INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos a respeito da relação de Jesus com a Lei e
o que Ele deseja de seus discípulos. Veremos que o Senhor Jesus cumpriu toda a
Lei, destacaremos a diferença entre a Letra da Lei e o Espírito e, finalmente,
analisaremos a justiça do Reino de Deus. No Sermão do Monte, podemos perceber,
com clarez, que nosso Senhor não destruiu a Lei nem o ensino dos profetas, mas
os cumpriu e os aperfeiçoou. Assim, como seus seguidores, a nossa justiça deve
transcender a dos escribas e fariseus (Mt 5.20).
O maligno conhece a Bíblia, tanto ou mais do
que qualquer um de nós, portanto não basta somente conhecer, temos que deixar a
Palavra de Deus falar aos nossos corações para que de fato possamos produzir
frutos dignos de arrependimento.
Outra questão muito importante é o fato de
associarmos a Lei ao Antigo Testamento
e a Graça ao Novo Testamento. Esta prática, por vezes, confunde o entendimento
acerca destas duas dispensações, que não estão restritas somente ao Antigo e ao
Novo Testamento, respectivamente. Por isso é bom distinguirmos uma da outra,
bem como é bom identificarmos o papel histórico delas na vida do pecador.
a) Lei
- Destaques: Moisés, Sacerdotes, Profetas, Reis e
juízes (positivo);
- Propósitos: Tinham que obedecer aos mandamentos,
juízos e ordenanças (EX 19.5-8);
- Circunstâncias favoráveis: A proteção, providência
e milagres no deserto se estenderam por quarenta anos. Com a entrega da Lei se
conheceu a completa vontade de Deus;
- Início, término e duração: Começou no monte Sinai e
terminou com a morte de Jesus na cruz. Durou cerca de 1711 anos;
- Elemento estranho: Murmuração e ídolos;
- Fracasso: Violaram a Lei e rejeitaram a Cristo (Mt
27.23). Murmuraram, adoraram ídolos e se deram aos pecados morais e
espirituais;
- Juízo: Cativeiro permanente das 10 tribos (Reino do
Norte) e cativeiro em Babilônia de Judá (Reino do Sul). Dispersão mundial (Dt
28.63-66; Lc 21.24) e destruição de Jerusalém;
- Situação do homem após o fracasso: Os sacerdotes
estavam totalmente mergulhados no legalismo e ritualismo;
- Curiosidades da dispensação: A Lei foi dada
verbalmente (Ex 20.1-17) e estava dividida em três partes, os 10 mandamentos
como expressão da vontade de Deus, os juízos relacionado com o governo da vida
social de Israel e as ordenanças, que se preocupavam com a vida religiosa de
Israel. Eram exigências impossíveis aos homens.
f) Graça
- Destaques: Discípulos, apóstolos, Paulo e Igreja
primitiva (positivos);
- Propósitos: Receber a Cristo pela fé e andar em
espírito (Jo 1.12). O propósito desta dispensação é "chamar" de fora
ou formar deles a um povo, a Igreja (At 15.13-18);
- Circunstâncias favoráveis: Jesus, a voz de Deus aos
homens (Hb 1.1-3), iniciou esta dispensação (Jo 17.1-5). Ele destruiu todas as
obras do Diabo ao fazer obras maiores, trouxe liberdade pelo Evangelho e
estabeleceu uma Igreja, revestindo-a com poder para continuar a obra (Mt 8.17;
18.188; Jo 14.16; At 1.1-2; 2.1-4);
- Início, término e duração: Da primeira à segunda
vinda de Jesus; começa na crucificação e termina na primeira fase da segunda
vinda;
- Elemento estranho: Incredulidade, rejeição,
apostasia e perseguição.
