continuação...
Jacó, no caminho de volta pensava em
Esaú, como enfrentá-lo, depois de tudo o que havia acontecido. Será que os anos
de separação tinham amenizado o furor?
Por isso enviou mensageiros para
encontrá-lo com ofertas e presentes, pois ainda ecoava em sua mente a ameaça de
morte do passado.
Segundo Esaú, esta promessa seria
cumprida logo após a morte de seu pai, por isso restava somente a Jacó esperar
por mais um livramento. Será que imaginava seu pai vivo ou morto?
Jacó desesperado ouviu de seus
mensageiros que seu irmão estava vindo ao seu encontro com quatrocentos varões.
Seria este o seu fim? Estava na presença de Deus e cumprindo a sua vontade, não
deveria temer, mas também sabia que aquela situação poderia ser a colheita ou o
pagamento pelos seus erros do passado.
Os presentes enviados para o irmão, pelos
seus servos, lhe dariam a garantia da boa recepção? A sua dívida era antiga,
por isto temia pelo pior, mas teria que agir como um verdadeiro patriarca,
enfrentar de frente e não fugir mais. Tinha estrutura suficiente para suportar.
Quando foi enganado por seu sogro,
poderia ter largado tudo, mas resolveu ficar e recomeçar do zero. Agora estava
diante de outro impasse, encarar seu irmão e seu exército ou fugir para
preservar sua vida e de sua família.
Seu avô Abraão e seu pai Isaque
enfrentaram o mesmo dilema no passado, quando esconderam[1] suas respectivas situações
conjugais e desta forma preservaram suas vidas e de suas famílias.
Jacó decidiu encarar seu irmão, porém
antes deveria enfrentar a maior de todas as lutas. O duelo travado com o varão
enviado, por Deus, para abençoá-lo o tornou apto para enfrentar toda e qualquer
dificuldade.
Pelo novo nome recebido, Israel, não
teria mais o que temer, era somente prosseguir em frente, pois Deus não
deixaria nada acontecer de mal.
As dúvidas e o medo foram vencidos pela
valentia demonstrada nesta luta, portanto não havia mais motivo para fuga.
Após a luta, o importante não era saber o
nome do seu oponente na luta, o que interessava era sua conduta diante da honra
do novo nome que recebera, Israel (alguém que luta com Deus e prevalece), já
que o seu nome anterior Jacó (aquele que agarra, enganador, dissimulador,
ambicioso) já havia honrado com todas as suas forças.
Enfim chegou o momento do reencontro com
Esaú, mas não havia com que se preocupar, pois assim como Labão não lhe fez
nada, da mesma forma seria com seu irmão.
Ao vê-lo se prostrou sete vezes por
terra, em sinal de arrependimento por tudo que fizera no passado. Se prostrou
naquele dia, diante do irmão, para ser honrado depois pelo filho, pois o mesmo
procedimento foi repetido[2] por
José, anos mais tarde no Egito, no reencontro com Jacó, após se revelar aos
seus irmãos.
Deus já havia trabalhado no coração dos
dois durante os vinte anos de separação, por isso se abraçaram, choraram e se
reconciliaram. Chegou ao fim todo a angústia e sofrimento de Jacó e Esaú.
Depois deste reencontro amigável fizeram
questão de visitar o velho pai, que então contemplava seus filhos unidos e
livre daquele peso, fruto de um erro seu e de Rebeca. Sequer imaginava esta
cena novamente, pois na sua mente Jacó poderia estar até morto, ou em terras
muito distantes.
Este foi o período de maior tristeza da
vida de Isaque, mas agora seu consolo era vê-los juntos, avô, netos, tios, pais
e filhos, proporcionando momentos de pura alegria. Foi sepultado pouco tempo
depois pelos seus filhos que em seguida tomaram caminhos diferentes.
A família[3] de Jacó que retornou era
composta por doze filhos e uma filha, duas esposas, Raquel e Leia, irmãs e
rivais entre si e duas concubinas, Bilá e Zilpa. Seria natural que houvesse
problemas de relacionamentos, como de fato houve desde o principio, no entanto,
nada que pudesse impedir que fossem usados por para cumprimento de seu plano.
Assim Jacó prosseguiu sua vida com seus
filhos, cada vez mais confiante nas providências de Deus e aguardava então o
cumprimento da promessa maior.
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