estrada principal que liga os sintomas às respectivas causas. É o ponto mais importante numa batalha espiritual, pois lidamos com as causas e não com os sintomas. Interpretando os sintomas chegaremos às causas e eliminando as causas obteremos sucesso.
É um dos aspectos mais importantes do processo de libertação, pois é fruto do discernimento, da pesquisa, rastreio cartográfico da história pessoal, familiar, da carga hereditária e dos problemas territoriais. O resultado deste trabalho é o levantamento sobre as feridas, traumas, pecados repetitivos, valores invertidos que expressam a identidade do “principado local”, a ciência das alianças quebradas, as profecias mal interpretadas, o legado demoníaco, entre outros aspectos.
Na segunda Guerra Mundial foram necessárias 53.000 bombas, já na Guerra do Vietnã este número foi reduzido para 700 bombas, enquanto que na Guerra do Golfo os envolvidos tiveram ao seu favor armas de precisão absoluta, foi uma guerra cirúrgica onde um míssil apenas era lançado para cada alvo estabelecido e por isso foram denominados de “mísseis inteligentes”. Esta ilustração mostra o potencial do mapeamento espiritual. Não podemos dar tiros ao escuro ou viver de suposições. Na batalha espiritual, a precisão é o primordial para uma bem sucedida libertação. O mapeamento é a mira da libertação. Devemos estar a um passo do inimigo. Como conseguiremos isso?
“confessai,
pois os vossos pecados uns aos outros, e orai uns pelos outros, para serdes
curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo“ (Tg 5.16)
A destreza e perícia
na batalha espiritual residem no mapeamento espiritual que possibilita o que
Tiago denomina de “oração do justo”, que muito pode em seus efeitos, visto que
discerne com precisão “culpas” pessoais ou corporativas que precisam ser
confessadas.
Satanás fará de tudo
para reprimir esse processo e fazer com que as revelações e causas de maldições
não venham à luz. É nesse momento que entra o perfil de “investigador" do
libertador. Seguindo pistas verdadeiras, lendo acertadamente os sintomas
presentes, fazendo as perguntas certas e, principalmente, ouvindo o Espírito
Santo. Duas rotas são seguidas neste processo: a pesquisa/entrevista e a
revelação pelo Espírito Santo.
5) ÁREAS A SEREM MAPEADAS
a) Campo da herança
É necessário analisarmos abusos, injustiças, cadeias pecaminosas, traumas que obedecem um mesmo padrão de atividade e deixam sempre as feridas.
“...visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração...” (Ex 20.5)
A Bíblia nos fornece sabiamente um foco acessível de mapeamento hereditário, ou seja, a lembrança de pais, avós e bisavós. Seria impossível ou um tanto complicado estudarmos um passado tão distante, sem o diagnóstico de possíveis sintomas ou histórico de maldições em gerações passadas. Este espaço de gerações nos permite diagnosticar possíveis sintomas referentes a todas as maldições familiares.
Numa entrevista o libertador deve aprofundar, quando necessário, na história familiar. Espíritos malignos se alojam em nossa árvore genealógica e causa uma colisão frontal, levando as pessoas à confissão. Dependendo da orientação do Espírito Santo, podemos estender essa confissão até por dez ou catorze gerações.
“Nenhum bastardo
entrará na assembleia do Senhor; nem ainda a sua décima geração entrará
nela" (Dt 32.2).
“De sorte que todas
as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze; desde Davi até ao desterro
para Babilônia, catorze; e desde o desterro de Babilônia até Cristo, catorze”
(Mt 1.17).
Entre Davi e Cristo
está a Babilônia. Depois do reinado de Davi entrou um processo de propagação de
iniquidade que culminou no desterro da nação e no cativeiro babilônico. Em
relação aos pecados destas gerações, Daniel, Neemias, Esdras e outros no
“cativeiro" fizeram confissão. Então, aquilo que foi mapeado até quatro
gerações pode e deve ser confessado até dez ou catorze gerações. A confissão
intercessora não lida com a culpa do pecado e sim com a consequência do pecado.
Essa intercessão anula a autoridade demoníaca de continuar a propagar uma
influência de maldição.
Outro fator
importante é a história da concepção, se a criança foi planejada ou não, se foi
gerada na imoralidade fornicação adultério, incesto, estupro, tentativa de
aborto ou em um útero que já foi túmulo de outra criança. Quando mais cedo
Satanás consegue se infiltrar numa vida, mas oportunidades ele terá para
impetrar seus desígnios destruidores.
A escolha do nome, a
rejeição do sexo, consagração a entidades, principalmente na hora do parto,
também são fatores relevantes. Existem também as maldições lançadas pelos pais
ou responsáveis, que geram legalidade para uma ação demoníaca. Recebemos três
coisas de nossos pais: os traços de identidade, nome e fisionomia; a capacidade
para construção de relacionamentos para convivermos com outras pessoas; uma
herança espiritual, que pode ser benção ou maldição.
b) Campo da Responsabilidade
São as chamadas
maldições do presente. Escolhas feitas conscientemente mediante cargas de
rejeição, perseguição espiritual herdada, escolhas pecaminosas e tudo o mais
que pode sustentar cadeias espirituais que danificam o carácter.
As mais evidentes são
as que estão relacionadas com as cargas de rejeição que a pessoa sofre ou
sofreu. Essas cargas podem levar a agressividade, manifesta quando a pessoa reage
rejeitando. Essa é a opção violenta de se proteger, levando-as a criarem
barreiras e problemas de personalidade na área de rebelião. A fuga leva a
pessoa reagir crendo na mazela que lhe foi oferecida e a faz apoiar-se no medo
de ser novamente ferida ou magoada e o pior é que faz esta pessoa a se
manipular, ou seja, ela encontra um meio para controlar suas emoções, através
da mentira para tentar tirar proveito.
c) Campo da
Territorialidade
Locais onde foram ambientes de mortes, assassinatos, suicídios, abortos, adultérios assentamento de santos, sacrifícios e oferendas aos Orixás e coisas semelhantes, são pontos que podem autorizar a instalação territorial de demônios que passam a influenciar a mentalidade, controlando o comportamento das pessoas de acordo com a sua natureza pervertida. É fundamental considerar o aspecto territorial numa batalha espiritual, que pode ser a origem de muitas maldições na vida da pessoa.
Quando
estamos numa batalha espiritual é comum apresentação de manifestações tais como
dores, pontadas fortes, tonteiras, bocejos, vômitos e até mesmo comportamentos
extravagantes, mas não podemos dar uma atenção extravagante a essas
manifestações. O ponto chave que aciona uma libertação se baseia nos princípios
exercidos com sinceridade e coerência. Princípios são confiáveis, manifestações
nem sempre.
continua...
Fonte: Apostila Curso Básico de Teologia do SETEM – Seminário
Teológico Manancial. Elaboração: Pb. Ailton da Silva
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