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sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Prefiro murmurar no deserto. As dez murmurações do primogênito. Capítulo 4

O CLAMOR

Moisés, ao ver a multidão reclamar pela falta de comida, buscou a Deus, pois sabia que não tinham razão. Às vezes não entendia como conseguiam ser tão indiferentes e infiéis, mesmo contemplando operações e milagres. A revolta era pela longa caminhada no deserto e não pela falta de comida, que foi somente um motivo que aproveitaram para transparecerem a insatisfação com aquela situação.

Estavam passando por uma provação, mas não suportavam os altos e baixos, pois ao serem livres no Mar Vermelho julgavam que não teriam mais dificuldades até chegarem ao seu destino, porém agora se viam frente a frente com a fome e jogaram toda a responsabilidade em Moisés, já que sabiam que através de seu clamor algo de novo e extraordinário sempre acontecia, por isto se apoiaram nele.

Todas as vezes que Moisés ouvia as murmurações do povo procurava logo levar ao conhecimento de Deus, nunca tentou resolver sozinho. Como nas vezes anteriores, se prontificou a clamar pelo povo, já que não havia outro em condições para tal. Este é o papel de um líder. Outra ação, por parte de Moisés, era inadmissível naquele momento. Qualquer outro poderia se esquivar, abandonar ou procurar outros meios para resolver o problema. 

O LIVRAMENTO

Imaginaram que morreriam de fome caso não encontrassem sustento para si e para seus filhos, pois os bolos que cozeram antes de saírem do Egito havia acabado. Novamente uma situação desesperadora, mas Deus estava no controle.

Se rebelaram ao desacreditaram no poder de Deus, por isto foi necessário outra intervenção a fim de socorrer o seu povo.

A chave para aquela vitória foi o clamor de Moisés. Invocar ao Senhor enquanto ainda havia tempo, ou enquanto ainda poderia achar, este foi o seu norte. Isto ficou bem claro no momento em que Deus determinou que a bênção deveria ser colhida durante os seis primeiros dias, já que no sétimo não encontrariam nada, por mais que procurassem. 

“E aconteceu que à tarde subiram codornizes e cobriram o arraial pela manhã jazia o orvalho ao redor do arraial. E alçando-se o orvalho caído, eis que sobre a face do deserto estava uma coisa miúda, redonda como a geada sobre a terra. E vendo-as os filhos de Israel, disseram uns aos outros: Que é isto? Porque não sabiam o que era. Disse-lhes, pois Moisés: Este é o pão que o Senhor vos deu para comer. Esta é a palavra que o SENHOR tem mandado: Colhei dele cada um conforme ao que pode comer, um omer por cabeça, segundo o número das vossas almas; cada um tomará para os que se acharem na sua tenda. E comeram os filhos de Israel, maná quarenta anos, até que entraram em terra habitada, comeram maná até que chegaram aos termos da terra de Canaã” (Ex 16.13-16;35). 

Logo pela manhã viram algo de estranho sobre o orvalho que havia caído à noite, de princípio imaginaram se tratar apenas de um fenômeno natural, mas aquilo era o socorro, o livramento que os sustentariam por vários anos, pois aquela coisa miúda, que aparecia de madrugada como geada, semelhante à semente de coentro branco, de qualidade nutritiva inquestionável, os acompanharia até a primeira colheita na Terra Prometida (Js 5.12).

O maná esteve presente na vida dos hebreus por todas as manhãs e por meio dele saciaram a fome durante os mais de quarenta anos de peregrinação no deserto. Aquela substância, um tipo de Cristo, caia todas as manhãs, mas não fazia parte do deserto, assim como Jesus que esteve aqui neste mundo sem, contudo, pertencer a ele.

Moisés, assim como boa parte do povo, esperava a chuva de pão, que viria do céu, mas quando contemplou aquela visão reconheceu logo que era provisão de Deus chegando.

Sequer imaginava que fosse comestível ou não, pois nunca tinha visto aquilo antes, mas testemunhou com ousadia e confirmou ser mais uma bênção enviada.

Todas as manhãs colhiam a porção suficiente para cada um e não poderiam deixar o maná exposto, pois seria derretido pelo sol, por isto deveriam ser ágeis para não deixarem a bênção de Deus escapar pelas mãos, como alguns costumam fazer.

Como tarefa do primeiro ao sexto dia cada família deveria colher somente o suficiente, não poderia haver desperdício. Em tese cada um faria a sua parte, ninguém poderia colher para o outro, ou seja, o que era bom e suficiente para um, não seria, em regra, bom para o outro.

No sexto dia deveriam colher o suficiente para o dia seguinte, já que no sábado, mesmo que fossem, não encontrariam nada, ou seja, não poderiam deixar para o amanhã o que deveria ser feito naquele dia. O preço que pagariam por esta desobediência seria muito alto.

Naquele deserto, a fome assolou os hebreus, mas Deus os socorreu ao enviar o maná. Aquele alimento não se tratou apenas de um fenômeno natural, como alguns cogitaram, foi uma provisão especial, que apontou para Jesus, o Pão Vivo que desceu do céu (Jo 6.31-35).

Então todo o povo pode se deleitar no Senhor e descansar com aquilo que estava sendo oferecido. Através deste socorro não precisavam correr de um lado para o outro desesperados, por não terem algo para comer.

O povo caminhava em direção à Terra Prometida e os sinais seguiam-nos. O alimento vinha na medida certa e nunca falhava. Todos os dias, exceto no sétimo, poderiam se levantar e correr em direção ao maná, que estava pronto, esperando para ser colhido.

Aquele problema estava resolvido. Provisão não faltaria mais. O único trabalho seria a colheita pela manhã, era o mínimo que deveriam fazer. Certamente não haveria mais motivos para reclamações.

Por: Ailton da Silva - 12 anos (Ide por todo mundo)

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