Primeiro livramento – o erro de Faraó
Segundo as ordens de Faraó, todos os
recém-nascidos do sexo masculino deveriam ser mortos, pois o governante temia
que o número de varões hebreus no futuro pudesse aumentar, como de fato
aumentou.
O temor por uma possível aliança dos
hebreus junto aos inimigos do Egito, aliado com a ingratidão e esquecimento das
obras de José no passado, se tornaram preponderantes para que esta ordem fosse
dada e cumprida.
Havia algo de estranho em toda aquela
história. Um império já estabelecido desrespeitando a autonomia de um povo que
estava prestes a se tornar uma nação[1].
O certo é que os egípcios não esperavam
nenhuma reação de Israel, pois imaginavam que não teriam forças, mas se
esqueceram que estavam oprimindo o povo de Deus. Jamais ficariam impunes[2].
Os sábios e conselheiros egípcios não
previram a tragédia que se aproximava do império, bem diferente das parteiras,
que perceberam que não poderiam participar daquele genocídio.
Faraó não foi avisado, como deveria, para
não mexer com o Deus de Israel. Mas não eram estudiosos, inteligentes e sábios?
Conheciam muito bem a história de várias nações, porém ignoraram as promessas
de Deus feitas ao patriarca Abraão.
Muitos inocentes foram sacrificados para
cumprimento da ordem faraônica, mas depois de alguns anos o governante sentiria
a mesma dor[3]
que os hebreus sentiram. A morte dos primogênitos egípcios afetaria famílias, a
economia e todo o império.
Os inocentes seriam, um dia, vingados com
a morte de todos os primogênitos do Egito, desde o trono ao calabouço, do mais poderoso
ao mais humilde camponês, pois todos foram nivelados ante os juízos de Deus,
até mesmo os animais.
A ordem de Faraó dizia respeito aos
recém-nascidos, possíveis aliados de seus inimigos, mas se esqueceu dos que já
poderiam se apresentar como perigo, os jovens e adultos. O seu erro foi se
preocupar com o futuro e não com o presente.
Os jovens e adultos não enfrentaram o
Egito em luta armada, mas fizeram uso de outra arma, o clamor, bem mais
poderosa, potente e eficaz. Deveria ter sido aconselhado a não mexer com o Deus
dos hebreus.
A falta de sabedoria e temor que faltaram
a Faraó, foram vistos na vida das parteiras, que atendiam as hebreias, pois não
cumpriram as ordens e muitos foram salvos pelas suas mãos.
Na verdade, estas ordens foram direcionadas
às pessoas erradas, pois as parteiras tinha o dever de apresentar e preservar a
vida, jamais agiriam de outra forma. Cooperavam para o nascimento dos bebês e
auxiliavam as mães até que se recuperassem do parto.
Aquelas ordens deveriam ser dadas aos seus
soldados que cumpririam sem nenhum problema, já que ficariam de campana somente
esperando o choro dos recém-nascidos do sexo masculino.
Os egípcios não aceitavam a maior
autoridade, agindo como um idiota, dando uma ordem tão ridícula. Estava
envergonhando seu povo, pois qualquer um sabia que jamais as parteiras agiriam
contrárias à natureza.
Além do mais, o agravante, foi o fato de
ordenar que se tornassem assassinas justamente as encarregadas de trazerem a
luz às crianças. Um erro amador, imperdoável para o governante do maior império
da época.
Muito antes de serem ordenadas a matarem
as crianças, as parteiras receberam uma ordem, vinda do céu, para garantir a
vida de todos os recém-nascidos, tanto que, o governante insano tomado pela
curiosidade, desejou ardentemente descobrir quem havia passado por cima de sua
autoridade. Sua intenção era prender e mostrar que ainda mandava no Egito.
Ninguém seria maior ou mais forte naquelas terras, exceto o “Eu Sou[4]”,
que havia acabado de se revelar.
As parteiras, Sifrá e Puá não cumpriram
as ordens de Faraó e foram depois recompensadas por Deus. Elas não mentiram
quando disseram que as mulheres hebreias eram fortes e não necessitavam de seus
préstimos. Realmente isto era verdade. Mesmo porque jamais alguém foi recompensado
divinamente em virtude de mentiras.
Neste caso, as duas parteiras são vistas
como um tipo humano da igreja, pois assim como aquelas tinham a função de
trazerem a vida às crianças, preservando-as, mesmo contrariando as ordens do
governante do Egito, sendo recompensadas ao final, esta, por sua vez, tem como
principal missão congregar um povo santo, zeloso e boas obras, apresentar a
salvação, mostrar o caminho e preservar a vida, em cumprimento as ordens de
Deus para receber o seu galardão no porvir.
O segundo erro de Faraó
A crueldade egípcia intencionava reduzir
o número de potenciais varões hebreus, por isto Faraó, primeiramente, ordenou
que todos os recém-nascidos do sexo masculino fossem mortos pelas mãos das
parteiras, mas como as mulheres encarregadas de darem a luz temeram a Deus e
não obedeceram, então as novas ordens foram mais específicas e duras.
A intenção de Faraó foi consertar o seu
primeiro erro, ordenando a matança de uma forma mais cruel. Então todos os
recém-nascidos do sexo masculino dentre o povo hebreu deveriam ser lançados no
rio. Abandonados a mercê da sorte, vulneráveis e desprotegidos acabariam
afogados ou vítimas de algum animal da região.
Esta foi sua correta decisão, acertara em
cheio, segundo o seu entendimento, mas novamente se enganou, pois contribuiu
justamente para um grande milagre da parte de Deus, um livramento, um socorro e
uma grande bênção para um filho e mãe.
Os egípcios mais exaltados devem ter
rasgados seus documentos de identidade ou os que provavam suas cidadanias.
Deplorável e insuportável, quantos erros, quanta vergonha proporcionada por um
governante insano.
Que cena inusitada nos proporcionou a
história, pois de um lado estavam os egípcios torcendo pelo acerto de seu Faraó
ou, que pelo menos, tomasse uma atitude mais severa para restabelecer a sua
autoridade e de outro lado os hebreus, não entendendo nada do que estava
acontecendo, sequer perceberam que Deus já estava agindo em resposta ao clamor
deles.
continua...
[1] Os
hebreus estavam prestes a se tornarem nação. Deus estava fazendo a parte dele,
faltava apenas a conquista da terra.
[2] Todos
os impérios que se levantaram contra Israel foram destruídos, um pelo outro.
[3] Deus avisou que
trataria com o primogênito de Faraó (Ex 4.22-23) e através da decima praga,
todos os primogênitos do Egito foram mortos (Ex 12.29-31), momento em que os
hebreus foram expulsos por Faraó de seu território.
[4]
Conforme Ex. 3.14.
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