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terça-feira, 31 de maio de 2022

Fé e obediência. Abraão, um exemplo para todos os povos. Capítulo 11



Isaque, o sacrifício imperfeito e não consumado


Abraão, conhecido como “pai de multidões” foi incluído na galeria dos heróis da fé e tinha tudo para prosseguir confiante, porém sua fé e obediência foram colocadas à prova no momento em que Deus pediu algo fora dos padrões éticos, morais e religiosos da época.

Não seria estranho se Abraão se rebelasse de imediato ou se apresentasse argumentos para não atender ao pedido de Deus.

Mas fiel, obediente, Abraão se submeteu e foi até ao fim, certo de que algo maravilhoso da parte de Deus, um grande milagre, pudesse acontecer (Hb 11.18), ali mesmo diante de seus olhos.

 

1) Sacrifico humano

Jamais Deus aceitaria um sacrifício humano, pois se tratava de uma prática pagã, ainda mais partindo de Abraão.

O pedido incomum, na verdade, tratava-se de um desafio, pelo qual o patriarca provaria sua fé e obediência.

Havia em Abraão qualidades superiores às suas fraquezas, então este momento seria ideal e perfeito para revelá-las.

Ele já havia experimentado alguns momentos de frustrações e incertezas, então agora estava prestes a conhecer e ter mais intimidade com Deus.

 

2) A devolução do unigênito

Um pedido difícil, ilógico, impossível de ser atendido. Qualquer ser humano apresentaria motivos para dizer não a Deus.

A impressão era que Deus estava requerendo algo de volta, muito valioso, que havia dado ao seu amigo (II Cr 20.7; Is 41.8).

Mas o velho patriarca, em nenhum momento ousou pensar em dizer não para Deus, preferiu seguir confiante no livramento.



3) Obediência – o caminho mais difícil

O mais doloroso para Abraão não foram os momentos que antecederam sua resposta ao pedido de Deus, mas sim foi a caminhada longa, cansativa e silenciosa em direção ao monte do sacrifício.

Abraão conheceu a fidelidade de Deus na chamada e mesmo não entendendo aquele pedido manteve a confiança (Hb 11.17-19). O pai caminhou ao lado do filho, por vezes sentindo a dor, às vezes respirando a certeza do livramento. No intimo aguardava o agir de Deus em seu favor.


4) O “Cordeiro” já estava lá

Após a longa jornada, enfim chegaram ao monte do sacrifício. Os servos que os acompanhavam ficaram ao pé do monte. Pai e filho acertaram os últimos detalhes e se dirigiram ao local com a lenha o cutelo, mas ainda faltava o terceiro elemento daquele sacrifício, o cordeiro.

Se aquele sacrifício fosse concretizado, certamente todas as honras seriam dadas ao pai e ninguém se lembraria da bravura do filho.

 

5) Sacrifício imperfeito

Quem em sã consciência aceitaria morrer para que outro recebesse todas as glórias e honras?

Isaque aceitou ser oferecido como sacrifício para que seu pai provasse sua fidelidade a Deus. Uma atitude corajosa de um filho obediente.

Mas o sacrifício de Isaque não poderia ser aceito por Deus, pois em pecado havia sido concebido, portanto não reunia condições para remir a humanidade.

 

6) O cordeiro substituto

Após o grito do anjo que impediu a finalização do sacrifício, Abraão viu ao lado um cordeiro. Seu único esforço foi recolher aquele que seria o substituto.

Deus honrou as palavras ditas por Abraão: “Deus para si proverá um cordeiro”. O Deus que proveu este cordeiro no Monte Moriá, para realização daquele sacrifício, é o mesmo que proveu o Cordeiro perfeito no Calvário para salvação da humanidade.

O cordeiro de Moriá tomou somente as dores e os sofrimentos de Abraão e Isaque, enquanto que o Cordeiro do Calvário tomou sobre si a carga de todos. Deus provou a fé de Abraão através do pedido que abalou o coração do patriarca.

Foi uma caminhada difícil em direção ao monte. Tristeza, esperança, silêncio e desespero, mas pela fé do pai, os dois voltariam após a adoração (Gn 22.5). No monte não foi preciso concretizar o sacrifício, pois Deus proveu para si o Cordeiro, símbolo de Jesus, o Cordeiro Perfeito.


Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

terça-feira, 24 de maio de 2022

Elias, o profeta da chuva e do fogo. Capítulo 8

O SUCESSOR: MINISTÉRIO IDÊNTICO? 

Elias não descendeu de figuras importantes tal como os profetas Sofonias, Zacarias (Sf 1.1; Zc 1.1; Ne 5.1) e não foi tão importante como Isaías, filho de Amós (Is 1.1), sobrinho do rei Uzias.

Apareceu do nada no cenário bíblico (I Rs 17.1). Saiu do anonimato do dia para a noite, mas não fez uso da fama em nenhum momento. Quando se tornou conhecido pelo rei Acabe, obedecendo às ordens de Deus, se escondeu no ribeiro de Querite, para depois ser enviado a Sarepta.

Elias sabia muito bem de onde havia vindo, de Tisbe, mas não imaginava para onde iria (II Rs 2.11; cf  Jo 14.4; Gn 16.8). Não tinha onde reclinar a cabeça, tal como Jesus (I Rs 17.1, 4, 9; 19.4, 8, 9, cf Mt 8.20), já as duas raposas, Acabe e Jezabel, tinham seus palácios para descansarem.

