I – ECLESIOLOGIA
1) DEFINIÇÃO
Eclesiologia
(ekklesia – assembleia) é a disciplina que estuda a origem da Igreja como
organismo e organização viva, desvendando seu papel no processo da salvação,
sua forma de relacionar com o mundo material e espiritual, bem como estuda os
avanços, mudanças e crises enfrentadas ao longo de sua história, proporcionando
uma visão de si mesma.
Entendemos por
Ekklesia (assembleia) a reunião, a
totalidade dos salvos em Cristo compromissados com a obra do Senhor. Estes são
os que foram separados, tirados de fora e colocados para dentro, ou seja,
tirados do mundo e inseridos na igreja visível (legalmente institucionalizada
na Terra entre os homens) e na Igreja invisível (igreja que será arrebatada).
2) O MISTÉRIO DE
DEUS REVELADO
O projeto, Igreja,
sempre existiu no coração de Deus, mesmo antes da fundação do mundo, o plano de
salvação. Deus fundou, Jesus formou e o Espírito Santo confirmou a Igreja. O
projeto que sempre esteve no coração de Deus foi revelado no dia de
Pentecostes, pelo poderoso derramamento do Espírito Santo. A Igreja, antes era
“oculta em Deus”, mas foi revelada em Cristo e assim o “segredo de Deus” tornou
se conhecido pelos homens. A igreja foi estabelecida no mundo espiritual,
faltava apenas o homem encontrar uma forma de cultivar uma comunhão vertical
(com Deus) e horizontal (com seus semelhantes) em um local escolhido para esse
fim.
3) A FUNDAÇÃO DA
IGREJA
A Igreja de Cristo
iniciou sua história com um movimento de âmbito mundial, no dia de Pentecostes.
Estavam todos reunidos quando línguas de fogo desceram sobre eles e falaram em
outras línguas. A partir de então, entenderam que o Reino de Deus não era
politico e que deveriam permanecer totalmente na dependência do Espírito Santo.
Deus concedeu unção e autoridade necessárias para que a igreja agisse nesse
mundo, tornando-se necessária.
4) LOCALIZAÇÃO DA
IGREJA
A Igreja foi
estabelecida no plano físico, porém suas implicações vão muito além deste mundo
visível, na verdade, a Igreja está atrelada ao mundo espiritual. Deus
posicionou a Igreja em um lugar estratégico, de forma a atender as necessidades
materiais e espirituais da humanidade, para assim combater o poder das trevas,
com o auxilio de armas e recursos espirituais.
5) IGREJA –
REPRESENTANTE DO REINO DE DEUS
A Igreja não é o reino de Deus, mas é uma partícula e existe justamente para que este reino opere no mundo. Sua preocupação não é somente com o bem estar de seus membros, mas sim com os que estão destituídos da Glória de Deus. Esta é a posição da Igreja diante do reino de Deus, que não deve se furtar a sua principal missão. A Igreja, enquanto reunião solene dos que creem em Jesus ligados por uma fé comum, foi autorizada a representá-lo neste mundo (I Pe 2.9), para defender seus interesses, como verdadeira embaixadora do reino de Deus. Mesmo possuindo limites claros, formas institucionais e regidas por lideres humanamente falíveis.
A Igreja, como mistério de Deus revelado, assumiu o compromisso de viver regida pelo governo Divino, cumprindo as ordens, executando tarefas, tendo como missão principal a divulgação do Evangelho alcançando o homem em sua integralidade, ou seja, corpo, alma e espírito. A Igreja é, portanto, a agente do reino de Deus.
6) IGREJA LOCAL
- Ela é geográfica, temporal e física (1 Co 1.2; 1 Ts 1.1);
- Trata-se da reunião de cristãos convertidos, regenerados, batizados que professam a mesma fé (Mt 28.18-20; Jo 3.5; At 2.41; 4.32);
- É autônoma, submissa a Cristo;
- Possuem seus oficiais (Pastores, Presbíteros, Evangelistas, Missionários, Diáconos, Cooperadores, etc);
- Formada por cidadãos de determinados locais (1 Co 1.2).
7) IGREJA UNIVERSAL
- É espiritual, atemporal e mística (Ef 5.22ss; Ap 21-22)
- É a Igreja dos primogênitos (Hb 12.23);
- A esposa de Cristo (2 Co 11.2; Ef 5.31-32; Ap 19.7);
- A Igreja do Senhor (At 8.3; 1 Co 15.9; Gl 1.13);
- Santuário do Espírito Santo (1 Co 3.16-17).
