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sexta-feira, 29 de abril de 2022

Um dos mais lindas conversas

Um dia uma vizinha disse para a outra:

- Voce ficou sabendo que apareceu um profeta em Israel? Fiquei sabendo que está operando milagres e maravilhas, vamos lá levar sua filha?

- Mas somos daqui, não acreditamos no Deus deles e em seus profetas?

- Mas os nossos deuses não resolveram seu problema.

- Mas será que ele vai nos atender?

- Ouvi dizer que ele é onipresente, onipotente e onisciente e que não tem necessidade de irmos até lá, basta clamarmos daqui mesmo.

- Mas sera que ouvirá e atenderá? Mesmo eu sendo estrangeira?

- Vamos tentar?

A mulher clamou e foi ouvida. Jesus estava pregando em Israel, o seu foco, mas de uma hora para outra sentiu no coração o desejo de ultrapassar fronteiras e resolveu visitar as regiões de Tiro e Sidom, onde justamente estava a mulher que havia clamado por Ele. O encontro foi amistoso e logo a mulher pediu pela libertação da filha.

Jesus respondeu:

- Não posso dar o pão (Palavra e operações) antes para os gentios, primeiro é para Israel.

- Tudo bem, o Senhor não pode dar o pão antes, mas deu a Lei (rebusca ou respiga) para que nos fossemos socorridos.

- Espera só mais um poucochinho de tempo mulher, a hora de vocês chegará. A igreja virá em socorro de vocês logo.

- Não posso esperar mais, preciso de um milagre. Me contento com pouco, com migalhas, quero somente a libertação da minha filha, nada mais.

Pela lei da rebusca o respiga, tudo o que caísse no chão durante as colheitas não poderia ser recolhido pelos trabalhadores, deveria ser deixado lá, pois era o sustento que Deus estava enviando para os pobres, necessitados, viúvas, órfãos e estrangeiros. A mulher estava esperando este artigo da lei se cumprir na vida de Jesus. E se cumpriu.

Disse Jesus: Mulher, vá embora, porque senti de novo que de mim saiu virtude. Por esta sua palavra a sua filha está liberta. E como sou onisciente, onipresente e onipotente, não preciso ir ao encontro de sua filha. Vá em paz.

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

terça-feira, 26 de abril de 2022

Fé e obediência. Abraão, um exemplo para todos os povos. Capítulo 8

5) Abrangência da promessa

Abraão deveria ser uma bênção para todos os povos (Gn 12.2-3) e o cumprimento do plano de Deus para restauração da humanidade, teria inicio, pelos seus descendentes, a partir de Jesus.

As bênçãos, como resultado da obediência e fé de Abraão, tinham um alcance individual (para o próprio Abraão), social (para família, parentes, amigos e servos), geográfico (para os habitantes de Canaã), politico (para Israel resolver seus problemas com seus vizinhos) e global (estendível a todas as famílias da Terra).

 

6) As bênçãos do porvir

As bênçãos decorrentes da obediência de Abraão diziam respeito ao seu presente, pois contemplava a sua realidade material e pessoal e também alcançavam a sua relação com os habitantes de Canaã, tanto é que foi um homem próspero, abençoado e respeitado pelos moradores daquela região.

Por outro lado, as bênçãos também apontavam para o futuro, para algo permanente, bênçãos eternas, ou seja, algumas daquelas promessas se cumpriram somente na plenitude dos tempos (Gl 4.4).

Abraão sabia que Deus cumpriria o que havia prometido, mas foi preciso algumas intervenções para que sua fé fosse fortalecida.

Deus revelou a Abraão o futuro de seus descendentes e lhe mostrou o peso e a abrangências das bênçãos que receberia.

Mas o cumprimento total das promessas estaria condicionada ao tempo de Deus e não dos homens, bastava Abraão esperar e confiar.

 

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

segunda-feira, 18 de abril de 2022

Elias, o profeta da chuva e do fogo. Capítulo 6

A DEPRESSÃO: O TERCEIRO PROBLEMA 

A Bíblia nos mostra homens e mulheres fiéis, vigorosos, destemidos, corajosos e ousados, mas que estiveram sujeitos às mesmas paixões que qualquer outro ser humano.

Elias deixou seu legado na história bíblica, foi um gigante espiritual, servo do Deus Altíssimo, de profunda convicção, enfrentou sem medo os soberanos de Israel, os falsos profetas e trabalhou de forma a mudar o coração dividido de um povo que beirava a apostasia.

Que sobrecarga tremenda recaiu sobre seus ombros a ponto de fazer aflorar em sua vida o lado humano, frágil e carente da ajuda divina.

Se apresentou ao rei Acabe por duas vezes sem problemas. Foi ao ribeiro de Querite, mesmo sem provisão e não questionou. Se dirigiu a Sarepta e foi sustentado por uma viúva que estava em condição pior. Foi ao Monte Carmelo e desafiou os profetas de Baal sem se impressionar com a quantidade. Imaginava que após este episódio, rei, rainha e todo Israel se converteriam, ou na pior das hipóteses esperava que Jezabel fosse mandada de volta para sua terra natal.

Elias cumpriu sua missão e procurou ser fiel a Deus, mas a sua última ação, após o Monte Carmelo o levou a direção contrária (I Rs 18.46). Foi por conta própria até Jezreel, com a intenção de contemplar com os próprios olhos o que seria feito de Jezabel. Este foi o inicio de seu período depressivo, pois além de ver que nada aconteceu com a rainha, ainda recebeu fortes ameaças.