Devido a profecia entregue, como cartão de visita (I Rs 17.1), não teve transito livre nos palácios acabianos, como tiveram Isaias, Sofonias, Jeremias, em suas respectivas épocas, na verdade, não poderia sequer passar pelas ruas ao entorno, marcar audiências, muito menos sentar-se à mesa para ser seduzido pelas ofertas jezabélicas, que não eram poucas (Ap 2.20).

Surgiu como fogo, com uma palavra que queimava como tocha e durante seu ministério protagonizou um dos fatos mais impactantes em Israel (I Rs 18.39).

Durante sua estadia em Querite, suportou receber e comer alimentos trazidos por corvos, ave imunda, pois estava forte e se fosse preciso os enxotaria, mas quando estava fraco (I Rs 19.3-4) Deus enviou um anjo, já que, naquela situação, o profeta certamente não se alimentaria.

Elias fugiu e se escondeu justamente na terra da mulher que estava lhe perseguindo, Sarepta de Sidom. Esta foi uma das fugas mais espetaculares da história humana, pois se escondeu na cidade onde jamais seus inimigos pensariam em procurá-lo (I Rs 17.9).

Acabe designou para a tarefa de encontrar Elias um dos sete mil fiéis, Obadias, justamente o que havia escondido e sustentado com pão e água os cem profetas que foram poupados da morte (I Rs 18.1-3; 13).

Foi um profeta presente na história de Israel, que um dia se ausentou (I Rs 17.3, 9; II Rs 2.11). Desapareceu diante dos olhos arregalados de Eliseu (II Rs 2.11).

 

a) O pré e pós Monte Carmelo:

Após o glorioso desfecho do sacrifício do Carmelo, Elias não se aproveitou da fama (I Rs 18.38-39), pois se existisse alguém que não o conhecesse em Israel certamente passou a conhecê-lo. Naquele dia quase se transfigurou, antes da hora, pois estava cuspindo fogo.

Anos mais tarde apareceu juntamente com Moisés, como representante dos profetas, para atestar a messianidade de Jesus e para contemplar a restauração total de Israel. A restauração que tanto desejou ver em Israel, contemplou ali no monte na pessoa de Jesus.

Elias apareceu na Terra, aos assustados Pedro, Tiago e João, talvez pela penúltima vez (Mc 9.4), pois é um forte candidato a ser uma[1] das duas testemunhas do Apocalipse (Ap 11.1-6)

 

b) Ministérios coincidentes?

Elias e Eliseu, amigos inseparáveis, até que o arrebatamento os separou (II Rs 2.11). Os dois ressuscitaram filhos de mulheres desesperadas. A viúva de Sarepta disse: “porque vieste aqui”, enquanto que a sunamita disse: “eu não te pedi filho”. Multiplicaram também azeite para a viúva em Sarepta e para a viúva dos filhos dos profetas.

Os dois abriram o rio Jordão. Foram ameaçados de morte. Jezabel deu apenas vinte e quatro horas de vida a Elias, dizendo “assim me façam os deuses e outro tanto” (I Rs 19.2) e Eliseu teve sua cabeça posta a prêmio, quando o rei de Samaria disse: “assim me faça Deus e outro tanto” (II Rs 6.31).

Eliseu não enfrentou Jezabel porque ela não escapou da espada de Jeú, conforme revelado a Elias ainda em Horebe, o monte de Deus (I Rs 19.17), mas se tivesse escapado certamente encontraria o profeta pela frente.

Eliseu não encontrou Jezabel, mas encontrou o filho, o rei Jorão, um mau governante e todo atrapalhado, pois culpou Deus pelos seus erros, quando decidiu pela guerra contra os moabitas (II Rs 3.13).

Que assombro para a casa de Acabe, pois pensaram: “não tem fim estes homens, um sumiu e dizem que foi levado para o céu e o sucessor perturba Israel tanto quanto o anterior” (cf I Rs 18.17; II Rs 13.21).

 

c) A chamada do sucessor:

A chamada de Eliseu foi o aviso prévio para Elias. Deus ia “dar baixa” em sua carteira de Trabalho. O convite para o sucessor (I Rs 19.19-21) foi rico em detalhes:

     Eliseu fazia parte da estatística dos sete mil fiéis. Aliás o sucessor de Elias só poderia sair deste grupo;

     Eliseu estava trabalhando com doze juntas de bois! A obra de Deus não é profissão ou emprego. É vocação!

     Eliseu percebeu que o ministério tem custo! Sacrificou os bois e os deu como comida ao povo e seguiu Elias. Quem coloca as mãos no arado não pode olhar para trás;

     Eliseu entendeu que o ministério profético é um servir, por isto passou a servir a Elias.

A luta contra a apostasia parecia perdida, mas Deus ainda estava no controle da situação, assim como esteve nos casos das chamadas de Moisés, para libertar os hebreus do Egito (Ex 3.8-10), de Gideão para coibir a presença dos midianitas (Jz 6.14), Isaías e Jeremias para resgatar a fé de Judá (Is 7.9; Jr 1.10). Agora Eliseu não poderia desprezar o dom que havia nele (cfe II Tm 1.6; I Tm 4.14), precisava manter firme o pulso contra a apostasia.

Elias lanço sobre Eliseu o seu manto (I Rs 19.19), como símbolo da continuidade profética (II Rs 1.8, cf Zc 13.4). O lançamento da capa[2] demonstrava transferência de poder e autoridade e com este gesto, o sucessor estava sendo credenciado para o ofício profético.

