Introdução:
Pelo caminho longo, os egípcios seriam
eliminados, os filisteus, seus futuros inimigos, seriam evitados e quando
chegassem em Canaã já teriam a experiência e estrutura para reprovarem a
conduta pecaminosa dos cananeus, sem contar que já teriam forças suficientes
para lutarem pelas suas próprias terras. A intenção de Deus era que amassem a
obra e passassem este sentimento às futuras gerações.
Seguiram o caminho mais longo, já que para
ficar marcado na história das duas nações, deveria ser algo extraordinário vindo
de Deus, algo nunca visto entre os humanos, sobrenatural, socorro vindo do céu.
b) Um inimigo
complicado – parentes próximos:
Nação vizinha e aparentada, descendentes de Esaú (Gn 36.9; Nm
20.14; Dt 23.7), que foi incluída no rol de históricos inimigos, ao longo de
sua história. Eram guerreiros robustos, impetuosos e orgulhosos.
Deveriam
ter aberto caminho e auxiliado os hebreus a entrarem em suas terras e viveriam
em paz como vizinhos, com saúde, prosperidade e segurança para os dois povos (Nm 20.14-21; Dt 23.7; Sl 137.7). Em vez de ajudarem, fizeram
de tudo para alongar o caminho dos hebreus, mas não impediram a entrada. E
quando Jerusalém foi sitiada (Ob 1.2-18), saqueada e queimada pelos babilônios, os edomitas não ajudaram e
festejaram a queda. Deram as costas para os hebreus nas duas ocasiões em
que precisaram de ajuda.
Os hebreus precisaram de ajuda, de palavra amiga, conforto,
auxílio, pão e água, mas bateram na porta errada. Procuraram as pessoas erradas
para pedirem ajuda e para contarem seus projetos e problemas.
c) A origem dos problemas:
“Como tu fizeste, assim se fará contigo; a tua maldade cairá
sobre a tua cabeça”. Uma profecia com cabal cumprimento. Porque Esaú não ficou
de boca fechada quando soube que não era mais o filho primogênito (Gn 27.32, p.
final). Em vez disto, abriu o bocão para reclamar e maldizer: “chegar-se-ão os
dias de luto de meu pai, então matarei a Jacó, meu irmão” (Gn 27.41).
Jacó pensou no alto quando pediu a primogenitura, ao contrário
de Esaú que pensou na terra, no baixo e no material. Enquanto Jacó pensava em
ser referência para próximas gerações, Esaú somente queria ser o maioral na família.
Lentilhas cruas não seduziria Esaú, mas um guisado bem preparado
de uma caça fresca fatalmente deixou nascer no seu coração o desejo pelo
reconhecimento do pai.
Uma coisa tão simples foi capaz de separar duas nações. Um
simples guisadinho, uma palavrinha, uma expressão mal interpretada, um olhar
mais estranho. Coisas tão simples são capazes de separar pessoas.
“Se pisarem no nosso quintal, sairemos a espada contra ti”. Edom
estava louquinho para guerrear com Israel, eles lançaram a isca, mas Moisés não
mordeu.
d) Os erros do inimigo (falta de
solidariedade):
O primeiro erro dos edomitas foi quando não deixaram os hebreus
passarem pelas suas terras (Nm 20.14-21; Dt 23.7; Sl 137.7) para chegarem a
Terra Prometida, mesmo com o parentesco que havia entre os povos. Foram hostis
logo no primeiro no encontro. Os anos de separação não curaram as feridas do
passado produzidas por Jacó e Esaú. O não dos edomitas levou os hebreus a um
longo desvio no deserto. Contudo Israel não poderia considerar os edomitas
abominação (Dt 23.7,8);
O segundo erro dos edomitas foi quando não ajudaram o Reino de
Judá diante da invasão babilônica. Ficaram torcendo pela derrota e ajudaram o
invasor (Ob 1.2-18). Os edomitas colaboraram indiretamente para o sucesso
babilônico, durante a invasão, inclusive saquearam o devastado e quase
desaparecido reino do Sul, mas porque agiram desta forma? Porque não ajudaram
seus parentes?
A resposta para esta pergunta remonta os áureos tempos dos
patriarcas. Foi muito difícil para esquecerem os feitos de Jacó e o clamor de
Esaú, “não reservaste, pois, para mim uma benção” (Gn 27.36, parte final), pois
a melhor parte da benção havia ficado com Israel (Gn 27.28-29) e não com Esaú.
Teria sido a vingança dos edomitas?
Pensavam somente em si mesmos, assim como o pai Esaú: “Vou caçar
para fazer o guisado (Gn 27.3). Estou com fome (Gn 25.32). De que me serve a
primogenitura (Gn 25.32)”. Tal pai, tal filhos. O pai desprezou a primogenitura
e sua bênçãos e então os filhos desprezaram Israel e perderam a oportunidade de
viverem em paz, com segurança, saúde, prosperidade ao lado dos parentes.
e) A inspiração vinda de Deus para
resolução do problema:
Moisés chegou contando as bênçãos recebidas no Egito e no
deserto para os invejosos. Tem horas que é melhor ficar calado. Quando ele
percebeu o erro já era tarde demais, pois já havia atiçado os ciúmes dos irmãos
vermelhos. Porque alguém não gritou que Jacó já havia pago o preço pelos seus
erros. Porque não falaram aos edomitas que Israel também já havia pago (cfe Ex
12.40) também o preço?
Coitado dos edomitas, pois compraram uma briga feia com Deus,
mexeram com o povo errado. Agora era lei do bateu, levou. Quebrou, pagou.
Procurou, achou. Edom, não adianta se prostrar de machão, pois Deus já te fez
pequeno.
f) O fim de Edom:
Choraram, mas não
conseguiram o perdão, tal como o pai Esaú (Gn 27.36b, 38; Hb 12.16). Junto com esta porta fechada pelo
inimigo, Deus se antecipou e eliminou também o problema que teriam com os
moabitas e amonitas, logo à frente.
g) Conclusão:
Outra
porta que parecia aberta por Deus, mas que na verdade era uma armadilha do
inimigo, que ele mesmo tratou de fechar. O caminho longo, menos desejado, era o
que reservava a bênçãos. Até chegarem em Canaã foram muitas intervenções de Deus
que ficaram marcadas na historia das nações e povos que se envolviam com os
hebreus.
Um inimigo chato, complicado, orgulhoso, próximo, parente que fez de tudo para atrapalhar. Deram as costas, zombaram e riram de Israel em duas ocasiões, na primeira quando não permitiram que passassem pelo seu território e quando viram Jerusalém tombada pelos babilônios. Ai dos edomitas, Deus entrou na guerra. O problema era antigo e mal resolvido, o que lentilhas cruas não foi capaz de fazer o guisado fresco da própria caça conseguiu fazer, seduzir Esaú. Tal pai, tal filho, clamaram, choraram, mas não obtiveram perdão, tal como Esaú não recuperou nenhuma porção da benção que ele mesmo havia desprezado. O pai desprezou a benção da primogenitura e os filhos da mesma forma desprezaram a oportunidade de ajudar Israel. Se tivessem socorrido, certamente seriam prósperos, numerosos e teriam vivido em paz como bons vizinhos.