- Fracasso: Rejeição a Cristo (Jo 5.40, At 3.19-26) e
apostasia da Igreja visível (II Tm 3.1-8);
- Juízo: Grande Tribulação (Mt 24.21). O fim desta
dispensação será o juízo de Deus sobre todos os incrédulos e nações durante a
Grande Tribulação e o reino do Anticristo;
- Situação do homem após o fracasso: Homem destituído
da Graça de Deus;
- Curiosidades da dispensação: Tal qual Moisés foi
mediador da aliança mosaica, assim Cristo é o Mediador da Nova Aliança (Hb 8.6;
9.15; 12.24). Com a vinda de Jesus, a Antiga Aliança terminou (Rm 10.4; Gl
3.19). Na Dispensação da Graça, Deus fez uma aliança, uma aliança superior às
outras, por intermédio do próprio Filho enviado por Deus à humanidade. Toda e
qualquer tarefa da Igreja depende exclusivamente da Graça.
I - JESUS CUMPRIU TODA A
LEI
1 - Um compromisso com o
passado
Quando nosso Senhor começou a ensinar, seu propósito nunca foi o de
desconstruir tudo ou não valorizar o passado relativo aos ensinos da Lei e dos
Profetas. A expressão “não pensem” revela exatamente isso (Mt 5.17 – NAA). Ora,
Jesus sabia que o ensino da antiga dispensação era valioso, verdadeiro, bom e
belo. Ele jamais ousara ser um revolucionário, portador de um espírito
destrutivo, como o apóstolo Paulo também não (cf. Rm 3.31). Assim, aprendemos,
com Jesus, que não é possível construir um futuro bom se não preservarmos as
coisas boas que os antigos nos legaram.
A revelação da lei
de Deus, como expressão objetiva da sua vontade, encontra-se registrada nas
Escrituras. Esse registro, que começou nos tempos de Moisés, fala-nos da lei
que Deus deu a Adão e também aos seus descendentes. Essa lei foi revelada ao
longo do tempo e dependendo das circunstâncias e da ocasião em que foi dada,
possui diferentes aspectos, qualidades ou áreas sobre as quais legisla.
Jesus foi bem direto, com palavras doces e
suaves, logo no inicio do Sermão do Monte, no entanto, não demorou muito para
que viesse tocar na ferida, no ponto fraco dos judeus da época, que era
justamente no fato deles interpretarem de forma errada a Lei recebida de Deus.
Jesus seguiu em rota de colisão com a frieza,
negatividade e legalismo dos fariseus e escribas. Sua intenção não foi desfazer
ou fazer com que desacreditassem da Lei, mas sim Ele a defendeu daqueles que
interpretavam os artigos santos de forma a favorecê-los. O grande problema foi
que Jesus não fazia parte de nenhum dos grupos ditos interpretes, praticantes
ou defensores da Lei, por isso a resistência aos seus ensinos sofreu oposição.
Fora isto, havia a questão do comportamento e
postura de Jesus diante dos escribas, fariseus e do povo, pois além de
confrontar a interpretação equivocada deles em relação a Lei, juntava-se a
publicanos, pecadores, leprosos e a todos aos excluídos, além de apresentar
ensino que transitavam entre a própria Lei e a Graça, recém apresentada ao mundo.
Dia a dia Jesus ensinava e pregava, sempre
com o cuidado de nunca ferir os preceitos mosaicos. Para tanto não se
apresentava como um pregador ou mestre de novidades, revolucionário, pelo
contrário, o que queria realmente era organizar tudo o que os religiosos da
época distorceram. Fez isso com amor, brandura, compaixão, sinceridade,
prudência e sabedoria.
Na verdade, é inadmissível que homens
defendam ou apresentem como condição essencial para salvação alguns dos duzentos
e quarenta e oito mandamentos positivos, chamados de prescrições para uma vida
saudável e agradável a Deus (248 – total de ossos humanos, segundo entendimento
e tradição judaica) ou ainda os trezentos e sessenta e cinco mandamentos
negativos, conhecidos como proibições, para se evitar (365 – representação de cada
dia do ano).