Porém a sucessão não se confirmou de imediato, pois houve um tempo entre o “lançar” (I Rs 19:19) e “o cair[3] do manto” (II Rs 2:14). Deus não teve pressa para finalizar o processo sucessório. Este período de transição serviu para provar que o sucessor era realmente vocacionado e chamado.

Eliseu não foi escolhido às pressas, pelos seus préstimos, qualidades ou títulos, pois de nada adiantaria o ofício se a unção não acompanhasse o sucessor! Portanto na era o fazer que determinaria a unção, mas sim a unção que validaria as obras de Eliseu.

continua...



[1] Uma das duas testemunhas terá o poder para fazer descer fogo do céu (I Rs 19.38; II Rs 1.9-14) e para fechar os céus para que não haja chuva (I Rs 17.1), tal como fizera Elias (Tg 5.17).

[2] A capa, peça importante do vestuário de uma pessoa, transferiu autoridade, poder e responsabilidade profética a Eliseu.

[3] O "lançar" da capa de Elias significou a chamada (I Rs 19.19), enquanto que o "cair" (II Rs 2.13)significou o início do ministério.

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Grandes verdades em poucas palavras - 0057


Falar é bom... somente quando é melhor do que silenciar”. Richard Sibbes

“Mantenha silêncio ou fale aquilo que é melhor do que o silêncio”. John Trapp

Pode-se cometer uma injustiça contra outra pessoa tanto por meio do silêncio quanto da calúnia”. Thomas Watson

“Empatia é sua dor no meu coração”. Halford E. Luccock

“Algumas vezes Deus precisa derrubar-nos de costas para que olhemos para cima”. Anônimo

“Dor e sofrimento não são necessariamente sinais da ira de Deus; podem ser exatamente o contrário”. J. Blanchard

Os tempos de sofrimento são tempos de aprendizado”. William Bridge

“A alma não teria arco-íris se os olhos não tivessem lágrimas”. John Vance Cheney

“Algumas vezes Deus lava os olhos de seus filhos com lágrimas, para que eles possam ler corretamente sua providência e seus mandamentos”. T. L. Cuyler

“A Bíblia tem muitas coisas a dizer sobre o sofrimento, e grande parte delas é animadora”. A. W. Tozer

“Quando Cristo salva um homem, não o salva apenas de seus pecados, mas também de sua solidão”. Frank Colquhoun

“Não se ganha nada brigando com Deus”. William Gurnall

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Fé e obediência. Abraão, um exemplo para todos os povos. Capítulo 10

A inversão de posições 

Para continuidade do plano de Deus era necessário o nascimento de um filho, que seria o primogênito de Abraão e Sara.

Então não havia espaços para o “filho da serva”, por isto foi necessário a intervenção de Deus para que o erro do casal fosse corrigido.

Deus inverteu a posição dos filhos de Abraão e também de Isaque, Jacó, e de outros personagens bíblicos, para administrar situações e para amenizar as consequências produzidas pelos erros, além de evitar males maiores.

 

1) Primogenitura: conceito e importância

Pela tradição da época o primogênito gozava de alguns privilégios em relação aos outros filhos.

O primogênito era dotado de autoridade, estimado e recebia porção dobrada da herança da família, além de ser consagrado ao Senhor (Êx 22.29). Uma tradição que nunca foi bem compreendida pelos homens.

No caso dos filhos de Abraão, foi uma posição invejável, pois atestava o inicio do cumprimento do plano de Deus na vida deles.

 

2) Inversão de valores

Deus inverteu a posição dos filhos de alguns personagens justamente para corrigir problemas criados por privilégios, disputas, rivalidades, desvios de caráter e condutas e para mostrar que está no controle de tudo.

As inversões não foram simples troca de posições entre os irmãos envolvidos, mas sim, foram decisões que culminariam com o surgimento de Israel, o primogênito de Deus (Êx 4.22).

 

3) Supervalorização da posição

Uma valorização desnecessária de uma posição, a primogenitura, que não levava a nada, somente criava um sentimento de inferioridade nos outros filhos.

Deus sempre primou pela igualdade entre os homens, tanto que sua intenção foi mostrar que o direito da primogenitura seria algo bem mais sério que uma simples ordem de nascimento.

Deus procura verdadeiros adoradores e não importa a posição em que estejam.

 

4) A Inversão para Deus

Ismael, filho de Abraão com a serva egípcia Agar, não estava no plano original de Deus para criação de Israel, enquanto que Isaque, o filho único (Gn 22.2) de Abraão e Sara fazia parte e deveria dar continuidade.

Aos nossos olhos, os dois poderiam participar deste plano, porém só um teria este direito.

Ismael e todos os filhos que Abraão teve após a morte de Sara (Gn 25.1-2) não tiveram participação no plano e se tornaram ferrenhos inimigos de Israel.

 

5) Isaque: único filho

Ismael e Agar zombaram de Isaque quando viram Abraão dispensando maior atenção ao seu unigênito. A inversão de posições começou neste momento.

Então, Ismael foi despedido junto com Agar e Isaque foi promovido à condição de filho unigênito, anulando os privilégios da primogenitura do filho da serva.

 

6) Outros casos de inversão

Caim foi o primogênito de Adão, mas foi Abel, o segundo filho, que se tornou o primeiro a realmente agradar a Deus através de seu sacrifício (Gn 4.1-4).

