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terça-feira, 12 de outubro de 2021

Os primogênitos: Deixa o meu ir, senão levo o seu. Capítulo 6

A CHEGADA à TERRA PROMETIDA 

Estava chegando ao fim o período de sofrimento, mas as lembranças vinham na mente dos hebreus. Mesmo em escravidão no Egito, tiveram algumas vezes, a água, teto, comida, à sua disposição, ou pelo menos foi isto que declararam a Moisés em pleno deserto em um de seus inúmeros momentos de devaneios.

Foi justamente nesta ocasião em que apresentaram ao mundo as suas três maiores mentiras:

  • Primeira mentira: “é melhor servirmos aos egípcios do que morrermos neste deserto” (Ex 14.12);
  • Segunda mentira: “no Egito tínhamos carne e pão até fartar” (Ex 16.3);
  • Terceira mentira: “no Egito comíamos peixe, pepinos, melões, cebolas e alhos” (Nm 11.5).

Não perderam pão ou carne e tampouco deixaram para trás os benefícios trabalhistas que tinham no Egito, na verdade não perderam nada. O pão, água, carne e trabalho eram tudo ilusórios, meros pagamentos pelos trabalhos forçados a que foram submetidos.

A única perda, sentida e irreversível, foi justamente a terra fértil que deixaram para trás, que serviria unicamente para cobrir seus corpos inertes quando tombassem sem vida, somente isto e nada mais. Eles perderam a terra para a própria sepultura.

Estavam perto de Canaã, ansiosos por tomarem posse, porém ficaram perplexos ao ouvirem que não entrariam naquelas terras e que a peregrinação continuaria naquele deserto até que toda a geração liberta do Egito fosse dizimada, exceto dois, Josué, filho de Num e Calebe, filho de Jefoné (Nm 14.29-30).

Após o episódio com os filhos de Ruben e Gade, Deus declarou que os maiores de vinte anos não entrariam na boa terra prometida (Nm 32.11).

E não adiantava mentir, esconder a idade, pois Deus sabia muito bem quem eram os de vinte anos para cima que havia perdido o direito à bênção. Ele estava no controle daquela situação.

A reação do povo ao ouvir esta mensagem foi um tanto quanto estranha, pois esperavam que não fosse definitiva. Acreditavam na possível reversão da sentença, por isto continuaram a jornada, certos de que, mais cedo ou mais tarde, seriam novamente agraciados. Não entenderam que foram sentenciados a morte no deserto e jamais entrariam em terras cananeias. Então conheceram a imutabilidade de Deus (Nm 23.19; Ml 3.6), um de seus atributos naturais.

Caso imaginassem que a peregrinação seria longa e que ao final não receberiam a bênção, certamente teriam voltado ou então permaneceriam onde pudessem tirar seus sustentos.

Realmente era um povo de coração duro e de dura cerviz. Lembraram do passado[1], reclamaram no presente e não perceberam que estavam se afastando da bênção do futuro. Foram anos angustiosos até que toda a geração de murmuradores fosse consumida no meio do deserto.

 O passado deve servir de experiência, o presente deve ser vivido e o futuro deve ser aguardado. Israel nos ensinou muito, com seus erros, pois fizeram tanta questão das lembranças do Egito (passado), que não viveram o deserto (presente) e não herdaram Canaã (futuro). Isto nos ensina que não podemos dizer que os nossos dias passados foram melhores que os atuais (Ec 7.10; Is 43.18) como Israel cansou de dizer a Moisés.

Na verdade, Israel havia perdido a noção do tempo, estava delirando em pleno deserto. Foram cerca de quatrocentos e trinta anos de sofrida escravidão (Ex 12.41 cfe Gn 46.5-6), incluídos a estes, depois mais quarenta anos de caminhada no deserto, que pareciam não ter fim (Nm 14.33-34; Dt 2.7; 8.2-4; 29.5; Js 5.6; At 7.36). As lembranças do passado atormentaram o presente e influenciaram o futuro da recém-criada nação.

Os hebreus não atentaram para o processo longo que facilitaria o crescimento gradativo que se daria em pleno deserto. Desejaram facilidades, nada mais que isto. Não aproveitaram as oportunidades, não buscaram e não deram lado para o desenvolvimento de algumas virtudes, presentes na vida dos salvos em Cristo. Humildade para reconhecerem os erros, limitação e obediência à vontade de Deus.

Foram tirados do Egito e guiados ao deserto para aprenderem a viverem pela fé, dependendo as promessas de Deus. Isto seria fundamental para a criação da nação forte, invencível e inabalável. Saíram sem mapa ou pistas, sem direção definida, um grande desafio.

continua...



[1] Estavam sentados junto às panelas, comiam carne, pão, peixes, legumes e frutas até se fartarem, à base da troca pelos serviços prestados. Uma verdade com gosto de mentira.

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

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