A lei nunca teve por função, em nenhum
momento da história, proporcionar salvação. O seu único objetivo sempre foi
apontar o erro, o pecado e o distanciamento dos hebreus, além de regular suas
vida social, política, religiosa e diplomática, uma vez que incluía a relação,
atendimento e socorro aos estrangeiros. Diante de tudo isto alimentava a
esperança e preparava o coração dos filhos de Abraão para o advento do tão
esperado Messias.
2 - Jesus não veio
destruir a Lei
Para muitos opositores, Jesus era um agitador, revolucionário,
destruidor da tradição recebida (Jo 5.15). Por isso, nosso Senhor foi alvo de
falsas acusações pelos seus críticos (Mt 26.59-61). Entretanto, os Evangelhos
deixam claro que Jesus ensinou sobre a justiça conforme o que Moisés, a Lei e
os profetas ensinaram. No lugar de enfraquecer a Lei, Ele devolvia o verdadeiro
sentido dela, já abandonado pelos mestres judeus (Mt 8.4; Mc 7.10; Lc 16.31; Jo
5.46 ). Jesus enfatizou o sentido perfeito da Lei (Mc 7.5-13). Ele mesmo, a
continuação da revelação divina, mostrava que essa revelação é progressiva para
a perfeição , não retrógrada nem estática. Nesse sentido, a fé e o ensino da
Palavra de Deus devem nos levar ao verdadeiro crescimento espiritual, com o bem
ensinou o salmista (SI 1.2,3; 119.1,97 ).
Jesus não veio destruir a Lei ou tampouco
veio somente para cumprir ou dar continuidade, ideia essa defendida por alguns
estudiosos. Também não veio para abolir de fato e de direito todos os artigos da
Lei para introduzir a Graça, conforme outra ideia de pensamento. Na verdade, Jesus
veio para honrar a Lei, muitos mais do que todos os judeus em toda a história
juntos.
Tanto que Jesus se posicionou claramente a
favor da Lei, quando disse: “Não pensem que eu vim para acabar com a Lei de Moisés ou com
os ensinamentos dos Profetas. Não vim para acabar com eles, mas para dar o
seu sentido completo” (Mt 5.17 – NTLH). Entretanto,
rejeitou com veemência as ordenanças e obrigações impostas pela tradição
judaica. E para que não ficasse dúvida ainda declarou que o Pentateuco, escrito
por Moisés e inspirado por Deus, era essencial para sua vida e Seu ministério
(Mt 5.18-19), pois nem um “i” ou “til” passaria até que tudo fosse cumprido.
3 - Jesus cumpriu e
aperfeiçoou a lei
O verbo “Cumprir” (Mt 5.17), do grego plêroô, traz a ideia de tornar
cheio, completar, encher até o máximo fazer abundar, fornecer ou suprir
liberalmente. Assim, a perspectiva pela qual Jesus cumpriu a Lei é que Ele lhe
deu perfeição, conforme nos revela essa expressão: “[…] foi dito aos antigos:
[…] Eu, porém, vos digo” (Mt 5.21,22). Ora, em momento algum Jesus conflitou
com as Escrituras do Antigo Testamento, mas as harmonizou plenamente. Por isso,
diferentemente dos escribas e fariseus, que usavam da Lei para abusar do povo
(Mt 23.4; Lc 11.4 6 ), o Senhor Jesus a aperfeiçoou (Mt 5.19). O que era visto
com a sombra cedeu espaço para a realidade do pleno cumprimento profético (Lc
4.16 -21). Em Jesus, o que era visto por meio do Decálogo e dos profetas,
concretizou-se fielmente em nosso Senhor, conforme nos revela o escritor aos
Hebreus (Hb 1.1-3).
Jesus primeiramente resgatou a Lei e a
apresentou aos judeus sedentos de uma interpretação correta, sadia e santa,
cumprindo todos os artigos em Si mesmo, aperfeiçoando o entendimento dos
ouvintes e pondo fim à sombra, pois a tudo ao que a Lei apontava (Messias),
estava ali materializado em sua pessoa. Acabou a sombra e começou a realidade.