 

a) Elias tinha pés de barro:

Mesmo diante de tanta força, Elias ainda era um homem sentimental, sujeito as mesmas paixões e oscilações. Tinha escudo, broquel, capacete, espada, e um par de pés de barro.

Elias foi um gigante espiritual, mas ainda era homem! Não era um anjo, tampouco um semideus! Esteve sujeito às mesmas paixões, alegrava-se, entristecia-se! Talvez o que o distingue dos demais mortais é que não maquiava seus sentimentos e fraquezas.

Se isolou, ficou no deserto, perdeu o encanto pela vida, não queira mais viver, mas também não queria se matar e tampouco queria que isto acontecesse por intervenção de Jezabel. Naquele momento precisava de ajuda e somente Deus poderia lhe socorrer.

Deus havia respondido a sua oração, enviando fogo do céu em resposta (I Rs 18.38). Esta foi a sua vitória sobre os profetas de Baal. Esperou o quebrantamento do povo, incluindo a casa real, todavia, o avivamento do Monte Carmelo não alcançou as proporções desejadas e para aumentar ainda mais a sua decepção foi informado sobre as ameaças de Jezabel (I Rs 19.2).

Jezabel não mandou o marido, soldado ou comitiva, mas enviou apenas um único mensageiro, que foi capaz de abalar a estrutura de Elias.

Esperava que aquele mensageiro lhe desse notícias sobre o fim da rainha, mas ouviu que o fim tão desejado seria o dele e não o dela (I Rs 19.2).

O mundo de Elias caiu quando ouviu: “A rainha mandou lhe dizer que até amanhã te matará”. A mulher continuava no trono e ainda ameaçava. Temeu pela sua vida e fugiu.

Elias não estava preparado para este tipo de ameaça, já que, após a vitória no Monte Carmelo, não mais considerava Jezabel como o maior problema de Israel. Em seu pensamento não encontraria dificuldades no seu ministério. Parece que a alegria se converteu em tristeza. Decepção pura, não com o seu Deus, mas com o príncipe de seu povo.

A reação de Elias foi imediata diante da ameaça de morte: "O que vendo ele, se levantou, e, para escapar com vida, se foi, e veio a Berseba, que é de Judá, e deixou ali o seu moço" (I Rs 19.3). O profeta temeu e fugiu. O homem que havia confrontado Acabe e os falsos profetas de Baal agora fugia para não morrer pelas mãos de uma mulher. Imaginou que sua vida estava nas mãos de Jezabel. O prazo dado foi de vinte e quatro horas, tempo suficiente para a fuga.

O homem de Deus que havia enfrentado situações tão adversas, se viu impotente ante as ameaças de uma rainha pagã (I Rs 19.2-3). Não viu escapatória e temeu por sua vida. Era ficar e morrer ou fugir para viver.

Por sua atitude, Elias não foi recriminado por Deus e tampouco pode ser por qualquer um de nós. Não fugiu, apenas se isolou (I Rs 19.4). Estas são características de pessoas deprimidas, sujeitos às mesmas paixões e reações.

Neste momento interrompeu a comunhão com Deus, abandonou seu companheiro, para que não o visse ali naquelas condições, fraco, medroso, limitado, já que até então tinha contemplado um profeta corajoso, valente, destemido.

Ninguém procurou defendê-lo, se viu sozinho, se isolou, optou pela fuga para não morrer pelas mãos de Jezabel, mas depois pediu a morte, que incoerência. Preferia morrer pelas mãos de Deus para não dar o prazer à rainha.

Elias foi mais além e pediu, em seu animo, a morte (I Rs 19.4). Perdeu o encanto pela vida, portanto, precisava urgentemente de ajuda.

Deus já havia provado a Elias que tinha o controle sobre:

  • A natureza, pois saciou sua sede em um ribeiro temporário e foi alimentado por corvos;
  • As nações, pois o enviou em segurança a Sidom para ser sustentado por uma viúva;
  • As provisões, pois o azeite e a farinha da viúva foram multiplicados;
  • A vida, pois ressuscitou o filho da viúva;
  • Os fenômenos da natureza, pois caiu fogo do céu e a chuva cessou e retornou.

Mas agora Elias deveria aprender que Deus tinha controle sobre a sua própria vida e que estava quebrando o “eu”, pois por várias vezes se imaginou o único fiel, o único profeta, o único digno de estar na presença de Deus. Havia esquecido do ministério de socorro de Obadias? Cem profetas foram escondidos e sustentados (I Rs 18.13).

Seria ele o único fiel que havia restado: "Eu fiquei só" (I Rs 19.10). Em seu pensamento Não havia mais fiéis. Deus possuía ainda seus sete mil (I Rs 19.18).

Enfrentou altos e baixos e foram muitos os conflitos, depressão e tristeza. Isto prova que era um homem sujeito às mesmas paixões como qualquer outro ser humano. Rapidamente viu a vitória se transformar em derrota. Foi capaz de enfrentar um rei, oitocentos e cinquenta falsos profetas, enfrentou quase uma nação inteira, mas correu desesperado quando uma mulher bateu o pé no chão.

Deus não havia desistido de Elias, ainda tinha muito por fazer. A única exigência para continuar sendo usado como profeta era que se dirigisse a Horebe, o monte de Deus, para lá ser renovado.

A expectativa no coração do profeta foi grande, pois o que Deus poderia fazer de tão especial que pudesse restaurar suas forças e alegrar seu coração temeroso?

continua...

