Moisés: Quinto patriarca. Nascimento e livramentos. Deus falou com ele!
A morte de José e
o esquecimento de seus feitos por parte dos egípcios, marcaram o fim dos
privilégios recebidos pelos filhos de Israel e iniciaram o período de
sofrimento, mas inexplicavelmente foi o momento de maior crescimento
demográfico dos hebreus, nunca visto até então.
O número de
hebreus aumentou, o rebanho seguiu o mesmo caminho e por isto se tornaram
fortes e toda a terra do Egito se encheu deles.
Este crescimento demográfico foi
assustador e percebido pelos egípcios. Aquele pequeno clã, cerca de setenta
pessoas, rapidamente se multiplicou, atingindo o espantoso número de seiscentos
mil varões sem contar os meninos e estrangeiros, no momento da saída com Moisés
(Ex 12.37) e seiscentos e um mil e setecentos e trinta, contados de vinte anos
para cima (Nm 26.2, 51), já no meio do deserto, que caminhavam em direção a
Canaã.
Mas como se deu esta multiplicação em
terras egípcias? O solo fértil ou as condições encontradas na melhor região do
Egito no início da administração de José? Independente do motivo que
proporcionou este crescimento demográfico, o certo é que todos logo estariam
sob os cuidados de Moisés, que os guiaria até Canaã.
Mas com o crescimento veio também a
indiferença dos egípcios, que discordavam do monoteísmo adotado por alguns dos
hebreus que ainda adoravam o Único e Verdadeiro Deus naquele território
idólatra[1].
Porém o grande temor dos egípcios era a
possibilidade dos hebreus se aliarem aos seus inimigos ou de dominarem-nos em
seu próprio território, por isso optaram pela escravidão e opressão.
Desta forma cooperaram para o cumprimento
da primeira parte da Palavra profetizada pelo próprio Deus: “decerto que
peregrina será a tua semente em terra que não é sua; e serví-los-á e
afligi-la-ão quatrocentos anos”, mas os algozes se esqueceram da segunda parte,
a principal, que dizia respeito a eles: “[...] Eu (Deus) julgarei a gente à
qual servirão, e depois sairão com grande fazenda”.
O grande desejo dos hebreus era serem
reconhecidos como nação independente e povo exclusivo de Deus, mas isto não
seria alcançado com facilidade.
Se para os patriarcas a jornada foi dura,
com perdas e sofrimentos, porque para os filhos de Israel a história seria
diferente?
Para obter este reconhecimento seria
preciso um sinal, fruto do sofrimento, para cumprimento de mais uma etapa do
plano de Deus para criar uma nação.
O primeiro passo seria a saída do Egito,
mas a base de muito sofrimento, angústia, tribulações, sentimento de abandono,
rejeição, perda do controle da situação, clamores, choro e revolta.
Durante este processo os hebreus
poderiam, até mesmo, condenarem Jacó e José por terem aceito o convite para
morarem naquele país.
Israel deveria enfrentar esta situação
para então rumar em direção às suas terras, mas para esta tarefa seria
necessária a figura de um líder, profeta, libertador, um legislador que
atentasse para as suas reivindicações.
Moisés, hebreu, nascido e criado no
Egito, filho de Anrão e Joquebede, descendentes de Levi, irmão de Arão e Miriã,
foi o homem encarregado para a missão.
O pequeno Moisés, recém-nascido, foi
salvo da morte por uma comissão criada por Deus, composta pelas parteiras, pela
própria mãe, pela irmã e pela filha de Faraó.
As parteiras, temendo a Deus, não
cumpriram as ordens de Faraó e preferiram salvar a vida de Moisés. A mãe também
poderia ter entregue a Faraó, por medo de represálias. A irmã poderia ter
ficado indiferente quando o viu sendo deixado na borda do rio.
A ordem maligna foi menor que o amor das
parteiras, mãe e irmã. Quantas
mães hebreias entregaram seus filhos para serem mortos na esperança de salvarem
outros? Seria possível?
Mas o momento crucial de sua vida foi
quando passou pelas mãos da filha de Faraó, pois ali poderia ter sido morto
logo no primeiro contato. Esta também, por fazer parte da comissão pró Moisés,
resolveu contrariar as ordens de seu pai e mesmo podendo sofrer represálias,
preferiu adotar o menino.
Mas como relatou o caso para o pai? Quais
argumentos foram utilizados para que o bebê não fosse morto? Com que cara
apresentou o menino para a família? Como intercedeu por Moisés?
Os fatos que se seguiram na vida de
Moisés foram semelhantes aos ocorridos com os patriarcas anteriores, pois as
intervenções de Deus foram idênticas, principalmente nos nascimentos, nas
relações conturbadas, nos erros, nas fugas, nas chamadas não entendidas, no
momento em que relegaram a segundo plano suas respectivas missões. Mas ao final
todos saíram vitoriosos.
continua...
[1] Israel
foi influenciado, já no meio do deserto, pela idolatria egípcia (Ex 32.1-5),
pois se dispôs das riquezas ganhas durante a libertação para esculpirem o
bezerro de ouro (Gn 15.14; Ex 12.35).
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