Jacó foi escolhido para dar continuidade aos planos de Deus, em lugar de Esaú, que desprezou sua primogenitura (Gn 25.31-34).

José, o décimo primeiro filho de Jacó, deu continuidade ao plano de Deus em lugar de seu irmão Ruben, o primogênito. Ele foi o preferido e amado pelo pai, pois foi o primeiro filho com Raquel, sua esposa amada (Gn 30.22-24).

Manassés, o primogênito de José, viu o avô, Jacó, abençoar seu irmão Efraim com a bênção que deveria ser sua (Gn 48.17-20). Davi, o sétimo filho de Jessé, foi ungido rei de Israel em lugar do primogênito Eliabe (1Cr 2.13-15). Isaque, o segundo filho de Abraão e único com Sara, foi alçado a condição de filho unigênito, mesmo sendo seu irmão Ismael o primogênito.

A primogenitura sempre foi vista como pretexto para os homens se sentirem superiores. Não muito diferente de hoje, pois muitos se consideram superiores, por isto Deus usa o pequeno, o fraco para mostrar que as nossas posições e posses não representam nada.

 

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

quarta-feira, 11 de maio de 2022

Elias, o profeta da chuva e do fogo. Capítulo 7

O LEGADO DE ELIAS 

“Nada morre de Deus quando um homem de Deus morre” (A.W. Tozer). Essa máxima é verdadeira em relação ao profeta Elias e ao seu sucessor Eliseu, que exerceram ministérios excepcionais no Reino do norte e, sem dúvida, foram os responsáveis pela manutenção da identidade religiosa do povo de Deus.

Todavia, assim como todos os homens, chegou o dia em que Elias precisou parar, mas antes teve o cuidado de seguir as orientações recebidas para proceder a escolha correta de seu sucessor, bem como para prepará-lo.

Elias foi um gigante espiritual, um homem de Deus bem sucedido, em suas tarefas (I Rs 17.1; 18.1, 38), de profunda convicção espiritual e consciente de sua missão profética. Em determinado momento de sua história se imaginou sozinho na causa santa, abandonado por todos, mas Deus deixou claro que ainda existiam muitos fiéis em Israel (I Rs 19.18), assim entendeu que a restauração do reino não seria finalizada em seu ministério. Seria um processo continuo.

Elias deixou através de um legado constituído da herança moral, ministerial e espiritual, condições para que Eliseu continuasse o ministério profético em Israel.

 

a) Uma volta às origens:

Após a vitória sobre os profetas de Baal e diante das ameaças de Jezabel, Elias se refugiou em Berseba (I Rs 19.3), partindo depois para Horebe (I Rs 19.8), também conhecido como Monte Sinai (Ex 3.12) onde Deus havia se revelado muito tempo antes como o grande EU SOU (Ex 3.14) e onde entregou a revelação da Lei (Ex 19 – 20). Foi um longo percurso.

A distância era grande, mas Elias necessitava voltar às origens da sua fé! Sem dúvida, estava consciente disto. Provavelmente cumpriu as determinações de Deus como nas oportunidades anteriores (I Rs 17.1, 3, 9; 18.1), portanto é possível que não tenha parado para descansar, pois sua pressa em receber a Palavra criou uma expectativa muito grande.

Elias iniciou seu ministério e da mesma forma soube aceitar o término. Saiu na hora certa, “não resistiu diante da vontade de Deus (II Rs 2.11). Não tinha ao que se apegar, cargos, bens, dinheiro, status, etc.

Deus revelou a necessidade de um sucessor (I Rs 19.16). Não houve questionamento, tampouco recusa em cumpri esta sua última missão. Entendeu e fechou seu ministério com chave de ouro. O seu sucessor estava no grupo dos sete mil fiéis.

 

b) O legado espiritual e moral:

Elias saiu de cena, mas deixou a seu discípulo um grande legado. Não era rico, mas foi um gigante na fé, pois defendeu ardorosamente o culto divino (I Rs 18.22-36) e extremamente ousado, enfrentou o rei Acabe (I Rs 17.1; 18.1; 21.18).

Somente um homem com semelhante fé em Deus seria capaz de profetizar que não choveria (I Rs 17.1-b). Depois anunciou a chuva e realmente choveu (I Rs 18.41,45).

Com muito mais fé entregou à viúva de Sarepta a garantia de que a farinha e o azeite da botija não faltariam e não faltou (I Rs 17.14-16).

Após orar pela ressurreição do filho desta mesma viúva, ouviu dela que realmente era um homem de Deus. E por fim, no monte Carmelo desafiou os profetas e a divindade fenícia e saiu vitorioso quando o fogo de Deus caiu sobre o altar (I Rs 18.36,38).

O profeta Elias não era apenas um homem de grandes virtudes espirituais, era também portador de singulares predicados morais. O seu valor, ousadia e coragem são perceptíveis no relato bíblico.

Confrontou os profetas de Baal e reprimiu-os severamente (I Rs 18.19). A percepção do que era certo, ou errado, do que era justo ou injusto, era bem patente em sua vida. Por isto teve autoridade moral e espiritual para repreender severamente a Acabe, quando consentiu no assassinato de Nabote (I Rs 21.17-20).

Mas acima de tudo a maior demonstração de submissão a Deus foi no momento em que soube que seria sucedido. Não retrucou, não se rebelou e aceitou preparar outro para assumir o seu posto. Assim como Elias, os lideres são humanos e suscetíveis à falhas. 