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

sexta-feira, 15 de abril de 2022

Jesus, o discípulo e a Lei. Plano de aula - lição 3


INTRODUÇÃO

Nesta lição, estudaremos a respeito da relação de Jesus com a Lei e o que Ele deseja de seus discípulos. Veremos que o Senhor Jesus cumpriu toda a Lei, destacaremos a diferença entre a Letra da Lei e o Espírito e, finalmente, analisaremos a justiça do Reino de Deus. No Sermão do Monte, podemos perceber, com clarez, que nosso Senhor não destruiu a Lei nem o ensino dos profetas, mas os cumpriu e os aperfeiçoou. Assim, como seus seguidores, a nossa justiça deve transcender a dos escribas e fariseus (Mt 5.20).

O maligno conhece a Bíblia, tanto ou mais do que qualquer um de nós, portanto não basta somente conhecer, temos que deixar a Palavra de Deus falar aos nossos corações para que de fato possamos produzir frutos dignos de arrependimento.

Outra questão muito importante é o fato de associarmos a Lei ao Antigo Testamento e a Graça ao Novo Testamento. Esta prática, por vezes, confunde o entendimento acerca destas duas dispensações, que não estão restritas somente ao Antigo e ao Novo Testamento, respectivamente. Por isso é bom distinguirmos uma da outra, bem como é bom identificarmos o papel histórico delas na vida do pecador.

 

a) Lei

  • Destaques: Moisés, Sacerdotes, Profetas, Reis e juízes (positivo);
  • Propósitos: Tinham que obedecer aos mandamentos, juízos e ordenanças (EX 19.5-8);
  • Circunstâncias favoráveis: A proteção, providência e milagres no deserto se estenderam por quarenta anos. Com a entrega da Lei se conheceu a completa vontade de Deus;
  • Início, término e duração: Começou no monte Sinai e terminou com a morte de Jesus na cruz. Durou cerca de 1711 anos;
  • Elemento estranho: Murmuração e ídolos;
  • Fracasso: Violaram a Lei e rejeitaram a Cristo (Mt 27.23). Murmuraram, adoraram ídolos e se deram aos pecados morais e espirituais;
  • Juízo: Cativeiro permanente das 10 tribos (Reino do Norte) e cativeiro em Babilônia de Judá (Reino do Sul). Dispersão mundial (Dt 28.63-66; Lc 21.24) e destruição de Jerusalém;
  • Situação do homem após o fracasso: Os sacerdotes estavam totalmente mergulhados no legalismo e ritualismo;
  • Curiosidades da dispensação: A Lei foi dada verbalmente (Ex 20.1-17) e estava dividida em três partes, os 10 mandamentos como expressão da vontade de Deus, os juízos relacionado com o governo da vida social de Israel e as ordenanças, que se preocupavam com a vida religiosa de Israel. Eram exigências impossíveis aos homens.

 

f) Graça

  • Destaques: Discípulos, apóstolos, Paulo e Igreja primitiva (positivos);
  • Propósitos: Receber a Cristo pela fé e andar em espírito (Jo 1.12). O propósito desta dispensação é "chamar" de fora ou formar deles a um povo, a Igreja (At 15.13-18);
  • Circunstâncias favoráveis: Jesus, a voz de Deus aos homens (Hb 1.1-3), iniciou esta dispensação (Jo 17.1-5). Ele destruiu todas as obras do Diabo ao fazer obras maiores, trouxe liberdade pelo Evangelho e estabeleceu uma Igreja, revestindo-a com poder para continuar a obra (Mt 8.17; 18.188; Jo 14.16; At 1.1-2; 2.1-4);
  • Início, término e duração: Da primeira à segunda vinda de Jesus; começa na crucificação e termina na primeira fase da segunda vinda;
  • Elemento estranho: Incredulidade, rejeição, apostasia e perseguição.
  • Fracasso: Rejeição a Cristo (Jo 5.40, At 3.19-26) e apostasia da Igreja visível (II Tm 3.1-8);
  • Juízo: Grande Tribulação (Mt 24.21). O fim desta dispensação será o juízo de Deus sobre todos os incrédulos e nações durante a Grande Tribulação e o reino do Anticristo;
  • Situação do homem após o fracasso: Homem destituído da Graça de Deus;
  • Curiosidades da dispensação: Tal qual Moisés foi mediador da aliança mosaica, assim Cristo é o Mediador da Nova Aliança (Hb 8.6; 9.15; 12.24). Com a vinda de Jesus, a Antiga Aliança terminou (Rm 10.4; Gl 3.19). Na Dispensação da Graça, Deus fez uma aliança, uma aliança superior às outras, por intermédio do próprio Filho enviado por Deus à humanidade. Toda e qualquer tarefa da Igreja depende exclusivamente da Graça.

 

I - JESUS CUMPRIU TODA A LEI

1 - Um compromisso com o passado

Quando nosso Senhor começou a ensinar, seu propósito nunca foi o de desconstruir tudo ou não valorizar o passado relativo aos ensinos da Lei e dos Profetas. A expressão “não pensem” revela exatamente isso (Mt 5.17 – NAA). Ora, Jesus sabia que o ensino da antiga dispensação era valioso, verdadeiro, bom e belo. Ele jamais ousara ser um revolucionário, portador de um espírito destrutivo, como o apóstolo Paulo também não (cf. Rm 3.31). Assim, aprendemos, com Jesus, que não é possível construir um futuro bom se não preservarmos as coisas boas que os antigos nos legaram.

A revelação da lei de Deus, como expressão objetiva da sua vontade, encontra-se registrada nas Escrituras. Esse registro, que começou nos tempos de Moisés, fala-nos da lei que Deus deu a Adão e também aos seus descendentes. Essa lei foi revelada ao longo do tempo e dependendo das circunstâncias e da ocasião em que foi dada, possui diferentes aspectos, qualidades ou áreas sobre as quais legisla.