A
Lei sempre foi necessária, na história dos judeus, por isso foram várias as
oportunidades que em que houve ações para que fosse resgatada, o caso que mais marcou
Israel aconteceu após a reconstrução dos muros de Jerusalém.
Os
judeus estiveram por muito tempo distantes e alheios aos
ensinos da Lei Mosaica. A situação espiritual dos que não foram levados cativos
para a Babilônia e dos que retornaram pedia um urgente avivamento. Para o
ajuntamento não houve convocação, tampouco uso da força ou violência, pois todo
o povo se ajuntou espontaneamente e praticamente exigiram o ensino. Pediram a
Esdras que trouxesse o livro da Lei, estavam com sede da Palavra.
A leitura,
explicação e ensino foram a base para o grande avivamento entre os judeus, pois
buscaram a Deus, foram renovados e demonstraram interesse pela Lei. Neemias
entendeu que aquela tarefa era tão urgente e necessária quanto a reconstrução
da cidade, por isto envolveu todos no trabalho, principalmente os levitas
(11.1). Os ensinadores também foram renovados, capacitados, muitos deles
resgatados e outros seriam apresentados a tradição judaica, pois até aquele
momento conheciam somente a cultura babilônica, mas o principal estava sendo
revelado e eles manejaram bem a Lei (I Tm 2.15)
II- A LETRA DA LEI, A
VERDADE DO ESPÍRITO
1 - O que a expressão
“letra da Lei” significa?
De acordo com as cartas de Paulo, a expressão “letra da Lei” diz
respeito ao Antigo Concerto. Essa letra expressa os desígnios de Deus em forma
de proibições escritas que revelam o pecado e levam à condenação, como nos
mostra Romanos 7.7-25. Em suma, dominado pela fraqueza da carne e sem força, o
homem seria levado à morte diante da letra da Lei. A função da Lei é mostrar a
malignidade do pecado e a impossibilidade do homem em salvar-se. Nesse sentido,
ela serviu com o paidagôgos (do grego), isto é, um pedagogo, um guia, que nos
levou a Cristo (Gl 2 4). Um exemplo que revela essa função é a relevância dos
profetas do Antigo Testamento para despertar o povo ao verdadeiro
arrependimento diante de Deus. Entretanto, o judaísmo transformou a “letra da
Lei” em um sistema de normas frias e sem vida.
O apostolo Paulo sempre entendeu a Lei como
boa, sempre cumprindo seu papel pedagógico, que era o de levar o homem caído até
Jesus. Em seu entendimento a Lei dada por Deus não matava o homem e que não era
imperfeita, apesar de expor suas fragilidades, mas sim o que matava e por vezes
invalidava o que chamavam de Lei, eram justamente as interpretações corrompidas
impostas pelos lideres judaicos, que gerava morte e não levava à salvação.
Tanto é que a Lei era vista como a própria
Palavra e vontade de Deus, perfeita (Sl 19.7), por isso Jesus a cumpriu,
mostrando assim sua necessidade, todavia, no ato do cumprimento, a partir de
então ela não teria mais fundamento para o homem, pois a Graça revelada
assumiria o papel de aproximar criatura e Criador.
2 - A perspectiva
teológica da Lei
Para os judeus, a Lei apresentava sua completude por meio de uma
tríplice divisão: moral, cerimonial e judicial. A Lei Moral envolve os Dez
Mandamentos (Êx 20.1-17); a cerimonial refere-se à adoração do povo de Deus no
Tabernáculo e, posteriormente, no Templo (Êx 25.1-31.17); a judicial tem a ver
com diversas responsabilidades civis (individuais e sociais) (Êx 21.1-23.19).