 

c) "Vem" – para os braços do Pai:

Até então Elias havia ouvido somente “vá”, para Querite, Sarepta, Horebe, mas então chegou o momento em que ouviu o “vem” de Deus e não suportou o chamado. Foi correndo. Esta foi a recompensa pela sua fidelidade (II Rs 2.11) e não representava o fim de seu ministério.

Era hora de mudança, uma transformação que somente Deus poderia fazer. Não passava pela sua cabeça continuar eternamente como profeta ou não pensava como muitos costumam dizer: “daqui não saio e daqui ninguém me tira", ou "só saio morto" ou "só entrego o cargo para o meu filho". 

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

sexta-feira, 6 de maio de 2022

Expressando palavras honestas. Plano de aula (lição 6)

“Ubi veritas” – onde está a verdade?

 INTRODUÇÃO

Os juramentos sempre estiveram presentes na sociedade. Eles são o compromisso que a pessoa assume publicamente de que cumprirá realmente aquilo que prometeu. Nas Escrituras, os juramentos são de dois tipos: aqueles feitos por Deus e aqueles feitos pelos homens. Quando Jesus ensina que o nosso falar seja “Sim , sim; não, não, porque o que passa disso é de procedência maligna” (Mt 5.37), Ele condena o uso indiscriminado, leviano ou evasivo do juramento que prevalecia entre os judeus. Por isso, nesta lição, veremos como o Mestre ensinou que os homens deveriam ser transparentes e honestos em seu falar, para que os juramentos entre eles se tornassem desnecessários. Em seu Reino, a honestidade de seus membros elimina o uso dos juramentos (Tg 5.12).

Juramentos são compromissos assumidos publicamente, de forma a dar mais peso as palavras dos que fazem uso desse instrumento, como uma espécie de apelo por algo superior para que acreditem no que esta sendo prometido. Do latim, iuramentum, é a afirmação, negação ou declaração, geralmente colocando Deus ou algo superior como testemunhas.

 

I – NÃO DEVEMOS JURAR NEM PELOS CÉUS NEM PELA TERRA

1- A Lei do Juramento.

De acordo com O Dicionário Bíblico Wycliffe, a lei mosaica enfatizou a natureza obrigatória dos juramentos (Nm 30.2) e decretou o castigo para o perjurador, aquele que faz um juramento falso (Dt 19.16-19; 1 Tm 1.10). O falso juramento de uma testemunha ou uma falsa afirmação com relação a uma promessa ou a alguma coisa encontrada, exigia uma oferta pelo pecado (Lv 5.1-6; 6.2-6). A lei enfatizou a seriedade dos juramentos (Êx 20.7; Lv 19.2; Zc 8.16,17) e proibiu o juramento por deuses falsos (Js 23.7; Jr 12.16; Am 8.14).

Biblicamente, juramento é definido como a ligação da alma com a obrigação ou palavra daquele que jurou (Nm 30.2), um conceito que vai muito além do que conhecemos, pois gera uma implicação espiritual ainda maior na vida dos que fazem uso desse instrumento. Entre os hebreus era observada essa questão para que não fossem abertas portas para o perjúrio ou falso testemunho.

Pela Lei de Moisés, dada aos hebreus, as acusações legítimas eram finalizadas com as correções ou castigos, no entanto, quando houvesse evidência de perjúrio por parte do acusador, os juízes ou os que estivessem exercendo o cargo na ocasião investigariam e caso ficasse provado o falso testemunho a punição era transferida para o acusador (Dt 19.17-19).

Lembro-me de um filme antigo sobre Rute, que em determinado momento, já em Judá foi acusada de ter sacrificado ao ídolo de “barriga quente”, Moloque, o que ela provavelmente adorava no passado antes de sua declaração espontânea de conversão (Rt 1.16).

Seus acusadores, moabitas disfarçados de hebreus, declararam publicamente que tinham presenciado tal sacrifico. No entanto eram enviados de Moabe para persegui-la. Para enganarem os juízes e o povo que estavam reunidos no julgamento afirmaram ser rubenitas, vizinhos dos moabitas, porém geram desconfianças devido ao sotaque. Na íntegra, um trecho do diálogo entre eles durante o julgamento (transcrito com minhas palavras):

 

- Se vocês são rubenitas, me digam o nome das doze tribos de Israel.

- Veja bem, temos Judá, Rubem, Manassés, são muitos entre nós que tem dificuldades para falar o nome de todas as tribos.

- Então tudo bem, se não conseguem dizer os nomes das tribos, digam apenas um dos dez mandamentos prescritos na Lei.

- Você sabe pelo menos um deles, sua moabita idólatra?

- Eu sei todos, aprendi com Noemi, minha sogra, principalmente o “não darás falso testemunho”.

- Qualquer hebreu sabe que pela distância, encontramos dificuldades para decorar a Lei.

- Então tudo bem, não conseguem dizer os nomes das tribos, os mandamentos então tem uma coisa que não encontraram dificuldades para fazer.

- O que sua moabita adoradora de Moloque?

- São capazes de dar glórias ao Deus de Israel, eu sou!

Então foram pegos no perjúrio e receberam a sentença que estava sendo pedida a ela.

 

2- O propósito da Lei do Juramento.