Jesus foi bem direto, com palavras doces e suaves, logo no inicio do Sermão do Monte, no entanto, não demorou muito para que viesse tocar na ferida, no ponto fraco dos judeus da época, que era justamente no fato deles interpretarem de forma errada a Lei recebida de Deus.

Jesus seguiu em rota de colisão com a frieza, negatividade e legalismo dos fariseus e escribas. Sua intenção não foi desfazer ou fazer com que desacreditassem da Lei, mas sim Ele a defendeu daqueles que interpretavam os artigos santos de forma a favorecê-los. O grande problema foi que Jesus não fazia parte de nenhum dos grupos ditos interpretes, praticantes ou defensores da Lei, por isso a resistência aos seus ensinos sofreu oposição.

Fora isto, havia a questão do comportamento e postura de Jesus diante dos escribas, fariseus e do povo, pois além de confrontar a interpretação equivocada deles em relação a Lei, juntava-se a publicanos, pecadores, leprosos e a todos aos excluídos, além de apresentar ensino que transitavam entre a própria Lei e a Graça, recém apresentada ao mundo.

Dia a dia Jesus ensinava e pregava, sempre com o cuidado de nunca ferir os preceitos mosaicos. Para tanto não se apresentava como um pregador ou mestre de novidades, revolucionário, pelo contrário, o que queria realmente era organizar tudo o que os religiosos da época distorceram. Fez isso com amor, brandura, compaixão, sinceridade, prudência e sabedoria.

Na verdade, é inadmissível que homens defendam ou apresentem como condição essencial para salvação alguns dos duzentos e quarenta e oito mandamentos positivos, chamados de prescrições para uma vida saudável e agradável a Deus (248 – total de ossos humanos, segundo entendimento e tradição judaica) ou ainda os trezentos e sessenta e cinco mandamentos negativos, conhecidos como proibições, para se evitar (365 – representação de cada dia do ano).

A lei nunca teve por função, em nenhum momento da história, proporcionar salvação. O seu único objetivo sempre foi apontar o erro, o pecado e o distanciamento dos hebreus, além de regular suas vida social, política, religiosa e diplomática, uma vez que incluía a relação, atendimento e socorro aos estrangeiros. Diante de tudo isto alimentava a esperança e preparava o coração dos filhos de Abraão para o advento do tão esperado Messias.

 

2 - Jesus não veio destruir a Lei

Para muitos opositores, Jesus era um agitador, revolucionário, destruidor da tradição recebida (Jo 5.15). Por isso, nosso Senhor foi alvo de falsas acusações pelos seus críticos (Mt 26.59-61). Entretanto, os Evangelhos deixam claro que Jesus ensinou sobre a justiça conforme o que Moisés, a Lei e os profetas ensinaram. No lugar de enfraquecer a Lei, Ele devolvia o verdadeiro sentido dela, já abandonado pelos mestres judeus (Mt 8.4; Mc 7.10; Lc 16.31; Jo 5.46 ). Jesus enfatizou o sentido perfeito da Lei (Mc 7.5-13). Ele mesmo, a continuação da revelação divina, mostrava que essa revelação é progressiva para a perfeição , não retrógrada nem estática. Nesse sentido, a fé e o ensino da Palavra de Deus devem nos levar ao verdadeiro crescimento espiritual, com o bem ensinou o salmista (SI 1.2,3; 119.1,97 ).

Jesus não veio destruir a Lei ou tampouco veio somente para cumprir ou dar continuidade, ideia essa defendida por alguns estudiosos. Também não veio para abolir de fato e de direito todos os artigos da Lei para introduzir a Graça, conforme outra ideia de pensamento. Na verdade, Jesus veio para honrar a Lei, muitos mais do que todos os judeus em toda a história juntos.

Tanto que Jesus se posicionou claramente a favor da Lei, quando disse: Não pensem que eu vim para acabar com a Lei de Moisés ou com os ensinamentos dos Profetas. Não vim para acabar com eles, mas para dar o seu sentido completo” (Mt 5.17 – NTLH). Entretanto, rejeitou com veemência as ordenanças e obrigações impostas pela tradição judaica. E para que não ficasse dúvida ainda declarou que o Pentateuco, escrito por Moisés e inspirado por Deus, era essencial para sua vida e Seu ministério (Mt 5.18-19), pois nem um “i” ou “til” passaria até que tudo fosse cumprido.

 

3 - Jesus cumpriu e aperfeiçoou a lei

O verbo “Cumprir” (Mt 5.17), do grego plêroô, traz a ideia de tornar cheio, completar, encher até o máximo fazer abundar, fornecer ou suprir liberalmente. Assim, a perspectiva pela qual Jesus cumpriu a Lei é que Ele lhe deu perfeição, conforme nos revela essa expressão: “[…] foi dito aos antigos: […] Eu, porém, vos digo” (Mt 5.21,22). Ora, em momento algum Jesus conflitou com as Escrituras do Antigo Testamento, mas as harmonizou plenamente. Por isso, diferentemente dos escribas e fariseus, que usavam da Lei para abusar do povo (Mt 23.4; Lc 11.4 6 ), o Senhor Jesus a aperfeiçoou (Mt 5.19). O que era visto com a sombra cedeu espaço para a realidade do pleno cumprimento profético (Lc 4.16 -21). Em Jesus, o que era visto por meio do Decálogo e dos profetas, concretizou-se fielmente em nosso Senhor, conforme nos revela o escritor aos Hebreus (Hb 1.1-3).