8) SÍMBOLOS E FIGURAS DA IGREJA
- Povo de Deus (2 Co 6.16);
- Corpo de Cristo (Cl 1.15-18; 2.9,10,19);
- Templo do Espírito Santo (1 Co 3.16-17);
- Edifício de Deus (1 Co 3.9-11);
- Noiva do Cordeiro (Tg 4.4; Ap 19.7-8).
9) O CRESCIMENTO
EXPANSÃO DA IGREJA
A Igreja primitiva
cresceu demasiadamente, pregando a Palavra e fazendo uso dos testemunhos de
seus membros, que dia a dia aumentava. Os motivos desse crescimento foram:
- Perseverança na doutrina dos apóstolos, comunhão e partir do pão e na oração e havia temor;
- Muitos sinais e maravilhas se faziam. Havia alegria e sinceridade.
Com a perseguição,
a Igreja em Jerusalém dispersou-se por toda a terra. O vento da perseguição,
que pretendia apagar a chama do Espírito, serviu justamente para propagar de
forma rápida a mensagem do Evangelho. A igreja saiu dos limites territoriais de
Israel e alcançou Damasco, Antioquia (At 8.4) e os confins da Terra.
II – A PERSEGUIÇÃO
1) ERA SOMBRIA
O período
compreendido entre os anos 60 ao 100 d.C., é conhecido como a “Era sombria”,
devido as perseguições que se levantaram contra a Igreja. Nero, o imperador de
Roma, chegou ao poder em 54 d.C., e todos os seus opositores eram condenados à
morte ou recebiam ordem para se suicidarem.
No ano 81 d.C.,
Domiciano sucedeu ao imperador Tito que havia invadido Jerusalém no ano 70 e
ordenou aos judeus que enviassem à Roma ofertas anuais. Devido à desobediência,
teve inicio a segunda perseguição, não somente sobre os judeus, mas também
sobre os cristãos.
2) AS
PERSEGUIÇÕES IMPERIAIS
As perseguições
realizadas pelos imperadores romanos duraram até o Edito de Constantino no ano
313 d.C., quando foram cessados todos os propósitos de destruir a Igreja. O
imperador Constantino, um impositor e impostor, se fingiu de cristão convertido
somente para impor à igreja inovações, modismo e idolatria. A igreja recebeu com alegria esta decisão, sem saber que
estava se abrigando no lugar mais escuro da sua história.
Outros imperadores
também perseguiram a Igreja, entre eles, Trajano (98 a 117 d.C), Adriano
(117 a 138 d.C.), Marco Aurélio
(161 a 180 d.C.), Severo (193
a 211 d.C.), Décio (249 a 251
d.C) e Diocleciano (305 a 310
d.C.).
3) OS MOTIVOS DAS PERSEGUIÇÕES
O Cristianismo
rejeitava toda forma de adoração, enquanto que o paganismo aceitava, inclusive
a adoração aos imperadores como forma de lealdade, rejeitada pelos cristãos,
que recusavam ofertar qualquer tipo de adoração a imperadores. Outro fator que
motivou as perseguições foram as reuniões secretas dos cristãos que despertaram
suspeitas, pois foram acusados de praticarem atos imorais e criminosos,
principalmente durante a celebração da Santa Ceia. Também foram acusados de
perturbadores da ordem social, anarquistas e niveladores da sociedade, já que
consideravam todos iguais.
4) OS PRINCIPAIS MÁRTIRES
- Inácio, bispo em Antioquia,
foi condenado no ano 107 d.C., por não adorar a outros deuses. Foi lançado para
feras no anfiteatro romano;
- Policarpo, Bispo em Esmirna,
na Ásia Menor, morreu no ano 155 d.C., pois negou-se a abandonar sua fé;
- Justino Mártir, um dos principais
defensores da fé. Foi martirizado no ano 166 d.C.
5) SEITAS E HERESIAS QUE ATACAVAM
A IGREJA
- Gnósticismo, do grego Gnósis (sabedoria, conhecimento): conjunto de ensinamentos
complexos, mistura de filosofia religiosa, orientais e de ensinamentos cristão.
Acreditavam em Deus como a causa de todo bem e na matéria como má e inferior;
- Ebionismo: ramificações do
cristianismo que insistia na observância da Lei e dos costumes judaicos;
- Nicolaísmo: seita gnóstico-libertina que surgiu em Pérgamo e Éfeso (Ap 2.6,15), fundada por Nicolau, diácono da Igreja. Eram falsos mestres que deturpavam a pureza da doutrina de Cristo;
- Maniques: de origem persa, acreditavam que o universo era composto pelo reino das trevas e da luz e que ambos os reinos lutavam pelo domínio do homem, rejeitavam Jesus e seus ensinos.
continua...
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