O propósito do juramento antes era benéfico, tinha o objetivo de descobrir a verdade. Tratava-se de um apelo solene que o adorador fazia a Deus, tendo consciência de que Ele era o grande juiz onisciente e onipotente, dono de tudo, que esquadrinhava os corações de todos os homens (1 Cr 28.9; Jr 17.10) e que revelava o íntimo de cada um, a verdade e a sinceridade presentes no espírito do homem. Os juramentos nas Escrituras são de dois tipos, aqueles feitos por Deus e aqueles feitos pelos homens.

O juramento, um ato solene e consciente, feito pelos homens, em alguns casos era somente para legalizar seus atos profanos, por isso se apoiavam em juramentos falsos que eram capazes de cumprir. Deus, no entanto, jurou por Si mesmo por não ter alguém superior nos céus ou terra, que abençoaria Abraão e sua descendência (Hb 6.13) e cumpriu seu juramento.

Abraão fez juramentos solenes ao rei de Sodoma (Gn 14.22-23), a Abimeleque (Gn 21.23-24) e os cumpriu à risca, pois em todos colocou Deus como testemunha e da mesma forma fez teu servo Eliezer jurar que traria, de sua terra natal, uma moça para se casar com seu filho, juramento esse que foi cumprido à risca (Gn 24.3-9).

José, outro grande vulto bíblico fez seus irmãos jurarem (Gn 50.25) que levariam os seus ossos quando fossem visitados por Deus. Sabia que não demoraria muito e os egípcios esqueceriam os seus feitos, por isto se preocupou com o seu pós-morte. Após quatrocentos e trinta anos de sofrimento e distanciamento de Deus, Moisés conhecendo a promessa não enfrentou dificuldades para cumpri-la. Os ossos de José foram retirados do Egito (Ex 13.19) e enterrados em Siquém (Js 24.32). Promessa feita, promessa cumprida. Moisés cumpriu o juramento, no momento da saída do Egito, mas como não esqueceram? Havia passado tanto tempo? Promessa feita a um patriarca tinha um peso incalculável.

Outro exemplo que prova que os hebreus levavam a sérios os juramentos foi visto na ocasião em que o rei Saul, diante dos homens de Israel que estavam cansados e famintos, disse: “Maldito o homem que comer pão até à tarde, antes que me vingue de meus inimigos”. Todo o povo se absteve de provar pão, mesmo famintos (I Sm 14.24).

 

3- Não jureis nem pelo Céu nem pela Terra.

O estratagema dos escribas e fariseus quanto ao juramento pode ser notado quando eles diziam que qualquer voto que o adorador fiz esse usando o nome de Deus estaria vinculado àquele juramento, mas um voto feito sem que fosse pronunciado o nome de Deus era de menor valor, e nesse caso não precisava ser cumprido. Foi contra esse procedimento dissimulado e hipócrita que Jesus os confrontou (Mt 23.16 -18 ). Essa tenuidade de classificações feitas pelos escribas e fariseus, entre os votos obrigatórios e não obrigatórios, não tinha qualquer base. Para Jesus, quem jurasse pelo céu teria de cumprir seu juramento, pois eles foram feitos por Deus (Gn 1.1), e a terra era o estrado dos seus pés (Is 66.1), e Jerusalém era a cidade do grande Deus (SI 48.3).

Quando os hebreus juravam colocando Deus como testemunha, eles procuravam cumprir, mas quando era por qualquer outra criação ou criatura de Deus fatalmente deixavam de lado as obrigações contraídas. Por isso Jesus, e anos depois Tiago (Tg 5.12), orientaram que não usassem desse artificio para justamente não colocar em xeque a própria reputação, pois ficava clara a falta de sinceridade, verdade, honestidade e compromisso por parte daqueles que faziam falsos juramentos. 

E as orientações seguem até hoje:

  • Não jureis por Deus – somente Ele pode;
  • Não jureis pela terra – porque é estrado para Deus;
  • Não jureis por Jerusalém – porque é a cidade santa de Deus;
  • Não jureis pelo Templo – lugar santo;
  • Não jureis pela sinagoga – local de estudo, conhecimento e comunhão;
  • Não jureis pelas vossas cabeças – se tiverem coragem;
  • Não jureis pelas suas mães – tenham dó delas;
  • Não jureis nem mesmo por (Maria – Senhora Aparecida), porque ela morreu e até hoje aguarda para subir com a Igreja para o céu.

II – NOSSAS PALAVRAS DEVEM SER “SIM” E “NÃO”

1- Como deve ser o nosso falar.

Tomar cuidado com o que se fala é valioso demais. Esta atitude declara que tipo de pessoa nós somos. Um cristão verdadeiro sempre procura falar com verdade e sabedoria. Com muita propriedade, o sábio rei Salomão falou que a morte e a vida estão no poder da língua (Pv 18.21). Jesus foi bem categórico quando afirma que pelas palavras alguém pode ser justificado ou condenado (Mt 12.37), o que nos impele a ter cuidado no nosso falar. Um cristão cheio das verdades divinas terá um falar verdadeiro e reagirá contra todo tipo de falsidade e mentira. Jesus exige honestidade o tempo todo, seja um homem sob juramento ou não. Não há padrão duplo para o cristão.

O sim ou não deve ser questão de coração de nossa parte e não pode ficar a mercê de juramento. “Sim, sim ou não, não”, jamais pode passar disso, mas o transito entre estas duas grandezas é livre, tanto podemos ser da parte do “sim, sim”, quanto do “não, não” e vice-versa, o que não podemos ser é justamente o que passa disso.