Jesus primeiramente resgatou a Lei e a apresentou aos judeus sedentos de uma interpretação correta, sadia e santa, cumprindo todos os artigos em Si mesmo, aperfeiçoando o entendimento dos ouvintes e pondo fim à sombra, pois a tudo ao que a Lei apontava (Messias), estava ali materializado em sua pessoa. Acabou a sombra e começou a realidade.

A Lei sempre foi necessária, na história dos judeus, por isso foram várias as oportunidades que em que houve ações para que fosse resgatada, o caso que mais marcou Israel aconteceu após a reconstrução dos muros de Jerusalém.

Os judeus estiveram por muito tempo distantes e alheios aos ensinos da Lei Mosaica. A situação espiritual dos que não foram levados cativos para a Babilônia e dos que retornaram pedia um urgente avivamento. Para o ajuntamento não houve convocação, tampouco uso da força ou violência, pois todo o povo se ajuntou espontaneamente e praticamente exigiram o ensino. Pediram a Esdras que trouxesse o livro da Lei, estavam com sede da Palavra.

A leitura, explicação e ensino foram a base para o grande avivamento entre os judeus, pois buscaram a Deus, foram renovados e demonstraram interesse pela Lei. Neemias entendeu que aquela tarefa era tão urgente e necessária quanto a reconstrução da cidade, por isto envolveu todos no trabalho, principalmente os levitas (11.1). Os ensinadores também foram renovados, capacitados, muitos deles resgatados e outros seriam apresentados a tradição judaica, pois até aquele momento conheciam somente a cultura babilônica, mas o principal estava sendo revelado e eles manejaram bem a Lei (I Tm 2.15)

 

II- A LETRA DA LEI, A VERDADE DO ESPÍRITO

1 - O que a expressão “letra da Lei” significa?

De acordo com as cartas de Paulo, a expressão “letra da Lei” diz respeito ao Antigo Concerto. Essa letra expressa os desígnios de Deus em forma de proibições escritas que revelam o pecado e levam à condenação, como nos mostra Romanos 7.7-25. Em suma, dominado pela fraqueza da carne e sem força, o homem seria levado à morte diante da letra da Lei. A função da Lei é mostrar a malignidade do pecado e a impossibilidade do homem em salvar-se. Nesse sentido, ela serviu com o paidagôgos (do grego), isto é, um pedagogo, um guia, que nos levou a Cristo (Gl 2 4). Um exemplo que revela essa função é a relevância dos profetas do Antigo Testamento para despertar o povo ao verdadeiro arrependimento diante de Deus. Entretanto, o judaísmo transformou a “letra da Lei” em um sistema de normas frias e sem vida.

O apostolo Paulo sempre entendeu a Lei como boa, sempre cumprindo seu papel pedagógico, que era o de levar o homem caído até Jesus. Em seu entendimento a Lei dada por Deus não matava o homem e que não era imperfeita, apesar de expor suas fragilidades, mas sim o que matava e por vezes invalidava o que chamavam de Lei, eram justamente as interpretações corrompidas impostas pelos lideres judaicos, que gerava morte e não levava à salvação.

Tanto é que a Lei era vista como a própria Palavra e vontade de Deus, perfeita (Sl 19.7), por isso Jesus a cumpriu, mostrando assim sua necessidade, todavia, no ato do cumprimento, a partir de então ela não teria mais fundamento para o homem, pois a Graça revelada assumiria o papel de aproximar criatura e Criador.

 

2 - A perspectiva teológica da Lei

Para os judeus, a Lei apresentava sua completude por meio de uma tríplice divisão: moral, cerimonial e judicial. A Lei Moral envolve os Dez Mandamentos (Êx 20.1-17); a cerimonial refere-se à adoração do povo de Deus no Tabernáculo e, posteriormente, no Templo (Êx 25.1-31.17); a judicial tem a ver com diversas responsabilidades civis (individuais e sociais) (Êx 21.1-23.19). Pelo sistema da antiga Lei, havia um falso entendimento de que o homem poderia viver de maneira justa segundo o seu próprio mérito e que, por isso, seria possível salvar-se. Ora, o apóstolo Paulo refutou sabiamente esse falso entendimento (G1 2.16; Tt 3.5). Em suas cartas, o apóstolo deixou bem claro que o Senhor Jesus cumpriu toda a Lei e que, por isso, pôs fim ao Sistema de Lei Mosaico, de modo que Ele oferece um novo e vivo caminho para se chegar a Deus (Jo 14.6; Hb 10.19,20), uma nova aliança que concede justificação e paz ao salvo (Rm 5.1).

 

a) Lei cerimonial:

Esse tipo de lei está especificamente relacionado à adoração de Israel (ver, por exemplo, Lv 1.1-3). Seu objetivo principal era apontar para Jesus Cristo. Portanto, não era mais necessária após sua morte e ressurreição.

 

b) Lei civil:

Esse tipo de lei regulava a vida cotidiana de Israel (ver Dt 24.10-11, por exemplo). Como a cultura e a sociedade daquela época eram radicalmente diferentes do mundo moderno, algumas de suas diretrizes não podem ser especificamente obedecidos. Os princípios porém devem guiar nossa conduta.

 

c) Lei moral:

Esse tipo de lei e constituído pelos mandamentos diretos de Deus, por exemplo, os Dez Mandamentos (Ex 20.1-7). Exige uma rigorosa obediência e revela a natureza e a vontade divina. Anda se aplica a nós atualmente. Devemos obedecer a essa lei moral, não para alcançar a salvação, mas para viver de uma forma que seja agradável a Deus”.