Pelo sistema da antiga Lei, havia um falso entendimento de que o homem poderia
viver de maneira justa segundo o seu próprio mérito e que, por isso, seria
possível salvar-se. Ora, o apóstolo Paulo refutou sabiamente esse falso
entendimento (G1 2.16; Tt 3.5). Em suas cartas, o apóstolo deixou bem claro que
o Senhor Jesus cumpriu toda a Lei e que, por isso, pôs fim ao Sistema de Lei
Mosaico, de modo que Ele oferece um novo e vivo caminho para se chegar a Deus
(Jo 14.6; Hb 10.19,20), uma nova aliança que concede justificação e paz ao
salvo (Rm 5.1).
a) Lei cerimonial:
Esse tipo de lei está especificamente
relacionado à adoração de Israel (ver, por exemplo, Lv 1.1-3). Seu objetivo
principal era apontar para Jesus Cristo. Portanto, não era mais necessária após
sua morte e ressurreição.
b) Lei civil:
Esse tipo de lei regulava a vida cotidiana de
Israel (ver Dt 24.10-11, por exemplo). Como a cultura e a sociedade daquela
época eram radicalmente diferentes do mundo moderno, algumas de suas diretrizes
não podem ser especificamente obedecidos. Os princípios porém devem guiar nossa
conduta.
c) Lei moral:
Esse tipo de lei e constituído pelos
mandamentos diretos de Deus, por exemplo, os Dez Mandamentos (Ex 20.1-7). Exige
uma rigorosa obediência e revela a natureza e a vontade divina. Anda se aplica
a nós atualmente. Devemos obedecer a essa lei moral, não para alcançar a
salvação, mas para viver de uma forma que seja agradável a Deus”.
Não tem como
falarmos da perspectiva teológica da Lei sem mencionarmos alguns de seus artigos:
- Os dez mandamentos;
- A temida circuncisão:
- Sobre os servos e homicidas;
- Sobre os que amaldiçoam os pais e ferem qualquer pessoa;
- Sobre as propriedades;
- Imoralidade e idolatria;
- Testemunho falso e injustiça;
- Ano do descanso e o sábado;
- As três festas;
- Toda a preocupação com o Tabernáculo/Templo
- Arca da aliança
- Disposição dos objetos, enfeites no Tabernáculo/Templo
- O propiciatório;
- Cortinas do Tabernáculo/Templo;
- Tábuas do Tabernáculo/Templo;
- Véus do Tabernáculo/Templo;
- O altar dos holocaustos;
- O pátio do Tabernáculo/Templo;
- As vestes sacerdotais;
- Urim e Tumim;
- A lâmina de ouro puro;
- Os sacrifícios e as cerimônias de consagração;
- O altar do incenso;
- O resgate das almas;
- A pia de cobre;
- O azeite da santa unção;
- O incenso santo;
- A coberta de pele e as tábuas;
- Os véus e as colunas;
- A mesa;
- Os holocaustos;
- A oferta de manjares;
- Os sacrifícios de paz e da graça;
- Os sacrifícios pelos erros dos sacerdotes;
- Os sacrifícios pelos erros do povo;
- Os sacrifícios pelos erros de um príncipe;
- Os sacrifícios pelos erros de qualquer pessoa;
- Os sacrifícios pelos pecados ocultos;
- Os sacrifícios pelos sacrilégios;
- Os sacrifícios pelos pecados de ignorância;
- Os sacrifícios pelos pecados voluntários;
- A expiação dos pecados;
- A expiação da culpa
- Sobre a gordura e o sangue;
- Animais impuros e puros;
- As porções reservadas aos sacerdotes;
- As purificações após o parto;
- Acerca da lepra e da sua cura;
- As imundícies do homem da mulher;
- Hierarquia sacerdotal;
- Uniões ilícitas;
- Uniões abomináveis;
- Sobre os diversos crimes;
- Instruções acerca das lâmpadas com azeite puro batido, instrução;
- O ano do descanso;
- Coisas consagradas;
- Sobre os votos;
- Sobre os levitas;
- Sobre o adultério;
- Nazireado e etc.