A Bíblia, como inerrante e infalível Palavra de Deus, nos mostra um caso do livre trânsito entre o “sim, sim” e o “não, não” (Mt 2128-32) como uma forma de demonstrar o caráter humano, bem como sua realçar sua disposição para mudar uma situação que estava em contrário a vontade de Deus.

Um filho disse, “não, não”, eu não vou, enquanto que o outro disse “sim, sim” eu vou, no entanto depois de uma boa reflexão ambos mudaram de opinião e o “não, não” virou “sim, sim” e o “sim, sim” virou “não, não”.

Nesse episódio, o pai se dirigiu ao primeiro filho, não ao primogênito, mas sim ao primeiro que viu pela manhã, ao primeiro que viu pela frente, ao primeiro que acordou, ao primeiro que se dispôs ao serviço, ao primeiro que buscou preparação ou ao primeiro da fila que estava ansioso pela chegada de sua vez. Não importa quem foi esse primeiro, o importante é que a fila de Deus andou, quem disse não, foi capaz de cumprir e quem disse sim, não cumpriu e perdeu e desagradou seu pai.

A resposta do primeiro filho não fechou as portas das bênçãos e não condenou, pelo contrário, abriu oportunidade para reflexão, mudança de opinião e conscientização. É justamente o oposto disso que encontramos na modernidade, veja bem:

 

- “Vá trabalhar hoje na minha vinha filho.

- “Se der irei, talvez, farei de tudo (fará nada)”.

 

2- O sim e o não na vida de Paulo.

Há situações em que empregamos nossa palavra e, por algum motivo, não conseguimos nos realizar o que dissemos ou planejamos. Em 2 Coríntios 1.12-24, há o relato de um episódio que ocorreu com o apóstolo Paulo. Ele fez planos de visitar os irmãos da Igreja de Corinto, porém, por diversas vezes, foi impedido e as coisas não saíram como havia planejado (2 Co 1.6; Rm 1.10; 15.22; l Ts 2.18). Por isso, seus acusadores se valeram da situação para fazer graves e sérias acusações contra Paulo, dizendo que ele não era confiável. Paulo refuta seus opositores dizendo que não era o tipo de pessoa que diria “sim” quando na realidade queria dizer “não”.

O apóstolo toma Deus como sua fiel testemunha e explica o motivo pelo qual não tinha ido logo fazer essa visita, que era para poupar os irmãos (2 Co 1.23). Deus, que conhecia o seu coração, disse o apóstolo, sabia do seu verdadeiro sentimento e da grande vontade de ir visitá-los, e declarou a todos que sua vida era de simplicidade e sinceridade, tanto diante da Igreja como do mundo (2 Co 1.12). Da mesma maneira que os coríntios podiam confiar que Deus manteria suas promessas, também podia confiar que Paulo, como representante de Deus, manteria as suas. Ele ainda os visitaria, mas em uma ocasião melhor.

O certo é que falamos sim, mas não olhamos para nossas possibilidades, recursos, tempo e outros contratempos. Por isso é que depois temos que voltar em nossas decisões.

Ananias ouviu a voz de Deus e disse (At 9.10-17):

- Sim, eu vou na rua Direita agora.

- Sim, eu vou na casa de Judas agora.

- Não, eu não vou procurar Saulo de Tarso. Senhor ouvi deste homem, os males que tem causado. 

Ananias não teve como não voltar em sua decisão, o “não, não” dele virou “sim, sim”.

 

3- O que passar disso é uma procedência maligna.

Como o caso que aconteceu em Corinto, em que Paulo conhece a importância da honestidade e da sinceridade nas palavras e ações, Deus quer que sejamos verdadeiros e transparentes em todos os nossos relacionamentos. Se não for assim, poderemos nos rebaixar, passando a divulgar rumores, fofocas e a ter segundas intenções, ou seja, daremos lugar a situações de procedência maligna.

A procedência maligna apontada por Jesus já era realidade na época e ao longo da história não sofreu mutação. O Maligno há muito tempo vem trabalhando de forma a mudar conceitos para fatalmente nos levar a ruina. No Éden, em nossa dimensão carnal, os seus trabalhos foram iniciados, pois justamente ali conseguiu mudar algo que Deus já havia implantado na mente de sua criatura. O certo é certo e o errado é errado. Sim, sim, podem usufruir do jardim, mas não, não comereis do fruto da árvore da ciência do bem e do mal.

Pois bem, o homem permitiu que a procedência maligna se manifestasse e então ao sim, sim e ao não, não conhecidos foi acrescentada outra expressão, “veja bem”.

 

III – HONESTIDADE COM NOSSAS PALAVRAS

1- A palavra honestidade.

Honestidade é uma virtude de alguém que é correto, sincero. Do hebraico, tem os o adjetivo yashar, “reto, honesto, correto, direito, plano, certo, justo”. Jó foi descrito como um homem honesto (Jó 1.8). Em Atos, temos a descrição de Cornélio como um homem reto, honesto (At 10.22). Aquele que tem um viver reto, honesto, jamais permitirá que saiam de sua boca palavras falsas, mentirosas, enganadoras.

Quando Paulo inicia a sua reflexão citando “tudo o que é verdadeiro” (Fp 4.8), percebemos que sua intenção é mostrar que a verdade, o autêntico não se baseia em meras suposições e logicamente se opõe ao falso.