 

Não tem como falarmos da perspectiva teológica da Lei sem mencionarmos alguns de seus artigos:

  • Os dez mandamentos;
  • A temida circuncisão:
  • Sobre os servos e homicidas;
  • Sobre os que amaldiçoam os pais e ferem qualquer pessoa;
  • Sobre as propriedades;
  • Imoralidade e idolatria;
  • Testemunho falso e injustiça;
  • Ano do descanso e o sábado;
  • As três festas;
  • Toda a preocupação com o Tabernáculo/Templo
  • Arca da aliança
  • Disposição dos objetos, enfeites no Tabernáculo/Templo
  • O propiciatório;
  • Cortinas do Tabernáculo/Templo;
  • Tábuas do Tabernáculo/Templo;
  • Véus do Tabernáculo/Templo;
  • O altar dos holocaustos;
  • O pátio do Tabernáculo/Templo;
  • As vestes sacerdotais;
  • Urim e Tumim;
  • A lâmina de ouro puro;
  • Os sacrifícios e as cerimônias de consagração;
  • O altar do incenso;
  • O resgate das almas;
  • A pia de cobre;
  • O azeite da santa unção;
  • O incenso santo;
  • A coberta de pele e as tábuas;
  • Os véus e as colunas;
  • A mesa;
  • Os holocaustos;
  • A oferta de manjares;
  • Os sacrifícios de paz e da graça;
  • Os sacrifícios pelos erros dos sacerdotes;
  • Os sacrifícios pelos erros do povo;
  • Os sacrifícios pelos erros de um príncipe;
  • Os sacrifícios pelos erros de qualquer pessoa;
  • Os sacrifícios pelos pecados ocultos;
  • Os sacrifícios pelos sacrilégios;
  • Os sacrifícios pelos pecados de ignorância;
  • Os sacrifícios pelos pecados voluntários;
  • A expiação dos pecados;
  • A expiação da culpa
  • Sobre a gordura e o sangue;
  • Animais impuros e puros;
  • As porções reservadas aos sacerdotes;
  • As purificações após o parto;
  • Acerca da lepra e da sua cura;
  • As imundícies do homem da mulher;
  • Hierarquia sacerdotal;
  • Uniões ilícitas;
  • Uniões abomináveis;
  • Sobre os diversos crimes;
  • Instruções acerca das lâmpadas com azeite puro batido, instrução;
  • O ano do descanso;
  • Coisas consagradas;
  • Sobre os votos;
  • Sobre os levitas;
  • Sobre o adultério;
  • Nazireado e etc.

 

3 - A Lei e a verdade do Espírito

Nosso Senhor cumpriu todo o Antigo Testamento, obedecendo perfeitamente à Lei, cumprindo os tipos, sombras, símbolos e profecias. A causa dessa realidade perfeita é a morte substitutiva de Jesus e, por isso, hoje, os cristãos são declarados justos pelo mérito da obra de Cristo (Rm 3.21-26; 10.4). Em conformidade com esse evento salvífico, o apóstolo Paulo diz que a letra mata, mas o Espírito vivifica (2 Co 3.6). Isso mostra que o Novo Concerto revelou-se na pessoa de Jesus, que gera vida, e não mais na letra pesada da Lei, que gera morte (Rm 6.23). Ou seja, de um código exterior de normas para um código interior e dinamizado na vida pelo Espírito; de palavras registradas em tábuas de pedra para palavras cravadas no coração. O Espírito Santo traz vida em Cristo e grava a vontade de Deus em nossa consciência e coração (Rm 8.2; 1 Co 15.45 ; 1Tm 1.5).

A Antiga Lei, gravada em pedras, quando confrontada com a verdade do Espírito revelada em Jesus, realmente ficava muito aquém de sua missão principal que era oferecer salvação, pois mostrava o erro, a doença, o pecado, mas em nenhum momento apresentou a salvação, a cura ou esperança. Já a Graça revelou a esperança para a cura da doença crônica da humanidade, o pecado, por intermédio do Sangue de Jesus.

 

4 - Qual é o propósito da Lei para os discípulos de Cristo?

Vimos que Jesus cumpriu toda a Lei. Nesse sentido, cabe perguntar: há propósito da Lei para os cristãos? O apóstolo Paulo responde essa questão mostrando que a Lei é santa (Rm 7.12), está estabelecida (Rm 3.31), se cumpre no amor (Rm 13.8-10; Gl 5.14) e opera atualmente por meio do Espírito Santo, que dinamiza a vida interior do cristão (Rm 8.2,9; Gl 5.6,25). Portanto, é Jesus Cristo quem impacta, aperfeiçoa e, por meio do Santo Espírito, implanta no interior do crente o verdadeiro sentido da Lei (Gl 4.3-7).

Portanto, o Antigo Testamento, local onde a Lei foi inserida, sempre testificou a respeito da obra e pessoa de Jesus, não podendo de forma nenhuma ser desprezado ou colocado à parte em relação ao Novo Testamento, como muitos costumam fazer, na tentativa de invalidar a eficácia da Lei para salvação.

No Antigo Testamento temos a promessa da restauração da humanidade e no Novo Testamento temos o fiel cumprimento das revelações de Deus, portanto um não pode ser preterido em relação ao outro. Ambos se completam e são necessários para entendermos o plano, o agir e a vontade de Deus para nossas vidas.

 

III- A JUSTIÇA DO REINO DE DEUS

1 - Quem é grande no Reino de Deus?