3 - A Lei e a verdade do
Espírito
Nosso Senhor cumpriu todo o Antigo Testamento, obedecendo
perfeitamente à Lei, cumprindo os tipos, sombras, símbolos e profecias. A causa
dessa realidade perfeita é a morte substitutiva de Jesus e, por isso, hoje, os
cristãos são declarados justos pelo mérito da obra de Cristo (Rm 3.21-26;
10.4). Em conformidade com esse evento salvífico, o apóstolo Paulo diz que a
letra mata, mas o Espírito vivifica (2 Co 3.6). Isso mostra que o Novo Concerto
revelou-se na pessoa de Jesus, que gera vida, e não mais na letra pesada da
Lei, que gera morte (Rm 6.23). Ou seja, de um código exterior de normas para um
código interior e dinamizado na vida pelo Espírito; de palavras registradas em
tábuas de pedra para palavras cravadas no coração. O Espírito Santo traz vida
em Cristo e grava a vontade de Deus em nossa consciência e coração (Rm 8.2; 1
Co 15.45 ; 1Tm 1.5).
A Antiga Lei, gravada em pedras, quando
confrontada com a verdade do Espírito revelada em Jesus, realmente ficava muito
aquém de sua missão principal que era oferecer salvação, pois mostrava o erro,
a doença, o pecado, mas em nenhum momento apresentou a salvação, a cura ou
esperança. Já a Graça revelou a esperança para a cura da doença crônica da
humanidade, o pecado, por intermédio do Sangue de Jesus.
4 - Qual é o propósito da
Lei para os discípulos de Cristo?
Vimos que Jesus cumpriu toda a Lei. Nesse sentido, cabe perguntar:
há propósito da Lei para os cristãos? O apóstolo Paulo responde essa questão
mostrando que a Lei é santa (Rm 7.12), está estabelecida (Rm 3.31), se cumpre
no amor (Rm 13.8-10; Gl 5.14) e opera atualmente por meio do Espírito Santo,
que dinamiza a vida interior do cristão (Rm 8.2,9; Gl 5.6,25). Portanto, é
Jesus Cristo quem impacta, aperfeiçoa e, por meio do Santo Espírito, implanta
no interior do crente o verdadeiro sentido da Lei (Gl 4.3-7).
Portanto, o Antigo Testamento, local onde a
Lei foi inserida, sempre testificou a respeito da obra e pessoa de Jesus, não
podendo de forma nenhuma ser desprezado ou colocado à parte em relação ao Novo
Testamento, como muitos costumam fazer, na tentativa de invalidar a eficácia da
Lei para salvação.
No Antigo Testamento temos a promessa da
restauração da humanidade e no Novo Testamento temos o fiel cumprimento das
revelações de Deus, portanto um não pode ser preterido em relação ao outro.
Ambos se completam e são necessários para entendermos o plano, o agir e a
vontade de Deus para nossas vidas.
III- A JUSTIÇA DO REINO DE
DEUS
1 - Quem é grande no Reino
de Deus?
Mateus 5.18,19 mostra que são considerados ‘‘grande no Reino de
Deus” os que se acham fiéis e cumpridores de toda a lei de Cristo.
Consequentemente, são rebaixados à condição de menores os que negligenciam,
removem, separam, violam o menor dos mandamentos de Deus e não atentam para a
sua instrução, quer por omissão, quer por transgressão. Assim, como discípulos
de Cristo e cidadãos do Reino de Deus, devemos cumprir e ensinar a lei divina a
partir do poder do Espírito Santo que transforma, aperfeiçoa e concede-nos
graça e verdade (Jo 1.16,17).
Aquele que violar
alguns dos mandamentos e os ensinar a outros, será considerado o menor no Reino do Céu (cfe Mt 5.20
– NTLH). Por outro lado, quem obedecer à Lei e ensinar os outros a fazerem o
mesmo será considerado grande. Certamente a Igreja faz parte deste grupo, pois ensina
corretamente, sem violar nenhum dos mandamentos, por menor que seja. No
entanto, é importante frisarmos que necessitamos de orientações, estrutura e capacitação para darmos continuidade a obra de
Deus.