Paulo nos exorta a pensarmos em tudo o que é honesto, para então desenvolvermos uma conduta transparente e decorosa, digna de alguém que age bem à luz do dia (Rm 13.13). O mundo não pode ver em nós um comportamento que contradiga os conceitos éticos e bíblicos da verdade e da honestidade, pois isso é incoerente aos princípios cristãos. O verdadeiro crente tem um firme compromisso com a verdade.

 

2- É possível ser honesto com nossas palavras neste mundo?

Na vida daquele que o Evangelho já entrou, houve transformação plena, pois o mesmo busca não apenas curar os sintomas da doença do pecado, mas também prevenir. Não há como negar, que nesse mundo, muitos já adotaram a mentira como um hábito. É normal para aquele que não vive as bem-aventuranças de Cristo dizer uma mentira, com a desculpa de mentir para apoiar uma causa nobre. Quem sustenta isso está comprometendo o caráter humano e um valor importante, que é o respeito pela verdade. O verdadeiro discípulo de Cristo, que faz parte do seu Reino, é honesto em suas palavras, íntegro no seu caráter, e jamais usa de meias-verdades, através das quais grandes mentiras têm sido ditas, sendo influenciados pelo pai da mentira, o Diabo. Jesus é a verdade em essência (Jo 14.6), e os que vivem nEle são honestos em tudo, e seu falar é sim, sim; não, não.

Infelizmente, para se manter uma mentira ativa é necessário criar outra. Mentiríamos para salvar a vida de outras pessoas? Mentira para salvar você mesmo ou alguém da família? Você mentira para salvara vida de um recém-nascido? E se você fosse uma das parteiras que foram designadas para atender as mulheres dos hebreus no Egito antigo, você cumpriria as ordens uma autoridade secundária, Faraó, ou cumpria a ordem maior, a da vida, a do Rei dos reis?

A mentira é a uma manifestação contrária à verdade, cuja essência é o engano, e cuja gravidade se mede segundo o egoísmo ou a maldade que encerra. É severamente proibida no decálogo (10 mandamentos – Ex 20.16). Trata-se, portanto de um dos pecados mais generalizados da atualidade, a tal ponto de cauterizar a mente de muitos, inclusive de cristãos. É a forma covarde como alguns enfrentam a realidade, pois ficam presos à justificativas ilusórias sem fundamentos.

Na verdade, a mentira é uma questão ética que permeia o homem no seu dia a dia, é uma prática que nos distancia de Deus, destrói relacionamentos (Pv 25.18; 26.18-19, 28) e por fim destrói o próprio mentiroso. Mentir é loucura e pecado (Pv 26.19) e faz parte das coisas que Deus odeia (Pv 6.16-19). É uma prática do velho homem, da velha natureza e leva a prejuízos, muitas vezes, irreparáveis (At 5.1-11).

 

“O Comandante Lloyd Bucher, do navio-espião Pueblo, que, com sua tripulação de 23 homens, foi capturado pelos norte-coreanos. Quando os interrogadores ameaçaram matar a tripulação, Bucher assinou confissões, confessando falsamente a culpa de fazer espionagem nas águas territoriais da Coréia do Norte. Estas falsas confissões vieram a ser o fundamento para poupar as vidas da tripulação e levar à sua libertação”.

 

A pergunta, portanto, é esta: A mentira de Bucher para salvar estas vidas foi moralmente justificada? Ou, de modo mais geral, mentir para salvar uma vida é moralmente certo em qualquer situação? Uma maneira de responder a esta pergunta é rejeitar totalmente a noção de moralidade.

 

3- Dando testemunho.

Uma pessoa honesta revela dignidade de caráter, é honrada, digna, e procede rigorosamente dentro da regra. Salomão disse que tortuoso é o caminho do homem cheio de culpa, mas reto o proceder do homem honesto (Pv 21.8). O verdadeiro cristão procura ser honesto no que fala, mantendo-se longe da falsidade e da mentira, conservando a verdade no coração e na conduta, pois esse é o seu objetivo maior (3 Jo 4 ). Você é conhecido por ser uma pessoa de palavra? Se dissermos a verdade durante todo o tempo, vamos nos sentir menos pressionados a apoiar nossa palavra em juramentos ou promessas.

 

CONCLUSÃO

Devemos viver neste mundo como verdadeiros seguidores de Cristo , sendo honestos em tudo, em especial em nossas palavras, sem recorrermos a juramentos hipócritas, profanos e desnecessários, que buscam fundamentar as conversas do dia a dia. Antes, procuremos ser simples e objetivos dizendo sim, sim; não, não.

 

Referências

Bíblia de estudo aplicação pessoal. CPAD, 2003. 

Bíblia de Estudo Temas em Concordância. Nova Versão Internacional (NVI). Rio de Janeiro. Editora Central Gospel, 2008. 

Bíblia Sagrada. Nova tradução na linguagem de hoje. Barueri (SP). Sociedade Bíblica do Brasil, 2000. 

Bíblia Sagrada – Harpa Cristã. Barueri, SP. Sociedade Bíblica do Brasil, Rio de Janeiro. Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2003. 

Gomes, Osiel. Os valores do Reino de Deus. a relevância do Sermão do Monte para a igreja de Cristo.  Casa Publicadora das Assembleia de Deus. Rio de Janeiro, 2022

Uma vida crista equilibrada – plano de aula. Disponível em: http://ailtonsilva2000.blogspot.com/2013/09/uma-vida-crista-equilibrada-plano-de.html. Acesso em 02/05/2022

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)