Mateus 5.18,19 mostra que são considerados ‘‘grande no Reino de Deus” os que se acham fiéis e cumpridores de toda a lei de Cristo. Consequentemente, são rebaixados à condição de menores os que negligenciam, removem, separam, violam o menor dos mandamentos de Deus e não atentam para a sua instrução, quer por omissão, quer por transgressão. Assim, como discípulos de Cristo e cidadãos do Reino de Deus, devemos cumprir e ensinar a lei divina a partir do poder do Espírito Santo que transforma, aperfeiçoa e concede-nos graça e verdade (Jo 1.16,17).

Aquele que violar alguns dos mandamentos e os ensinar a outros, será considerado o menor no Reino do Céu (cfe Mt 5.20 – NTLH). Por outro lado, quem obedecer à Lei e ensinar os outros a fazerem o mesmo será considerado grande. Certamente a Igreja faz parte deste grupo, pois ensina corretamente, sem violar nenhum dos mandamentos, por menor que seja. No entanto, é importante frisarmos que necessitamos de orientações, estrutura e capacitação para darmos continuidade a obra de Deus.

A grandeza da Igreja não é fruto de suas realizações, conhecimentos, lideranças ou posições, mas sim é vista no momento em que guarda o mandamento de Deus e os ensina de forma correta ao pecador.

 

2 - A Justiça do reino de Deus

A compreensão da justiça do Antigo Testamento, baseada no binômio lei-obra, gerou orgulho pessoal e confiança nas próprias ações dos judeus para justificarem a si mesmos. No Novo Testamento, há exemplos a esse respeito: o jovem rico que agiu assim para atingir o supremo bem (Mt 19 .16 -26 ); o fariseu que, por meio de sua justiça própria, achava-se melhor que o publicano (Lc 18.9-17); o sacerdote e o levita que, firmados numa justiça própria, não atentaram para a aflição do próximo (Lc 10.25-37). Mas Jesus ensina aos seus discípulos que a nova justiça no Reino de Deus é interior, moral e espiritual e não se trata mais daquela velha justiça exterior, cerimonial e legalista. Por isso, a justiça exigida pelo Senhor Jesus aos seus discípulos é superior à dos escribas e fariseus. É uma justiça mais sublime, elevada e interior. Essa justiça só pode ser obtida mediante a fé, nos permitindo viver de maneira justa e piedosa (Rm 3.21,22; Rm 8.2-5) e, assim, entrar no Reino de Deus.

O caráter justo de Deus aliada a sua iniciativa em proporcionar o homem o direito a salvação e por fim o ato de dar a possibilidade, ao pecador, de se tornar um justo se constituem nos elementos básicos que caracterizam a justiça de Deus. É a maneira justa como Deus justifica o injusto através do seu proceder, maneira e modo de agir.

É verdade que Deus salva o homem porque o ama. Mas Ele deve fazê-lo de um modo que esteja de acordo com sua justiça, proceder, padrão moral, método, dignidade e majestade. Por isto podemos dizer que não importa a condição que esteja o homem, na mentira, no engano, no crime, na prostituição ou em outra situação, todos terão direto a salvação, mas devemos ter ciência de que todos estavam destituídos da glória de Deus.

A operação da justiça gera a paz e mesmo neste mundo corrompido e desvirtuado da verdade é possível contemplar a aplicação desta regra, porém a paz somente reinará durante o reinado milenial de Cristo, pois será o governo perfeito sobre a face da Terra, onde a justiça e paz se beijarão (Sl 85:10).

 

CONCLUSÃO

Jesus não veio para desfazer a Lei, nem viveu com um legalista. Porém, soube conservar o que havia de bom na antiga Lei, dando-lhe uma nova dinâmica de vida. Nosso Senhor deseja que nossas vidas sejam elevadas espiritualmente, semelhantes ao caráter e conduta dEle, deixando de lado toda frieza espiritual e, aquecidos pelo Espírito Santo, abraçando o verdadeiro Evangelho do Senhor Jesus Cristo.

 

Referências

A Lei – a igreja foi liberta. Disponível em: http://ailtonsilva2000.blogspot.com/2011/03/lei-igreja-foi-liberta.html. Acesso em 14 de abril de 2022

A mensagem do reino de Deus. Disponível em: http://ailtonsilva2000.blogspot.com/2011/07/plano-de-aula-e-resumo-dos-subsidios.html#more. Acesso em 14 de abril de 2022

Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003

Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão Internacional (NVI). Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008

Bíblia Sagrada. Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000

Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2003

Gomes, Osiel. Os valores do Reino de Deus. a relevância do Sermão do Monte para a igreja de Cristo.  Casa Publicadora das Assembleia de Deus. Rio de Janeiro, 2022

Neemias: como sair do anonimato? Capítulo 10. Disponível em: http://ailtonsilva2000.blogspot.com/2014/10/neemias-como-sair-do-anonimato-capitulo.html. Acesso em 14 de abril de 2022

O reino de Deus através da Igreja. Plano de aula. Disponível em:

http://ailtonsilva2000.blogspot.com/2011/07/plano-de-aula-e-resumo-dos-subsidios_27.html#more. Acesso em 14 de abril de 2022


Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

segunda-feira, 11 de abril de 2022

Elias, o profeta da chuva e do fogo. Capítulo 5

c) O primeiro dia do congresso:

A campanha do Carmelo não seria tão demorada quanto foi a de Jericó (Js 6.1-27). Não seria necessário darem um grande abraço humano no monte, ou levantarem suas vozes em altos clamores ou tampouco percorrer toda a sua extensão à procura de gravetos de fogo.