A grandeza da
Igreja não é fruto de suas realizações, conhecimentos, lideranças ou posições,
mas sim é vista no momento em que guarda o mandamento de Deus e os ensina de
forma correta ao pecador.
2 - A Justiça do reino de
Deus
A compreensão da justiça do Antigo Testamento, baseada no binômio
lei-obra, gerou orgulho pessoal e confiança nas próprias ações dos judeus para
justificarem a si mesmos. No Novo Testamento, há exemplos a esse respeito: o
jovem rico que agiu assim para atingir o supremo bem (Mt 19 .16 -26 ); o
fariseu que, por meio de sua justiça própria, achava-se melhor que o publicano
(Lc 18.9-17); o sacerdote e o levita que, firmados numa justiça própria, não
atentaram para a aflição do próximo (Lc 10.25-37). Mas Jesus ensina aos seus
discípulos que a nova justiça no Reino de Deus é interior, moral e espiritual e
não se trata mais daquela velha justiça exterior, cerimonial e legalista. Por
isso, a justiça exigida pelo Senhor Jesus aos seus discípulos é superior à dos
escribas e fariseus. É uma justiça mais sublime, elevada e interior. Essa
justiça só pode ser obtida mediante a fé, nos permitindo viver de maneira justa
e piedosa (Rm 3.21,22; Rm 8.2-5) e, assim, entrar no Reino de Deus.
O caráter justo de Deus aliada a sua iniciativa em
proporcionar o homem o direito a salvação e por fim o ato de dar a
possibilidade, ao pecador, de se tornar um justo se constituem nos elementos
básicos que caracterizam a justiça de Deus. É a maneira justa como Deus
justifica o injusto através do seu proceder, maneira e modo de agir.
É verdade que Deus salva o homem porque o ama. Mas
Ele deve fazê-lo de um modo que esteja de acordo com sua justiça, proceder,
padrão moral, método, dignidade e majestade. Por isto podemos dizer que não
importa a condição que esteja o homem, na mentira, no engano, no crime, na prostituição
ou em outra situação, todos terão direto a salvação, mas devemos ter ciência de
que todos estavam destituídos da glória de Deus.
A operação da justiça gera a paz e mesmo neste
mundo corrompido e desvirtuado da verdade é possível contemplar a aplicação
desta regra, porém a paz somente reinará durante o reinado milenial de Cristo,
pois será o governo perfeito sobre a face da Terra, onde a justiça e paz se
beijarão (Sl 85:10).
CONCLUSÃO
Jesus não veio para desfazer a Lei, nem viveu com um legalista.
Porém, soube conservar o que havia de bom na antiga Lei, dando-lhe uma nova
dinâmica de vida. Nosso Senhor deseja que nossas vidas sejam elevadas
espiritualmente, semelhantes ao caráter e conduta dEle, deixando de lado toda
frieza espiritual e, aquecidos pelo Espírito Santo, abraçando o verdadeiro
Evangelho do Senhor Jesus Cristo.
Referências
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mensagem do reino de Deus. Disponível em: http://ailtonsilva2000.blogspot.com/2011/07/plano-de-aula-e-resumo-dos-subsidios.html#more. Acesso em 14 de abril de 2022
Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003
Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão Internacional (NVI).
Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008
Bíblia Sagrada. Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP).
Sociedade Bíblica do Brasil, 2000
Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil,
Rio de Janeiro. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2003
Gomes, Osiel. Os valores do Reino de Deus. a
relevância do Sermão do Monte para a igreja de Cristo. Casa Publicadora das Assembleia de Deus. Rio
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Neemias: como sair do anonimato? Capítulo 10. Disponível em: http://ailtonsilva2000.blogspot.com/2014/10/neemias-como-sair-do-anonimato-capitulo.html. Acesso em 14 de abril de 2022
O reino de Deus através da Igreja. Plano de aula. Disponível em:
http://ailtonsilva2000.blogspot.com/2011/07/plano-de-aula-e-resumo-dos-subsidios_27.html#more. Acesso em 14 de abril de 2022