O congresso foi realizado em apenas um dia, algo bem rápido, direto e sem muita conversa, sem muitos pormenores, mas este dinamismo somente foi visto quando a oportunidade foi passada para Elias, pois enquanto os falsos profetas estavam no comando, a luta foi grande, um suplicio por Baal que não respondia. Muita demora, tanto que muitos foram embora, inclusive a rainha não estava presente (cfe I Rs 19.1), já que depois o rei lhe contou tudo o que havia ocorrido com seus profetinhas.

Que decepção, mas nada foi tão triste quando olharam para o lado e não viram[1] a sacerdotisa principal (I Rs 19.1 cf I Rs 18.19), a que se dizia profetisa (Ap 2.20 cf I Rs 19.2) e que profetizou de forma bem clara contra Elias: “me façam os deuses e outro tanto”, então o Deus verdadeiro e não os deuses delas cumpriu o predito. A rainha foi morta como seus profetas e o “outro tanto” lhe foi acrescido, pois acabou virando ração e comida para cães (II Rs 9.35-36).

Correria, trocaram o turno, turma, equipamentos, literaturas, bezerro, altar, lenha, cânticos, trocaram até mesmo de posição, ficaram em cima do altar, de cabeça para baixo, pularam, saltaram (I Rs 18.26), mas nada de Baal responder.

O objetivo principal deste congresso foi resgatar o monoteísmo hebreu, afetado pelos ensinamentos de Jezabel e sua turminha, pois conseguiram dividir o coração de Israel. O estrago foi pior, antes tivessem se desviado por completo (cfe Ap 3.15-16).

Os israelitas, aos poucos, se esqueceram do que aprenderam na tenra infância, através dos ensinamentos de seus pais, quando ouviam cheios de orgulho os feitos de Deus no passado em favor da nação, que se traduzia em: “Shema, Yisrael Adonai Elohenu Adonai Echad – ouve, Israel, o Senhor teu Deus é o único Senhor” (Dt 6.4).

 

d) Os resultados positivos do primeiro dia:

Baal não respondia aos clamores de seus profetas, que então começaram a saltar, pular sobre o altar e gritar para chamar a atenção do povo.

O questionamento do profeta foi: "como poderiam crer em deuses que são semelhantes aos homens"? Deviam confiar em Deus, o onisciente, onipresente e onipotente. Havia muita diferença entre o verdadeiro Deus e aquilo que era somente fruto da imaginação humana.

Isto provou que Baal era uma imagem do próprio homem, pois morria, sofria, adulterava, viajava, se distraia, mentia, era violento e vingativo.

Elias pediu para que clamassem em alta voz, quem sabe Baal estivesse conversando com alguém, dormindo ou viajando. Ninguém defendeu a falsa divindade, nem mesmo os seus profetas presentes.

No momento do sacrifico da tarde, Elias se aproximou e orou diante do povo. Esperou o momento certo, não se adiantou, esperou a canseira dos profetas e a desilusão do povo.

 

e) Avaliação final do congresso:

Os hebreus, no Sinai, coxearam entre dois pensamentos e reclamaram da ausência de Moisés, mas no Carmelo reconheceram Deus como único e se submeteram à liderança de Elias, por isto estes dois personagens são fortíssimos candidatos[2] a serem a dupla de testemunhas nos dias finais da humanidade (Ap 11.3-6).

No deserto os hebreus idólatras se tornaram semelhantes ao bezerro de ouro (cfe Sl 115.8) e da mesma forma, no Carmelo, os falsos profetas também se tornaram semelhantes a Baal, pois morreram sem esperança de ressurreição.

Foram mortos dentro de sua própria nação, no berço de sua religião, diante dos narizes de seus governantes e até hoje Israel não sofreu represálias por este ato. Ao final os expectadores declararam: “Realmente há um Deus em Israel".

 

f) O vai e vem de Elias:

Elias, após ser usado e exaltado[3] por Deus diante do povo (I Rs 18.36-39), fugiu quando soube das ameaças de morte feitas por Jezabel (I Rs 19.3). Certamente todo o respeito adquirido pelo profeta caiu por terra pelas mãos da rainha.

Caminhou em direção ao deserto e andou o caminho de um dia para refletir sobre os últimos acontecimentos. Se havia enfrentado todos os profetas de Baal porque então temeu as ameaças de uma mulher.

Elias estava decepcionado, mas independente de estar fugindo jamais poderia ter parado no meio do caminho, teria que ter dado continuidade à sua jornada.

Estava fragilizado, por isto parou e assentou-se. Isto aconteceu justamente no momento de sua vida em que se julgava forte, usado por Deus, corajoso, com ânimo, mesmo assim pediu um basta para toda aquela situação, talvez estivesse querendo expor a Deus o desejo de viver tranquilamente sem ter que ficar enfrentando perigo.

Então o peso da obra e os últimos acontecimentos vieram sobre os seus ombros e abriu o caminho para a sonolência. O cansaço por ter enfrentado a caminhada e a responsabilidade fizeram Elias adormecer.

Elias havia acabado de ser usado como um instrumento para uma das maiores demonstrações do poder de Deus durante o seu ministério, porém uma fraqueza o tomou e o levou a agir desta forma, mas temos a certeza que o plano de Deus não termina com estas atitudes impensadas (I Rs 18.46).



[1] Todos foram convocados. Sem exceção, inclusive Jezabel, esposa do rei, que fazia parte do reino, mesmo sendo de outra nação.

[2] Evidências: fogo sairá da boca deles e devorará o inimigo (cf II Rs 1.9-14). Terão poder para fechar o céu para que não chova nos dias de sua profecia (cf I Rs 17.1) e poder para transformar água em sangue (Ex 7.20).

[3] Elias estava tão cheio de poder, após o Monte Carmelo que quase se auto transfigurou. 

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)